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Masarykova Univerzita

Filosofická fakulta

Ústav románských jazyků a literatur

Portugalský jazyk a literatura

Antropónimos nas parémias portuguesas

Bakalářská diplomová práce

Bc. Věra Vidoňová


Vedoucí práce: doc. Mgr. Iva Svobodová, Ph.D.

Brno 2022
Prohlašuji, že jsem diplomovou práci vypracovala samostatně s využitím uvedených
pramenů a literatury. Zároveň prohlašuji, že tištěná verze práce se shoduje s verzí
elektronickou v Informačním systému MU.

.........................................................................

Bc. Věra Vidoňová


Zde bych ráda poděkovala vedoucí práce, doc. Mgr. Ivě Svobodové, Ph.D. za veškerý čas,
který mi byla ochotná věnovat. Velice si cením všech připomínek a zpětné vazby, které mi
poskytla kdykoli jsem potřebovala.
ÍNDICE

Introdução ..............................................................................................................................1
1. Parte teórica....................................................................................................................2
1.1. Fraseologia ..............................................................................................................2
1.1.1. Definição do termo...........................................................................................2
1.1.2. História da Fraseologia ....................................................................................3
1.2. Paremiologia............................................................................................................5
1.2.1. Definição do termo...........................................................................................5
1.2.2. História da Paremiologia..................................................................................7
1.3. Unidade Fraseológica ..............................................................................................7
1.3.1. Caraterísticas da Unidade Fraseológica ...........................................................9
1.3.1.1. Idiomaticidade ........................................................................................10
1.3.1.2. Fixação....................................................................................................11
1.3.1.3. Institucionalização ..................................................................................12
1.3.1.4. Variabilidade...........................................................................................12
1.3.2. Classificação da Unidade Fraseológica..........................................................13
1.3.2.1. Propostas classificatórias ........................................................................13
1.3.2.2. As parémias.............................................................................................15
1.4. Nome próprio.........................................................................................................19
2. Metodologia .................................................................................................................23
3. Parte prática..................................................................................................................26
3.1. Classificação segundo o referente .........................................................................26
3.1.1. Personagens de origem real............................................................................27
3.1.2. Personagens de origem bíblica e figuras santas .............................................31
3.1.3. Personagens de origem artística .....................................................................52
3.1.4. Personagens de origem popular .....................................................................53
3.1.5. Personagens de origem desconhecida ............................................................61
3.1.6. Conclusões .....................................................................................................62
3.2. Classificação sintática ...........................................................................................64
3.2.1. Provérbios ......................................................................................................65
3.2.2. Refrãos ...........................................................................................................66
3.2.3. Citas................................................................................................................69
3.2.4. Ditados ...........................................................................................................69
3.2.5. Slogans ...........................................................................................................73
3.2.6. Conclusões .....................................................................................................73
Conclusão.............................................................................................................................75
4. Bibliografia ..................................................................................................................77
Anexo ...................................................................................................................................83
Introdução
Neste trabalho vamos dedicar-nos à análise de unidades fraseológicas portuguesas,
em concreto, das unidades que contém um nome próprio. Como a quantidade e a variedade
das unidades fraseológicas1 é imensa, decidimos analisar só aquelas que apresentam uma
certa autonomia. As unidades foram recolhidas de, no total, sete dicionários, seis na
variedade europeia (PE) e, um, na brasileira (PB). Trata-se das seguintes publicações:
Provérbios sobre plantas de Borges (2005), Dicionário prático de locuções e expressões
correntes de Correia e Teixeira (2007), Provérbios de Dias (1997), Dicionário Prático de
Provérbios Portugueses de Funk e Funk (2008), Dicionário de provérbios, adágios,
ditados, máximas, aforismos e frases feitas: dicionários temáticos de Santos (2000),
Dicionário de expressões correntes de Neves (2000) e finalmente, Dicionário brasileiro de
fraseologia de Silva (2013). A lista de todas as unidades e os dados extraídos dos
dicionários os presentamos no Anexo.
O trabalho será dividido em duas partes: a parte teórica e prática. Na primeira parte,
a parte teórica, presentaremos brevemente as ciências que se ocupam do estudo das
unidades fraseológicas, isto é, a fraseologia e um dos seus ramos, a paremiologia. Não
existindo uma classificação das UFS uniforme, limitar-nos-emos a resumir as propostas
existentes. Como não encontrámos muitos trabalhos sobre a fraseologia portuguesa,
recorreremos, também, às fontes espanholas. Da mesma forma, já que nós focalizamos
unicamente nas unidades que contém um antropónimo, incluiremos, também, alguns dados
principais sobre a categoria do nome próprio.
Na segunda parte do trabalho, analisamos um corpus que consta de 380 unidades
fraseológicas, as quais classificamos de acordo com dois critérios: segundo a classificação
sintática e segundo o referente do respetivo antropónimo presente na unidade. Primeiro,
para classificar sintaticamente as unidades, partimos das classificações existentes,
particularmente, da proposta de Silva (1998). Na classificação segundo o referente
dividimos o corpus em 5 grupos temáticos conforme o tipo de personagem que subentende
no antropónimo. Na parte final de cada classificação resumimos todos os dados adquiridos
ilustrando-os via tabelas e gráficos.
O objetivo principal do nosso trabalho é estudar as UFS autónomas desde vários
pontos da vista e submetê-los a uma análise íntegra.

1 A continuação, vamos a utilizar as abreviaturas UF e UFS.

1
1. Parte teórica

1.1. Fraseologia

1.1.1. Definição do termo


Definir o termo Fraseologia é um trabalho dificultoso, quase poderíamos dizer
«trabalho de Sísifo». Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2001, tomo II: 1799)
define a fraseologia na primeira aceção simplesmente como «parte da gramática que se
dedica ao estudo da frase» e na quarta aceção como «estudo ou compilação de frases feitas
de uma determinada língua», advertindo, ao mesmo tempo, que

«neste dicionário, faz-se uma diferença entre fraseologia (’frase


feita’) e locução, sendo que a primeira é mais longa e ger. possui
verbo, e a segunda é um sintagma ou locução cristalizada, com
sentido figurado ou não» (Ibidem).

Como se depreende do dito, o termo Fraseologia pode denominar tanto a disciplina


linguística como um conjunto de unidades pertencentes a uma determinada língua.
Monteiro-Plantin (2014) presenta uma definição extensa e minuciosa:

«Trata-se de uma disciplina independente, relacionada a todos os


níveis de análise linguística (do fonético ao discursivo-pragmático),
cujo o objetivo é o estudo das combinações de unidades léxicas,
relativamente estáveis, com certo grau de idiomaticidade, formadas
por duas ou mais palavras, que constituem a competência discursiva
dos falantes, em língua materna, segunda ou extrangeira, utilizadas
convencionalmente em contextos precisos, com objetivos
específicos, ainda que, muitas vezes, de forma inconsciente»
(Monteiro-Plantin, 2014: 33).

Muitas vezes deparamo-nos com o termo Paremiologia. Ambas as denominações


são frequentemente usadas e confundidas no que diz respeito à sua acessibilidade. Nesta
parte da nossa pesquisa, portanto, apresentamos definições relativas a ambas as disciplinas.
Em síntese, a Fraseologia dedica-se ao estudo das combinações fixas formadas pelo
menos por duas palavras isoladas que passam por processo de institucionalização na
língua, relativamente a sua frequência (Silva, 2014: 11). Trata-se de combinações que,

2
mesmo que sejam formadas por duas ou mais palavras, assumem uma função e um
significado novo e coletivo (Vilela, 2002: 170). Estas expressões fazem parte da nossa vida
do dia-a-dia, ocorrendo, maiormente, na língua informal, oral ou escrita. Geralmente usam-
se quando «o léxico duma língua não dispõe em seu acervo de unidades lexicais
apropriadas para expressar certas nuanças de sentimento, emoção ou sutilezas» (Xatara,
1995: 195) para assim, descrever situação ou definir uma determinada emoção da melhor
maneira possível.
Surgem também questões acerca do estatuto da fraseologia frente às outras
disciplinas linguísticas. Geralmente defende-se a opinião de que faz parte da gramática ou
da lexicologia. Klare (1986: 356), ao apoiar esta teoria, defende que a função principal da
fraseologia é a denominação, assim como é o caso das palavras, e que como tais, também
se acumulam no léxico duma língua. Outros pesquisadores como são García-Page (2008)
ou Monteiro-Plantin (2014) defendem a opinião de que se trata duma disciplina autónoma.
Já os linguistas soviéticos tentaram excluí-la da lexicologia e situá-la na posição
equivalente (Klare, 1986: 356). No entanto, García-Page (2008: 29) adverte que embora se
trate duma disciplina autónoma, não está isolada, sendo que partilha muitas propriedades
com outras ciências como são a morfologia, sintaxe ou semântica.

1.1.2. História da Fraseologia


Da mesma maneira que existem discrepâncias acerca a sua definição, não se regista
uma classificação unânime das unidades fraseológicas. Ao longo do tempo apareceram
várias propostas de autores tanto portugueses como espanhóis. Sem embargo, a tradição
dos estudos fraseológicos é bastante nova.
Como fundador desta disciplina é considerado o linguista suíço Charles Bally
quando em 1909 publica Traité de Stylistique française, em que dedica um capítulo aos
estudos fraseológicos. Posteriormente, em Action de l'instinct étymologique et analogique
dans l'analyse des locutions composees dedica-se detalhadamente às locuções
fraseológicas, dividindo-os a três grupos principais: as unidades fraseológicas (cair como
um pato), as séries fraseológicas (preço elevado) (Pöll, 1994: 177) e combinações livres
(ter uma casa) (Monteiro-Plantin, 2014: 27). Além disso, foi o próprio autor quem pela
primeira vez utilizou a palavra fraseologia para designar uma disciplina linguística
(Ibid:26). Não obstante, não é primeiro linguista ao investigar as expressões idiomáticas.
As primeiras afirmações sobre a existência destas expressões aparecem já na obra de Cours
de Linguistique Générale (Curso de Linguística Geral, 1916) de Ferdinand de Saussure.

3
A fraseologia como ciência propriamente dita origina-se na Rússia dos anos 40 do
século XX e a sua origem associa-se aos linguistas Vinogradov, Mel´čuk, Molotkot e
muitos mais (cf. Fontes, 2016: 6). Independentemente das investigações soviéticas, os
assim chamados idioms foram desenvolvidos também pela linguística transformacional
chomskiana, com o intuito de integrá-los num modelo linguístico generativo (Pöll, 1994:
178).
Vinogradov, na sua proposta, distingue três tipos principais: fusões fraseológicas,
combinações fraseológicas e unidades fraseológicas. Não obstante, não é uma classificação
integrada, porque não inclui todas as unidades como os ditados ou provérbios (Baránov &
Dobrovol'skij, 2009: 12). A sua classificação tem como base os trabalhos de Bally.
Em Espanha os primeiros estudos originam-se no século XV. Da primeira obra
consideramos a coleção de refrãos e provérbios recopilada por Iñigo López de Mendoça a
pedido do rei D. João (1512, 1550). No século XVII o interesse pela fraseologia aumenta e
originam-se vários dicionários gerais ou gramáticas. Publicam-se duas obras consideráveis:
Tesoro de la lengua castellana o española (1611) de Diego de Covarrubias e, a seguir,
Espexo general de la gramática en diálogos de Ambrosio de Salazar (1614) (Ruiz Gurillo,
1997: 11-12). Posteriormente, no século XX formam-se vários trabalhos sobre esta
problemática, destacando a obra de Casares (Introducción a la lexicografía moderna,
1950), quem se dedicou a sistematizar o estudo de locuções, frases proverbiais, refrões e
modismos (Monteiro-Plantin, 2014: 29), Zuluaga (Introducción al estúdio de las
expresiones fijas, 1980) ou Corpas Pastor (Manual de fraseología española, 1996). Corpas
Pastor apresenta um estudo sistemático e detalhado das que vai servir de base a muitos
linguistas, não somente aos espanhóis. As unidades fraseológicas as divide a três esferas:
colocações, locuções e enunciados fraseológicos.
Quanto a Portugal, como indica Fontes (2016: 9): «o gosto pela área fraseológica
não suscitou o mesmo interesse e os estudos nesta área são mais escassos». Os primeiros
trabalhos originam-se no século XVII, sendo a primeira obra dedicada aos refrães Adágios
Portugueses Reduzidos a Lugares Communs (1651) de Antônio Delicado. No século XX
foram publicados outros estudos relevantes. Certa importância alcançou a obra Vozes da
Sabedoria (1974) de Carrusca ou Nova Recolha de Provérbios e outros Lugares Comuns
Portugueses (1974) de Gomes (Ferrero, 2004: 30-34).
Na atualidade, a fraseologia não pertence às disciplinas mais focalizadas, fato que
explica também o número reduzido dos trabalhos a ela dedicados. Na área de fraseologia
espanhola, no entanto, devemos destacar os trabalhos de Corpas Pastor (1996) e Garcia-

4
Page (2008), enquanto à fraseologia portuguesa dedicam-se, sobretudo, Vilela (2002a,
2002b), Xatara (1995, 1998) ou Funk (1993).

1.2. Paremiologia
Ao explicar o termo Fraseologia detemo-nos neste capítulo para expor a relação que
se estabelece entre ela e a Paremiologia. Como foi mencionado anteriormente, ambos
conceitos se confundem frequentemente à hora do seu uso e segundo a nossa opinião,
resultam ser inseparáveis. Seguidamente oferecemo-nos uma análise detalhada do
conceito.

1.2.1. Definição do termo


Ao investigar o termo Paremiologia partimos da descrição de Funk (1993: 14):
«Paremiologia conta com uma longa tradição, mas não encontramos nas publicações da
especialidade nem uma definição global, nem uma caracterização comum de texto
proverbial». Analogamente à Fraseologia, também a definição da Paremiologia não é
unânime. O Dicionário Houaiss da língua portuguesa descreve-a, na sua primeira aceção,
como «obra, estudo respeito a de parémias» e na segunda como «colectânea de parémias»,
enquanto a parémia como «provérbio ou alegoria breve» (2001, tomo III: 2764).
Mimoso (2008) afirma que a Paremiologia se dedica ao estudo da descrição, da
classificação, da etimologia e da pragmática dos provérbios. No entanto, os provérbios não
são o único centro da atenção desta ciência. Conforme as fontes consultadas podemos
deduzir que enquanto a Fraseologia se ocupa das expressões com base de um sintagma, a
Paremiologia estuda-as com base de uma frase ou texto. Estas podem ocorrer na forma
duma oração ou inclusivamente num formato mais complexo. Internamente, podem ser
formados por frases no infinitivo (Aprender até morrer), indicativo (A experiência corrige)
ou imperativo (Aprende a educação com quem a não tem) (Mimoso, 2008: 156-160). Ao
contrário, Monteiro-Plantin (2017) não fixa como objeto do estudo desta ciência o
provérbio, senão que a parémia. Ao mesmo tempo, aponta que o termo parémia é um
hiperónimo que compreende vários tipos de expressões: provérbios, adágios, refrãos,
ditados populares, frases feitas, máximas, citações, sentenças ou aforismos (Monteiro-
Plantin, 2017: 2)
Uma vez que determinamos as definições relativas a ambas ciências, temos que
esclarecer a sua relação entre si. Como foi mencionado, a fraseologia dedica-se ao estudo
de combinações de unidades léxicas relativamente estáveis como são as colocações,

5
locuções, parémias, ditados, refrãos, etc., enquanto a paremiologia concentra-se em
parémias. Como aponta Monteiro-Plantin (2017):

«Embora saibamos que as parémias podem ser estudadas à parte (o


ensino de Latim já se deu por meio de máximas, mais precisamente
por meio da análise sintática de frases feitas, adágios, ditados,
citações), consideramos as parémias como parte da fraseologia de
uma língua, o que nos permite falar em Fraseoparemiologia»
(Monteiro-Plantin, 2017: 2).

Em síntese, consideramos a paremiologia parte integrante da Fraseologia.


Localizamos tanto estudos sobre as parémias em particular como aqueles que os
consideram parte das unidades lexicais dos quais deve ocupar-se a fraseologia.
Na língua registam-se duas tendências: técnica livre do discurso e discurso repetido.
Tanto as unidades estudadas por fraseologia como por paremiologia formam parte do
assim chamado discurso repetido, caraterizado principalmente como «qualquer tipo de
expressão fixa cujos elementos não sejam substituídos ou recambiáveis segundo as regras
atuais da língua» (Silva, 1998: 12), tudo que, segundo o autor, «está fixado como
“expressão, “giro”, “modismo”, “frase” ou “locução”» (Ibidem). Ao contrário, a técnica
livre do discurso abrange todas as combinações possíveis formadas baixo as regras
combinatórias duma língua. Esta liberdade pode efetuar-se em todos os níveis (Vilela,
2002b: 159).
No que se refere à classificação, os seus critérios variam de autor para autor.
Segundo Mimoso (2008: 156), estas dificuldades de classificação justificam-se pela sua
origem histórica destas unidades. Os provérbios remontam às civilizações mais antigas,
como são a Suméria, o Egito ou a China. Funk (1993: 15) estabelece como o critério
decisivo a intuição ou o «saber intuitivo». Silva utiliza o critério gramatical e o valor
exossêmico das expressões (Silva, 1998: 17). Corpas Pastor, a linguista espanhola propõe a
combinação de dois critérios: de enunciado e de fixação, tanto no sistema como na fala
(Corpas Pastor, 1996: 50).
O conjunto de todas as unidades de caráter proverbial existentes numa determinada
língua, junto com as regras da sua distinção e do seu uso, denominamos competência
paremiológica (Funk, 1993: 17).

6
1.2.2. História da Paremiologia
Os provérbios, unidades estudadas pela paremiologia, contam com uma larga
história. Desde sempre foram uma fonte de vasto conhecimento dos valores éticos,
estéticos e sociais dos povos, já que, segundo afirma Mimoso (2008: 157), a sua função
consistia em refletir «[...] experiências de vida, que abordam aspetos fundamentais da vida,
que veiculam a opinião geral [...] e que aconselham, criticam, proíbem, admoestam [...]».
Por meio dos provérbios muitas vezes transmitia-se o conhecimento sobre os valores mais
importantes da sociedade, caso que permitiu a sua conservação até a atualidade, já que o
comportamento da sociedade não se evolucionou muito. O seu caráter universal e
intemporal torna-os aplicáveis até hoje em dia (Amaral, 2014: 9).
Para marcar a data mais exata da sua origem, afirmamos que estas unidades já
fizeram parte de civilização da Suméria (6500 a. C. – 1940 a.C.), já que se encontraram
diversas placas contendo expressões com advertimento moral (Amaral, 2014: 8).
No entanto, a ciência que se ocupa destas expressões não goza de tanta tradição. A
primeira compilação de provérbios atribui-se a Frei Aleixo de Santo António e à sua obra
Philosophia Moral Tirada de Algũs Proverbios ou Adagios) publicada em 1640. Mais
tarde surgem outras obras de grande relevância, como Os Adágios Portugueses de António
Delicado (1651) ou Feira de Anexins de Francisco Manuel de Melo (1875). A partir do
século XIX os estudos começam a se sistematizar baseando-se em recolha, coleção e
divulgação das unidades por folcloristas, etnógrafos e filólogos portugueses. Das figuras
mais importantes podemos destacar a José Leite de Vasconcelos, Teófilo Braga ou
Carolina Michaëlis (Amaral, 2014: 9-10).
Dos anos mais recentes salientam as obras Provérbios Portugueses de António
Moreira, Grande Livro dos Provérbios de José Pedro Machado ou Dicionário de
Provérbios: Adágios, Ditados, Máximas, Aforismos e Frases Feitas de Maria Santos
(2000). Além disso, no Portugal originou-se instituição significante ao nível mundial, a
Associação Internacional de Paremiologia, que se focaliza na investigação e realização de
estudos paremiológicos e na recolha e proteção dos provérbios tanto portugueses como
internacionais.

1.3. Unidade Fraseológica


O foco principal do nosso trabalho constituem-no as unidades fraseológicas,
designadamente, as que contêm um nome próprio. Para poder analisá-las e classificá-las na

7
segunda parte do trabalho, precisamos, em primeiro lugar, identificar a sua posição entre as
outras unidades e estabelecer uma divisão clara entre todos os tipos.
Existem vários termos através de que podemos referir-nos às unidades estudadas
pela fraseologia, e.g.: frase feita, unidade fraseológica, fraseologismo, frasema,
fraseologia, expressão idiomática, idiomatismo, coloquialismo, ditado, provérbio e muitos
mais. Neste trabalho decidimos utilizar as denominações unidade fraseológica2 ou
fraseologismo por se tratar dos termos mais usados. Como mencionamos nos capítulos
anteriores, estas unidades são estudadas pela fraseologia da qual, a paremiologia faz parte
indispensável. Para esclarecer a questão da origem das unidades fraseológicas, Xatara
(1995: 195) descreve-as como unidades que são resultado da ausência duma expressão
precisa relativa aos sentimentos, emoções ou a um determinado tipo de situação como,
aliás, descrevera Vilela (2002a). Segundo ele, os ‘frasemas’ ou ‘fraseologismos’, como
denomina as UFS (unidades fraseológicas), «[...] funcionam como um processo de
ampliação do léxico, servindo assim para a nomeação, qualificação, circunstanciação, ou,
por outras palavras, contribuindo para a lexicalização da conceptualização e categorização
da nossa experiência quotidiana». A sua função dentro do sistema linguístico é idêntica à
de um substantivo, i.e.: nomear a realidade que nos rodeia por meio de modo codificado e
sistemático (Vilela, 2002a: 170). No entanto, trata-se duma nomeação secundária, que
pode ser feita mediante recursos como são a metáfora, a metonímia, a antonomásia ou a
comparação (cf. Xatara, 1998: 151).
Para os fins de procurar a definição exata de unidade fraseológicas recorremos a
numerosas fontes. No entanto, até hoje não se chegou a uma definição consensual. Ao
nosso modo de ver, a definição mais adequada é a de Corpas Pastor (1996):

«[...] son unidades léxicas formadas por más de dos palabras gráficas
en su límite inferior, cuyo límite superior se sitúa en el nivel de la
oración compuesta. Dichas unidades se caracterizan por su alta
frecuencia de uso, y de coaparición de sus elementos integrantes; por
su institucionalización, entendida en términos de fijación y
especialización semántica; por su idiomaticidad y variación
potenciales, así como por el grado en el cual se dan todos estos
aspectos en los distintos tipos.» (1996: 20).

Há várias definições que coincidem no que diz respeito ao número de palavras


constituintes ou à impossibilidade de divisão a unidades menores. Por exemplo, Xatara

2Ao longo do trabalho utilizamos as abreviaturas UF e UFS.

8
(1998) descreve a ‘expressão idiomática’ como: «[...] uma lexia complexa indecomponível,
conotativa e cristalizada em um idioma pela tradição cultural» (Xatara, 1998: 148). Outra
caraterística principal das UFS é a ausência de paradigmas, isto quer dizer, a
impossibilidade de substituição de qualquer membro integrante. Nem é possível inserir
outros membros ou extraí-los da unidade. Tendo em vista esta fixação, as UFS têm o seu
próprio significado, fazendo impossível interpretá-lo a partir da soma dos significados
individuais dos seus membros constituintes (c.f. Xatara, 1998: 150; Vilela, 2002a: 172;
Silva, 2014: 14). Além disso, caraterizam-se pela idiomaticidade (que pode ser total ou
parcial), pela lexicalização e reproduzibilidade (Vilela, 2002b: 162).
Estas caraterísticas (o número de palavras constituintes; a impossibilidade de
divisão a unidades menores; a impossibilidade de substituição, inserção ou extração dos
membros integrantes; a aquisição dum significado novo) são só um fragmento das
caraterísticas atribuídas às unidades fraseológicas. Para uma melhor compreensão destas
unidades, decidimos examinar todas estas propriedades mais em detalhe.

1.3.1. Caraterísticas da Unidade Fraseológica


Para os fins de delimitar em total quatro caraterísticas principais das UFS: a
idiomaticidade, a fixação, a institucionalização e a variabilidade, recorreu-se a diferentes
recursos. Neste capítulo serão tratadas separadamente, apesar de, na realidade serem
entrelaçadas e aparecerem muitas vezes em conjunto.
É comum os linguistas diferirem na definição das caraterísticas mencionadas.
Alguns linguistas reconhecem só algumas delas percebendo umas subordinadas à outras
mais importantes. Em contrapartida, algumas das caraterísticas tratadas por nós baixo uma
única designação são frequentemente consideradas como individuais (c.f. Vilela, 2002a:
173). Além disso, as caraterísticas podem diferir conforme o tipo da UF. São consideradas
principais e indispensáveis duas delas: a fixação e a idiomaticidade, que estão presentes em
todas as UFS3 (Reis, 2014: 23).
Além disso, não existe uma designação universal destas caraterísticas linguísticas
apoiada por todos os linguistas. Portanto, muitas vezes, deparamo-nos com uma mistura de
denominações, que referem as mesmas propriedades: fixidez/fixação;
estabilidade/reproduzibilidade/lexicalização/institucionalização; variação/variabilidade,
etc.

3 Este fato o podemos comprovar no caso das UFS fixas, mas não idiomáticas e, ao contrário, nas
idiomáticas, mas não fixas (Baránov & Dobrovol'skij, 2009: 58).

9
1.3.1.1. Idiomaticidade
Como já foi mencionado, a idiomaticidade é uma das caraterísticas que tem o papel
principal na base da definição duma UF. Para uma expressão ser considerada idiomática, o
seu significado «[...] não pode ser entendido através da sua definição literal nem do
significado de cada uma das partes.» (Silva, 2014: 14). A UF adquire, deste modo, um
significado novo e figurativo. Vilela (2002a) carateriza as ‘fraseologias’ como «[...]
combinações de palavras (ou grupos de palavras) relativamente estáveis cujo significado
global interno de uso difere do significado global externo de uso dos constituintes
individuais em combinações livres [...]». Isto é, perdem o seu significado individual e
constituem um significado novo, transposto e idiomatizado (Vilela, 2002a: 172). No
entanto, existem expressões que, conforme o contexto, podem ter significado tanto literal
como figurativo ou idiomático. Segundo alguns linguistas (Zuluaga, 1980 apud Silva,
2014: 14) existem também expressões ‘semiidiomáticas’ que não têm um significado
puramente literal, mas muito transparente: Receber alguém com os braços abertos.
A idiomaticidade pode frequentar-se de duas maneiras: de forma parcial ou
completa. Dentro da idiomaticidade parcial contam-se as expressões em que apenas um
dos elementos sofre uma mudança do sentido, enquanto na idiomaticidade completa
incluem-se todas as expressões em que nenhum dos elementos contribui para o significado
do grupo (Pöll, 1994: 180). Por exemplo, nos fraseologismos pedir a mão de alguém o
verbo pedir conserva o seu significado externo, enquanto em bater as botas nenhum dos
elementos (não unicamente o verbo bater) conserva o seu significado externo (Klare, 1986:
358).
No que se refere à idiomaticidade, devido à vasta gama dos tipos das UFS, diverge
o estatuto de cada uma delas. Segundo indica Reis (2014: 16), é óbvio que diferem as
posições duma frase feita e dum provérbio. Enquanto que as frases feitas adquirem, com
base num sintagma, um significado novo e figurativo, os provérbios (ou as parémias em
geral) estão ligadas ao caráter geral da frase, conferido, entre outros, também pelo uso de
determinantes genéricos. Além disso, podem apresentar algumas caraterísticas específicas,
como são a possibilidade de omissão de um dos elementos constituintes sem que se
produza a perda do significado (Reis, 2014: 21). Esta variabilidade pode produzir-se apesar
da fixação evidente das parémias.

10
1.3.1.2. Fixação
Como já se referiu nas secções anteriores, para além da idiomaticidade, é a fixação
(denominada também como fixidez) a propriedade mais importante que carateriza toda a
classe das UFS. Alguns linguistas consideram a fixação como processo independente,
outros como parte integrante da institucionalização.
Para explicar melhor o conceito, introduzimos a definição do termo apresentada
pelo linguista espanhol, Alberto Zuluaga (1975):

«Según el saber lingüístico del hablante, la fijación se entiende como


la propiedad que tienen ciertas expresiones de ser reproducidas en el
hablar como combinaciones previamente hechas —tal como las
estructuras prefabricadas, en arquitectura—. Desde el punto de vista
lingüístico-funcional, [...] dicha propiedad puede ser definida como
suspensión, semántica y sintácticamente inmotivada, de la aplicación
de alguna regla de la combinación de los elementos del discurso.»
(Zuluaga, 1975: 230).

Infira-se do dito que existem duas perspetivas de como se pode perceber o termo
fixação: segundo o aspeto estrutural e segundo o aspeto social ou de uso. O aspeto
estrutural refere-se à estrutura interna duma UF, isto é, à sua estruturação sintática,
enquanto que o aspeto social se refere à fixação do fraseologismo na sociedade dum povo
determinado (Baránov & Dobrovol'skij, 2009: 53). Uma expressão idiomática fixa-se na
comunidade linguística e inclui-se no repertório dos falantes por meio da repetição.
Também Zuluaga (1975) concorda com que a fixação pode manifestar-se de várias
maneiras ou em diferentes graus, portanto, propõe uma divisão mais fragmentada, na qual
define vários tipos de fixidez que se podem registar numa UF: a inalterabilidade da ordem
dos membros integrantes; a invariabilidade duma categoria gramatical (de número, género,
tempo verbal, etc.) e a imodificabilidade dos seus componentes (Zuluaga, 1975: 227). Para
mais, por meio da amplitude e do grau da fixação podemos aceder à classificação das
unidades fraseológicas (Vilela, 2002a: 182-183).
Vilela também aponta para o facto de a fixação poder ser percebida como um
«bloqueio» do ponto de vista semântico e sintático. Por exemplo, a expressão música
ligeira não pode ser substituída por música leve ou música não pesada (Vilela, 2002a: 178)
ou a expressão dar o braço a torcer por pôr o braço a torcer.

11
1.3.1.3. Institucionalização
O processo da institucionalização duma UF, é dizer, a sua integração total na
cultura e na vida de um determinado povo, explica Gurillo como um

«[...] proceso por el cual una comunidad lingüística adopta una


expresión fija, la sanciona como algo propio (...), como componente
de su acervo lingüístico-cultural, de su código idiomático, como
cualquier otro signo convencional, y pasa a formar parte del
vocabulario» (Ruiz Gurillo, 1997: 29).

A institucionalização não se percebe como uma caraterística exclusiva, já que


existem UFS com alto grau de institucionalização, mas não idiomáticas (Klare, 1986: 359).
Quanto à sua designação, além da institucionalização deparamo-nos, também, com tais
conceitos como são a estabilidade, reproduzibilidade ou lexicalização, utilizadas
habitualmente como sinónimos. No entanto, no nosso trabalho decidimos usar a
designação ‘institucionalização’, já que segundo a nossa opinião compreende todas as
presentes denominações e funciona, desse modo, como um hiperónimo.
Alguns linguistas consideram a lexicalização sendo equivalente da estabilidade,
outros consideram-na como um grau inferior no sentido de apresentar uma das
caraterísticas da institucionalização. Com o termo ‘lexicalização’ entende-se o processo da
consolidação duma expressão na consciência linguística dum povo. Um dos fatores neste
processo é a frequência do seu emprego pelos seus falantes (Xatara, 1998: 151).
Também a fixação é, habitualmente, considerada como um hipónimo da
institucionalização, pelo seguinte motivo: para que uma UF possa institucionalizar-se no
repertório linguístico dum povo deve primeiro passar pelo processo da fixação. No entanto,
neste trabalho decidimos tratá-los por separado, devido à sua ambiguidade.

1.3.1.4. Variabilidade
Entendemos por variabilidade (também denominada variação) «[...] toda e qualquer
transformação que, ao ocorrer na estrutura frásica, não provoca alteração da sua
significação global.» (Reis, 2014: 22).
Identificamos diferentes graus de variabilidade: concencional (usual) e sistemática
(estrutural). Como variações usuais ou convencionais denominamos aquelas modificações
sintáticas ou semânticas ocasionais que ocorrem a nível do texto; enquanto às variações
estruturais ou sistemáticas referimo-nos no caso das modificações morfológicas ou
sintáticas parciais que ocorrem a nível das componentes (Vilela, 2002b: 164).

12
1.3.2. Classificação da Unidade Fraseológica
Como já foi mencionado, na língua portuguesa (mas não unicamente nela)
detetamos uma multitude de expressões idiomáticas que diferem consideravelmente na sua
forma e nas suas caraterísticas. É por isso que é tão difícil para os linguistas estabelecer
limites claros entre estas unidades. Esta é também a razão porque ainda não se determinou
uma classificação unânime e universal de cada um das UFS. Apesar disso, existem, nesta
área, a nível global, muitas propostas diferentes de classificação. Nesse subcapítulo
tentamos, a base em diferentes fontes, atualizar a tipologia das parémias para que melhor
responda ao nosso corpus.
Em primeiro lugar, achamos importante delimitar duas tendências presentes na
língua, e isso a técnica livre do discurso e o discurso repetido, as quais já comentamos no
capítulo anterior4. Em suma, com a expressão ‘técnica livre do discurso’ nós referimos à
todas as combinações possíveis de criar frases numa língua determinada, enquanto o
‘discurso repetido’ abrange as unidades que se submeteram a uma fixação e,
posteriormente, uma institucionalização na consciência linguística dum povo.
Igualmente é importante mencionar que todas as unidades pertencentes ao referido
discurso repetido, dividimos, em primeiro lugar, em dois grupos segundo a sua extensão.
Como já mencionamos previamente, distinguimos as UFS formadas por um sintagma (as
quais são estudadas pela Fraseologia) e as UFS que se compõem por uma frase ou texto de
maior extensão (estudadas pela Paremiologia). Neste trabalho nós vamos centrar
unicamente nas UFS a base numa frase ou texto, isto é, nas parémias. No entanto, com o
objetivo de dar uma imagem global destas unidades, dedicamos uns parágrafos para
apresentar, também, as unidades do primeiro grupo.

1.3.2.1. Propostas classificatórias


Como primeiro baseamo-nos na classificação da linguista espanhola Corpas Pastor
(1996), quem as UFS em três esferas principais. A sua classificação baseia-se na
combinação de dois critérios: o critério do enunciado e o critério de fixação (Corpas
Pastor, 1996: 50). Na primeira e na segunda esferas coloca unidades equivalentes a um
sintagma que não constituem atos de fala nem enunciados completos e precisam combinar-
se com outros signos linguísticos. São completamente livres, mas ao mesmo tempo são
submetidas a uma fixação determinada pelo seu uso. A primeira esfera engloba colocações,
unidades fixadas só na norma, enquanto a segunda engloba as locuções, unidades fixadas

4 Veja-se o capítulo 1.1.1.

13
no sistema. Na terceira esfera coloca as UFS que constituem enunciados completos e
independentes com base numa frase ou num texto denominados enunciados fraseológicos,
os quais posteriormente se dividem em dois grupos principais: parémias e fórmulas
rotineiras. A linguista, à continuação, divide estos grupos em outros subgrupos em
conformidade com distintos critérios complementares (Corpas Pastor, 1996: 51-52). Não
obstante, esta é só uma das numerosas propostas acerca a classificação dos fraseologismos.
Por exemplo, os linguistas Baránov e Dobrovol'skij (2009) distinguem, na sua
conceção, cinco tipos de fraseologismos: as UUFF (unidades fraseológicas), as colocações,
os provérbios, os fraseologismos gramaticais e fraseologismos sintáticos (Baránov &
Dobrovol'skij, 2009: 69). Embora a sua proposta não é muito clara na hora de classificar
todos os tipos das UFS, pode servir-nos com a sua eficiente caraterização dos provérbios.
Vilela (2002a)5, baseia a sua proposta classificatória em dois critérios: o critério da
amplitude e do grau de fixação e o critério estrutural e semântico. Segundo o critério de
fixação, subdivide as UFS em dois grupos principais: unidades em que a fixação atinge
toda a sequência e unidades em que a fixação é parcial. No primeiro grupo situa unidades
como provérbios ou máximas (de noite todos os gatos são pardos), sentenças, citações,
aforismos ou frases (já não está aqui quem falou), enquanto que, no segundo, as
sequências nominais (música ligeira), adjetivais (são e salvo), adverbiais (de papo cheio) e
verbais (dar o braço a torcer), assim como determinantes nominais (um dente de alho) ou
fórmulas interjeccionais (essa é que é essa!) (Vilela, 2002a: 182-183). Estas sequências
equivalem às locuções, enquanto que os determinantes nominais às colocações de Corpas
Pastor (1996). De acordo com o critério estrutural e semântico Vilela (2002a) distingue os
seguintes tipos de UFS: fraseologismos, estereótipos de nomeação (que incluem
ocorrências frequentes e prováveis; unidades toponímicas não idiomáticas e unidades
denominativas não idiomáticas), fórmulas comunicativas e construções com verbo suporte
(Vilela, 2002a: 184-186).
Silva (1998) baseia a sua proposta no critério do enunciado. As unidades no discurso
repetido divide-as, em primeiro lugar, em unidades que têm a forma de um sintagma (nos
que inclui outros tipos de expressões fixas inferiores à oração) e unidades com forma
textual (nos qais inclui os provérbios, ditados, adágios, máximas, sentenças, aforismos e
outros) (Silva, 1998: 12-16).

5 Tão como Corpas Pastor (1996).

14
Também Monteiro-Plantin (2017) no seu estudo segue o critério do enunciado e
estabelece três tipos das UFS: as parémias (as que denomina também sentenças
proverbiais), expressões idiomáticas e as colocações (Monteiro-Plantin, 2017: 68-72). A
sua definição do conceito da parémia é uma das melhores em quanto a elaboração.

1.3.2.2. As parémias
O objetivo deste subcapítulo é então a referida terceira esfera, concretamente o
grupo das parémias. Em razão disso, vamos estabelecer uma classificação mais fiel dos
diferentes tipos das parémias. Não obstante, o grupo das parémias é muito heterogêneo, o
que torna esta tarefa quase impossível. Das numerosas designações (adágio, aforismo,
apotegma, máxima, sentença, ditado, dito, exemplo, rifão, refrão, cita e muitas mais)
descrevemos detalhadamente no total cinco tipos das parémias, servindo-nos, esta
classificação, como base da análise do nosso corpus.
Como foi mencionado anteriormente, segundo a proposta de Corpas Pastor (1996),
na terceira e última esferas incluem-se dois tipos de enunciados fraseológicos: parémias e
fórmulas rotineiras que diferem entre si em dois aspetos básicos, e isso no seu significado e
na sua posição. Enquanto as parémias têm um significado referencial e são autónomas
textualmente, as fórmulas rotineiras destacam-se pelo significado de tipo social, expressivo
e discursivo e pela sua determinação por situações e circunstâncias concretas (Corpas
Pastor, 1996: 132-133). Segundo a sua proposta, as parémias podem ser subdivididas em
vários grupos: citas, lugares comuns, enunciados do valor específico, refrãos, etc. e as
fórmulas rotineiras em dois tipos conforme o seu caráter: fórmulas discursivas e psico-
sociais. Embora concordamos com a distribuição de Corpas Pastor (1996) em três esferas
principais, achamos preciso consultar também outras fontes relativamente à divisão
posterior desta ‘terceira esfera’, das parémias, porque é claro que se trata dum grupo de
unidades bem extenso e nem de longe homogêneo.
As parémias como um conjunto descrevemos como unidades

«[...] gramatical e textualmente independentes, do ponto de vista da


enunciação, constituindo uma frase ou até mesmo um texto [...]»,
«[...] relativamente fixas do ponto de vista morfossintático, nas quais
as flexões e alterações sejam bloqueadas, ou pelo menos restritas
[...]», «[...] propícias à memorização, do ponto de vista fônico, por
meio de recursos sonoros caratecterísticos: aliterações, assonância,
rima, eco... [...]», «[...] testemunhas da herança cultural, do ponto de
cista didático e pragmático, com as quais se possa aconselhar,
avaliar, julgar...[...]» (Monteiro-Plantin, 2017: 69).

15
Quanto à sua designação, depara-se com mais frequência com o termo provérbio do
que com o termo ‘parémia’ para denominar todo o grupo das UFS a nível duma frase ou
texto. No entanto, em nossa opinião, trata-se duma terminologia incorreta, já que o
consideramos ser só uma das muitas variantes existentes.

a. Provérbio
Embora existam várias definições do que denominamos ‘provérbio’, diferem
consideravelmente entre si. O Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2001) define o
provérbio na sua primeira aceção como «frase curta, ger. de origem popular, freq. com
ritmo e rima, rica em imagens que sintetiza um conceito a respeito da realidade ou uma
regra social ou moral» e na sua segunda aceção como «na Bíblia, pequena frase que visa
aconselhar, educar, edificar; exortação, pensamento, máxima», acrescentando, ao mesmo
tempo, que o provérbio é também «[...] adágio, dito, ditado, rifão, máxima» (Dicionário
Houaiss da língua portuguesa, 2001, tomo III: 3007). Como podemos ver, o termo
provérbio é considerado sinonímico de todas estas designações. No entanto, nós
consideramo-nos dessemelhantes. Estas faltas de clareza na terminologia referem-se à
dificuldade de delimitar o grupo frente a outros tipos de parémias.
Dito isto, os provérbios propomos defini-los como unidades com a estrutura dum
período simples ou complexo e que se caraterizam por uma relativa autonomia discursiva.
No seu significado contêm uma ideia de universalidade, uma semântica ilocutiva de
recomendação ou de conselho (Baránov & Dobrovol'skij, 2009: 72), o que os distingue dos
outros tipos de parémias. Refletem experiências de vida cotidiana (amor, saúde, trabalho),
aconselham, criticam, proíbem e admoestam. São também uma fonte de conhecimento de
valores éticos (ensinança moral), estéticos e sociais (Mimoso, 2008: 157). Frequentemente
também abordam a relação do ser humano com a natureza (os fenómenos, o tempo, etc.).
Exceto o critério estrutural (a sua independência discursiva), há outras propriedades
sintáticas que contribuem para distinguir os provérbios das colocações e locuções (das
frases feitas em geral) e dos outros tipos de parémias. É que os provérbios caraterizam-se
por possuírem verbos no tempo presente gnómico que tem o caráter genérico, por uma
estrutura binária, por um ritmo caraterístico e uma assonância marcante como se pode
observar em Gordura é formosura ou O sol quando nasce é para todos (Vilela, 2002a: 34).
Para além disso, é comum o verbo predicativo se encontrarem no infinitivo (Aprender até

16
morrer) ou no imperativo (Aprende a educação como quem a não tem) (Mimoso, 2008:
160).
Desde o ponto de vista semântico, caraterizam-se também pelo uso de metáfora (A
boa mão do rocim faz cavalo; e a má, do cavalo faz rocim), de humor (O gramático sabe
corrigir uma frase, mas não sabe corrigir sua roupa), pelo jogo das palavras (O louco tem
o coração na língua; o sábio, a língua no coração) ou pela ambiguidade de sentido (Os
sábios dizem livros, os salsicheiros porcos) (Mimoso, 2008: 160). Os provérbios não têm
um autor conhecido, senão a própria comunidade. Mesmo que o autor seja desconhecido,
existem alguns provérbios atribuídos a uma determinada religião. Nesse caso, pode
atribuir-se um significado essencial ao autor dos provérbios, especialmente quando se trata
do seu fundador (no caso da religião cristã) (Funk, 1993: 28).

b. Refrão
O refrão o podemos definir da seguinte maneira: «[...] se apresenta como popular,
familiar, festivo, gracioso e não necessariamente metafórico» (Silva, 1998: 14). Segundo
Corpas Pastor (1996), no refrão identificamos as seguintes caraterísticas: lexicalização,
autonomia sintática e textual, valor de verdade geral e caráter anónimo. Como exemplos
cita refrãos como Agua que no has de beber, déjala correr; La ocasión hace al ladrón ou
En domingo de Ramos, quien no estrena, no tiene manos (Corpas Pastor, 1996: 148).
Costuma ser também presentado como culto e de origem antiga e utilizada em situações
graves ou sérias (Silva, 1998: 14). Às vezes pode ser empregado com propósito didático ou
dogmático (Corpas Pastor, 1996: 150).
O refrão distingue-se do provérbio pelas suas propriedades semânticas, sobretudo
pela metaforicidade que não é a sua condição indispensável (Silva, 1998: 14). No entanto,
ambos os subtipos das parémias têm um autor desconhecido.

c. Cita
As citas, ao contrário dos provérbios e dos refrãos, caraterizam-se pelo autor
conhecido, amiúdo trata-se duma personagem histórica, dum autor clássico, etc. Corpas
Pastor (1996) carateriza-os como «[...] enunciados extraídos de textos escritos o de
fragmentos hablados puestos en boca de un personaje, real o ficticio» indicando exemplos
como Poderoso caballero es don Dinero ou La vida es sueño (Corpas Pastor, 1996: 143).
Nas propostas de classificação dos linguistas portugueses depara-se, muitas vezes,
com os termos ‘máxima’ ou ‘palavra alada’. Estas designações concebemos sinonímicas às

17
citas, já que dispõem de propriedades análogas. Os linguistas Baránov e Dobrovol'skij
(2009) denominam-nos como ‘palavras aladas’ e caraterizando-os como frases
universalmente conhecidas, de caráter aforístico e de origem literária, folclórica,
jornalística, etc. Segundo eles, são todas as UFS de origem bíblica e provenientes das
Sagradas Escrituras (Baránov & Dobrovol'skij, 2009: 72). Também Corpas Pastor (1996:
145) concorda com esta opinião, incluindo, no grupo das citas, os fragmentos excluídos de
Bíblia.
Para além deste termo, recorre-se ao uso de ‘apotegma’ ou ‘aforismo’, os quais
consideramos sinónimos das máximas porque o seu autor é conhecido. São fórmulas
coletivas tradicionais com o fundamento científico ou filosófico (apotegma ou também
‘apólogo proverbial’) (Vilela, 2002a: 34), literário ou poético (aforismo) (Silva, 1998: 15).
Segundo Corpas Pastor, os aforismos, junto com os adágios ou com as sentenças, fazem
parte dos refrãos (Corpas Pastor, 1996: 135).
No caso de tornarem-se mais institucionalizadas numa sociedade determinada,
podem transformar-se em ‘clichés’ e tornar-se banalizadas, veja no exemplo: Elemental,
meu caro Watson (Silva, 2014: 21).
Apesar de as citas serem, habitualmente, classificadas como um subgrupo dos
provérbios, nós consideramo-los sendo um grupo especial e quase independente (mas com
vínculos aos provérbios), principalmente pelo seu autor e a sua origem conhecida. No
entanto, às vezes, separar ambos grupos pode ser uma tarefa difícil, especialmente no caso
das expressões da origem bíblica.

d. Ditado
Outro grupo das parémias é constituído pelos ‘ditados’ (às vezes denominados
como ‘ditos’ ou ‘ditos populares’) e carateriza-se pelo seu caráter denotativo e pela sua
função principal de corrigir ou ensinar (Vilela, 2002a: 34). Tal como os provérbios, são
anónimos e usam-se para nomear «verdades eternas na forma de simples constatações»
(Silva, 2014: 21).
Distinguir o ditado do provérbio é bastante difícil já que os ditados também se
aplicam a situações relacionadas com natureza ou com as práticas do homem associadas à
agricultura. No entanto, os ditados como únicos empregam-se em setores precisos de
atividades e grupos específicos, onde «[...] fica na simples observação e constatação dos
fatos, sem julgá-los». Veja em Quem o alheio veste, na praça o despe; Céu pedrento,
chuva no vento (Silva, 1998: 14). Outro sinal distintivo é que enquanto os ditados são

18
expressões não conotadas (quer dizer, o seu sentido é denotativo), os provérbios são
unidades conotadas, empregadas sempre no sentido metafórico (Ibidem).
Devido à esta relativa proximidade entre o provérbio e o ditado, é muito fácil
transformar uma em outra, basta que seja o ditado utilizado em sentido figurativo,
aplicando-se assim a outra coisa da que se referiu principalmente. Às vezes encontramo-
nos também com o termo ‘adágio’, o qual consideramos sinonímico do provérbio ou
ditado: Quem comeu a carne que roa os ossos; Lá vão as leis para onde querem os reis
(Silva, 1998: 14-15).

e. Slogan
Com esta palavra de origem inglesa designamos «Frase curta e convincente,
geralmente em publicidade ou propaganda» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa,
2021). Segundo Vilela (2002a: 32), trata-se duma expressão que permanece válida só em
uma determinada época. São todos os lemas dos partidos políticos ou produtos de dia a dia
com a função de atrair a atenção ou convencer às pessoas. Têm um autor conhecido.

Como podemos observar, distinguir os diferentes tipos de parémias não é nada


fácil. Todos os grupos mencionados têm um lugar especial nos repertórios dos povos ao
redor do mundo. Representam «[...] os estereótipos, as crenças, os mitos, a moral – o dever
e o haver – de uma comunidade [...]» (Vilela, 2002a: 35).

1.4. Nome próprio


Já que no nosso trabalho nos dedicamos também a analisar o referente do
antropónimo presente na unidade fraseológica, achamos importante conhecer as
caraterísticas e propriedades do nome próprio (o qual pertence à categoria do
antropónimo), para poder depois facilmente distingui-los dos outros subtipos do nome. Na
segunda parte deste capítulo refletiremos sobre possíveis valores que o antropónimo pode
veicular.
Quanto à classificação, os nomes são divididos em dois grupos principais segundo a
sua natureza: nomes concretos e abstratos. Os concretos subdividem-se em nomes comuns
e nomes próprios, que incluem os topônimos (nomes próprios de lugares) e os
antropónimos (nomes próprios de pessoas), sendo os últimos relevantes para os fins da
nossa pesquisa.

19
Acerca da divisão interna do grupo dos antropónimos, Bosque e Demonte (2000)
indicam os seguintes três subgrupos:

«[...] ‘nombres de pila’ (María, Antonio, etc.); los ‘sobrenombres’ o


‘apellidos’, [...] ‘patronímicos’ (apellido que antiguamente se daba a
los hijos, formado sobre el nombre del padre: Fernández del
Fernando, etc.) y por los ‘hipocorísticos’ (nombres en forma
abreviada o diminutiva, empleados como designaciones familiares,
afectivas o eufemísticas, de carácter convencional en la mayor parte
de los casos (Pepe –de José [...])» (Gramática descriptiva de la
lengua española, Bosque, Demonte, 2000: 81).

Nosso corpus contém todos os três subgrupos mencionados. No entanto, segundo a


classificação de Bechara (2012), a categoria dos antropónimos abarca unicamente dois
subgrupos: o prenome (nome próprio individual) e sobrenome ou apelido. Os nomes de
forma diminutiva costumam ser incluídos na categoria dos prenomes (Bechara, 2012: 94).
A maior diferença visível entre os substantivos concretos e abstratos é, desde o
ponto de vista sintático, o emprego da maiúscula inicial nos nomes próprios (e, então,
também nos antropónimos). Ocasionalmente regista-se a passagem do nome próprio (na
maior parte das vezes, do antropónimo) ao nome comum. Acontece, sobretudo, nos casos
das personagens históricas, artísticas ou literárias ao instalar-se plenamente na consciência
dum povo. Trata-se de nomes como tartufo, benjamin, dom-joão, etc. (cf. Bechara, 2012:
94). Em vista disso, estes nomes não incluímos no nosso corpus de UFS. Quanto ao género
dos antropónimos; são masculinos os nomes dos homens (o João, o Martinho) e femininos
os nomes das mulheres (a Maria, a Rita) (Vilela, 1995: 150). Além disso, os antropónimos
também podem formar o plural. A forma do plural pode utilizar-se para objetos ou
indivíduos que levam o mesmo nome (os Antônios, as Marias), para membros de uma
mesma família ou nacionalidade (os Azevedos, os Maias), para nomes de ‘entes’ (os
Tiradentes, os Pelés) ou objetos designados pelos nomes de autores ou produtores (os
Machados, os Fords) (Cunha, Cintra, 2016: 203-204). Porém, as gramáticas diferem ao
determinar se na realidade se trata dos nomes próprios ou comuns. Mesmo que, segundo a
nossa opinião, pertençam à categoria dos antropónimos, no nosso corpus de UFS não se
localiza nenhuma expressão com um antropónimo na forma plural.
No nosso corpus analisamos 380 UFS que contêm diferentes antropónimos. Estas
unidades foram recolhidas de 7 dicionários, no entanto, constituem apenas um fragmento
de um grupo muito maior de UFS que contêm um antropónimo. Segundo Álvarez (2008a),
os motivos do número tão elevado consistem no seu uso metalinguístico (p. ex. Ese Braian

20
está mal escrito), metafórico ou metonímico (p. ex. Comprei un Lugris) ou uso restritivo e
separador (p. ex. Non é o Manolo de antes) (Álvarez, 2008a: 55). Consideramos que, na
grande parte das UFS que classificamos como ditados, aparece o antropónimo no uso
metonímico, já que algumas personagens de origem santa se refere aos dias (p. ex. Aí por
São Clemente, lança mão de semente6) ou, inclusivamente, a épocas mais prolongadas (p.
ex. De Santa Catarina ao Natal, mês igual).
Um antropónimo pode ser empregado tanto no sentido figurativo (o conceito
originário do antropónimo é utilizado simbolicamente), como no motivado (há certo
vínculo entre as caraterísticas da pessoa referida e o uso do antropónimo) (Álvarez, 2008a:
60). Uma parte significativa do nosso corpus é representada pelas UFS nas quais o
antropónimo é utilizado no sentido figurativo, veja-se, por exemplo, a frase É a arca de
Noé ou Cada Abel tem seu Caim.
Como foi mencionado anteriormente, estes antropónimos empregados no sentido
figurativo e utilizados para a caraterização dos seres humanos passam, frequentemente, da
categoria do nome próprio ao nome comum. Isto é causado pelo facto de se instalarem na
consciência dum povo não como uma personagem existente com caraterísticas próprias,
mas como uma determinação geral duma pessoa (Álvarez, 2008a: 56). A linha divisória
entre ambas as categorias pode ser bastante fina. Trata-se por exemplo de nomes como
judas, dom-joão, creso, etc., nas que ao referente humano confere-se «[...] un contenido
descriptivo de una determinada característica», i. e. com a denominação “um judas” nós
referimos para uma pessoa traidora (Álvarez, 2008b: 367). A este processo submetem-se,
frequentemente, antropónimos cujo referente é uma personagem fictícia (literária,
cinematográfica, etc.), já que a perdurabilidade da obra na qual aparecem pode favorecer o
processo da lexicalização (Álvarez, 2008b: 368), i.e. watson; quasímodo.
Outra caraterística que observamos nestes antropónimos empregados no sentido
figurativo é a sua carga valorativa, a qual pode ser tanto positiva como negativa. Como
adverte Álvarez (2008b: 370) a maioria desses nomes é utilizada no sentido negativo ou
pejorativo, tanto à caraterização física, como psicológica ou material, veja-se o seguinte
exemplo, Mente desocupada é oficina de Satanás; Brás bem o diz e mal o faz ou Não sejas
Zé-de-gatinhas.
Outra tendência que aparece no nosso conjunto de UFS é certa carga negativa
atribuída a personagens femininas que trabalham como amas da casa, na maior parte, com

6 Os exemplos citados à continuação provêm do nosso corpus.

21
um nível cultural baixo (Álvarez, 2008b: 370), como ilustra o seguinte exemplo: Bem
prega Maria em casa vazia ou Maria que muito monda, nunca pode mondar bem. Desta
tendência adverte, também, Ferrero (2004), quem explica a imagem da mulher nas
unidades fraseológicas, afirmando que «[...] la mujer en el refranero portugués es objeto de
más críticas que alabanzas» indicando exemplos como O silêncio foi dado às mulheres
para melhor exprimirem o seu pensamento ou A mulher e a besta, a ninguém se empresta
(Ferrero, 2004: 7-8). Segundo ela, a mulher é considerada como um ser inferior,
subordinada ao homem e comparada aos animais (Ferrero, 2004: 8). No entanto, esta
tendência pejorativa não se limita aos nomes femininos, como provam as seguintes
parémias: Brás bem o diz e mal o faz; Na casa do Gonçalo, quem manda é o galo ou
Miguel, Miguel, não tens colmeias e vendes mel. Embora sejam mais frequentes os
antropónimos com valor negativo, detetamos também alguns com valor positivo, sobretudo
na categoria dos ditados: Chuva fina por Santo Agostinho é como se chovesse vinho.

22
2. Metodologia
Nesta parte do trabalho vamos analisar o nosso corpus formado por 380 UFS
recolhidas do total de 7 dicionários da língua portuguesa: seis na sua variedade europeia
(PE) e um na variedade brasileira (PB). No corpus foram incluídas apenas as unidades que
contêm um nome próprio, em concreto, um antropónimo. A lista de todas as unidades e os
dados extraídos dos dicionários encontram-se incluídas na parte de Anexo. Para uma
melhor orientação entre as distintas fontes, consulte-se a tabela com os dados
bibliográficos dos dicionários consultados, que indicam, ao mesmo tempo, a sua
procedência e o número das UFS extraídas de cada um. Os números elevados na tabela
correspondem ao facto de que várias expressões foram contidas em mais de um dicionário.

Autor Dicionário Procedência Número


das UFS
1. Borges (2005) Provérbios sobre plantas PE 88
2. Correia; Teixeira Dicionário prático de locuções e expressões PE 3
(2007) correntes
3. Dias (1997) Provérbios PE 152
4. Funk; Funk (2008) Dicionário Prático de Provérbios PE 12
Portugueses
5. Santos (2000) Dicionário de provérbios, adágios, ditados, PE 155
máximas, aforismos e frases feitas:
dicionários temáticos
6. Neves (2000) Dicionário de expressões correntes PE 58
7. Silva (2013) Dicionário brasileiro de fraseologia PB 106

Como podemos observar, o maior número das UFS, i.e. 155 expressões (27 %), foi
extraído em Santos (2000), seguido por Dias (1997), no qual extraímos 152 expressões (27
%). Uma quantidade relativamente grande das UFS, i.e. 106 e 88 expressões, (18 % e 15 %
respetivamente) foi também recolhida nos dicionários Silva (2013) e Borges (2005). O
número mais reduzido das UFS foi encontrado nas publicações Neves (2000) (58
expressões, 10 %), Funk e Funk (2008) (12 expressões, 2 %) e Correia e Teixeira (2007)
(somente 3 expressões, 1 %). Os seguintes dados podemos observar neste gráfico:

23
UFS nos dicionários

106, 18% 88, 15%


3, 1%

58, 10%
152, 27%

155, 27%
12, 2%

Borges (2005) Correia; Teixeira (2007) Dias (1997)


Funk; Funk (2008) Moreira dos Santos (2000) Neves (2000)
Silva (2013)

Gráfico 1: UFS nos dicionários

Outro dado significativo para a nossa análise relaciona-se com a ocorrência das
UFS em mais dicionários consultados. 260 UFS (68 %) só se encontraram integradas num
único dicionário, 67 UFS (18 %) em dois, 41 UFS (11 %) em três dicionários. Apenas 12
das UFS (3 %) encontraram-se em cinco ou mais dicionários consultados:

Ocorrência das UFS nos dicionários

12, 3%
41, 11%

67, 18%

260, 68%

1 dicionário 2 dicionários 3 dicionários 4-7 dicionários

Gráfico 2: Ocorrência das UFS nos dicionários

Quanto à própria análise do corpus, são duas as questões que constituem o foco da
nossa atenção: o antropónimo presente nas UFS e a forma sintática destas unidades. No
que se refere à metodologia do processo, ao analisar as expressões desde o ponto de vista
do nome próprio, dividimos o corpus em 5 grupos temáticos segundo o referente do
determinado antropónimo: personagens de origem real; personagens de origem bíblica e
figuras santas; personagens de origem artística; personagens de origem popular e,

24
finalmente, personagens de origem desconhecida. Seguidamente examinamos mais em
detalhe os antropónimos presentes nas UFS com o objetivo de fixar o determinado
referente. Na categoria das personagens de origem desconhecida colocamos aquelas UFS
nas que não fomos capazes de encontrar o referente do determinado antropónimo nem
informações sobre a origem do fraseologismo.
Segundo, na classificação sintática dividimos as 357 UFS7 em cinco tipos de
parémias segundo a sua natureza: provérbios, refrãos, citas, ditados e slogans, os quais
delimitamos na primeira parte do trabalho8. Como foi mencionado, são várias as UFS que
contêm mais de um antropónimo, e.g.: Cada Abel tem seu Caim; Todos somos filhos de
Adão e Eva, etc. Dentro da classificação sintática, incluímos estas expressões apenas uma
vez tanto no grupo dado como na análise subsequente, omitindo assim as UFS que, apesar
de terem a mesma estrutura, contêm mais de um antropónimo. Ao contrário, na
classificação segundo o referente foi considerado o número da ocorrência dos
antropónimos presentes na unidade. Dito isto, por exemplo a UF Cada Abel tem seu Caim
será incluída tanto na categoria do antropónimo Abel como na de Caim. No entanto, caso a
UF inclua mais nomes próprios referentes a uma única personagem, incluímo-la na
categoria do primeiro nome indicado. Por exemplo, a expressão Chove, chuvisca, água
mourisca, filha do rei, Maria Francisca, está incluída na categoria das expressões que
contêm o nome Maria.
Tanto na classificação sintática como na classificação segundo o referente
organizamos os fraseologismos em ordem alfabética e marcamo-las com o mesmo número
que usamos em Anexo. As UFS que contêm dois antropónimos estão marcadas com dois
números (sob os quais encontram-se os antropónimos no Anexo), o mesmo acontece com
UFS que contêm três antropónimos.
Para uma melhor orientação na análise decidimos simplificar a forma das respetivas
parémias, indicando, unicamente, a sua primeira forma, que figura, também, em Anexo.
No entanto, isto não se aplica a duas das UFS que introduzimos na sua segunda forma
devido a que na primeira não se registam todos os antropónimos. Trata-se das unidades
Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida airada) e Santa Bárbara! São Jerônimo!. Na
parte final de cada classificação resumimos todos os dados adquiridos ilustrando-os via
tabelas e gráficos.

7 O número das UFS consultadas na classificação sintática não corresponde ao número total das UFS, já que
no corpus se encontram expressões que contêm dois ou mais antropónimos e, portanto, são representadas no
corpus mais de uma vez.
8 Veja o capítulo 1.3.2.2.

25
3. Parte prática

3.1. Classificação segundo o referente


Neste capítulo iremos analisar as unidades fraseológicas segundo o referente do
antropónimo na unidade. Para este fim, dividimos o corpus de 380 UFS em 5 grupos
temáticos que contêm referência às personagens de origem real, bíblica, artística, popular
e, finalmente, personagens de origem desconhecida. Dentro da cada UF identificamos o
referente do respetivo antropónimo, muitas vezes junto com informações sobre a sua
relação com a dita expressão (sobretudo, nos casos dos personagens de origem real ou
bíblicas e figuras santas).
Como já foi indicado previamente, são numerosas as UFS que contêm mais de um
antropónimo. A informação sobre a frequência do antropónimo em UF constitui para a
nossa análise um dos dados mais significativos. Um outro aspeto associado ao dito
problema, que vamos observar, é a distribuição dos antropónimos de género masculino e
feminino em todo o corpus, que será subdividido em diferentes grupos que vão ser, ao
mesmo tempo, comparados quantitativamente.
As unidades estão ordenadas alfabeticamente (igual que em Anexo), de acordo com
a letra principal do antropónimo que aparece nas construções analisadas. As expressões são
acompanhadas por um comentário sobre o referente respetivo antropónimo, o que não nos
era possível em todos os casos por causa da falta das fontes bibliográficas. Por isso,
decidimos incluir as expressões desconhecidas ou de origem incerta num grupo separado.

26
3.1.1. Personagens de origem real
Nesta categoria incluímos os antropónimos de origem real, cuja existência não pode ser negada. Na
maioria dos casos, trata-se de prenomes (e.g. Afonso, Benedito), mas aparecem, também, sobrenomes (e.g.
Beethoven, Camões). No que se refere aos tipos de personagens, a categoria é bastante heterogênea. Contêm
emperadores (e.g. César, Dinis), políticos (e.g. Afonso, Brutus, Catilina), filósofos (e.g. Avicena) ou
escritores (e.g. Camões).

Afonso

Já no tempo do Afonso Costa era sempre a mesma resposta. 5.

Esta expressão refere-se ao jurista e político português Afonso Augusto da Costa (1871-1937), quem
desempenhou cargos de chefe do governo e ministro de finanças9. A parémia refere-se, provavelmente, ao
facto de que não há muitas coisas que mudam com o passo do tempo.

Avicena

Mais matou a ceia, que sarou Avicena. 30.

Segundo Ribeiro (2009) a expressão tem a sua procedência na língua espanhola (Más mató la cena
que Avicena ou Más mató la cena que sanó Avicena) e à sua versão chegou-se através da falha da rima
(Ribeiro, 2009: 191). Embora não especifique a personagem presente na parémia, do contexto deduzimos que
se trata do filósofo e médico persa medieval.

Beethoven

Houve muitos músicos famosos, mas apenas um Beethoven. 38.

Esta parémia foi pronunciada pelo futebolista Pelé ao comparar o seu sucesso com o do músico
famoso do século XVIII, Ludwig van Beethoven (Silva, 2013: 963).

Benedito

Será o Benedito? 43.

A expressão Será o Benedito? Tem duas interpretações possíveis. Segundo algumas fontes, Benedito
refere-se ao nome Benedito Valadares, jornalista e político brasileiro, nomeado como interventor federal10
pelo presidente Getúlio Vargas em 12 de dezembro de 1933. Getúlio Vargas demorava muito com a
nomeação, provocando inquietação entre os inimigos políticos, que, então, perguntavam “Será o
Benedito?"11. Outros defendem que a expressão existiu já em 1931, isto é, 2 anos antes da dita nomeação,
quando foi, supostamente, cantada numa marchinha de carnaval. Além disso, em 3 de março de 1933

9 Infopédia [em linha] Afonso Costa [cit. 07/04/2022]. Disponível em:


https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$afonso-costa.
10 Governador do estado, nomeado pelo Presidente da República.
11 Terra [em linha] De onde vem a expressão "será o Benedito"? [cit.07/04/2022] Disponível em:

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/de-onde-vem-a-expressao-sera-o-
benedito,c718b62ed750eb336d6ac59ed014abe4hecohcjj.html.

27
constitui o título de uma notícia publicada em Diário da Tarde, referindo sobre um jogador chamado
Benedicto12.

Brutus

Até tu, Brutus? 61.

Esta unidade fraseológica, como propõe Silva (2013), aplica-se em situações de traição, porque «[...]
remonta ao episódio que resultou no assassinato do grande imperador, estadista e general romano Caio Júlio
César (101-44 a.C.), vítima de conspiração organizada por senadores aristocratas e liderada, entre outros, por
Marco Júnio Bruto (85-42 a.C.), nos idos de março de 44 a.C.» (Silva, 2013: 208-209).

Camões/Luís de Camões

Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta negociava em 64.
melões.
Vai falar com o Camões (Dom Pedro). 65.

Ambas as parémias aludem ao escritor português do século XVI, Luís de Camões. Quanto à sua
origem, embora o refrão Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta
negociava em melões narre sobre o famoso poeta, não é, nem de longe, verdadeiro. Nem a mãe de Camões se
chamava Jacinta (o seu nome verdadeiro foi Ana Vaz), nem ela negociava em melões. Nem a cidade Freixo
de Espada à Cinta é o lugar de nascimento de Camões13. Trata-se, provavelmente, duma lengalenga, e, por
conseguinte, não tem um significado concreto.
No que se refere à expressão Vai falar com o Camões (Dom Pedro), a qual utiliza-se para mandar a
alguém embora ou a mandar a calar, não está claro como se originou.

Catilina

Até quando (,Catilina,) abusarás da nossa (minha) paciência? 71.

Segundo Neves (2000: 68), trata-se da tradução da frase latina “Quousque tandem, Catilina, abutere
patientia nostra?” de Cícero, a qual foi dirigida a Catilina, um romano corrompido e inimigo de Cícero. A
parémia usa-se dirigida a alguém que nos está a fazer perder a paciência.

César

A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. 73.


À mulher de César não basta ser honesta, mas também parecê-lo. 74.

Ambas as unidades fraseológicas se referem a Julio César, emperador romano. A primeira encontra-
se no evangelho de São Mateus e explica-se como «se deve atribuir cada coisa ao seu legítimo dono ou
autor» (Neves, 2000: 18). A segunda expressão trata de César e da sua segunda mulher, Pompeia, ainda que

12 Jornal da USP [em linha] “Mas será o Benedito?” Fraseologia ajuda a combater fake news
[cit.07/04/2022] Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/mas-sera-o-benedito-fraseologia-ajuda-a-
combater-fake-news/.
13 Alcatruzes Da Roda [em linha] Freixo de Espada à Cinta [cit.07/04/2022] Disponível em:

http://alcatruzesdaroda.blogspot.com/2009/04/freixo-de-espada-cinta.html.

28
não seja referida explicitamente. Liga-se com o momento de Pompeia aceitar na corte um patrício inimigo de
César, Públio Clódio (Ibidem).

Dinis

El-Rei Dom Dinis fez sempre quanto quis. 85.

Esta parémia refere-se ao rei português do século XIII, Dom Dinis e a sua capacidade de saber muito
bem o que queria fazer14.

Inês

Inês! É morta! 106.

Ribeiro (2009) afirma que a origem da expressão não é muito clara. No entanto, indica que a
seguinte frase (“É morta Dona Inês que tanto amavas!”) aparece no ato V no episódio trágico do livro Os
Lusíadas de Luís de Camões15. É por isso que o nome de Inês começou a associar-se ao significado de morte.
Afirma também, que dessa parémia derivou uma outra, a qual também está incluída no nosso corpus de UFS,
Morreu u Neves (Ribeiro, 2009: 398-399).

Joana

É o da Joana. 117.
Isto não é o da Joana! 118.

Segundo Silva (2013: 307), as expressões referem-se à condessa de Provença e rainha de Nápoles
que viveu no século XIV e quem, pelo que parece, teve uma vida cheia de confusões. No entanto, segundo
Ribeiro (2009: 167) o antropónimo Joana provavelmente tem origem árabe, provindo do étimo damchan que
significa “garrafão” e que, pela influência espanhola, chegou a adquirir a forma damajuana, que equivale à
dama Joana. A primeira expressão denomina um local ou uma situação onde não há regras ou ordem, a
segunda aquilo que não pertence a todos.

Lourenço

Bem te conheço, és de Braga e chamas-te Lourenço. 170.


É de Braga e chama-se Lourenço. 172.

Esta unidade fraseológica tem duas versões, não obstante referirem-se ambas à mesma personagem,
isto é, a Lourenço, arcebispo de Braga do século XIV, quem ficou conhecido pelas suas práticas desonestas
contra a nobreza das igrejas, ao opor-se aos seus excessivos privilégios. Embora acabasse por ser destituído
do cargo, que não melhorou a sua má reputação que continua a ressoar, nesta forma, até hoje16.

14 Público [em linha] O rei que refundou Portugal [cit.18/04/2022]. Disponível em:
https://www.publico.pt/2011/10/16/jornal/o-rei-que-refundou-portugal-23127790.
15 Veja [em linha] ‘Até aí morreu o Neves’: se não é o Tancredo, quem será? [cit.07/04/2022]. Disponível

em: https://veja.abril.com.br/coluna/sobre-palavras/ate-ai-morreu-o-neves-se-nao-e-o-tancredo-quem-sera/.
16 RTP Play Lugares Comuns. [em linha] [cit.05/4/2022]. Disponível em:

https://www.rtp.pt/play/p491/e168646/lugares-comuns

29
Maomé

Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. 191.

Esta expressão faz referência ao profeta Maomé, líder político e religioso e fundador do Islamismo.
Como indica Silva (2013), a frase foi pronunciada quando tentou converter um grupo de árabes, e estes,
recusando-se a tal, desafiaram-no para mover o monte Safa, que se encontrava mais perto dele. Significa
preferir o simples ao complicado, procurar uma solução mais fácil (Silva, 2013: 940).

Salomão

De Salomão a ciência / eu trago toda de cor: / pai e mãe é muito bom, / barriga cheia é 327.
melhor. a morrer, Salomão a aprender.
Salomão 328.

Embora as duas expressões sejam parecidas, referem-se à mesma personagem, o rei Salomão,
conhecido por ser o juiz mais sábio e justo de todos os juízes naquela época. Mesmo que se trate de
personagem que aparece na Bíblia, foi provado que, realmente, exerceu o cargo de terceiro rei de Israel,
aproximadamente no século X a.C. Por este motivo decidimos inclui-lo na categoria dos personagens reais17.

Tomás

Bem prega Frei Tomás: façam como ele diz e não como ele faz. 361.

Segundo Ribeiro (2009: 410), o frei Tomás realmente viveu no século XVII e o seu nome aparece em
numerosas obras jocosas e de burla ao longo dos séculos. No entanto, a sua existência está ainda por ser
confirmada. Ribeiro recorda, também, que antes deste refrão havia um outro, semelhante: “Brás bem o diz e
mal o faz”. Outras fontes determinam que se pode tratar dum pregador famoso, Frei Tomás, filho bastardo do
Morgado de Fonte Arcada, que viveu no século XVI. Ocupou, entre outros, cargos de frade no convento de
São Domingos em Lisboa e de confessor de Dona Catrina18. Utiliza-se para ilustrar a incapacidade praticar os
valores que se defendem19.

17 RTP Play Lugares Comuns. [em linha] [cit.05/4/2022]. Disponível em:


https://www.rtp.pt/play/p491/e87271/lugares-comuns.
18 Revista Biografia [em linha] BEM PREGA FREI TOMÁS [cit.08/04/2022]. Disponível em:

https://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/2014/07/bem-prega-frei-tomas-humberto-pinho-da.html.
19 Negocios [em linha] Bem prega Frei Tomás [cit.18/4/2022]. Disponível em:

https://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/editorial/celso-filipe/detalhe/bem-prega-frei-tomas.

30
3.1.2. Personagens de origem bíblica e figuras santas
Nesta categoria incluímos personagens de origem bíblica, tanto figuras canonizadas (e.g. Santo
Agostinho, Santa Catarina) como as personagens que aparecem no Novo ou Velho Testamento (e.g. Abel,
Adão). A maioria das parémias classificadas neste grupo está vinculada à vida e atividades agrícolas (semear,
plantar, recolher) ou a previsões meteorológicas. Como explicamos na parte teórica, estas UFS têm como
objetivo principal corrigir ou ensinar, na forma de constatação.

Abel

Cada Abel tem seu Caim. 1.

Esta expressão, incluída, igualmente, na categoria do nome Caim, refere-se a duas figuras bíblicas:
Abel e Caim, filhos de Adão e Eva. Segundo a fé cristã, Abel foi pastor e Caim, lavrador. Os dois apresentam
a Deus uma oferta, Abel primogénitos do seu rebanho e as suas gorduras e Caim frutos da terra. O Deus
aceita a oferta de Abel e recusa a de Caim, o que causa irritação deste segundo, quem acaba por matar o seu
irmão (Neves, 2010: 44-45). Utiliza-se para descrever duas pessoas, uma boa e outra má e errada.

Adão

Branco vem de Adão e o negro não? 2.


Quando o Adão cavava e a Eva fiava, a fidalguia onde estava? 3.
Todos somos filhos de Adão e Eva. 4.

Estas expressões aludem a duas figuras cruciais da religião cristã: Adão e Eva, criados por Deus no
Éden como primeiros representantes do ser humano. Segundo a narrativa, Deus formou o homem do pó da
terra e insuflou-lhe a vida. Para o Adão não permanecer na solidão, o Deus criou a mulher da sua costela.
Sendo Adão e Eva os primeiros homens, toda a humanidade é então “filhos de Adão e Eva”. Quanto à
primeira e terceira expressão, referem-se ao facto de que todos somos iguais. No que se refere à segunda
expressão, aplica-se a pessoas vaidosas que desprezam a outras por serem superiores (Cunha, 1929: 86).

Agostinho

Chuva fina por Santo Agostinho é como se chovesse vinho. 6.

Esta parémia alude a Santo Agostinho, comemorado no dia 28 de agosto. Nessa época são
frequentes os chuviscos, que são beneficiosos sobre tudo para as uvas, que costumam estar, nesta altura,
ainda no período de maturação. Por este motivo diz-se “como se chovesse vinho” (Amaral, 2014: 25).

Águeda

Tal dia de Natal, tal dia de Janeiro, tal dia de Santa Águeda a 5 de Fevereiro. 8.

Esta expressão refere-se à Santa Águeda, mulher que viveu na Sicília nos princípios do século III e
que é comemorada no dia 5 de fevereiro, tal como diz a expressão. Nessa data terminam as festas e começa a
plantação de alguns produtos (Río Corbacho, 2010: 79-80).

31
Ana

Mulher que se casa no dia de Santa Ana, morre de parto. 9.


O que Deus der se come, o que faltar Santa Ana intéra. 10.
Por Santa Ana, limpa a pragana. 11.

As três unidades fraseológicas referem-se à figura bíblica, Santa Ana, que se comemora, junto com
São Joaquim no dia 26 de julho. Os dois santos são pais da Virgem Maria e avôs de Jesus Cristo. O mês de
julho associa-se tanto à plantação de alguns produtos, como com a realização de outros trabalhos como, por
exemplo, limpar a terra (Por Santa Ana, limpa a pragana) (Río Corbacho, 2010: 209-210). Em junho e julho
a ceifa de alguns cereais praganosos, como trigo, cevada ou centeio, está no seu auge (Amaral, 2014: 43).

André

No dia de Santo André, vai à esquina e traz o porco pelo pé. 12.
Pelo Santo André, o sete estrelo posto é. 13.
Pelo Santo André pega-se o porco pelo pé. 14.
Pelo Santo André, quem não tem porco, mata a mulher. 15.
Por Santo André todo o dia, noite. 16.
Quem apanha a azeitona antes do Santo André fica-lhe o azeite no pé e, antes de Janeiro, 17.
fica-lhe o azeite no madeiro.

Todas as parémias aludem a Santo André, outra figura relacionada com a religião cristã, celebrada
no dia 30 de novembro. André era originalmente pescador e segundo a narrativa, foi um dos primeiros em
fazer parte dos apóstolos. Como afirma Río Corbacho (2010), é o último santo comemorado no mês de
novembro, através de quem se entra no mês de dezembro (Río Corbacho, 2010: 332).
Em novembro chega o tempo dos porcos, que se vendem e se matam: No dia de Santo André, vai à
esquina e traz o porco pelo pé; Pelo Santo André pega-se o porco pelo pé ou Pelo Santo André, quem não
tem porco, mata a mulher.
Os dias por volta desta data são menos luminosos e ocorre o crepúsculo precoce tão caraterístico dos
meses do inverno. Por isso diz-se Por Santo André todo o dia, noite é (Río Corbacho, 2010: 333).
Quanto à expressão Quem apanha a azeitona antes do Santo André fica-lhe o azeite no pé e, antes
de Janeiro, fica-lhe o azeite no madeiro, esta refere-se à colheita da azeitona frequentemente realizada entre
os meses de novembro e de dezembro. No entanto, «[...] no passado a maioria dos olivais era da variedade
Galega, cuja maturação era tardia, e por essa razão, se a azeitona fosse colhida antes do Natal, ainda não
estava bem madura [...]» (Amaral, 2014: 62-63).

Antoninho

Santo Antoniho, onde te porei! 21.

A expressão Santo Antoniho, onde te porei! contém o nome de outra figura santa, Santo Antoninho,
que se celebra no dia 10 de maio. Santo Antoniho é representado com o livro da Sagrada Escritura, sob o qual
está sentado o pequeno Jesus Cristo com o globo do mundo nas suas mãos. No passado estava presente em

32
cada casa portuguesa, mas em casas pobres não havia lugar onde pôr o Santo Antoninho20, do que vem a
parte “onde te porei!”.

António/Antônio

Dia de Santo António, vêm dormir as castanhas aos castanheiros. 22.


Depois não vá dizer que Santo Antônio te enganou. 23.
Nem Santo Antônio com gancho dá jeito. 24.
Nem Santo Antônio me vale. 25.
Nem Santo Antônio o livra! 26.
No dia de Santo António, cava do demónio (nas vinhas). 27.
Ovelha que é do lobo, Santo Antônio não guarda. 28.
Santo António dos olivais, livra-nos dos pardais. 29.

Estas expressões referem-se à outra figura canonizada, Santo António (ou também Antônio), que se
comemora no dia 13 de junho. A primeira frase, Dia de Santo António, vêm dormir as castanhas aos
castanheiros, Amaral (2014: 29) explica de modo seguinte: «entre Maio e Junho, tem início a floração
masculina na qual se formam os amentilhos unissexuados [...] junto ao pé das folhas».
No mês de junho faz-se uma série de trabalhos vinculados à plantação e sega dos cereais, assim
como as vindimas: No dia de Santo António, cava do demónio (nas vinhas); Santo António dos olivais, livra-
nos dos pardais. Outras expressões provavelmente referem-se às numerosas enfermidades que existem no
verão e aos princípios do outono: Nem Santo Antônio o livra!; Nem Santo Antônio me vale ou Nem Santo
Antônio com gancho dá jeito (Río Corbacho, 2010: 167).

Bárbara

Santa Bárbara! São Jerônimo! 31.


Santa Bárbara bendita! 32.
Santa Bárbara por responso ou devoção afasta os raios para os montes que não dão palha 33.
nem pão.
Só se lembra de Santa Bárbara quando troveja. 34.

Nestas frases aparece a figura canonizada de Santa Bárbara. As exclamações Santa Bárbara! São
Jerônimo! e Santa Bárbara bendita! invocam a santa na hora das trovoadas. Junto com a UF Só se lembra de
Santa Bárbara quando troveja aludem à lenda, segundo a qual a Bárbara, após a proibição, conseguiu
canonizar-se e, por conseguinte, foi decapitada pelo seu próprio pai. O pai foi imediatamente atingido e
queimado por um raio, enviado pelo Deus21. Aplicam-se a pessoas que só se lembram dos santos na hora do
perigo ou da doença (Silva. 2013: 1325).
Quanto à expressão Santa Bárbara por responso ou devoção afasta os raios para os montes que não
dão palha nem pão, relaciona-se com o dia de comemoração da mencionada santa (4 de dezembro) e com
atividades agrícolas vinculadas com esta época. Nessa época semeiam-se e crescem os cereais que podem ser
destruídas pelas chuvas daninhas tão frequentes neste mês (Amaral, 2014: 67).

20 RTP ARQUIVOS [em linha] Meu Santo Antoninho onde te porei? [cit.11/04/2022]. Disponível em:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/meu-santo-antoninho-onde-te-porei/.
21 RTP Lugares Comuns [em linha] [cit.11/04/2022]. Disponível em:

https://www.rtp.pt/play/p491/e61152/lugares-comuns.

33
Barnabé

Dia de São Barnabé disse o Sol: aqui estarei. 35.


Dia de São Barnabé, seca-lhe a palha pelo pé. 36.

As parémias aludem ao apóstolo São Barnabé, um santo que viveu no século I e foi um dos
primeiros em converter do judaísmo ao cristianismo. O santo comemora-se no dia 11 de junho. A primeira
expressão, Dia de São Barnabé disse o Sol: aqui estarei, surgiu devido a um erro cronológico, já que antes da
reforma gregoriana do calendário, no dia do São Barnabé celebrava-se o solstício de verão22. O ditado
declarava que nesse tempo, os dias eram os mais longos do todo o ano e que o sol estava no seu zénite (Río
Corbacho, 2010: 165).
No mês de junho ceifam-se e debulham-se os cereais, disso provém o ditado Dia de São Barnabé,
seca-lhe a palha pelo pé (Amaral, 2014: 29).

Bartolomeu

Dia de São Bartolomeu, anda o diabo à solta. 37.

Nesta expressão encontramos a referência a São Bartolomeu, um dos doze apóstolos, celebrado no
dia 24 de agosto (Río Corbacho, 2010: 239). Refere-se à noite de 24 de agosto de 1572 quando, no dia de São
Bartolomeu, sucederam numerosos assassinatos em Paris, num massacre de protestantes protagonizado pelos
católicos23.

Benedito

É como São Benedito: não come nem bebe e anda gordito. 42.

Faz-se, nesta construção, alusão à figura de São Benedito, um dos poucos santos negros, conhecido
também como São Benedito o Mouro. O santo nasceu em Sicília, no entanto, os seus pais foram escravos da
Etiópia. A expressão É como São Benedito: não come nem bebe e anda gordito refere-se à profissão de
Benedito, que foi cozinheiro. Também lhe foram atribuídas aptidões de transformar o pão em rosas. Por isso,
muitas vezes é retratado com pão nas suas mãos24.

Bento

Dia de São Bento, cada mato tem o seu cuco dentro. 44.
São Bento! São Bento! 45.

As duas expressões aludem a São Bento, festejado no passado em dois dias: 21 de março
(comemoração da sua morte) e 11 de julho (data em que se celebrava a solenidade do santo). Hoje em dia,
comemora-se a 11 de julho. A expressão Dia de São Bento, cada mato tem o seu cuco dentro alude à chegada
de cuco, ave que vem no inverno da África a terras mais quentes (Río Corbacho, 2010: 110). Quanto à

22 Na atualidade celebra-se o dia 21 de junho.


23 CALEDARR [em linha] Dia de São Bartolomeu [cit.18/04/2022]. Disponível em:
https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-bartolomeu/.
24 Quarta República [em linha] Embalados nas núvens [cit.11/04/2022]. Disponível em:

http://quartarepublica.blogspot.com/.

34
exclamação São Bento! São Bento!, trata-se duma invocação que se faz quando aparece uma lacraia, para que
não fuja (Silva, 2013: 147).

Bernardo

Não há melhor mostarda que a de São Bernardo. 47.

São Bernardo é um santo que se comemora no dia 20 de agosto. Provém da França, concretamente,
do município Fontaine-les-Dijon, o que explica a seguinte UF: Não há melhor mostarda que a de São
Bernardo (Río Corbacho, 2010: 336).

Brás

Dia de São Brás, a cegonha verás e se a não vieres, o Inverno vem atrás. 51.
Em Fevereiro, no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro, dia de São Brás. 52.
Fevereiro: primeiro jejuarás; segundo guardarás; terceiro irás p´rò São Brás. 54.
Por onde irás, Brás, que te não perderás? 56.
Por São Brás, a cegonha verás. 57.
Por São Brás, atirarás. 58.
São Brás, não engasgues o meu menino. 59.
São Brás te afogue que Deus não pode. 60.

Estas expressões referem-se a São Brás, comemorado no dia 3 de fevereiro. O santo supostamente
vivia numa caverna e dedicou-se a curar tanto pessoas como animais. As parémias Dia de São Brás, a
cegonha verás e se a não vieres, o Inverno vem atrás e Por São Brás, a cegonha verás referem-se às
caraterísticas atmosféricas do mês de fevereiro: a chegada do clima quente que se pode comprovar pela
chegada das cegonhas.
As UFS Em Fevereiro, no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro, dia de São Brás e
Fevereiro: primeiro jejuarás; segundo guardarás; terceiro irás p´rò São Brás falam da época do jejum.
A expressão Por São Brás, atirarás alerta, provavelmente, que nesse dia os caçadores vão atirar a
caça salvagem.
As UFS São Brás, não engasgues o meu menino e São Brás te afogue que Deus não pode fazem
alusão à fase da vida desse santo, em que São Brás salvou uma criança da asfixia ao tragar um osso do peixe
(Río Corbacho, 2010: 76-77).

Caim

A inveja matou Caim. 62.


Cada Abel tem seu Caim. 63.

Veja-se na categoria de Abel.

Candelária

Quando a Candelária ri, o Inverno está para vir, quando a Candelária chora está o Inverno 67.
fora.
O antropónimo Candelária refere-se à Nossa Senhora das Candeias, festejada no dia 2 de fevereiro
durante o período do mesmo nome. Nesse tempo são frequentes as mudanças metereológicas: por um lado,

35
estamos ainda em pleno inverno, por outro lado, a primavera já se está a aproximar... (Río Corbacho, 2010:
74).

Catarina

De Santa Catarina ao Natal, mês igual. 69.


Para Santa Catarina, se a azeitona não for para o candil, colhe-se pelo pernil. 70.

Santa Catarina é uma mártir originária da Alexandria, que se comemora, hoje em dia, a 25 de
novembro. Na primeira UF fala-se do corto período que sobre dessa data ao Natal. A segunda UF alude ao
facto de que no final desse mês o tempo é apropriado para recolher as azeitonas (Río Corbacho, 2010: 327).

Clemente

Aí por São Clemente, lança mão de semente. 75.

Nesta parémia aparece a figura canonizada, São Clemente, comemorado no dia 23 de novembro.
Segundo Amaral (2014: 18), por volta dessa data se semeiam, em algumas regiões de Portugal, os cereais do
inverno (trigo, cevada, centeio) e algumas hortícolas (cenoura, fava, couve).

Crispim

Valha-te São Crispim que te fez assim. 77.

São Crispim foi um religioso italiano que foi canonizado, junto com o seu irmão Crispiniano, depois
de ser martirizado pelos romanos. Os dois exerciam o ofício de sapateiro e por isso são, hoje em dia,
celebrados como padroeiros dos sapateiros no dia 25 de outubro25.

Cristo

Ai Cristo! Olhai para isto. 78.


Cristo curou cegos e aleijados, mas não malucos. 79.
Judas era branco e vendeu Cristo. 80.
Nem que Cristo (Deus) descesse do céu à terra. 81.
Olho no Cristo que é de prata. 82.
Quem se mete a Cristo, morre na cruz. 83.

Estas expressões aludem a Jesus Cristo, figura central da religião cristã. No nosso corpus estão
incluídas em duas categorias “Cristo” e “Jesus”. A palavra Cristo provém de grego e significa “ungido” e é
equivalente do termo hebraico para “Messias”, o rei prometido de Deus (Horne, 2002: 12). Quanto à ao
significado das parémias; a expressão Ai Cristo! Olhai para isto utiliza-se como exclamação de desespero
(Silva, 2013: 441), com Olho no Cristo que é de prata se chama a atenção para se vigiar algo que pode ser
furtado e a parémia Nem que Cristo (Deus) descesse do céu à terra é utiliza-se como rejeição duma coisa
(Neves, 2000: 307-317).

25 Arquidiocese de São Paulo [em linha] São Crispim e São Crispiniano [cit.12/04/2022]. Disponível em:
https://arquisp.org.br/liturgia/santo-do-dia/sao-crispim-e-sao-crispiniano.

36
Eva

Quando o Adão cavava e a Eva fiava, a fidalguia onde estava? 88.


Todos somos filhos de Adão e Eva. 89.

Veja-se na categoria de Adão.

Fabião

Por São Fabião, laranjinha na mão. 90.

Com esta parémia referimo-nos a São Fabião, santo, que, hoje em dia, se comemora no dia 20 de
janeiro (igual que São Sebastião, mencionado mais adiante), data da sua morte. São Fabião (ou também São
Fabiano) exerceu, na sua vida, o cargo do Papa da Igreja Católica, durante o qual conseguiu dividir Roma em
sete distritos eclesiásticos e realizou grandes trabalhos nas catacumbas dos mártires. Efetuou também a
primeira expedição de missionários às Gálias26.
Nessa data recomenda-se tomar como ponto de partida às colheitas, especialmente no caso das
laranjas, que já estão prontas para serem colhidas, i.e. Por São Fabião, laranjinha na mão (Amaral, 2014:
30).

Francisco

Dia de São Francisco, semeia o teu linho mourisco. 97.


Pelo São Francisco, semeia o teu trigo; a velha que o dizia, semeado o tinha. 98.

Ambas as UFS aludem a São Francisco, santo que se comemora no dia 4 de outubro. Nessa época
realizam-se as sementeiras do linho em Portugal, i.e. Dia de São Francisco, semeia o teu linho mourisco
(Amaral, 2014: 29). A expressão Pelo São Francisco, semeia o teu trigo; a velha que o dizia, semeado o
tinha refere-se ao facto de que, nos meses de outubro e de novembro, se iniciam as sementeiras de vários
cereais do inverno (trigo, centeio, cevada) (Amaral, 2014: 59).

Gil

Por São Gil, adoba teu candil. 101.

São Gil é um santo de que não se sabe muito. Viveu por volta de 640 d.C. e na sua vida,
supostamente, realizou vários milagres e atos dignos, entre eles, também, a construção dum mosteiro.
Celebra-se no dia 1 de setembro, na época que marca o fim do tempo quente e inicia o outono, no que as
noites são mais longas que os dias, como podemos ver em Por São Gil, adoba teu candil (Río Corbacho,
2010: 251).

26CALENDARR [em linha] Dia de São Fabiano [cit.12/04/2022]. Disponível em:


https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-fabiano/.

37
Iria/Ireia

Por Santa Ireia, pega nos bois e semeia. 108.

A expressão refere-se à Santa Iria (ou também Ireia), religiosa de origem grega que viveu por volta
de 632-653 d.C. Sobre a sua vida existem várias lendas. Diz-se que foi expulsa do convento por acabar
grávida com um monge chamado Britaldo. Seguidamente foi assassinada por um servente de Britaldo por
motivo de ciúmes27.
O dia litúrgico de Santa Iria é no 20 de outubro. Como já mencionamos anteriormente, o mês de
outubro carateriza-se, entre outras atividades agrícolas, pela plantação de vários tipos de cereais (trigo,
cevada), devido às chuvas abundantes nesta parte do ano (Río Corbacho, 2010: 59).

Jerônimo

Santa Bárbara! São Jerônimo! 110.

Esta parémia - exclamação faz referência tanto à Santa Bárbara como a São Jerônimo, um santo
originário de Itália que viveu por volta de 347 d.C. Na sua vida, dedicou-se ao estudo de textos sagrados,
realizou também a tradução latina da Bíblia. Introduz a construção de dois mosteiros, dum hospital e suma
escola (Río Corbacho, 2010: 273). Trata-se duma invocação que se faz ao ressoar a trovoada (Silva, 2013:
126).

Jesus

Ai, Jesus! 112.


Dizem que a muié é falsa, / é falsa como o papé; / mas quem vendeu Jesus Cristo / foi 113.
home, não foi muié.
Essa não lembrava ao Menino Jesus. 114.
Jesus não te iluminou. 115.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. 116.

As expressões aludem a Jesus Cristo, personagem central da religião cristã. Em concreto, segundo
Ribeiro (2009: 471), a exclamação Ai, Jesus! tem a sua origem na interjeição de dor, o ai Jesus! e significa “o
mais querido, o predileto” (Silva, 2013: 29). Quanto ao significado das parémias; utilizamos a expressão Essa
não lembrava ao Menino Jesus para designar uma coisa surpreendente ou milagrosa (Neves, 2000: 178) e
Jesus não te iluminou quando uma manobra feita de maneira imprudente acaba mal (Silva, 2013: 778). No
que se refere à parémia Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, trata-se duma saudação de um católico ao
entrar numa casa (Ibid: 837).

João

A cada um, chega o seu São João. 119.


A chuva de São João tolhe a vinha e não dá pão. 120.
Água de São João talha o vinho e não dá pão. 122.
Cavas em Março e arrendas pelo São João; todos o sabem, mas poucos as dão. 124.

27Infopédia [em linha] Lenda de Santa Iria [cit.12/04/2022]. Disponível em:


https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lenda-de-santa-iria.

38
Decrua o Maio e estravessa de São João parecem bem, mas não dá pão. 125.
Galinhas de São João, no Natal ovos dão. 128.
Guarda pão para Maio e lenha para Abril, o que não veio há-de vir, mas guarda o maios 129.
trancão para o mês de São João.
Guerra de São João, paz de todo o ano. 130.
Lá chegará o teu São João! 133.
Lama de Maio e estrumação de São João parecem bem, mas não dão pão. 134.
Lavra pelo São João e terás palha e pão. 135.
Março chuvoso, São João farinhoso. 136.
Neve de São João bebe o vinho e come o pão. 137.
Névoa pelo São João, tira vinho, tira azeite e não dá pão. 138.
Nevoeiro no São João estraga o vinho e não dá pão. 139.
No mês de São João, para estar bem há-de cobrir o milho o rabo do cão. 140.
No mês de São João regarás teu pão. 141.
No São João, a sardinha pinga no pão. 142.
No São João, semeia de gabão. 143.
O melhor tição p´ro mês de São João. 145.
Ouriços no São João são do tamanho dum botão. 146.
Pelo São João, ceifa o pão. 147.
Pelo São João, figo na mão. 148.
Pelo São João, lavra e terás palha e grão. 149.
Quanto o vento ronda o mar na noite de São João, não há Verão. 150.
Quem come caldo no Entrudo, é comido dos mosquitos no São João. 151.
Quem no Inverno despe o gibão, veste-se no São João. 152.
Quem quiser bom melão semeie-o na manhã de São João. 153.
São João e São Miguel passado, tanto manda o amo como o criado. 154.
Se bem me quer João, suas obras o dirão. 155.
Se o vento bailar, em noite de São João, vai tardar o Verão. 156.
Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro. 157.
Tomar banho antes do São João, leva gente ao caixão. 158.

Todas as UFS referem-se a São João Bautista. Este santo nasceu (foi enviado por Deus à Terra) só
um par de meses antes de Jesus Cristo. Supostamente viveu asceticamente num deserto para preparar o povo
para a chegada do Salvador. O número elevado das parémias relativas a ele pode ser explicado, por um lado,
pela sua popularidade entre o povo, e, por outro lado, pelo facto de ser comemorado pela Igreja duas vezes:
no dia 24 de junho (dia do seu nascimento) e no 29 de agosto (dia da sua decapitação) (Río Corbacho, 2010:
171). Pela sua quantidade explicaremos só algumas delas.
Em grande número das parémias aparece mencionada a escassez do pão causado pelas chuvas fortes
no período de junho, i.e. A chuva de São João tolhe a vinha e não dá pão; Decrua o Maio e estravessa de
São João parecem bem, mas não dá pão; entre outros.
Também se menciona com frequência o vinho e as olivas, i.e. Água de São João talha o vinho e não
dá pão; Nevoeiro no São João estraga o vinho e não dá pão. Isto pode explicar-se pelo tempo quente e
húmido caraterístico desse mês, que frequentemente causa doenças fúngicas na vinha, que podem surgir
também nos olivais (Amaral, 2014: 25). Além disso, nesta época aconselha-se a plantação da segunda cava
das vinhas, i.e. Lavra pelo São João e terás palha e pão; Cavas em Março e arrendas pelo São João; todos
o sabem, mas poucos as dão ou Pelo São João, lavra e terás palha e grão (Amaral, 2014: 68). No que se

39
refere à parte “arrendas pelo São João”, segundo Amaral (2014: 24), no final de junho é costume pagar a
renda ao proprietário da terra. Frequente é também a produção dos figos lampos (caraterística de junho), i.e.
Pelo São João, figo na mão (Amaral, 2014: 55).
A UF Lama de Maio e estrumação de São João parecem bem, mas não dão pão aconselha para a
estrumação, prática de preparação do solo pata desfazer-se do excesso de água (Amaral, 2014: 41).
Se chove no mês de junho, é um fenómeno moderado que é beneficia à instalação de muitos
produtos, como podemos ver em No São João, semeia de gabão (Amaral, 2014: 49).
No que se refere à parémia Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro, a explicamos
mais adiante28. Quanto à Lá chegará o teu São João!, emprega-se para expressar que a cada um chegará a sua
hora (Neves, 2000: 254).

José

Em dia de São José, come-se, bebe-se e bate-se o pé. 161.

Esta parémia faz alusão a São José, esposo da Virgem Maria e pai putativo de Jesus Cristo. O santo
comemora-se no dia 19 do março (Río Corbacho, 2010: 106). “Come-se, bebe-se e bate-se o pé” alude,
provavelmente, à época das romarias em Açores.

Judas

Judas era branco e vendeu Cristo. 164.


Mais sofreu seu tio Judas! 165.

As duas expressões aludem a São Judas, personagem da Bíblia e da religião cristã, retratada
frequentemente como um traidor ou uma pessoa falsa (Judas era branco e vendeu Cristo). Segundo Silva
(2013), a parémia Mais sofreu seu tio Judas!, que se emprega para ridicularizar o alheio ou o próprio
infortúnio, originou-se duma outra: Mais sofreu Nossa Senhora no Algarve (Silva, 2013: 785).

Judas (Tadeu)

Por São Simão e São Judas, colhidas são as uvas. 166.

A expressão faz alusão a São Judas (também chamado São Judas Tadeu ou São Judas Apóstolo, para
diferenciá-lo do Judas traidor29). São Judas celebra o seu dia junto com São Simão, a 28 de outubro. Nesta
data já se deveriam estar colhidas todas as uvas das vindimas colhidas, i.e. Por São Simão e São Judas,
colhidas são as uvas (Amaral, 2014: 59).

Lázaro

Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos. 167.

A unidade fraseológica Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos refere-se, provavelmente, a São Lázaro
do Evangelho de São João, que foi, segundo a crença cristã, ressuscitado por Cristo três dias depois da sua
morte. Hoje em dia celebramos a ressurreição de Cristo no domingo de Páscoa, do que deriva, também, dita

28 Veja-se na categoria de Pedro (Personagens de origem bíblica e figuras santas).


29 Veja-se na categoria de Judas.

40
parémia. Os domingos antecedentes a esse dia denominam-se segundo as figuras bíblicas: Ana, Magana,
Rabeca, Susana e finalmente Lázaro, o qual aparece na expressão. O nome Ramos refere-se ao sexto
domingo de Ramos na Paixão do Senhor30.

Lourenço

Dia de São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço. 171.


Pelo São Lourenço, os nabais nem nabos nem no lenço. 173.

Ambas as expressões aludem à figura santa, São Lourenço, comemorado no dia 10 de agosto. O
santo viveu por volta de 210 d.C. Supostamente foi condenado à morte, mas graças à intervenção divina não
sentiu nenhuma dor (Río Corbacho, 2010: 224). As recomendações “vai à vinha e enche o lenço” ou “os
nabais nem nabos nem no lenço” referem-se ao facto de que no mês de agosto já se iniciam as vindimas nas
regiões mais quentes do Portugal (Amaral, 2014: 29).

Lucas

Aí por São Lucas, bem sabem as uvas. 174.


Por São Lucas, mata os teus porcos e tapa as tuas cubas. 175.

Estas duas expressões aludem a São Lucas, que se comemora no dia 18 de outubro. A primeira
expressão Aí por São Lucas, bem sabem as uvas implica que, em algumas regiões do Portugal, esse dia ainda
não estão terminadas as vindimas. A segunda expressão, Por São Lucas, mata os teus porcos e tapa as tuas
cubas, alude a atividades que se fazem, frequentemente, no mês de outubro: o envasilhamento dos vinhos e a
sua introdução nas cubas (Amaral, 2014: 59).

Lucía/Lúcia

Santa Lúcia cresce a noite mingua o dia. 176.

A parémia faz alusão a Santa Lucía (também denominada Lúcia) que se comemora no dia 13 de
dezembro. Já que nos dicionários consultados aparecem várias variantes desse antropónimo, decidimos
incorporá-los todos. Podemos deparar-nos, também, com a forma inversa da frase Santa Lúcia
mingua a noite e cresce o dia ou com outras variantes31. Depois desta data, como diz o refrão, reduz-se a
noite, mas não se alarga o dia, o que se explica pelo facto de que a Terra gira em torno do Sol na direção leste
e orbita mais rápido32.

Luzia

De Santa Luzia ao Natal um salto de pardal. 179.


Em dia de Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia. 180.
No dia de Santa Luzia, cresce um palmo cada dia. 181.

30 Sarrabal blog [em linha] Quaresma – tempo de pausa [cit. 07/4/2022]. Disponível em:
https://sarrabal.blogs.sapo.pt/35324.html.
31 Veja-se na categoria de Luzia.
32 iRozhlas [em linha] Svatá Lucie noci upije, ale dne nepřidá? K vysvětlení pranostiky jsou potřeba

Keplerovy zákony [cit.07/4/2022]. Disponível em: https://www.irozhlas.cz/veda-technologie/vesmir/vesmir-


veda-slunce-zeme-slunecni-soustava_2112132023_kth.

41
O que se não faz em dia de Santa Luzia, faz-se no outro dia. 182.
Por Santa Luzia igual a noite com dia. 183.
Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim. Cavalinho não quis mais 184.
capim, foi no mato, matou uma cobrinha e comeu.

Estas expressões, igual que no caso anterior, referem-se à Santa Lucía, comemorada o dia 13 de
dezembro. A parémia De Santa Luzia ao Natal um salto de pardal faz referência ao pouco tempo que sobra
de dezembro ao Natal. As expressões Em dia de Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia e No dia de Santa
Luzia, cresce um palmo cada dia e Por Santa Luzia igual a noite com dia têm o mesmo significado como na
expressão presente na categoria anterior33.
O que se não faz em dia de Santa Luzia, faz-se no outro dia o explica Silva (2013: 498) como «[...]
provérbio antigo, citado por Simão, personagem central da comédia de Martins Pena “O Cigano”. Foi
registrado nos “Provérbios” de Mário Lamenza com a palavra “no” intercalada entre “faz” e “dia” [...]». Na
atualidade, utiliza-se um outro provérbio: “Não deixe para amanhã o que pode faze hoje”.

Madalena

Pela Madalena recorre a tua figueira. 185.

Esta expressão faz alusão a Santa Madalena comemorada no dia 22 de julho. Na Sagrada Escritura
aparecem três Marias Madalenas: Maria de Betania, Maria de Magdala e pecadora anônima do Evangelho de
São Lucas, no entanto, não se sabe se se trate de três mulheres distintas ou duma única (Río Corbacho, 2010:
203). A parémia provavelmente alude à altura do início da colheita do vinho em algumas regiões de Portugal.

Marcos

Por São Marcos, bogas a sacos. 192.

A parémia refere-se a São Marcos, um dos setenta apóstolos de Cristo e autor dum Evangelho que se
festeja o dia 25 de abril. A expressão aconselha, provavelmente, à prática de semear numerosos produtos
(melões, cabaças) (Río Corbacho, 2010: 129).

Maria

Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto empinhado, tibe, vote, 197.
Ave Maria!
Com Deus na frente e a paz na guia, encomendando a Deus e à Virgem Maria. 199.
Fevereiro faz dia e logo Santa Maria. 206.
Mês de Maio, mês das flores; mês de Maria, mês dos amores. 220.
O que não se faz no dia de Santa Maria, faz-se no outro dia. 224.
Virgem (Maria)! 226.

Estas parémias fazem alusão a Santa Maria. No entanto, é provável que várias delas façam
referência a diferentes Marias. Por exemplo, a Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, que se comemora no dia
15 de agosto, figura nas parémias Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto
empinhado, tibe, vote, Ave Maria!; Com Deus na frente e a paz na guia, encomendando a Deus e à Virgem

33 Veja-se a categoria Lucía/Lúcia.

42
Maria ou Virgem (Maria)!, mas certamente não na parémia Mês de Maio, mês das flores; mês de Maria, mês
dos amores devido o facto de esta ser celebrada em agosto.

Marinha

Chuva em Junho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado. 227.
Gavião temporão, Santa Marinha na mão. 228.
Na Santa Marinha vai ver a tua vinha; assim como a achares, assim na vindima. 229.
Santa Marinha sempre traz sua cabacinha. 230.
Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo 231.
São Miguel.

Estas parémias referem-se à Santa Marinha, também conhecida como Marinha de Águas Santas.
Nasceu em Braga, Portugal e era uma cristã escondida. Ao recusar-se a abandonar a sua fé, foi decapitada no
ano 139 d.C. em Águas Santas. Comemora-se no dia 18 de julho34. Como mencionamos já várias vezes, o
mês de julho associa-se tanto à plantação de alguns produtos, como ao início da recolha do vinho, i.e. Na
Santa Marinha vai ver a tua vinha; assim como a achares, assim na vindima.

Marta

Foi-se tudo o que Marta fiou. 233.


Já lá vai tudo quanto Marta fiou. 234.
Lá se foi tudo quando Marta fiou. 235.

Esta expressão, que tem várias interpretações possíveis, refere-se à Santa Marta, irmã de Maria e
Lázaro. Marta, depois do martírio de Cristo, converteu se à fé cristã e decidiu ir pregar para o sul de França,
em Provença (Neves, 2000: 250), abandonando assim a sua casa, ou seja, o lugar, onde, nesses tempos, se
fiava muito. Santa Marta era conhecida também como a santa das amas da casa35. Silva (2013) relembra
ainda que «[...] os provençais têm a tradição de que Marta, atirada com seu irmão Lázaro e sua irmã Maria às
costas da Provença, aí viveu o resto da vida e fiava para os pobres» Silva (2013: 898).

Martinho

A cada bacorinho vem o seu São Martinho. 237.


Aí por São Martinho, vai ver a tua vinha, tal a acharás, tal será a vindima. 239.
Bebe o teu vinho no São Martinho. 239.
Dia de São Martinho, castanhas e vinho. 240.
Dia de São Martinho, fura o teu pipinho. 241.
Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho. 242.
Dia de São Martinho, vai a adega e prova o vinho. 243.
Do São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal. 244.
Em dia de São Martinho, prova o teu vinho. 245.
Em dia de São Martinho semeia os teus alhos e prova o teu vinho. 246.
Isso quer Martinho, sopas de vinho. 247.

34 WikiFox [em linha] Marinha de Águas Santas [cit.13/04/2022]. Disponível em:


https://www.wikifox.org/pt/wiki/Marinha_de_%C3%81guas_Santas.
35 RTP Play Lugares Comuns [em linha] [cit.07/4/2022]. Disponível em:

https://www.rtp.pt/play/p491/e97875/lugares-comuns; https://www.rtp.pt/play/p491/e61685/lugares-comuns.

43
Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho. 248.
No dia de São Martinho é eleito o homem que bebe mais vinho. 249.
No dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe teu vinho. 250.
Novembro, pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho. 251.
Pelo São Martinho abatoca o teu vinho. 252.
Pelo São Martinho mata o teu porquinho. 253.
Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho. 254.
Pelo São Martinho, nem nada nem cabacinho. 255.
Pelo São Martinho, prova o teu vinho; ao cabo dum ano, já te não faz dano. 256.
Pelo São Martinho todo o mosto é bom vinho. 257.
Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho. 258.
Por São Martinho, nem favas nem vinho. 259.
Por São Martinho se conhece o vinho. 260.
Por São Martinho, semeia fava e linho. 261.
Por São Martinho, semeia o teu trigo, e a velha que o dizia, semeado tinha. 262.
Queres pasmar o teu vizinho? Lavra e esterca no São Martinho. 263.
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho. 264.
Vindima em Outubro, que São Martinho to dirá. 265.

Um outro antropónimo muito frequente nas parémias (sobretudo nos ditados) é o São Martinho,
originário de Hungria. Durante a sua vida exerceu vários cargos, entre outros, foi bispo de Tours e construiu
mosteiros em Marmoutier e Poiters. O santo festeja-se 11 de novembro (Río Corbacho, 2010: 317). São
Martinho aparece em uma série de parémias, mas, devido à sua grande quantidade, limitar-nos-emos a
comentar apenas algumas delas.
O mês de novembro é um período em que se vendem ou matam os porcos como prova o seguinte
provérbio A cada bacorinho vem o seu São Martinho; Pelo São Martinho mata o teu porquinho, entre outros.
Em algumas UFS menciona-se, com frequência, o vinho e a necessidade de visitar as vindimas, i.e.
Aí por São Martinho, vai ver a sua vinha, tal a acharás, tal será a vindima, já que em novembro realizam-se
as degustações de vinhos, i.e. Bebe o teu vinho no São Martinho; Dia de São Martinho, vai a adega e prova o
vinho; Em dia de São Martinho, prova o teu vinho; Por São Martinho se conhece o vinho, entre outros
(Amaral, 2014: 32).
Em algumas UFS aconselha-se começar a semear os produtos do inverno (trigo, centeio, cevada,
cebola, assim como fava ou linho), i.e. Em dia de São Martinho semeia os teus alhos e prova o teu vinho;
Por São Martinho, semeia o teu trigo, e a velha que o dizia, semeado tinha; Novembro, pelo São Martinho,
semeia o teu cebolinho; Por São Martinho, nem favas nem vinho ou Por São Martinho, semeia fava e linho
(Amaral, 2014: 59)
Em algumas expressões, combinam-se vários aspetos mencionados, i.e. No dia de São Martinho,
mata o teu porco e bebe teu vinho ou Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.

Mateus

Águas verdadeiras, por São Mateus as primeiras. 266.


Chovendo no São Mateus, faz conta das ovelhas que os borregos não são teus. 267.
Dia de São Mateus, vindima, o risudo, semeiam, os sandeus. 268.
Em dia de São Mateus, começam as enxertias. 269.
Esmolou São Mateus, esmolou para os seus. 270.

44
Para boas colheitas, pede bom tempo a Deus nas têmporadas de São Mateus. 271.
Para que o ano não vá mal, hão-de os rios encher três vezes entre São Mateus e o Natal. 272.
Pelo São Mateus, pega nos bois e lavra com Deus. 273.
Quando não chove depois de São Mateus é por milagre de Deus. 274.
São Mateus, primeiro os teus. 276.

Também São Mateus, santo que se festeja o dia 21 de setembro, aparece mencionado em várias
parémias. O santo foi originalmente chamado Levy e trabalhou como coletor de impostos em Israel. É um
dos doze apóstolos e autor do primeiro Evangelho (Río Corbacho, 2010: 262).
A parémia Dia de São Mateus, vindima, o risudo, semeiam, os sandeus faz alusão ao facto de que no
mês de setembro, as vindimas se encontram no seu ponto mais alto. A segunda parte da expressão, como
indica Amaral (2014: 29), refere-se ao facto de que semear nesta parte do ano não é uma boa decisão,
referindo-se a palavra “sandeus” a pessoas estúpidas, idiotas. Em setembro praticam-se também as enxertias
de vários produtos, o que se menciona em Em dia de São Mateus, começam as enxertias.
Quanto à parémia São Mateus, primeiro os teus, não existe uma interpretação unânime. Embora
Silva (2013) indique, que o antropónimo Mateus se inseriu na expressão só por força de rima, afirma, ao
mesmo tempo, que dada parémia tem a sua origem no evangelho e na personagem bíblica de Mateus,
discípulo de Jesus, quem supostamente foi odiado por ser cobrador de impostos em Cafarnaum (Silva, 2013:
901). Também Ribeiro (2009: 150) indica que a sua origem possa ser determinada por necessidade de formar
a rima, pode haver certos vínculos à referência de São Mateus o evangelista. Embora não conheçamos o
referente exato desse antropónimo, devido a sua forma decidimos incorporá-lo na categoria das personagens
de origem bíblica e figuras santas.

Matias

Pelo São Matias começam as enxertias. 277.


Por São Matias noites iguais aos dias. 278.

Estas duas expressões aludem a São Matias, comemorado no dia 14 de maio. A expressão Pelo São
Matias começam as enxertias alude ao facto de que no mês de maio se realiza a enxertia de muitas árvores
frutíferas, como são as ameixeiras, amendoeiras, castanheiros, nogueiras, pessegueiros, pereiras, macieiras ou
cerejeiras (Amaral, 2014: 56).

Miguel/Migué

Em 29, São Miguel fecha as asas. 281.


Em Outubro, São Miguel festeja tudo. 282.
Em Setembro, São Miguel soalheiro enche o celeiro. 283.
Nada tem São Miguel com a casa da moeda. 286.
Quem planta no São Miguel, vai à horta quando quer. 287.
Quem se aluga a São Migué, não se senta as vez que qué. 288.
Quem se aluga a São Miguel, não se deita, nem se levanta quando quer. 289.
São João e São Miguel passado, tanto manda o amo como o criado. 290.
São Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras; se mais vezes viesses no ano, não 291.
estaria eu com amo.
São Miguel é bom, mas tem o Diabo aos pés. 292.

45
Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo 293.
São Miguel.

Estas unidades fraseológicas referem-se a São Miguel, um dos três arcanjos (junto com Gabriel e
Rafael) que aparecem nas Sagradas Escrituras. Nelas aparece como Guerreiro Celestial, vestido como
romano que protege os crentes contra o demónio: São Miguel é bom, mas tem o Diabo aos pés e é encargado
de expulsar o Lucifer do paraíso. O santo comemora-se no dia 29 de setembro (Río Corbacho, 2010: 268).
Como é comum no mês de setembro, realiza-se a vindima, i.e. São Miguel das uvas, tanto tardas e
tão pouco duras; se mais vezes viesses no ano, não estaria eu com amo e as colheitas dos cereais, i.e. Em
Setembro, São Miguel soalheiro enche o celeiro.
Em setembro faz-se também a colheita do mel, i.e. Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa
Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo São Miguel (Río Corbacho, 2010: 270).
É também época de renovação de contratos de criados e contratação de novos acordos para a época
do inverno (Río Corbacho, 2010: 270), como se pode ver em São João e São Miguel passado, tanto manda o
amo como o criado.

Moisés

Burro és, /De quatro pés,/ Comendo capim / Na cachoeira do Moisés. 294.

A expressão faz alusão a Moisés, personagem sobre a qual não existem outros testemunhos fora as
Sagradas Escrituras. Além de ser um profeta da religião cristã, exerceu também cargo de juiz ou legislador
(Neves, 2010: 84-85). A réplica utiliza-se para ridiculizar a alguém, chamar alguém «de burro» (Silva, 2013:
214).

Nicolau

Quem apanha a azeitona antes do São Nicolau, deixa o azeite no pau. 296.

A expressão alude a São Nicolau, patrono da Grécia e Rússia (junto com São Andrés). Em alguns
países foi inspiração para a criação da personagem fantástica de Santa Claus, em outos é celebrado no dia 6
de dezembro, quando visita as casas e, junto com um anjo e diabo, dá as doces às crianças.

Noé

É a arca de Noé. 297.

A parémia refere-se a Noé, figura que aparece nas Sagradas Escrituras e é mais conhecida pelo
episódio de dilúvio. Noé, à ordem do Deus, construiu uma arca com o objetivo de salvar a sua família e um
par de animais de cada espécie. A frase utiliza-se para designar uma casa onde vive todo tipo de gente.

Paulo

Tão bom é Pedro como Paulo. 299.

Esta parémia refere-se, obviamente, a São Paulo, devido o facto de ser comemorado no mesmo dia
que São Pedro (incluído na expressão), 29 de junho. São Paulo foi originário de Asia Menor e viveu por volta
dos anos 3-67 d.C. Dedicou a sua vida à expansão do cristianismo, finalmente, foi preso em Roma onde foi

46
decapitado (Río Corbacho, 2010: 184). Emprega-se para designar uma coisa absolutamente certa (Neves,
2000: 409).

Pedro

Até São Pedro, há o vinho medo. 301.


Bem está São Pedro em Roma se ele tem que coma. 302.
Em dia de São Pedro vai à tua oliveira e, se vires um grão, espera um cento. 305.
Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria. 306.
Negro só entra no céu por descuido de São Pedro. 308.
Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo. 309.
No dia de São Pedro, vai ver olivedo. Se vires um bago, conta um cento. 310.
São Pedro tapa o rego. 313.
Tão bom é Pedro como Paulo. 315.
Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro. 317.

As expressões aludem a São Pedro. Como mencionamos na categoria anterior36, festeja-se, junto
com São Paulo, no mesmo dia, 29 de junho (i.e. Tão bom é Pedro como Paulo).
Neste mês, finalizam-se as vindimas, veja-se as UFS Até São Pedro, há o vinho medo ou Nevoeiro
de São Pedro põe em Julho o vinho a medo. Também as oliveiras se encontram, por volta desta data, na sua
fase mais fecunda, i.e. Em dia de São Pedro vai à tua oliveira e, se vires um grão, espera um cento ou No dia
de São Pedro, vai ver olivedo. Se vires um bago, conta um cento (Amaral, 2014: 32). A expressão Em Março,
o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria, essa explicamos a seguir37.
Amaral (2014: 52) explica a expressão São Pedro tapa o rego da seguinte maneira: «[...] neste
período do ano é frequente a realização de regas (que tapam o rego)».
A expressão Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro faz alusão ao início da
realização da sega no mês de junho, é dizer, entre o São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).

Sansão

Forte era Sansão, mas no fim de contas o amor acabou por vencer. 329.

A expressão alude a Sansão, um dos heróis de Israel de quem se fala no Livro dos Juízes e, ao
mesmo tempo, décimo segundo juiz de Israel. Várias vezes derrotou os Filisteus, mas ao fim, foi traído pela
sua concubina Dalila, que o entregou aos seus inimigos38.

Santiago

No dia de Santiago, pinta o bago. 330.


No dia de Santiago, vai à vinha e prova o bago. 331.
Pelo Santiago, cada pinga vale um cruzado. 332.

A figura bíblica São Santiago celebra-se o dia de 25 de julho. São Santiago (também denominado
São Tiago Maior) é irmão do São João Evangelista e filho de Zebedeu e Salomé. Junto com o seu irmão eram

36 Veja-se a categoria Paulo.


37 Veja-se a categoria Manel.
38 Infopédia [em linha] Sansão [cit.13/04/2022]. Disponível em:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$sansao?uri=lingua-gestual/her%C3%B3i.

47
apóstolos39. Como explica Amaral (2014: 48), «[...] neste mês, a vinha encontra-se normalmente a inicial a
fase do Pintor, conhecida pela alteração da cor do bago, para aquela que será a sua cor definitiva», o que
explica as expressões No dia de Santiago, pinta o bago e No dia de Santiago, vai à vinha e prova o bago. Já
que São Santiago é algumas vezes denominado também São Tiago, as recomendações de “pintar o bago” as
encontramos também com o antropónimo Tiago.

Satanás

Mente desocupada é oficina de Satanás. 333.


Vade retro, Satanás. 334.

Estas expressões aludem ao inimigo máximo dos crentes, Satanás, sinónimo do diabo. É
mencionado várias vezes nas Sagradas Escrituras como princípio originador do mal40.

Sebastião

Não faças do queijo, barca, nem do pão, São Sebastião. 335.


Por São Sebastião, laranja na mão. 336.

São Sebastião é frequentemente denominado como “defensor da Igreja”, já que exerceu por um
tempo como soldado na época de grave perseguição da religião cristã41.
Como já mencionamos anteriormente42, as figuras de São Fabião e São Sebastião comemoram-se,
hoje em dia, no mesmo dia: 20 de janeiro. Devido a este facto, há várias UFS que descrevem ou aconselham
a mesma coisa, como podemos ver em Por São Sebastião, laranja na mão e Por São Fabião, laranjinha na
mão. Ambas as expressões marcam o momento certo para colher as laranjas (Amaral, 2014: 30).

Silvestre

Dia de São Silvestre, quem tem carne, que lhe preste. 337.
Pelo São Silvestre, nem no alho nem na réstea. 338.
Por São Silvestre o bacalhau é peste. 339.
Quem vai a São Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe. 340.
Valha-nos São Silvestre e a camisa que ele veste. 341.

Da vida de São Silvestre não se sabe muito, no entanto, é certo que era originário de Roma e que
viveu na mesma época que o emperador Constantino. Na sua vida dedicou-se, então, a perseguir o
arrianismo. O dia litúrgico dedicado a ele é 31 de dezembro (Río Corbacho, 2010: 376), o fim do ano: Quem
vai a São Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe.
No que se refere às parémias atribuídas a este santo, nesta época em várias regiões de Portugal
inicia-se o cultivo do alho. Segundo Amaral (2014: 56), «[...] nem no alho, nem na réstea, ou seja, o alho em
Dezembro está ainda no terreno desenvolver-se.», i.e. Pelo São Silvestre, nem no alho nem na réstea.

39 Infopédia [em linha] Dia de São Tiago Maior [cit.13/04/2022]. Disponível em:
https://www.calendarr.com/brasil/dia-de-sao-tiago-maior/.
40 Infopédia [em linha] Satanás [cit.13/04/2022]. Disponível em:

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/satan%C3%A1s.
41 Santo do Dia [em linha] São Sebastião [cit.12/04/2022]. Disponível em:

https://santo.cancaonova.com/santo/sao-sebastiao-defensor-da-igreja/.
42 Veja-se na categoria de Fabião.

48
As expressões Dia de São Silvestre, quem tem carne, que lhe preste e Por São Silvestre o bacalhau é
peste aludem a alimentos dos portugueses mais pobres que habitavam o interior do país. Nos lugares mais
distantes da costa, aonde os peixes geralmente não chegavam pela causa da sua rápida deterioração, o
bacalhau e a sardinha salgada foram os únicos frutos do mar que se podiam encontrar (Benito, 2016: 160).

Simão

Andar marinheiro, andar, não te apanhe São Simão no mar. 342.


Em dia de São Simão, quem não assa um magusto, não é cristão. 343.
Em Outubro, São Simão, favas no chão. 344.
Por São Simão e São Judas, colhidas são as uvas. 345.
Por São Simão semear sim, navegar não. 346.
São Simão, fava na mão. 347.

São Simão (também chamado o Zelote) é celebrado no mesmo dia que São Judas Tadeu, i.e. 28 de
outubro. Ambos fizeram parte dos doze apóstolos. No mês de outubro semeia-se a fava: Em Outubro, São
Simão, favas no chão ou São Simão, fava na mão e, normalmente, as vindimas estão já acabadas: Por São
Simão e São Judas, colhidas são as uvas. Quanto à primeira parémia, Amaral (2014: 49), explica que a “fava
na mão” se refere a dois dados, um temporal e outro geográfico: primeiro, «[...] porque é realizada a colheita
da fava que foi semeada em Julho/Agosto na zona Sul de Portugal [...]» e segundo, «[...] porque é efetuada a
sementeira da fava no Norte e Centro do País».

Tecla

Santa Tecla tem capelo, venta logo ou chove cedo. 349.

Santa Tecla (também denominada Tecla de Icônio) é a primeira mulher mártir. A santa não é
referida na Bíblia, mas sim, faz-se alusão a ela no livro Atos de Paulo e Tecla, considerado apócrifo. Festeja-
se 23 de setembro43. No que se refere à origem da expressão; nesse tempo, ao aproximar-se o equinócio do
outono, são frequentes as chuvas e tormentas (Río Corbacho, 2010: 268).

Tiago

Chuva em Junho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado. 352.
Dia de São Tiago, vai à vinha acharás bago. 353.
Dia de São Tiago, vai à vinha e apanha o bago. 354.
No São Tiago, pinta o bago. 355.
Pelo São Tiago, cada pinga vale um cruzado. 356.
Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho. 357.
Pelo São Tiago vai à vinha e apalpa o bago. 358.

Estas expressões aludem à São Tiago, um dos doze apóstolos e primo de Jesus, que se festeja no dia
3 de maio. Frequentemente é confundido com o apóstolo São Santiago. Habitualmente, é-lhe atribuído o
nome Tiago Menor, pelo facto de ser mais jovem44. As Dia de São Tiago, vai à vinha acharás bago; Dia de

43CALENDARR [em linha] Dia de Santa tecla [cit.13/04/2022]. Disponível em:


https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-santa-tecla/.

49
São Tiago, vai à vinha e apanha o bago; No São Tiago, pinta o bago e Pelo São Tiago vai à vinha e apalpa o
bago e Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho referem-se ao tamanho das uvas nesse
período.

Tiaguinho

São Tiaguinho, sempre traz seu cabacinho. 360.

Presumimos que o antropónimo Tiaguinho alude a um outro santo do nosso corpus, São Tiago (ou
também São Tiago Menor)45.

Tomé

Em dia de São Tomé, favas à terra. 362.


Entre menino e São Tomé, três dias é. 363.
Dia de São Tomé, quem não tem porco, mata a muié. 364.
No dia de São Tomé pega o teu porco pelo pé; se ele disser: “que é que é” diz-lhe que o 365.
tempo é; se ele disser: “que tal, que tal” guarda-o para o Natal.
Por São Tomé, todo o tempo noite é. 366.
Ver para crer, como São Tomé. 367.

O santo comemora-se no dia 21 de dezembro. Neste mês, começam a semear-se as favas na região
dos Açores (em outubro e novembro em Portugal continental): Em dia de São Tomé, favas à terra (Amaral,
2014: 32). Em novembro e dezembro realizam-se os abates dos porcos, i.e. Dia de São Tomé, quem não tem
porco, mata a muié; No dia de São Tomé pega o teu porco pelo pé; se ele disser: “que é que é” diz-lhe que o
tempo é; se ele disser: “que tal, que tal” guarda-o para o Natal. Também os dias não são muito longos, i.e.
Por São Tomé, todo o tempo noite é.
A expressão Ver para crer, como São Tomé faz alusão a um episódio bíblico, quando depois da
ressurreição do Cristo, São Tomé não acreditava na volta do salvador46.

Urbão

Por Santo Urbão gavião na mão. 368.


Por Santo Urbão, o saco na mão. 369.

Santo Urbão comemora-se o dia 25 de maio. Neste mês nascem as crias do gavião, como podemos
ver em Por Santo Urbão gavião na mão (Río Corbacho, 2010: 150).

Vicente

De São Vicente, nem bois, nem gente. 370.


De São Vicente nem bom vento, nem bom casamento. 371.
Por São Vicente, alça a mão da semente. 372.
Por São Vicente, toda a água é quente. 373.

44 Infopédia [em linha] São Tiago [cit.13/04/2022]. Disponível em:


https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$sao-tiago.
45 Veja-se na categoria de Tiago.
46 RTP Play Lugares Comuns. [em linha] [cit.13/4/2022]. Disponível em:

https://www.rtp.pt/play/p491/e82714/lugares-comuns.

50
Se chover em dia de São Vicente, semeia vales e vertentes. 374.

Estas parémias podem referir-se a São Vicente de Zaragoza (comemorado no dia 22 de janeiro) ou a
São Vicente de Paulo (comemorado no dia 27 de setembro).
Tanto em janeiro como em setembro semeiam-se os cereais, i.e. Por São Vicente, alça a mão da
semente; Se chover em dia de São Vicente, semeia vales e vertentes.
O tempo em janeiro é muito instável. Podemos encontrar-se tanto com provérbios que aludem a má
tempo, i.e. De São Vicente nem bom vento, nem bom casamento, como a tempo quente, que faz aquecer as
águas, o que beneficiou às lavadeiras, i.e. Por São Vicente, toda a água é quente (Río Corbacho, 2010: 60).

Zebedeu

Quem é o pai dos filhos de Zebedeu? 379.

Silva (2013: 1039) explica que se trata duma pessoa de origem desconhecida, e afirma que a
parémia resulta ser uma paródia da frase mater filiorum Zebedaei, a qual aparece no evangelho de São
Mateus.

51
3.1.3. Personagens de origem artística
Nesta categoria incluímos os antropónimos que se referem a personagens com origem artística,
como são os heróis ou anti-heróis, tanto do campo da literatura (e.g. Agramante, Quasímodo, Watson), como
do filme (e.g. Etelvina).

Agramante

Reina a discórdia no campo de Agramante. 7.

Segundo Silva (2013: 513), esta expressão refere-se ao rei africano, chefe do exército mouro, que
aparece no livro de Ludovico Ariosto, Orlando furioso. Indica também que no livro, ao sitiar Paris, o Deus
manda o arcanjo São Miguel para lançar a confusão no exército do rei, o que foi provavelmente a razão da
origem desta unidade fraseológica.

Etelvina

Cala a boca, Etelvina! 87.

A expressão constitui, originalmente, o título dum filme brasileiro do ano 1959. O antropónimo
alude, então, à personagem principal, Etelvina, uma empregada doméstica47.

Quasímodo

É feio como Quasímodo! 320.

Esta expressão faz alusão à personagem literária Quasímodo do livro Notre Dame de Paris do
escritor francês Victor Hugo (1802-1885). No livro aparece a frase tal como é indicada (Silva, 2013: 1235).
Diz-se de pessoas feias ou com deformações físicas, seguindo o padrão do protagonista principal Quasímodo,
«personagem corcunda, de pernas tortas, vesgo, surdo e de rosto deformado», mas ainda assim capaz de amor
puro pela Esmeralda (Silva, 2013: 1235).

Watson

Elementar, meu caro Watson. 375.

O antropónimo pertence à personagem literária Dr.Watson, companheiro do detetive famoso


Sherlock Holmes em livros do escritor britânico Artur Conan Doyle (1859-1930) (Silva, 2013: 1542).

47EBC [em linha] TV Brasil apresenta comédia "Cala a Boca, Etelvina" [cit. 10/04/2022]. Disponível em:
https://tvbrasil.ebc.com.br/tv-brasil-apresenta-comedia-cala-boca-etelvina.

52
3.1.4. Personagens de origem popular
Nesta categoria colocamos as UFS com antropónimos da origem popular. Trata-se dos nomes que
aludem a uma personagem que nunca existiu e se originou pela criação do povo (e.g. Boradum, Cocó) ou a
uma pessoa que, apesar de puder existir em algum momento, não tinha tanta importância para conservar-se
dados sobre ele (e.g. Gonçalo). Muitas vezes trata-se de antropónimos que se originaram só com o motivo de
satisfazer a necessidade da rima duma expressão (e.g. Brás, Beltrão, Inês).

Anica

Adeus Anica, se teu galo canta, o meu repenica. 18.


Ora adeus, Anica! 19.
Ora muito me conta, tia Anica! 20.

Analogamente aos antropónimos Maria ou Marta, também Anica é um dos nomes femininos
mais frequentes na língua portuguesa. Por isso, não é incomum a sua presença nas unidades fraseológicas.
Mesmo como os nomes mencionados, também Anica não se refere a um indivíduo concreto, mas é usado em
construções universais, possuindo um significado gnómico e transmitindo um valor simbólico (Ferrero, 2004:
25).

Borandum

Valha-me São Borandum, que mijava azeite e fazia atum. 48.

Neste caso, não se trata de nome dum santo, senão que só um jogo de palavras. A palavra
“Borandum” originou-se ou pela força da rima, ou com influência do latim.

Brás

Aproveite enquanto Brás é tesoureiro. Quando passar o escrivão, aproveitarás ou não. 49.
Brás bem o diz e mal o faz. 50.
Enquanto Brás é tesoureiro. 53.
Nem sempre Brás é tesoureiro. 55.

Desta personagem não se sabe muito. No entanto, pela forma das expressões deduzimos, que não se
faz alusão a São Brás, mas duma figura popular que, no caso da parémia Brás bem o diz e mal o faz, aparece,
provavelmente pela necessidade da rima. Segundo Ribeiro (2009), esta parémia foi substituída por outra
parecida: Bem prega Frei Tomás: façam como ele diz e não como ele faz (Ribeiro, 2009: 412). No que se
refere às outras expressões, segundo algumas fontes, pode tratar-se dum tesoureiro originário de Braga.

Cocó

Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida airada). 76.

A expressão aplica-se a três pessoas que andam sempre juntas. No entanto, a sua origem não se
baseia na referência a sua existência real – por isso pode escrever-se tanto com minúscula como com

53
maiúscula48. O nome Cocó alude a um termo infantil e significa “tonto”, Ranheta é um termo coloquial da
palavra “ranho” e Facada alude a “um golpe baixo” 49. Embora a expressão não se refira a personagens
existentes, estas denominações converteram-se, pelas suas caraterísticas, em personagens populares.

Facada

Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida airada). 91.

Veja-se na categoria de Cocó.

Filipe

Bom dia Filipe (Filipina). 95.

A frase corresponde ao nome do jogo “bom dia filipina”, que consta em comer castanhas ou
qualquer outro fruto e, no caso de haver duas partes iguais contidas no mesmo invólucro (no qual,
normalmente, há apenas uma), deve-se comer uma parte e oferecer a outra a alguém com quem se queira
jogar. No dia seguinte a primeira pessoa que diz "bom dia filipina" ganha50. Em vista disso, o antropónimo
Filipe (ou também Filipina) não se refere a uma personagem concreta.

Gonçalo/Gonzalo

Em casa de Gonçalo, canta mais a galinha que o galo. 102.


Na casa do Gonçalo, quem manda é o galo. 103.

Segundo Ribeiro (2009), o antropónimo Gonçalo tem lugar, nesta parémia, por duas razões. O nome
Gonçalo foi tomado do castelhano, já que lá «passagonçalo significa bofetada, tapa e outras pancadarias» e
com o passo do tempo, a expressão “passagonçalo” foi substituída por “cas de Gonçalo. Além disso, Gonçalo
era nome frequente dos criados e foi, desde sempre, o sinónimo de servo, fraco ou homem covarde (Ribeiro,
2009: 223-224). Desse modo, o antropónimo converteu-se numa referência à espécie dos homens que se
deixam dominar pelas mulheres (Lopes, 1992: 96).

Inácio

Baixe a mão, Mestre Inácio!7 104.

A origem desta expressão não é completamente clara. Segundo Silva (2013), há duas as
possibilidades de interpretação: ou o nome Inácio se refere ao famoso ensinador de cavalos ou, mais
provavelmente, ao Mestre Inácio, professor de português do século XVIII (Silva, 2013: 877). Já que não
podemos determinar o referente exato, decidimos inclui-o na categoria das personagens da origem popular ou
desconhecida.

48 Veja-se o Anexo.
49 RTP Play Lugares Comuns [em linha] [cit.05/4/2022]. Disponível em:
https://www.rtp.pt/play/p491/e171103/lugares-comuns
50 A rapariga do blog ao lado [em linha] Bom dia Filipina [cit.13/4/2022]. Disponível em:

http://araparigadoblogaolado.blogspot.com/2013/10/bom-dia-filipina_15.html.

54
Inês

Inês! Às três o Diabo fez. 105.


Outra vez, Inês! 107.

A primeira expressão pode encontrar-se também na forma reduzida, omitindo do antropónimo Inês:
Às três o Diabo o fez ou Três, o diabo os fez. Segundo indica Ribeiro (2009), também faz parte dum poema
na obra dum poeta de Academia dos Singulare:

Vai-lhe deitando as maçãs,


Larga-lhe uma, larga-lhe outra,
E às três o diabo a fez.

Sabendo a origem da parémia, deduzimos que o antropónimo Inês acrescentou-se nela somente por
força da rima, tal como sucede também na segunda unidade, Outra vez, Inês! (Ribeiro, 2009: 235).

Jacinta

Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta negociava em 109.
melões.

Veja-se na categoria de Camões.

João

À unha como o João da Cunha. 121.


Ao João de Outeiro, cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o dinheiro. 123.
Eu me chamo João do verso; quando como não converso. 126.
Eu sou como o João, faço o que me mandam, como o que me dão. 127.
Inda que João Vaz tenha besta não lhe deixam de apontar à testa. 131.
João Gouveia, sapato sem meia. 132.
O João Alguém só ouve o que lhe convém. 144.
Vai à casa do João Gome, mata um home e come! 159.

O antropónimo João não se refere, nestas unidades fraseológicas, a uma pessoa concreta, mas
designa um indivíduo sem muita importância, pessoa que não vale nada. Na maioria dos casos utiliza-se o
recurso da rima. As palavras “unha” e “cunha” utilizam-se no sentido “literalmente, completamente”
(Ribeiro, 2009: 85), i.e. À unha como o João da Cunha.
Quanto ao significado destas parémias; a expressão À unha como o João da Cunha emprega-se no
sentido à mão; com esforço (Neves, 2000: 71), João Gouveia, sapato sem meia diz-se a a quem se apresenta
de sapato sem meia e Eu me chamo João do verso; quando como não converso diz-se a quem puxar conversa
connosco na hora da comida (Silva, 2013: 779-780) e, finalmente, a expressão Vai à casa do João Gome,
mata um home e come! diz-se a quem se queixa de fome (Ibid: 312).

José

És como José da Adriça, quanto vê, quanto cobiça. 162.


Tanto faz José como Cazuza. 163.

Ao mesmo que João, também José passou a designar, de maneira geral, universal e com um valor
simbólico, um indivíduo do género masculino. Não se refere a uma pessoa concreta.

55
Manel

Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria (Lua). 187.
Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria, o pão com o pato e a erva com o 188.
sargaço.
Estas expressões são explicadas por Amaral (2014: 33-34) de modo seguinte:

«No mês de Maio, em diversas regiões de Portugal, as searas estão na fase


de maturação, e como tal, apresentam-se num estado vegetativo avançado,
razão pela qual, tal como refere o provérbio, assemelham-se a um mato, no
sentido de que, o terreno encontra-se sob o coberto vegetal, e difícil de
penetração [...]».

Os antropónimos aqui mencionados são só um jogo de palavras, nomeando, tal como aparece na
expressão, a Sol e a Lua. No entanto, originou-se provavelmente devido à rima, já que, segundo indica
Amaral (2014: 34), tal afirmação não é verdadeira porque o equinócio não ocorre em maio, senão em março
ou setembro.

Maria

A acha sai à racha e a Maria à sua mãe. 194.


A Maria Nabiça, tudo que vê, tudo cobiça. 195.
Bem prega Maria em casa vazia. 196.
Chove, chuvisca, água mourisca, filha do rei, Maria Francisca. 198.
De dia em dia, casarás Maria. 201.
Dá-o Deus na eira, tolhe-o Maria na masseira. 200.
Em casa de Maria Parda, uns comem tudo, outros não comem nada. 202.
Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria (Lua). 203.
Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria. 204.
Faz Maria, paga Miguel. 205.
Foi a Maria à fonte, teve que contar todo o dia. 207.
Há mais Marias na terra. 208.
Lá vai Maria entre as outras. 209.
Lá vai tudo, quanto Maria fiou. 210.
Lé com cré, Maria com a sua avó. 211.
Leve o diabo paixões e venha Maria para casa. 212.
Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria, o pão com o pato e a erva com o 213.
sargaço.
Maria das Dores, saia daqui com seus fedores. 214.
Maria enquanto doba, não fia. 215.
Maria que do alto fia, o fuso lhe cai. 216.
Maria que muito monda, nunca pode mondar bem. 217.
Mau, mau, Maria. 218.
Meio-dia, panela no fogo, barriga vazia, macaco torrado, que vem da Bahia, fazendo careta 219.
pra tia Maria.
Moça é Maria, quando se tosquia. 221.
Não há festa, nem dança onde não vá Maria Constança. 222.
Onde vai Maria, aí fia. 223.
Tem-te (Maria), não caias. 225.

56
Há várias expressões que contêm o antropónimo Maria, já que segundo Ferrero (2004: 24), trata-se
dum dos nomes, junto com Marta, que são mais utilizados em Portugal. Foi usado com tanta frequência que
ao acabou por adquirir um significado geral de sexo feminino. Por tanto, as presentes parémias não se
referem a um indivíduo concreto, mas são usados de maneira geral, transmitindo um valor simbólico
(Ferrero, 2004: 25), como prova o provérbio Há mais Marias na terra, com o sentido de “há muitas mulheres
na terra”. Com esta teoria concorda também Lopes (1992), quem afirma que este tipo de parémias «[...]
realizam uma referência, não específica, podendo analisar-se como variáveis que qualquer elemento do
conjunto dos seres humanos pode instanciar [...]» (Lopes, 1992: 97) e que a escolha do nome Maria

«[...] não é totalmente aleatória: há razões de ordem sociocultural,


nomeadamente a alta frequência de Maria como primeiro nome da mulher
portuguesa e ainda o facto de Maria simbolizar a mulher na história do
cristianismo, que explicam esta utilização do primitivo nome próprio como
nome comum, sinónimo de mulher» (Lopes, 1992: 94).

Lopes (1992: 97) também indica que a expressão Bem prega Maria em casa vazia funciona como
uma espécie de tropo ilocutório e exprime, de forma consensual, um comentário avaliativo irónico.
Na expressão A Maria Nabiça, tudo que vê, tudo cobiça, o sobrenome deriva da palavra “nabo”, já
que assim se denominavam as pessoas que não sabiam nada. A palavra “cobiça”, provavelmente tem a ver
com o verbo querer51.

A expressão Chove, chuvisca, água mourisca, filha do rei, Maria Francisca provém duma
lengalenga mais ampla52:

Chove chuvisca
Água mourisca
Filha de rei
Maria Francisca.
Rei, rainha
Carlota Joaquina
Fidalgo ladrão
Menina bonita do meu coração.

Quanto às expressões Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a
Maria (Lua) e Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria, veja-se na categoria
de Manel.
A origem da expressão Lá vai Maria entre as outras é discutida. Umas fontes falam a favor de
origem bíblica, outras referem que se trata de personagem puramente histórica. Segundo Ribeiro (2009: 415)
a “Maria e as outras” refere-se às três Marias da Lei nova: Virgem Maria, Maria Madalena e Maria, irmã de
Lázaro.
Segundo outras fontes, pode tratar-se da sequência das 150 ave-marias no rosário53. Silva (2013: 896) explica
que a frase “Lá vai Maria entre as outras” era pronunciada quando se via a rainha Dona Maria I a sair a

51IMEDIATO [em linha] Cobiça [cit. 13/04/2022]. Disponível em: https://www.imediato.pt/cobica/.


52Lengalengas do UmTIC [em linha] Chove Chuvisca [cit. 08/04/2022]. Disponível em:
http://lengalengasumtic.blogspot.com/2007/05/chove-chuvisca-chove-chuvisca-gua.html.

57
passeio, acompanhada de suas damas de honra e que então provém dos séculos XVIII e XIX. Já que não se
sabe qual destas teorias é a correta, decidimos incluir a expressão na categoria das personagens da origem
popular ou desconhecida.
A expressão Lá vai tudo, quanto Maria fiou é parecida à outras que localizamos no nosso corpus, na
categoria de Santa Marta, irmã de Maria e Lázaro. Por conseguinte, deduzimos que podem aludir justamente
a esta Maria (comemorada no mesmo dia que Marta, 29 de julho).

Marta

Bem canta Marta, depois de farta. 232.


Morra Marta, morra farta. 236.

O antropónimo Marta incluímos também na categoria dos personagens de origem bíblica e figuras
bíblicas, já que conhecemos o referente exato. No entanto, existem várias as UFS que contêm esse
antropónimo feminino e não se relacionam com a figura de Marta, irmã de Lázaro e Maria.
Analogamente à que indicamos anteriormente, os antropónimos femininos Marta e Maria passaram
a denominar todo o conjunto de mulheres em geral e de tal modo, não fazem uma referência específica
(Lopes: 1992: 97). Também Neves (2000: 898) indica que a expressão Bem canta Marta, depois de farta se
refere a um significado geral, sendo o antropónimo Marta inserido só por força de rima.

Mateus

Quem pariu Mateus que o embalance. 275.

A parémia Quem pariu Mateus que o embale ou Quem pariu Mateus que o embalance está incluída
nesta categoria por existirem várias teorias sob a sua origem. Segundo algumas fontes, a sua origem é bíblica
e «deriva de quando Jesus decidiu acolher Mateus entre seus discípulos. Acontece que o gaiato era um
cobrador de impostos e a boa ação de Cristo pegou mal, já que só quem devia se meter com um cobrador
seria sua própria mãe. Assim, “quem pariu Mateus que o embale”»54. Além dessa «má escolha de Jesus»,
pode tratar-se duma alusão ao costume machista de mãe for a única de cuidar da criança55.

Miguel

Faz Maria, paga Miguel. 284.


Miguel, Miguel, não tens colmeias e vendes mel. 285.

Supostamente, dada parémia não se refere a uma pessoa concreta, mas que nomeia um indivíduo
que, não sabendo nada, comenta o tudo56.

53 Veja [em linha] Maria vai com as outras porque é maria-vai-com-as-outras [cit. 10/04/2022]. Disponível
em: https://veja.abril.com.br/coluna/sobre-palavras/maria-vai-com-as-outras-porque-e-maria-vai-com-as-
outras/.
54 Tribuna de Minas [em linha] Quem pariu Mateus [cit.10/04/2022]. Disponível em:

https://tribunademinas.com.br/colunas/antes-que-eu-me-esqueca/02-08-2020/quem-pariu-mateus.html.
55 Veja [em linha] Quem pariu Mateus que o embale [cit.10/04/2022]. Disponível em:

https://veja.abril.com.br/coluna/noblat/quem-pariu-mateus-que-o-embale-por-felipe-sampaio/.
56 Manja Tempo [em linha] PROVÉRBIO ILHÉU [cit.08/04/2022]. Disponível em:

http://manjatempo.blogspot.com/2010/11/proverbio-ilheu.html.

58
Neves

Morreu o Neves. 295.

Como indicamos na categoria Inês, segundo Ribeiro (2009: 398) e outras fontes57, a expressão
Morreu o Neves surgiu como variante duma outra, Morreu Inês! ou, na versão mais usada hoje, da Inês é
morta. Não obstante, Silva (2013: 977) rejeita esta alegação, dizendo que provavelmente há outro Neves do
que esta expressão pode derivar.

Paulino

Pai Paulino tem olho (e teu pai era zarolho). 298.

Esta expressão tem várias interpretações possíveis. Segundo algumas fontes, o antropónimo não
alude a um pai Paulino que realmente existiu, mas, simplesmente foi derivado das “paulinas”, cartas de
excomunhão. As cartas adquiriram o nome do papa Paulo III (Ribeiro, 2009: 483). Outras fontes mencionam
que se tratava duma pessoa que realmente existiu em Portugal e faleceu à volta de 187058.

Pedro

Agora que tenho ovelha e borrego, todos me dizem, vem-te embora, Pedro. 300.
Boas noites, ti Pedro! 303.
Burro queimado negro, casa em cima de rego, negro chamado Pedro, deles três eu tenho 304.
medo.filho Pedro virá barbado, mas nem parido, nem prendado.
Meu 307.
Pedro Cem, teve e não tem. 311.
Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar. 312.
Tão bom é Pedro como o seu companheiro. 314.
Tão bom é Pedro, como seu amo. 316.
Vai falar com o Camões (Dom Pedro). 318.
Vai perguntar ao Dom Pedro! 319.

Nestas parémias aparece o antropónimo Pedro, que, mesmo como os nomes João ou José, não se
refere a uma personagem real, mas a um indivíduo lendário ou proverbial.
A expressão Pedro Cem, teve e não tem refere-se a uma personagem proverbial, Pedro Cem, Pedro
Sem ou Pedrossem, um mercador rico e arrogante. A lenda diz que um dia, quando as suas naus chegavam,
subiu à torre no seu palácio no Porto e, tão seguro do seu poder, desafiou Deus, dizendo que nem o Criador o
poderia fazer pobre. Nesse momento ocorreu uma grande tempestade e todas as suas naus afundaram-se.
Também a torre foi atingida por um raio que causou um incêndio que destruiu todos os seus bens59.
Quanto à parémia Vai perguntar ao Dom Pedro!, utiliza-se, ao mesmo como Vai falar com o
Camões (Dom Pedro), que já explicamos mais adiante60, para mandar alguém embora (Neves, 2000: 440).

57 Veja [em linha] ‘Até aí morreu o Neves’: se não é o Tancredo, quem será? [cit.10/04/2022]. Disponível
em: https://veja.abril.com.br/coluna/sobre-palavras/ate-ai-morreu-o-neves-se-nao-e-o-tancredo-quem-sera/.
58 Olisipo: boletim do Grupo "Amigos de Lisboa" [em linha], pg.103. Disponível em:

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Olisipo/OlisipoII.htm.
59 Infopédia [em linha] Lenda de Pedro Sem [cit.10/04/2022]. Disponível em:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$lenda-de-pedro-sem.
60 Veja-se na categoria de Camões.

59
Ranheta

Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida airada). 322.

Veja-se na categoria de Cocó.

Rita

Vamos, Rita, que o fogo apaga e nós não pita. 324.

Provavelmente, o antropónimo Rita não aparece na parémia com o motivo de designar uma pessoa
real, senão que se inclui nela pela força da rima.

Tiaguinha

Santa Tiaguinha sempre traz sua cabacinha. 359.

Já que não registamos nenhuma santa denominada Tiaguinha, presumimos que é só uma versão
feminina do São Tiaguinho (São Tiago Menor), originada por jogo das palavras61.

61 Veja-se na categoria de Tiaguinho.

60
3.1.5. Personagens de origem desconhecida
Tal como indicamos na Metodologia62, nessa categoria incluímos todas as UFS nas que não fomos
capazes de encontrar o referente do determinado antropónimo.
Belchior Como vas Belchior? Cada vez pior. 39.
Beltrão Quem ama Beltrão, ama seu cão. 40.
Quem ama Beltrão, ama seu irmão. 41.
Bernardo Asno como um morgado, ou como um frade Bernardo. 46.
Candinha Os filhos da Candinha não dormem. 66.
Carocha Tó Carocha! 68.
Cazuza Tanto faz José como Cazuza. 72.
Degas Cá o Degas. 84.
Erea Por Santa Erea toma os bois e semeia. 86.
Farias Não tenho nada com a casaca do Farias. 92.
Ferrão Muito rico era Ferrão, e a ele cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o pão. 93.
Filipe Ataque o senhor Filipe que ataca o cu de um homem. 94.
Francisca Bravo que risca, Senhora Francisca! 96.
Fúfia Que Dona Fúfia! 99.
Gaspar Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar. 100.
Jesuíno Jesuíno, toca o hino. 111.
Jorge Contas com o Jorge, Jorge na rua. 160.
Libório Cebolório, Senhor Libório. 168.
Irra, irrório, Senhor Libório! 169.
Luís O Luís tira a caca do nariz. 177.
Luisinha Isso não, Luisinha! 178.
Mancha Abre a cancha, que vai o Mancha. 186.
Manuel Mau, mau, Manuel! 189.
Quem te ouvir cantar, Manuel! 190.
Margarida Estás com ela, Margarida? 193.
Mendes Falai no Mendes que à porta o tendes. 279.
Messia Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto 280.
empinhado, tibe, vote, Ave Maria!
Quintela Boa vai ela, Senhor Quintela! 321.
Teresa Teresa põe a mesa com fartura e limpeza. 350.
Ricardo Tudo bom, Ricardo? 323.
Rosa Cantigas, ó Rosa! 325.
Coisa, ó Rosa! 326.
Soubera São Soubera é santo que nunca valeu a ninguém, pois chega sempre 348.
Thimótheo tarde.Thimótheo, você vai errado!
Seu 351.
Zé Não sejas Zé-de-gatinhas. 376.
Zé camaré, deita os gatos à maré, enfiados numa linha, pra tocar a 377.
campainha!
Zé Nabiça, quanto vê quento cobiça. 378.
Zefa Anda-me, Zefa! 380.

62 Veja-se o capítulo 2.

61
3.1.6. Conclusões
Nessa classificação analisamos o corpus segundo o referente do respetivo
antropónimo presente na unidade. Em vista disso, as 380 UFS foram divididas em 5 grupos
temáticos de acordo com a origem em personagens de origem real, bíblica, junto com as
figuras santas, artística, popular e de origem desconhecida.
Das 380 UFS, o maior número, i.e. 242 UFS (64 % do total) corresponde à
categoria das personagens de origem bíblica e figuras santas, 76 UFS (20 % do total)
classificamos como personagens de origem popular e 76 UFS (20 % do total) como
personagens de origem desconhecida. No final, 20 UFS (5 % do total) corresponde à
categoria das personagens de origem real e, por último, o menor número, i.e. 4 UFS
(somente 1 % do total) corresponde à categoria dos nomes de origem artística. Para uma
melhor orientação mostramos a proporção das categorias no seguinte gráfico:

Categorias dos antropónimos no corpus

20, 5%
38, 10% Personagens de origem real

Personagens de origem bíblica e


76, 20% figuras santas
Personagens de origem artística

4, 1% Personagens de origem popular


242, 64%
Personagens de origem
desconhecida

Gráfico 3: Categorias dos antropónimos no corpus


Estes resultados, sobre tudo o número elevado das UFS na segunda e quarta
categoria, poderiam ser explicados como resultado da duradoura presença da religião cristã
na Península Ibérica: cristianismo fez, desde sempre, uma parte inseparável da vida rural.
Os santos que aparecem no calendário, passaram a designar, de forma geral, os dias
concretos ou, inclusivamente, as épocas mais prolongadas. Segundo indica Chacoto
(2013): «[...] uma forma de os viticultores memorizarem as datas em que deveriam realizar
as tarefas necessárias ao cultivo da terra era através da referência ao dia do Santo [...]».
Esta forma de datação é «[...] inserida em provérbios, fórmulas breves, que pela sua
estrutura [...] facilitam a memorização pelo povo. Daí que seja frequente os provérbios

62
meteorológicos assinalarem uma data aludindo ao santo festejado nesse dia» (Chacoto,
2013: 153).
Outro dado que observamos é o género dos antropónimos analisados, isto é, a
distribuição dos nomes masculinos e femininos no corpus. No total, o nosso corpus de 380
UFS contém 124 antropónimos distintos. Neles, localizamos 89 antropónimos do género
masculino e 35 antropónimos do género feminino. O antropónimo masculino mais
frequente é João (regista-se no total de 41 UFS das 380 UFS que formam o nosso corpus).
Outros antropónimos masculinos que se registam são Martinho (29 UFS) ou Pedro (20
UFS). Quanto ao género feminino, o antropónimo mais frequente é Marta (regista-se no
total de 33 UFS), seguida por Luzia (6 UFS), Marinha e Marta (5 UFS ambas). Estes dados
não são de surpreender, já que tanto o nome João como Maria são os nomes mais
frequentes na língua portuguesa (Ferrero, 2004: 24-25), e ancoraram-se no repertório
linguístico do povo tão fixamente que acabaram por adquirir um significado geral,
substituindo assim os nomes “mulher” e “homem”.

Género dos antropónimos no corpus

35, 28%

89, 72%

Antropônimos masculinos Antropônimos femininos

Gráfico 4: Género dos antropónimos no corpus

Além disso, há várias as UFS que contêm mais de um antropónimo de procedência


diferente. Das 380 UFS, 335 deles contêm um único antropónimo (e.g. Branco vem de
Adão e o negro não?), 42 deles contêm dois antropónimos (e.g. Cada Abel tem seu Caim)
e somente 3 deles contêm 3 antropónimos distintos (e.g. Cocó, Ranheta e Facada (os três
da vida airada)).

63
Número dos antropónimos nas UFS
3, 1%
42, 11%

335, 88%

UFS com um antropônimo UFS com dois antropônimos UFS com

Gráfico 5: Número dos antropónimos nas UFS

3.2. Classificação sintática


Embora todas as parémias sejam caraterizadas por uma relativa autonomia textual
ou discursiva (cf. Baránov & Dobrovol'skij, 2009, Corpas Pastor, 1996), podemos dividi-
los em vários subtipos segundo a sua natureza. Neste subcapítulo classificamos o nosso
corpus segundo o critério sintático e dividimo-los em cinco tipos de parémias: provérbios,
refrãos, citas, ditados e slogans. Esta classificação é baseada principalmente na proposta de
Silva (1998)63. Para uma compreensão mais fácil desta tipologia, primeiro resumimos
brevemente as propriedades principais de cada um dos subtipos mencionados.
Os provérbios, assim como os ditados e os refrãos, destacam por denominar
situações ou experiências da vida cotidiana numa forma de verdade geral (Corpas Pastor,
1996: 148). No entanto, enquanto os ditados permanecem mais distantes, ao nível de
observação e de constatação, os provérbios implicam, frequentemente, uma crítica, um
conselho, uma admoestação ou até uma proibição. Por isso, não é de estranhar que sirvam
como uma fonte que veicula os valores sociais, éticos ou estéticos (Mimoso, 2008: 157;
Silva, 2014: 21). Também os refrãos podem ter um propósito didático ou dogmático,
servindo assim como uma lição, um conselho moral ou prático (Corpas Pastor, 1996: 150).
Desde o ponto de vista sintático, é comum os provérbios possuírem uma estrutura
binária (por exemplo, em Faz Maria, paga Miguel64; Salomão a morrer, Salomão a
aprender), encontrando-se o verbo em presente gnómico (A inveja matou Caim), infinitivo

63 Veja-se o capítulo 1.3.2.2.


64 Todos os exemplos citados provêm do nosso corpus.

64
(Ver para crer, como São Tomé) ou imperativo (Vilela, 2002a: 34; Mimoso, 2008: 160).
Silva (1998) também observa que dentro deles «[...] não há palavras inúteis» e amiúdo
contêm ritmo ou rima (Silva, 1998: 14) (A cada bacorinho vem o seu São Martinho).
Desde o ponto de vista semântico, os provérbios, ao contrário dos ditados, que têm
um significado puramente denotativo, possuem um significado metafórico (A cada um,
chega o seu São João) (Mimoso, 2008: 160), o que, no caso dos refrãos, pode resultar
ambíguo, já que estes podem, ou não, ter um significado metafórico (Silva, 1998: 14).
Além disso, tanto os refrãos (Irra, irrório, Senhor Libório!) como os provérbios (Mais
matou a ceia, que sarou Avicena) podem conter certas particularidades fónicas e anomalias
sintáticas (Corpas Pastor, 1996: 150), o que os torna tão difícil de separar. No entanto,
enquanto os provérbios retratam situações de índole grave ou séria (A inveja matou Caim),
os refrãos têm um caráter familiar, festivo ou gracioso (Bravo que risca, Senhora
Francisca!) (Silva, 1998: 14).
Enquanto que os provérbios, refrãos e ditados são anónimos, sendo o autor o
próprio povo, no caso das citas e dos slogans somos capazes de determinar o seu autor com
bastante firmeza (Funk, 1993: 2). As citas são produtos duma personagem (real ou fictícia),
que se originaram ao acompanhar situações marcantes ou importantes. Podem ser frases
tanto exclamativas ou interrogativas (Até tu, Brutus?), como enunciativas (Vade retro,
Satanás). Enquanto que o motivo da criação das citas não é percebido como intencional, os
slogans originaram-se com um objetivo dado, muitas vezes, para atrair ou convencer.

3.2.1. Provérbios
A cada bacorinho vem o seu São Martinho. 237.
A cada um, chega o seu São João. 119.
A inveja matou Caim. 62.
Branco vem de Adão e o negro não? 2.
Cada Abel tem seu Caim. 1./63.
É a arca de Noé. 297.
Enquanto Brás é tesoureiro. 53.
Faz Maria, paga Miguel. 205./284.
Há mais Marias na terra. 208.
Mais matou a ceia, que sarou Avicena. 30.
Mente desocupada é oficina de Satanás. 333.
Morreu o Neves. 295.
Na casa do Gonçalo, quem manda é o galo. 103.
Nem que Cristo (Deus) descesse do céu à terra. 81.
Nem sempre Brás é tesoureiro. 55.
O que Deus der se come, o que faltar Santa Ana intéra. 10.
Os filhos da Candinha não dormem. 66.

65
Olho no Cristo que é de prata. 82.
Ovelha que é do lobo, Santo Antônio não guarda. 28.
Quem ama Beltrão, ama seu cão. 40.
Quem ama Beltrão, ama seu irmão. 41.
Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar. 100./312.
Quem pariu Mateus que o embalance. 275.
Quem se mete a Cristo, morre na cruz. 83.
Reina a discórdia no campo de Agramante. 7.
Salomão a morrer, Salomão a aprender. 328.
Só se lembra de Santa Bárbara quando troveja. 34.
Todos somos filhos de Adão e Eva. 4./89.
Ver para crer, como São Tomé. 367.

3.2.2. Refrãos
A acha sai à racha e a Maria à sua mãe. 194.
À unha como o João da Cunha. 121.
Abre a cancha, que vai o Mancha. 186.
Adeus Anica, se teu galo canta, o meu repenica. 18.
Agora que tenho ovelha e borrego, todos me dizem, vem-te embora, Pedro. 300.
Ai Cristo! Olhai para isto. 78.
Ai, Jesus! 112.
A Maria Nabiça, tudo que vê, tudo cobiça. 195.
Andar marinheiro, andar, não te apanhe São Simão no mar. 342.
Anda-me, Zefa! 380.
Ao João de Outeiro, cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o dinheiro. 123.
Aproveite enquanto Brás é tesoureiro. Quando passar o escrivão, aproveitarás ou não. 49.
Asno como um morgado, ou como um frade Bernardo. 46.
Ataque o senhor Filipe que ataca o cu de um homem. 94.
Baixe a mão, Mestre Inácio! 104.
Bem canta Marta, depois de farta. 232.
Bem está São Pedro em Roma se ele tem que coma. 302.
Bem prega Frei Tomás: façam como ele diz e não como ele faz. 361.
Bem prega Maria em casa vazia. 196.
Bem te conheço, és de Braga e chamas-te Lourenço. 170.
Boa vai ela, Senhor Quintela! 321.
Boas noites, ti Pedro! 303.
Bom dia Filipe (Filipina). 95.
Brás bem o diz e mal o faz. 50.
Bravo que risca, Senhora Francisca! 96.
Burro és, /De quatro pés,/ Comendo capim / Na cachoeira do Moisés. 294.
Burro queimado negro, casa em cima de rego, negro chamado Pedro, deles três eu tenho 304.
medo.
Cá o Degas. 84.
Cala a boca, Etelvina! 87.
Cantigas, ó Rosa! 325.
Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto empinhado, tibe, vote, 197./280.
Ave Maria!
Cebolório, Senhor Libório. 168.
Chove, chuvisca, água mourisca, filha do rei, Maria Francisca. 198.

66
Coisa, ó Rosa! 326.
Com Deus na frente e a paz na guia, encomendando a Deus e à Virgem Maria. 199.
Como vas Belchior? Cada vez pior. 39.
Contas com o Jorge, Jorge na rua. 160.
Cristo curou cegos e aleijados, mas não malucos. 79.
De dia em dia, casarás Maria. 201.
Depois não vá dizer que Santo Antônio te enganou. 23.
De Salomão a ciência / eu trago toda de cor: / pai e mãe é muito bom, / barriga cheia é 327.
melhor.
Dia de São Bartolomeu, anda o diabo à solta. 37.
Dizem que a muié é falsa, / é falsa como o papé; / mas quem vendeu Jesus Cristo / foi 113.
home, não foi muié.
É como São Benedito: não come nem bebe e anda gordito. 42.
É de Braga e chama-se Lourenço. 172.
É feio como Quasímodo! 320.
É o da Joana. 117.
El-Rei Dom Dinis fez sempre quanto quis. 85.
Em casa de Gonçalo, canta mais a galinha que o galo. 102.
Em casa de Maria Parda, uns comem tudo, outros não comem nada. 202.
Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta negociava em 64./109.
melões.
És como José da Adriça, quanto vê, quanto cobiça. 162.
Esmolou São Mateus, esmolou para os seus. 270.
Essa não lembrava ao Menino Jesus. 114.
Estás com ela, Margarida? 193.
Eu me chamo João do verso; quando como não converso. 126.
Eu sou como o João, faço o que me mandam, como o que me dão. 127.
Falai no Mendes que à porta o tendes. 279.
Foi a Maria à fonte, teve que contar todo o dia. 207.
Foi-se tudo o que Marta fiou. 233.
Forte era Sansão, mas no fim de contas o amor acabou por vencer. 329.
Inda que João Vaz tenha besta não lhe deixam de apontar à testa. 131.
Inês! Às três o Diabo fez. 105.
Inês! É morta! 106.
Irra, irrório, Senhor Libório! 169.
Isso não, Luisinha! 178.
Isso quer Martinho, sopas de vinho. 247.
Isto não é o da Joana! 118.
Já lá vai tudo quanto Marta fiou. 234.
Já no tempo do Afonso Costa era sempre a mesma resposta. 5.
Jesuíno, toca o hino. 111.
Jesus não te iluminou. 115.
João Gouveia, sapato sem meia. 132.
Judas era branco e vendeu Cristo. 80./164.
Lá chegará o teu São João! 133.
Lá se foi tudo quando Marta fiou. 235.
Lá vai Maria entre as outras. 209.
Lá vai tudo, quanto Maria fiou. 210.
Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos. 167.
Lé com cré, Maria com a sua avó. 211.

67
Leve o diabo paixões e venha Maria para casa. 212.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. 116.
Mais sofreu seu tio Judas! 165.
Maria das Dores, saia daqui com seus fedores. 214.
Maria enquanto doba, não fia. 215.
Maria que do alto fia, o fuso lhe cai. 216.
Maria que muito monda, nunca pode mondar bem. 217.
Mau, mau, Manuel! 189.
Mau, mau, Maria. 218.
Meio-dia, panela no fogo, barriga vazia, macaco torrado, que vem da Bahia, fazendo careta 219.
pra tia Maria.
Meu filho Pedro virá barbado, mas nem parido, nem prendado. 307.
Miguel, Miguel, não tens colmeias e vendes mel. 285.
Moça é Maria, quando se tosquia. 221.
Morra Marta, morra farta. 236.
Muito rico era Ferrão, e a ele cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o pão. 93.
Nada tem São Miguel com a casa da moeda. 286.
Não há festa, nem dança onde não vá Maria Constança. 222.
Não há melhor mostarda que a de São Bernardo. 47.
Não sejas Zé-de-gatinhas. 376.
Não tenho nada com a casaca do Farias. 92.
Negro só entra no céu por descuido de São Pedro. 308.
O João Alguém só ouve o que lhe convém. 144.
O Luís tira a caca do nariz. 177.
Onde vai Maria, aí fia. 223.
O que não se faz no dia de Santa Maria, faz-se no outro dia. 224.
O que se não faz em dia de Santa Luzia, faz-se no outro dia. 182.
Ora adeus, Anica! 19.
Ora muito me conta, tia Anica! 20.
Outra vez, Inês! 107.
Pai Paulino tem olho (e teu pai era zarolho). 298.
Pedro Cem, teve e não tem. 311.
Por onde irás, Brás, que te não perderás? 56.
Quando o Adão cavava e a Eva fiava, a fidalguia onde estava? 3./88.
Que Dona Fúfia! 99.
Quem é o pai dos filhos de Zebedeu? 379.
Quem te ouvir cantar, Manuel! 190.
Queres pasmar o teu vizinho? Lavra e esterca no São Martinho. 263.
São Bento! São Bento! 45.
São Brás, não engasgues o meu menino. 59.
São Brás te afogue que Deus não pode. 60.
São João e São Miguel passado, tanto manda o amo como o criado. 154./290.
São Mateus, primeiro os teus. 276.
São os três da vida airada: cocó, ranheta e facada. 76./91./322.
São Soubera é santo que nunca valeu a ninguém, pois chega sempre tarde. 348.
Santa Bárbara! 31./110.
Santa Bárbara bendita! 32.
Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim. Cavalinho não quis mais 184.
capim, foi no mato, matou uma cobrinha e comeu.

68
Santo Antoniho, onde te porei! 21.
Santo António dos olivais, livra-nos dos pardais. 29.
Se bem me quer João, suas obras o dirão. 155.
Será o Benedito? 43.
Seu Thimótheo, você vai errado! 351.
Tanto faz José como Cazuza. 72./163.
Tão bom é Pedro como o seu companheiro. 314.
Tão bom é Pedro como Paulo. 299./315.
Tão bom é Pedro, como seu amo. 316.
Tem-te (Maria), não caias. 225.
Teresa põe a mesa com fartura e limpeza. 350.
Tó Carocha! 68.
Tomar banho antes do São João, leva gente ao caixão. 158.
Tudo bom, Ricardo? 323.
Vai à casa do João Gome, mata um home e come! 159.
Vai falar com o Camões (Dom Pedro). 65./318.
Vai perguntar ao Dom Pedro! 319.
Valha-me São Borandum, que mijava azeite e fazia atum. 48.
Valha-nos São Silvestre e a camisa que ele veste. 341.
Valha-te São Crispim que te fez assim. 77.
Vamos, Rita, que o fogo apaga e nós não pita. 324.
Virgem (Maria)! 226.
Zé camaré, deita os gatos à maré, enfiados numa linha, pra tocar a campainha! 377.
Zé Nabiça, quanto vê quento cobiça. 378.

3.2.3. Citas
A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. 73.
À mulher de César não basta ser honesta, mas também parecê-lo. 74.
Até quando (,Catilina,) abusarás da nossa (minha) paciência? 71.
Até tu, Brutus? 61.
Elementar, meu caro Watson. 375.
Houve muitos músicos famosos, mas apenas um Beethoven. 38.
Vade retro, Satanás. 334.

3.2.4. Ditados
A chuva de São João tolhe a vinha e não dá pão. 120.
Água de São João talha o vinho e não dá pão. 122.
Águas verdadeiras, por São Mateus as primeiras. 266.
Aí por São Clemente, lança mão de semente. 75.
Aí por São Lucas, bem sabem as uvas. 174.
Aí por São Martinho, vai ver a tua vinha, tal a acharás, tal será a vindima. 238.
Até São Pedro, há o vinho medo. 301.
Bebe o teu vinho no São Martinho. 239.
Cavas em Março e arrendas pelo São João; todos o sabem, mas poucos as dão. 124.
Chovendo no São Mateus, faz conta das ovelhas que os borregos não são teus. 267.
Chuva em Junho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado. 227./352.
Chuva fina por Santo Agostinho é como se chovesse vinho. 6.
Dá-o Deus na eira, tolhe-o Maria na masseira. 200.

69
Decrua o Maio e estravessa de São João parecem bem, mas não dá pão. 125.
De Santa Catarina ao Natal, mês igual. 69.
De Santa Luzia ao Natal um salto de pardal. 179.
De São Vicente, nem bois, nem gente. 370.
De São Vicente nem bom vento, nem bom casamento. 371.
Dia de Santo António, vêm dormir as castanhas aos castanheiros. 22.
Dia de São Barnabé disse o Sol: aqui estarei. 35.
Dia de São Barnabé, seca-lhe a palha pelo pé. 36.
Dia de São Bento, cada mato tem o seu cuco dentro. 44.
Dia de São Brás, a cegonha verás e se a não vieres, o Inverno vem atrás. 51.
Dia de São Francisco, semeia o teu linho mourisco. 97.
Dia de São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço. 171.
Dia de São Martinho, castanhas e vinho. 240.
Dia de São Martinho, fura o teu pipinho. 241.
Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho. 242.
Dia de São Martinho, vai a adega e prova o vinho. 243.
Dia de São Mateus, vindima, o risudo, semeiam, os sandeus. 268.
Dia de São Silvestre, quem tem carne, que lhe preste. 337.
Dia de São Tiago, vai à vinha acharás bago. 353.
Dia de São Tiago, vai à vinha e apanha o bago. 354.
Dia de São Tomé, quem não tem porco, mata a muié. 364.
Do São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal. 244.
Em 29, São Miguel fecha as asas. 281.
Em dia de Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia. 180.
Em dia de São José, come-se, bebe-se e bate-se o pé. 161.
Em dia de São Martinho, prova o teu vinho. 245.
Em dia de São Martinho semeia os teus alhos e prova o teu vinho. 246.
Em dia de São Mateus, começam as enxertias. 269.
Em dia de São Pedro vai à tua oliveira e, se vires um grão, espera um cento. 305.
Em dia de São Simão, quem não assa um magusto, não é cristão. 343.
Em dia de São Tomé, favas à terra. 362.
Em Fevereiro, no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro, dia de São Brás. 52.
Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria (Lua). 187./203.
Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria. 204./306.
Em Outubro, São Miguel festeja tudo. 282.
Em Outubro, São Simão, favas no chão. 344.
Em Setembro, São Miguel soalheiro enche o celeiro. 283.
Entre menino e São Tomé, três dias é. 363.
Fevereiro faz dia e logo Santa Maria. 206.
Fevereiro: primeiro jejuarás; segundo guardarás; terceiro irás p´rò São Brás. 54.
Galinhas de São João, no Natal ovos dão. 128.
Gavião temporão, Santa Marinha na mão. 228.
Guarda pão para Maio e lenha para Abril, o que não veio há-de vir, mas guarda o maios 129.
trancão para o mês de São João.
Guerra de São João, paz de todo o ano. 130.
Lama de Maio e estrumação de São João parecem bem, mas não dão pão. 134.
Lavra pelo São João e terás palha e pão. 135.
Março chuvoso, São João farinhoso. 136.
Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria, o pão com o pato e a erva com o 188./213.
sargaço.
70
Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho. 248.
Mês de Maio, mês das flores; mês de Maria, mês dos amores. 220.
Mulher que se casa no dia de Santa Ana, morre de parto. 9.
Na Santa Marinha vai ver a tua vinha; assim como a achares, assim na vindima. 229.
Não faças do queijo, barca, nem do pão, São Sebastião. 335.
Nem Santo Antônio com gancho dá jeito. 24.
Nem Santo Antônio me vale. 25.
Nem Santo Antônio o livra! 26.
Neve de São João bebe o vinho e come o pão. 137.
Névoa pelo São João, tira vinho, tira azeite e não dá pão. 138.
Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo. 309.
Nevoeiro no São João estraga o vinho e não dá pão. 139.
No dia de Santiago, pinta o bago. 330.
No dia de Santiago, vai à vinha e prova o bago. 331.
No dia de Santa Luzia, cresce um palmo cada dia. 181.
No dia de Santo André, vai à esquina e traz o porco pelo pé. 12.
No dia de Santo António, cava do demónio (nas vinhas). 27.
No dia de São Martinho é eleito o homem que bebe mais vinho. 249.
No dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe teu vinho. 250.
No dia de São Pedro, vai ver olivedo. Se vires um bago, conta um cento. 310.
No dia de São Tomé pega o teu porco pelo pé; se ele disser: “que é que é” diz-lhe que o 365.
tempo é; se ele disser: “que tal, que tal” guarda-o para o Natal.
No mês de São João, para estar bem há-de cobrir o milho o rabo do cão. 140.
No mês de São João regarás teu pão. 141.
No São João, a sardinha pinga no pão. 142.
No São João, semeia de gabão. 143.
No São Tiago, pinta o bago. 355.
Novembro, pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho. 251.
O melhor tição p´ro mês de São João. 145.
Ouriços no São João são do tamanho dum botão. 146.
Para boas colheitas, pede bom tempo a Deus nas têmporadas de São Mateus. 271.
Para Santa Catarina, se a azeitona não for para o candil, colhe-se pelo pernil. 70.
Para que o ano não vá mal, hão-de os rios encher três vezes entre São Mateus e o Natal. 272.
Pela Madalena recorre a tua figueira. 185.
Pelo Santiago, cada pinga vale um cruzado. 332.
Pelo Santo André, o sete estrelo posto é. 13.
Pelo Santo André pega-se o porco pelo pé. 14.
Pelo Santo André, quem não tem porco, mata a mulher. 15.
Pelo São Francisco, semeia o teu trigo; a velha que o dizia, semeado o tinha. 98.
Pelo São João, ceifa o pão. 147.
Pelo São João, figo na mão. 148.
Pelo São João, lavra e terás palha e grão. 149.
Pelo São Lourenço, os nabais nem nabos nem no lenço. 173.
Pelo São Martinho abatoca o teu vinho. 252.
Pelo São Martinho mata o teu porquinho. 253.
Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho. 254.
Pelo São Martinho, nem nada nem cabacinho. 255.
Pelo São Martinho, prova o teu vinho; ao cabo dum ano, já te não faz dano. 256.
Pelo São Martinho todo o mosto é bom vinho. 257.

71
Pelo São Mateus, pega nos bois e lavra com Deus. 273.
Pelo São Matias começam as enxertias. 277.
Pelo São Silvestre, nem no alho nem na réstea. 338.
Pelo São Tiago, cada pinga vale um cruzado. 356.
Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho. 258./357.
Pelo São Tiago vai à vinha e apalpa o bago. 358.
Por Santa Ana, limpa a pragana. 11.
Por Santa Erea toma os bois e semeia. 86.
Por Santa Ireia, pega nos bois e semeia. 108.
Por Santa Luzia igual a noite com dia. 183.
Por Santo André todo o dia, noite. 16.
Por Santo Urbão gavião na mão. 368.
Por Santo Urbão, o saco na mão. 369.
Por São Brás, a cegonha verás. 57.
Por São Brás, atirarás. 58.
Por São Fabião, laranjinha na mão. 90.
Por São Gil, adoba teu candil. 101.
Por São Lucas, mata os teus porcos e tapa as tuas cubas. 175.
Por São Marcos, bogas a sacos. 192.
Por São Martinho, nem favas nem vinho. 259.
Por São Martinho se conhece o vinho. 260.
Por São Martinho, semeia fava e linho. 261.
Por São Martinho, semeia o teu trigo, e a velha que o dizia, semeado tinha. 262.
Por São Matias noites iguais aos dias. 278.
Por São Sebastião, laranja na mão. 336.
Por São Silvestre o bacalhau é peste. 339.
Por São Simão e São Judas, colhidas são as uvas. 166./345.
Por São Simão semear sim, navegar não. 346.
Por São Tomé, todo o tempo noite é. 366.
Por São Vicente, alça a mão da semente. 372.
Por São Vicente, toda a água é quente. 373.
Quando a Candelária ri, o Inverno está para vir, quando a Candelária chora está o Inverno 67.
fora.
Quando não chove depois de São Mateus é por milagre de Deus. 274.
Quanto o vento ronda o mar na noite de São João, não há Verão. 150.
Quem apanha a azeitona antes do Santo André fica-lhe o azeite no pé e, antes de Janeiro, 17.
fica-lhe o azeite no madeiro.
Quem apanha a azeitona antes do São Nicolau, deixa o azeite no pau. 296.
Quem come caldo no Entrudo, é comido dos mosquitos no São João. 151.
Quem planta no São Miguel, vai à horta quando quer. 287.
Quem no Inverno despe o gibão, veste-se no São João. 152.
Quem quiser bom melão semeie-o na manhã de São João. 153.
Quem se aluga a São Migué, não se senta as vez que qué. 288.
Quem se aluga a São Miguel, não se deita, nem se levanta quando quer. 289.
Quem vai a São Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe. 340.
Santa Bárbara por responso ou devoção afasta os raios para os montes que não dão palha 33.
nem pão.
Santa Lúcia cresce a noite mingua o dia. 176.
Santa Marinha sempre traz sua cabacinha. 230.
Santa Tecla tem capelo, venta logo ou chove cedo. 349.

72
Santa Tiaguinha sempre traz sua cabacinha. 359.
São Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras; se mais vezes viesses no ano, não 291.
estaria eu com amo.
São Miguel é bom, mas tem o Diabo aos pés. 292.
São Pedro tapa o rego. 313.
São Simão, fava na mão. 347.
São Tiaguinho, sempre traz seu cabacinho. 360.
Se chover em dia de São Vicente, semeia vales e vertentes. 374.
Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. 191.
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho. 264.
Se o vento bailar, em noite de São João, vai tardar o Verão. 156.
Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo 231./293.
São Miguel.
Tal dia de Natal, tal dia de Janeiro, tal dia de Santa Águeda a 5 de Fevereiro. 8.
Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro. 157./317.
Vindima em Outubro, que São Martinho to dirá. 265.

3.2.5. Slogans
No nosso corpus não localizamos nenhuma parémia que podia classificar-se como
um slogan.

3.2.6. Conclusões
O nosso corpus consta, no total, de 380 unidades fraseológicas, concretamente, das
parémias que contêm um ou vários antropónimos. Nesta classificação sintática
trabalhamos, tal como indicamos na Metodologia65, com 357 UFS, já que 23 delas contêm
dois ou mais antropónimos e, portanto, são representadas no corpus mais de uma vez (e.g.:
Faz Maria, paga Miguel; Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar; etc.).
Das 357 UFS classificamos o maior número, i.e. 170 deles, como ditados (48 %),
151 como refrãos (42 %), 29 como provérbios (8 %) e 7 como citas (2 %). No corpus não
encontramos nenhum exemplo do slogan, já que as UFS foram procuradas dos dicionários
focalizados em saberes populares. Para uma melhor orientação mostramos a proporção dos
vários subtipos de parémias no seguinte gráfico:

65 Veja-se o capítulo 2.

73
Tipos das parémias no corpus
0%
29, 8%

170, 48%
151, 42%

7, 2%

Provérbios Refrãos Citas Ditados Slogans

Gráfico 6: Tipos das parémias no corpus

74
Conclusão
Neste trabalho analisámos, em conjunto, 380 unidades fraseológicas recolhidas do
total de 7 dicionários da língua portuguesa. Tratou-se unicamente de expressões que
contêm um (ou vários) antropónimos. O trabalho foi dividido em quatro capítulos e duas
partes principais: parte teórica e parte prática, podendo ser todas as parémias consultadas
em Anexo, que contém a lista de todas as UFS e os dados extraídos dos dicionários.
Na primeira parte estabelecemos a base teórica, que depois foi utilizada na análise
das unidades fraseológicas recolhidas. Um capítulo dedicamos à Fraseologia e a um dos
seus ramos, a Paremiologia, e isso com o objetivo de estabelecer uma divisão clara entre
ambas ciências e explicar o seu objeto de interesse. Referimos, concisamente, também
alguns momentos da história de ambas ciências. A nossa atenção foi prestada à própria
unidade fraseológica, apresentando as suas propriedades principais: idiomaticidade,
fixação, institucionalização e variabilidade. Além, disso, tentamos atualizar a tipologia das
parémias para que se adequasse melhor ao nosso corpus, baseando-nos principalmente na
proposta de Silva (1998). Um capítulo foi dedicado, igualmente, ao estudo do nome
próprio e do antropónimo.
Na parte prática nós dedicamos a examinar o corpus desde dois pontos de vista:
segundo o antropónimo presente nas UFS e segundo a forma sintática destas unidades. Na
análise segundo o antropónimo dado trabalhamos com corpus de 380 UFS que foram
recolhidos de 7 dicionários, seis na sua variedade europeia (PE) e um na variedade
brasileira (PB). As unidades fraseológicas foram divididas em 5 grupos ou categorias
temáticas segundo a natureza do referente do respetivo antropónimo: personagens de
origem real; personagens de origem bíblica e figuras santas; personagens de origem
artística; personagens de origem popular e, por último, personagens de origem
desconhecida. Concluímos que o maior número dos antropónimos pertence às categorias
das personagens de origem bíblica e figuras santas. Isto se deve ao facto de que as figuras
santas são, muitas vezes, associadas com tarefas do cultivo da terra e com a vida rural, e
figuram, deste modo, em numerosas parémias e pronósticos. Um número considerável dos
antropónimos pertence também à categoria das personagens de origem popular. São nomes
de personagens que, existindo ou não, originaram-se pela criação do povo. Também os
antropónimos mais frequentados no corpus, João e Maria, pertencem à categoria dos
personagens populares.

75
Na análise segundo a forma sintática trabalhamos com o corpus de 357 UFS que
dividimos, segundo a proposta de classificação de Silva (1998), em cinco tipos de
parémias: provérbios, refrãos, citas, ditados e slogans. Concluímos que o maior número das
parémias formam os ditados, seguidos pelos refrãos. Ao contrário, o grupo dos slogans não
teve, no nosso corpus, nenhum representante. Estos resultados não são de surpreender,
devido a que os ditados contêm a maioria das unidades pertencentes à categoria dos
personagens de origem bíblica e figuras santas, o grupo mais numeroso em nosso corpus,
enquanto que os refrãos equivalem ao segundo grupo mais numeroso no corpus,
personagens de origem popular.

76
4. Bibliografia

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81
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palavras/ate-ai-morreu-o-neves-se-nao-e-o-tancredo-quem-sera/.

82
Anexo
No anexo presentamos a lista de todas as UFS utilizadas para a análise do corpus.
As unidades são introduzidas na ordem alfabética, sendo relevante a letra principal do
nome próprio que aparece nas construções consultadas. Em cada unidade incluimos
informações sobre a sua ocorrência nos dicionários e, também, a descrição do seu
significado (caso se encontre integrada no respetivo dicionário). Além disso, são múltiples
os dicionários que indicam mais variantes da pontuação duma UF, por isso decidimos
introduzimos todas as variantes.
No total utilizamos 7 dicionários (tanto portugueses PE como brasileiros PB), dos
quais extraímos 380 unidades. Para uma melhor orientação, os dicionários foram marcados
com números, que foram utilizados tanto em Anexo como na Análise do corpus66.
Os nomes próprios de origem bíblica ocorrem acompanhados pelo atributo santo,
que ocorre, neles, em diferentes formas de abreviação, e.g.: santo, são, St.o ,Sta, St., S., So,
Sa, Sto, Sta, Sanť. Por motivos de unificação decidimos usar as formas não truncadas, isto
é São, Santo ou Santa. Igualmente procedemos no caso do tratamento da cortesia que
também aparece em várias formas, pelo qual unificamo-lo à formatos Dom, Dona, Senhor
e Senhora.

ABEL

1. 67Cada Abel tem seu Caim.5

Dicionário Definição
5.Moreira dos Santos Sem definição.
(2000)

ADÃO

2. Branco vem de Adão e o negro não?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

3. 68Quando o Adão cavava e a Eva fiava, a fidalguia onde estava?5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

66 Veja a tabela no capítulo 2.


67 A seguinte UF (unidade fraseológica) a colocamos tanto baixo a entrada Abel como Caim.
68 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Adão como Eva.

83
4. 69Todos somos filhos de Adão e Eva.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

AFONSO

5. Já no tempo do Afonso Costa era sempre a mesma resposta.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

AGOSTINHO

6. Chuva fina por Santo Agostinho é como se chovesse vinho.1/Chuva fina por Santo Agostinho, é
como se chovesse vinho.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

AGRAMANTE

7. Reina a discórdia no campo de Agramante.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Não se entenderem os chefes do partido contrário.

ÁGUEDA

8. Tal dia de Natal, tal dia de Janeiro, tal dia de Santa Águeda a 5 de Fevereiro.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

ANA

9. Mulher que se casa no dia de Santa Ana, morre de parto.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

10. O que Deus der se come, o que faltar Santa Ana intéra.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) […] mostra a conformação dos sertanejos com a própria precária situação e,
sobretudo, a sua confiança no amanhã.

69 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Adão como Eva.

84
11. Por Santa Ana, limpa a pragana.1, 3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

ANDRÉ

12. No dia de Santo André, vai à esquina e traz o porco pelo pé.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

13. Pelo Santo André, o sete estrelo posto é.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

14. Pelo Santo André pega-se o porco pelo pé.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

15. Pelo Santo André, quem não tem porco, mata a mulher.3/No dia de Santo André, quem não tem
porco mata a mulher.4/Em dia de Santo André quem não tem porco mata a mulher.5/Dia de Santo
André, quem não tem porco mata a mulher.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

16. Por Santo André todo o dia, noite.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

17. Quem apanha a azeitona antes do Santo André fica-lhe o azeite no pé e, antes de Janeiro, fica-lhe o
azeite no madeiro.1/Quem apanha azeitona antes do Santo André, fica azeite no pé.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

ANICA

18. Adeus Anica, se teu galo canta, o meu repenica.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

85
19. Ora adeus, Anica!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Deixa-te de coisas! Não te lamentes!

20. Ora muito me conta, tia Anica!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Significa espanto e pressupõe discordância.

ANTONINHO

21. Santo Antoniho, onde te porei!/Meu Santo Antoninho, onde te porei?6/Meu Santo Antoninho, onde
te porei?7

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de pessoa que se trata com muitos mimos. Diz-se de alguém que se
7.Silva (2013) acarinha.
Pessoa muito mimada, com a qual não se sabe o que fazer.

ANTÓNIO/ANTÔNIO

22. Dia de Santo António, vêm dormir as castanhas aos castanheiros.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

23. Depois não vá dizer que Santo Antônio te enganou.7

Dicionário Definição
7. Silva (2013) Advertência que se faz a quem não quer seguir um conselho.

24. Nem Santo Antônio com gancho dá jeito.7

Dicionário Definição
7. Silva (2013) Caso ou coisa sem solução, irremediavelmente perdida.

25. Nem Santo Antônio me vale.7

Dicionário Definição
7. Silva (2013) Diz-se de situação considerada desesperada, irremediável.

26. Nem Santo Antônio o livra!7

Dicionário Definição
7. Silva (2013) Sem definição.

27. No dia de Santo António, cava do demónio (nas vinhas).3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

28. Ovelha que é do lobo, Santo Antônio não guarda.7

Dicionário Definição
7. Silva (2013) Sem definição.

86
29. Santo António dos olivais, livra-nos dos pardais.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

AVICENA

30. Mais matou a ceia, que sarou Avicena.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

BÁRBARA

31. 70Santa Bárbara!2,6/Santa Bárbara! São Jerônimo!7

Dicionário Definição
2.Correia; Teixeira Deus nos acuda!
(2007)
6.Neves (2000) Deus nos acuda!
7.Silva (2013) Invocação que se faz quando ronca trovoada. Interjeição de espanto.

32. Santa Bárbara bendita!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Santa Bárbara nos acuda! Valha- nos Santa Bárbara!; invocações solicitando
a proteção de Santa Bárbara contra trovoadas providências quando se
desencadeia uma crise.

33. Santa Bárbara por responso ou devoção afasta os raios para os montes que não dão palha nem pão.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

34. Só se lembra de Santa Bárbara quando troveja.3/Não lembra Santa Bárbara senão quando faz
trovões.4/A gente só se lembra de Santa Bárbara quando troveja./Só nos lembramos de Santa
Bárbara, quando troveja.5/Só se lembra de Santa Bárbara quando troveja!6/A gente só se lembra de
Santa Bárbara quando ronca a trovoada./Só se lembrar de Santa Bárbara quando ronca trovoada.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Forma de chamar a atenção a uma pessoa que só se lembra das coisas
quando elas acontecem.
7.Silva (2013) Frase que se aplica a pessoa que vive afastada de seus deveres religiosos, só
se lembrando dos santos na hora do perigo ou da doença.

70 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Bárbara como Jerônimo.

87
BARNABÉ

35. Dia de São Barnabé disse o Sol: aqui estarei.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Referência ao solstício.

36. Dia de São Barnabé, seca-lhe a palha pelo pé.1,3/Dia de São Barnabé se seca a palha pelo pé.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

BARTOLOMEU

37. Dia de São Bartolomeu, anda o diabo à solta.3/Dia de São Bartolomeu, anda o Diabo à solta.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

BEETHOVEN

38. Houve muitos músicos famosos, mas apenas um Beethoven.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Com esta frase, sempre repetida, Pelé explica, não sem vaidade, a sua
proclamada e reconhecida genialidade como maior jogador de futebol de
todos os tempos.
BELCHIOR

39. Como vas Belchior? Cada vez pior.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

BELTRÃO

40. Quem ama Beltrão, ama seu cão.5/Quem ama Beltrão, ama seu cão./Quem ama o Beltrão, ama o seu
cão.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

41. Quem ama Beltrão, ama seu irmão.5/Quem ama (a) Beltrão, ama (a) seu irmão.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

88
BENEDITO

42. É como São Benedito: não come nem bebe e anda gordito./É como São Benedito: não come nem
bebe e está sempre bonito./Valha-me São Benedito não come, não bebe e está sempre bonito.5/É
como São Benedito, não come e anda gordito.6

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de pessoa que, comendo pouco, engorda.

43. Será o Benedito?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Indica admiração.

BENTO

44. Dia de São Bento, cada mato tem o seu cuco dentro.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

45. São Bento! São Bento!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Invocação que se faz quando aparece uma lacraia, para que ela não fuja e se
deixe matar.

BERNARDO

46. Asno como um morgado, ou como um frade Bernardo.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

47. Não há melhor mostarda que a de São Bernardo.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

BORANDUM

48. Valha-me São Borandum, que mijava azeite e fazia atum.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

BRÁS

49. Aproveite enquanto Brás é tesoureiro. Quando passar o escrivão, aproveitarás ou não.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Conselho a alguém para que aproveite a uma situação favorável, porque
depois não sabe quando terá outra igual.

89
50. Brás bem o diz e mal o faz.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

51. Dia de São Brás, a cegonha verás e se a não vieres, o Inverno vem atrás.3/Dia de São Brás, a
cegonha verás e se não a vires o Inverno vem atrás.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

52. Em Fevereiro, no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro, dia de São Brás.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

53. Enquanto Brás é tesoureiro.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) É uma expressão com que se convida alguém a valer-se de uma
circunstância propícia ou dos favores de uma gestão complacente.

54. Fevereiro: primeiro jejuarás; segundo guardarás; terceiro irás p´rò São Brás.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

55. Nem sempre Brás é tesoureiro.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

56. Por onde irás, Brás, que te não perderás?3/Para onde irás Brás, que não te perderás?6

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se a alguém que pretende fugir, mas não tem lugar onde escape.

57. Por São Brás, a cegonha verás.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

58. Por São Brás, atirarás.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

59. São Brás, não engasgues o meu menino.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

90
60. São Brás te afogue que Deus não pode.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

BRUTUS

61. Até tu, Brutus?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) […] frase famosa, comumente aplicada a situações de traição […].

CAIM

62. A inveja matou Caim.3,5/A inveja matou a Caim.4

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

63. 71Cada Abel tem seu Caim.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

CAMÕES

64. 72Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta negociava em
melões.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

65. 73Vai falar com o Camões (Dom Pedro).6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Mandar embora ou calar.

CANDINHA

66. Os filhos da Candinha não dormem.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Os maldizentes vivem à cata de assuntos e de vítimas.

71 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Abel como Caim.


72 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Camões como Jacinta.
73 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Camões como Pedro.

91
CANDELÁRIA

67. Quando a Candelária ri, o Inverno está para vir, quando a Candelária chora está o Iverno fora.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Nome de uma santa.

CAROCHA

68. Tó Carocha!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Deus me livre! Nem falar isso! Isso não!

CATARINA

69. De Santa Catarina ao Natal, mês igual./Dia de Santa Catarina ao Natal, un mês igual.3/De Santa
Catarina ao Natal, mês igual.5/No dia de Santa Catarina ao Natal, mês igual.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

70. Para Santa Catarina, se a azeitona não for para o candil, colhe-se pelo pernil.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

CATILINA

71. Até quando (,Catilina,) abusarás da nossa (minha) paciência?6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Tradução da frase latina de Cícero Quousque tandem, Catilina, abutere
patientia nostra? A expressão, culta, usa-se dirigida a alguém que nos está a
fazer perder a paciência.

CAZUZA

72. 74Tanto faz José como Cazuza.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) É o mesmo, é a mesma coisa...

74 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada José como Cazuza.

92
CÉSAR

73. A César o que é de César, a Deus o que é de Deus.3/A César o que é de César, a Deus o que é de
Deus.4/A César o que é de César.5/A César o que é de César.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

74. À mulher de César não basta ser honesta, mas também parecê-lo.4/A mulher de César não chega ser
honesta, precisa parecê-lo.5/A mulher de César.6

Dicionário Definição
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) A frase é o corpo principal de uma expressão mais extensa, normalmente
formulada assim (embora tenha variantes): «Não basta ser honesto como a
mulher de César, é preciso parecê-lo.»

CLEMENTE

75. Aí por São Clemente, lança mão de semente./Por São Clemente, alça a mão da semente.1/Por São
Clemente, levanta a mão da semente.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

COCÓ

76. 75São os três da vida airada: cocó, ranheta e facada.5/Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida
airada)./Os três da vida airada (Cocó, Ranheta e Facada).6/Três são os da vida airada: — Cocó,
Ranheta e Facada.7
Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de três pessoas que andam sempre juntas. Diz-se de três pessoas que
andam sempre juntas.
7.Silva (2013) Sem definição.

CRISPIM

77. Valha-te São Crispim que te fez assim.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se a quem cometeu um disparate ou tolices.

75 A seguinte UF a colocamos baixo três entradas: Cocó, Ranheta e Facada.

93
CRISTO

78. Ai Cristo! Olhai para isto.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Exclamação de desespero.

79. Cristo curou cegos e aleijados, mas não malucos.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

80. 76Judas era branco e vendeu Cristo.5/Judas era branco e vendeu a Cristo.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

81. Nem que Cristo (Deus) descesse do céu à terra.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) De maneira nenhuma.

82. Olho no Cristo que é de prata.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Frase com que se chama a atenção para se vigiar algo que pode ser furtado.

83. Quem se mete a Cristo, morre na cruz.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

DEGAS

84. Cá o Degas.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Refere-se à pessoa que fala.

DINIS

85. El-Rei Dom Dinis fez sempre quanto quis.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

76 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Judas como Cristo.

94
E

EREA

86. Por Santa Erea toma os bois e semeia.7


Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

ETELVINA

87. Cala a boca, Etelvina!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

EVA

88. 77Quando o Adão cavava e a Eva fiava, a fidalguia onde estava?5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

89. 78Todos somos filhos de Adão e Eva.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

FABIÃO

90. Por São Fabião, laranjinha na mão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

FACADA

91. 79São os três da vida airada: cocó, ranheta e facada.5/Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida
airada)./Os três da vida airada (Cocó, Ranheta e Facada).6/Três são os da vida airada: — Cocó,
Ranheta e Facada.7
Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de três pessoas que andam sempre juntas. Diz-se de três pessoas que
andam sempre juntas.
7.Silva (2013) Sem definição.

77 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Eva como Adão.


78 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Eva como Adão.
79 A seguinte UF a colocamos baixo três entradas: Facada, Cocó e Ranheta.

95
FARIAS

92. Não tenho nada com a casaca do Farias.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

FERRÃO

93. Muito rico era Ferrão, e a ele cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o pão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

FILIPE

94. Ataque o senhor Filipe que ataca o cu de um homem.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

95. Bom dia Filipe (Filipina).7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Saudação a quem comeu conosco na véspera uma da amêndoas inconhas.
Duas pessoas, depois de se terem partilhado amêndoas inconhas, combinam
que, quando se virem no dia seguinte ou em outro, a que saudar primeiro a
outra, terá direito a um presente dessa outra.

FRANCISCA

96. Bravo que risca, Senhora Francisca!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Muito bem!

FRANCISCO

97. Dia de São Francisco, semeia o teu linho mourisco.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

98. Pelo São Francisco, semeia o teu trigo; a velha que o dizia, semeado o tinha./Por São Francisco
semeia o trigo./Por São Francisco semeia o teu trigo, e a velha que o dizia semeado o tinha já.1/Por
São Francisco semeia teu trigo e a velha que o dizia, já semeado o tinha.3/Por São Francisco semeia
o trigo, a velha dizia; e já semeado o trazia.5/Por São Francisco semeia o teu trigo, a velha que o
dizia, semeado o tinha.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

96
FÚFIA

99. Que Dona Fúfia!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Que fulana!; que mulher ridícula e ordinária.

GASPAR

100. 80Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

GIL

101.Por São Gil, adoba teu candil.3,5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

GONÇALO/GONZALO

102.Em casa de Gonçalo, canta mais a galinha que o galo.3/Na casa do Gonçalo a galinha canta de
galo./Na casa do Gonçalo, canta a galinha e cala o galo./Isto não é casa de pai Gonzalo, onde a
galinha manda mais que o galo.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
7.Silva (2013) Gonçalo é sinônimo de marido passivo e sem vontade, que se submete sem
protesto a todos os caprichos de uma esposa dominadora e autoritária. É ela
quem manda e desmanda, agindo como se fosse cabeça do casal, isto é, o
galo.
103.Na casa do Gonçalo, quem manda é o galo.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

INÁCIO

104.Baixe a mão, Mestre Inácio!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Expressão trocista, usada para ridicularizar o cavaleiro que faz, por vaidade
ou ostentação, demonstração de perícia em cavalo ensinado.

80 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Gaspar como Pedro.

97
INÊS

105.Inês! Às três o Diabo fez.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

106.Inês! É morta!5/Inês é morta!6

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Maneira de atalhar alguém que só diz coisas já sabidas.

107.Outra vez, Inês!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se a quem insiste num argumento ou se repete frequentemente.

IREIA/IRIA

108.Por Santa Ireia, pega nos bois e semeia.1/Dia de Santa Iria pega nos boios e guia.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

JACINTA

109. 81Em Freixo de Espada à Cinta nasceu Luís de Camões, sua mãe Dona Jacinta negociava em
melões.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

JERÔNIMO

110. 82Santa Bárbara! São Jerônimo!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Invocação que se faz quando ronca trovoada. Interjeição de espanto.

JESUÍNO

111.Jesuíno, toca o hino.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Indicação satírica para se aplaudir.

81 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Jacinta como Camões.


82 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Jerônimo como Bárbara.

98
JESUS

112.Ai, Jesus!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Interjeição de dor. Substantivada, significa “o mais querido, o predileto".

113.Dizem que a muié é falsa, / é falsa como o papé; / mas quem vendeu Jesus Cristo / foi home, não foi
muié.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

114.Essa não lembrava ao Menino Jesus.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de coisa surpreendente ou milagrosa.

115.Jesus não te iluminou.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Nos pegas, quando uma manobra feita de maneira imprudente e acaba em
acidente.
116.Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Saudação de um católico ao entrar numa casa, numa reunião de pessoas.

JOANA

117.É o da Joana.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de local ou situação onde não há regras ou ordem.

118.Isto não é o da Joana!3/Isto não é o da Joana!5/Isto não é o da Joana.6/Isto não é de mãe Joana.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Isto não pertence a todos; isto não é uma balbúrdia.
7.Silva (2013) Aquilo em que todos mexem.

JOÃO

119.A cada um, chega o seu São João.3/Cada um tem o seu São João./Todos têm o seu São João.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

99
120.A chuva de São João tolhe a vinha e não dá pão./Chuva de São João bebe o vinho e come o
pão./Chuva de São João talha o vinho e não dá pão./Chuva de São João tira vinho, azeite e não dá
pão./Chuva de São João tira o vinho e não dá pão./Chuva de (em) São João tira a uva e não dá
pão.1/Chuva no São João, bebe vinho e come pão./Chuva no São João, talha o vinho e não dá
pão./Chuva no São João, tira o vinho, azeite e não dá pão.3/Chuva de São João tira o vinho e o azeite
a não dá pão./Chuva no São João bebe o vinho e come o pão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

121.À unha como o João da Cunha.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) À mão; com esforço.

122.Água de São João talha o vinho e não dá pão./Água de São João tira o vinho e não dá pão.1/ Água de
São João tira vinho e não dá pão.3/Águas de São João tiram vinho, azeite e não dão pão.5/Água de
São João tira vinho e não dá o pão.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

123.Ao João de Outeiro, cresceu-lhe a vida e faltou-lhe o dinheiro.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

124.Cavas em Março e arrendas pelo São João; todos o sabem, mas poucos as dão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

125.Decrua o Maio e estravessa de São João parecem bem, mas não dá pão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

126.Eu me chamo João do verso; quando como não converso.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

127.Eu sou como o João, faço o que me mandam, como o que me dão.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

100
128.Galinhas de São João, no Natal ovos dão./Galinhas de São João, pelo Natal poedeiras são.3/
Galinhas de São João pelo Natal poedeiras são.5/Galinhas de São João, boas poedeiras são.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

129.Guarda pão para Maio e lenha para Abril, o que não veio há-de vir, mas guarda o maios trancão para
o mês de São João./Guarda pão para Maio, lenha para Abril e o melhor tição para o São
João.1/Guarda pão para Maio, azeite para Abril e o melhor tição para o mês de São João.3/Guarda
pão para Maio, lenha para Abril, o melhor bicão para o São João./Para o São João guarda a velha o
melhor tição.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

130.Guerra de São João, paz de todo o ano.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

131.Inda que João Vaz tenha besta não lhe deixam de apontar à testa.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

132.João Gouveia, sapato sem meia./Sapato sem meia, João Gouveia.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Frase que se dizia a pessoa calçada mas sem meias./Frase que se diz a quem
se apresenta de sapato sem meia.

133.Lá chegará o teu São João!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Há-de chegar a tua vez.

134.Lama de Maio e estrumação de São João parecem bem, mas não dão pão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

135.Lavra pelo São João e terás palha e pão./Lavra pelo São João, se queres ter palha e pão./Lavra por
São João, se queres haver pão./Lavra por São João, se haver pão. Se quiseres vinho e pão, lavra pelo
São João.1/Pelo São João, lavra se queres ter pão.3/Pelo São João lavra se queres ter pão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

101
136.Março chuvoso, São João farinhoso.1,3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

137.Neve de São João bebe o vinho e come o pão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

138.Névoa pelo São João, tira vinho, tira azeite e não dá pão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

139.Nevoeiro no São João estraga o vinho e não dá pão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

140.No mês de São João, para estar bem há-de cobrir o milho o rabo do cão./Pelo São João deve o milho
cobrir o chão./Pelo São João deve o milho cobrir o pão./Pelo São João, deve o milho cobrir o
pão./Pelo São João deve o milho cobrir o rabo do cão.1/Pelo São João deve o milho cobrir o rabo do
cão.3/O milho pelo São João deve cobrir um cão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

141.No mês de São João regarás teu pão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

142.No São João, a sardinha pinga no pão.1/Pelo São João, a sardinha pinga no pão.3/No São João, pinga
a sardinha no pão./Sardinha de São João pinga no pão.5
Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

143.No São João, semeia de gabão.1/No São João, semeia o gabão.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

144.O João Alguém só ouve o que lhe convém.3,5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

102
145.O melhor tição p´ro mês de São João.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

146.Ouriços no São João são do tamanho dum botão.1/Ouriços no São João são do tamanho de um
botão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

147.Pelo São João, ceifa o pão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

148.Pelo São João, figo na mão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

149.Pelo São João, lavra e terás palha e grão.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

150.Quanto o vento ronda o mar na noite de São João, não há Verão.3/Quando o vento ronda o mar na
noite de São João, não há Verão.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

151.Quem come caldo no Entrudo, é comido dos mosquitos no São João.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

152.Quem no Inverno despe o gibão, veste-se no São João.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

153.Quem quiser bom melão semeie-o na manhã de São João./Quem quiser bom melão, semeia-o na
manhã de São João.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

154. 83São João e São Miguel passado, tanto manda o amo como o criado.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

83 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada João como Miguel.

103
155.Se bem me quer João, suas obras o dirão.3/Se bem me quer João, suas obras me dirão.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

156.Se o vento bailar, em noite de São João, vai tardar o Verão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

157. 84Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

158.Tomar banho antes do São João, leva gente ao caixão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

159.Vai à casa do João Gome, mata um home e come!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Dizse, em Minas, a quem se queixa de fome.

JORGE

160.Contas com o Jorge, Jorge na rua.3/Contas com o Jorge... e o Jorge na rua.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

JOSÉ

161.Em dia de São José, come-se, bebe-se e bate-se o pé./No dia de São José come-se, bebe-se e bate-se
o pé.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

162.És como José da Adriça, quanto vê, quanto cobiça.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

163. 85Tanto faz José como Cazuza.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) É o mesmo, é a mesma coisa...

84 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada João como Pedro.


85 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Cazuza como José.

104
JUDAS

164. 86Judas era branco e vendeu Cristo.5/Judas era branco e vendeu a Cristo.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

165.Mais sofreu seu tio Judas!/Mais sofreu nosso tio Judas!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Modo de ridicularizar o alheio ou o próprio infortúnio.

166. 87Por São Simão e São Judas, colhidas são as uvas.1/Pelo São Simão e São Judas, já colhidas são as
uvas.3/Por São Simão e Judas colhidas estão as uvas.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

LÁZARO

167.Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

LIBÓRIO

168.Cebolório, Senhor Libório.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Ora bolas!

169.Irra, irrório, Senhor Libório!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Exclamação de zanga com alguém.

LOURENÇO

170.Bem te conheço, és de Braga e chamas-te Lourenço.5,6

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de alguém que se está a fazer passar pelo que não é.

86 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Judas como Cristo.


87 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Judas como Simão.

105
171.Dia de São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço./Dia de São Lourenço, vai à vinha enche o
lenço./No dia de São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço./No São Lourenço, vai à vinha e enche o
lenço./Pelo São Lourenço vai à vinha e enche o lenço./Pelo São Lourenço, vai à vinha e enche o
lenço.1/Em dia de São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço; se não achares que vindamar, hás-de
achar que peniscar./Pelo São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço.3/Dia de São Lourenço, vai à
vinha e enche o lenço./Em dia de São Lourenço vai à vinha e enche o lenço.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

172.É de Braga e chama-se Lourenço.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de pessoa esperta.

173.Pelo São Lourenço, os nabais nem nabos nem no lenço.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

LUCAS

174.Aí por São Lucas, bem sabem as uvas./Por São Lucas sabem as uvas./Por São Lucas, sabem as
uvas.1/Aí por São Lucas, bem sabem as uvas.3/Por São Lucas sabem as uvas.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

175.Por São Lucas, mata os teus porcos e tapa as tuas cubas.3/Por São Lucas mata teus porcos e tapa tuas
cubas.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

LÚCIA/LUCÍA

176.Santa Lúcia cresce a noite mingua o dia.3/Santa Lucía cresce a noite mingua o dia.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

LUÍS

177.O Luís tira a caca do nariz.5/Luís, cachaniz, tira a caca do nariz!6

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se a alguém que perdeu uma oportunidade.

106
LUISINHA

178.Isso não, Luisinha!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Significa que não se está de acordo com o afirmado.

LUZIA

179.De Santa Luzia ao Natal um salto de pardal./De Santa Luzia ao Natal um salto de pardal, de Natal a
Janeiro um salto de carneiro.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

180.Em dia de Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia.3/Em dia de Santa Luzia cresce a noite e
mingua o dia.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

181.No dia de Santa Luzia, cresce um palmo cada dia.1/Do Natal a Santa Luzia, cresce um palmo o
dia.3/Do Natal à Santa Luzia cresce um palmo o dia.5/De Natal a Santa Luzia cresce um palmo o
dia.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

182.O que se não faz em dia de Santa Luzia, faz-se no outro dia.3/O que não se faz no dia de Santa
Luzia, faz-se no outro dia./O que não se faz no dia de Santa Luzia, faz-se noutro qualquer dia./O que
não se faz no dia de Santa Luzia faz-se noutro qualquer outro dia./O que se não faz no dia de Santa
Luzia faz-se no outro dia.5/O que se não faz dia de Santa Luzia, faz-se noutro dia.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Provérbio antigo, citado por Simão, personagem central da comédia de
Martins Pena “O Cigano”.

183.Por Santa Luzia igual a noite com dia./Por Santa Luzia igual é a noite ao dia.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

184.Santa Luzia passou por aqui, com seu cavalinho comendo capim. Cavalinho não quis mais capim,
foi no mato, matou uma cobrinha e comeu.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Palavras que se dizem ao esfregar um olho que tenha um argueiro.

107
M

MADALENA

185.Pela Madalena recorre a tua figueira.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

MANCHA

186.Abre a cancha, que vai o Mancha.7


Dicionário Definição
7.Silva (2013) Cedam-me caminho, que aí vou eu.

MANEL

187. 88Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria (Lua)./Em
Maio, iguala o pão com o mato, e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria (Lua).1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

188. 89Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria, o pão com o pato e a erva com o
sargaço.1/Março liga a noite com o dia, o Manuel com a Maria, o pão com o mato e a erva com o
sargaço.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

MANUEL

189.Mau, mau, Manuel!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Designa desagrado.

190.Quem te ouvir cantar, Manuel!6


Dicionário Definição
6.Neves (2000) Quem dera que isso fosse verdade.

88 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Manel como Maria.


89 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Manel como Maria.

108
MAOMÉ

191.Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé.4/Se Maomé não vai à montanha que vá a
montanha a Maomé.5/Se a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha.7
Dicionário Definição
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Significa preferir o simples ao complicado.

MARCOS

192.Por São Marcos, bogas a sacos.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

MARGARIDA

193.Estás com ela, Margarida?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Pergunta retórica dirigida a uma pessoa que repete as suas habituais
lamúrias, amuos, embirrações.

MARIA

194.A acha sai à racha e a Maria à sua mãe.5/A acha sai à racha, Maria à sua tia.6

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de pessoas que se maldizem.

195.A Maria Nabiça, tudo que vê, tudo cobiça.1/Maria nabiça, tudo o que vê cobiça.5/É como a Maria
Nabiça, tudo o que vê tudo cobiça.6

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Dito chistoso sobre alguém que se revela invejoso ou cobiçoso.

196.Bem prega Maria em casa vazia./Governa Maria em casa vazia.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

197. 90Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto empinhado, tibe, vote, Ave
Maria!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

90 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Maria como Messia.

109
198.Chove, chuvisca, água mourisca, filha do rei, Maria Francisca.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

199.Com Deus na frente e a paz na guia, encomendando a Deus e à Virgem Maria.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Fórmula de esconjuro.

200.Dá-o Deus na eira, tolhe-o Maria na masseira.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

201.De dia em dia, casarás Maria./Dia a dia casarás Maria.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

202.Em casa de Maria Parda, uns comem tudo, outros não comem nada.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

203. 91Em Maio iguala o pão com o mato e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria Lua./Em Maio,
iguala o pão com o mato, e a noite com o dia, o Manel (Sol) com a Maria Lua.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

204. 92Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria./Em Março, o pão com o
mato, a noite com o dia e o Pedro com a Maria.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

205. 93Faz Maria, paga Miguel.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

206.Fevereiro faz dia e logo Santa Maria.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

207.Foi a Maria à fonte, teve que contar todo o dia./Foi Maria ao banho, teve que contar todo o ano.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

91 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Maria como Manel.


92 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Maria como Pedro.
93 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Maria como Miguel.

110
208.Há mais Marias na terra./Muitas Marias há na terra.5/Há mais Marias na terra.6/Não há uma só Maria
na terra.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se quando se confunde o nome de uma pessoa com o de outra.
7.Silva (2013) Sem definição.

209.Lá vai Maria entre as outras.4/Lá vai Maria entre as outras./Maria vai com as outras.5

Dicionário Definição
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

210.Lá vai tudo, quanto Maria fiou.3/Lá vai tudo quanto Maria fiou.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

211.Lé com cré, Maria com a sua avó.5/Lé com cré, Maria com o avó.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Cada um deve relacionar- se apenas com pessoas do seu meio social […].

212.Leve o diabo paixões e venha Maria para casa.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

213. 94Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria, o pão com o pato e a erva com o
sargaço.1/Março liga a noite com o dia, o Manuel com a Maria, o pão com o mato e a erva com o
sargaço.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

214.Maria das Dores, saia daqui com seus fedores.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Brincadeira com mulher desse nome.

215.Maria enquanto doba, não fia.3/Maria enquanto doba não fia.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

216.Maria que do alto fia, o fuso lhe cai.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

94 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Maria como Manel.

111
217.Maria que muito monda, nunca pode mondar bem.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

218.Mau, mau, Maria.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Designa desagrado.

219.Meio-dia, panela no fogo, barriga vazia, macaco torrado, que vem da Bahia, fazendo careta pra tia
Maria.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Palavras jocosas ditas ao soar meio-dia.

220.Mês de Maio, mês das flores; mês de Maria, mês dos amores.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

221.Moça é Maria, quando se tosquia.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

222.Não há festa, nem dança onde não vá Maria Constança.3/Não há festa nem dança onde não vá Dona
Constança.6

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de pessoa que aparece em toda a parte.

223.Onde vai Maria, aí fia./Onde vai Maria, aí fica.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

224.O que não se faz no dia de Santa Maria, faz-se no outro dia.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

225.Tem-te (Maria), não caias.6/Tem-te, Maria, não caias.7

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Equilíbrio instável; falta de segurança.
7.Silva (2013) Sem definição.

226.Virgem (Maria)!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

112
MARINHA

227. 95Chuva em Junho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

228.Gavião temporão, Santa Marinha na mão.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

229.Na Santa Marinha vai ver a tua vinha; assim como a achares, assim na vindima./Pela Santa Marinha
vai ver a tua vinha, assim como a achares será a vindima./Pela Santa Marinha, vai ver a tua vinha,
assim como a achares será a vindima./Por Santa Marinha vai ver a tua vinha, e qual a achares, tal
será a vindima./Por Santa Marinha, vai ver a tua vinha, e qual a achares, tal será a vindima.1/Por
Santa Marinha vai ver a tua vinha./Por Santa Marinha vai ver a tua vinha; assim como a achares,
assim na vindima.3/Pela Santa Marinha vai ver a tua vinha; como a achares será a vindima.5/Por
Santa Marinha vai ver a tua vinha, e qual a achares, tal a vindima.7
Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

230.Santa Marinha sempre traz sua cabacinha.1/A Santa Marinha sempre traz a sua cabacinha.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

231. 96Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo São
Miguel.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

MARTA

232.Bem canta Marta, depois de farta.3/Bem canta Marta, depois de farta./Canta Marta depois de farta.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

233.Foi-se tudo o que Marta fiou.6/Foi-se tudo quanto Marta fiou.7

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Perdeu-se tudo; o perjuízo foi total.
7.Silva (2013) Perda total no negócio ou em certo empreendimento. Fracasso.

95 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Marinha como Tiago.


96 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Marinha como Miguel.

113
234.Já lá vai tudo quanto Marta fiou.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Referência aos tempos idos.

235.Lá se foi tudo quando Marta fiou.2/Lá se foi tudo quanto Marta fiou!/Lá vai quanto Marta fiou!7

Dicionário Definição
2.Correia; Teixeira Lá se estragou tudo; lá ficou tudo sem efeito.
(2007)
7.Silva (2013) Perdeu-se tudo que se estava fazendo, tudo que levou muito trabalho e muito
tempo para ser adquirido.

236.Morra Marta, morra farta.3/Morra Marta mas morra farta.5/Morra Marta, mas morra farta.6/ Morra
Marta, (mas) morra farta!7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Vale a pena de aproveitar a vida.
7.Silva (2013) Satisfez a vontade antes de morrer. Exclamação usada para definir a atitude
de quem come em excesso: satisfaça-se a gula, sejam quais forem as
consequências; se não se pode evitar a morte, é preferível morrer com a
barriga cheia.
MARTINHO

237.A cada bacorinho vem o seu São Martinho.3/Cada porco tem seu São Martinho.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

238.Aí por São Martinho, vai ver a tua vinha, tal a acharás, tal será a vindima.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

239.Bebe o teu vinho no São Martinho.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

240.Dia de São Martinho, castanhas e vinho./Dia de São Martinho, come-se castanhas castanhas e bebe-
se vinho./No dia de São Martinho, come-se castanhas e bebe-se bom vinho./No dia de São
Martinho, come-se castanhas e bebe-se bom vinho.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

114
241.Dia de São Martinho, fura o teu pipinho./No dia de São Martinho, abre o pipo e prova o vinho./No
dia de São Martinho, fura o teu pipinho.1/Dia de São Martinho, fura o teu pipinho.3/ Dia de São
Martinho, fura o teu pipinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

242.Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho./Em novembro, São Martinho, lume, castanhas e
vinho./No dia de São Martinho: lume, castanhas e vinho./Novembro, pelo São Martinho, comem-se
as castanhas e prova-se o vinho./Pelo São Martinho, lume, castanhas e vinho.1/Em Novembro, pelo
São Martinho, lume, castanhas e vinho./No São Martinho, lume, castanhas e vinho.3/Dia de São
Martinho, lume, castanhas e vinho.4/Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

243.Dia de São Martinho, vai a adega e prova o vinho./Em novembro, São Martinho, vai à adega e prova
o vinho./No dia de São Martinho, vai à adega e prova o teu vinho./No dia de São Martinho, vai à
adega e prova teu vinho./No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho./Pelo São Martinho
vá à adega e prove o vinho./Pelo São Martinho, vá à adega e prove o vinho.1/No dia de São
Martinho, vai à adega e prova o teu vinho.4/No dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

244.Do São Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o bornal.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

245.Em dia de São Martinho, prova o teu vinho.3/Dia de São Martinho, prova o teu vinho.5/Dia de São
Martinho prova o teu vinho.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) 11 de Novembro, em que, segundo a tradição, se prova o vinho novo.

246.Em dia de São Martinho semeia os teus alhos e prova o teu vinho.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

247.Isso quer Martinho, sopas de vinho.1/Isso quer Martinho: sopas de vinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

115
248.Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho./Pelo São Martinho, deixa a água prò
moinho.1/Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

249.No dia de São Martinho é eleito o homem que bebe mais vinho.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

250.No dia de São Martinho, mata o teu porco e bebe teu vinho./No dia de São Martinho, mata o teu
porco e prova o teu vinho./No dia de São Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa
castanhas e bebe o teu vinho./No São Martinho, mata o porco e barra o vinho./Novembro, pelo São
Martinho, mata teu porco e bebe o teu vinho.1/No dia de São Martinho mata o teu porco e prova o
teu vinho.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

251.Novembro, pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho./Pelo São Martinho semeia o teu
cebolinho./Pelo São Martinho, semeia o teu cebolinho./Por São Martinho, semeia o teu
cebolinho.1/Pelo São Martinho semeia o teu cebolinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

252.Pelo São Martinho abatoca o teu vinho./Pelo São Martinho, abatoca o teu vinho (ou o
pipinho).1/Pelo São Martinho abatoca o teu vinho.3/Pelo São Martinho abatoca o teu vinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

253.Pelo São Martinho mata o teu porquinho./Pelo São Martinho, mata o teu porquinho.1/No dia de São
Martinho, mata o pobre o seu porquinho.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

254.Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho./Pelo São Martinho, mata o teu
porquinho e semeia o teu cebolinho.1/Pelo São Martinho, mata o teu porco e semeia teu
cebolinho.3/Pelo São Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

116
255.Pelo São Martinho, nem nada nem cabacinho.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

256.Pelo São Martinho, prova o teu vinho; ao cabo dum ano, já te não faz dano.1/Pelo São Martinho
prova teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

257.Pelo São Martinho todo o mosto é bom vinho./Pelo São Martinho, todo o mosto é bom vinho./Por
São Martinho, todo o mosto é bom vinho.1/Por São Martinho, todo o mosto é bom vinho.3/Pelo São
Martinho todo o mosto é bom vinho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

258. 97Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

259.Por São Martinho, nem favas nem vinho.1,3,5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

260.Por São Martinho se conhece o vinho.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

261.Por São Martinho, semeia fava e linho./Por São Martinho, semeia favas e linho.1/Por São Martinho
[semeia] fava e linho.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

262.Por São Martinho, semeia o teu trigo, e a velha que o dizia, semeado tinha.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

97 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Martinho como Tiago.

117
263.Queres pasmar o teu vizinho? Lavra e esterca no São Martinho./Se queres pasmar teu vizinho, lavra,
sacha e esterca pelo São Martinho.3/Se queres pasmar teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo São
Martinho.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

264.Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho.3/Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei
pelo São Martinho.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

265.Vindima em Outubro, que São Martinho to dirá.1/Vindima em Outubro que São Martinho to dirá.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

MATEUS

266.Águas verdadeiras, por São Mateus as primeiras.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

267.Chovendo no São Mateus, faz conta das ovelhas que os borregos não são teus./Pelo São Mateus faz
conta às ovelhas, que os borregos são teus.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

268.Dia de São Mateus, vindima, o risudo, semeiam, os sandeus.1/Dia de São Mateus, vindimam os
sisudos, semeiam os sandeus.3/Dia de São Mateus vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.5/Dia
de São Mateus vindima o sisudo, semeiam os sandeus.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

269.Em dia de São Mateus, começam as enxertias.1/Dia de São Mateus começam as enxertias.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

270.Esmolou São Mateus, esmolou para os seus.3/Esmolou São Mateus, esmolou pelos seus.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

118
271.Para boas colheitas, pede bom tempo a Deus nas têmporadas de São Mateus.3/Para boa colheita,
pede bom tempo a Deus, pelas têmporadas de São Mateus.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

272.Para que o ano não vá mal, hão-de os rios encher três vezes entre São Mateus e o Natal.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

273.Pelo São Mateus, pega nos bois e lavra com Deus.3/Pelo São Mateus pega nos bois e lavra com
Deus.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

274.Quando não chove depois de São Mateus é por milagre de Deus.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

275.Quem pariu Mateus que o embalance./Quem pariu Mateus que o embale.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Cada um aguente as consequências dos seus atos.

276.São Mateus, primeiro os teus.3/Mateus, primeiro os meus depois os teus.5/Mateus, primeiro (aos) os
teus.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Cuidemos dos interesses dos nossos e depois dos outros. Lema dos egoístas.

MATIAS

277.Pelo São Matias começam as enxertias./Pelo São Matias, começam as enxertias.1/Dia de São Matias,
começam as enxertias./Em dia de São Matias, começar as enxertias.3/Pelo São Matias começam as
enxertias./Por São Matias fazem-se as enxertias.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

278.Por São Matias noites iguais aos dias.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

119
MENDES

279.Falai no Mendes que à porta o tendes.5/Falar no Mendes e à porta o tendes.7

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Diz-se quando se está a falar de uma pessoa e ela aparece.

MESSIA

280. 98Cavalo de cara branca, homem chamado Messia, muié de quarto empinhado, tibe, vote, Ave
Maria!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

MIGUEL/MIGUÉ

281.Em 29, São Miguel fecha as asas.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

282.Em Outubro, São Miguel festeja tudo.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

283.Em Setembro, São Miguel soalheiro enche o celeiro./São Miguel soalheiro enche o celeiro.1/ São
Miguel soalheiro, enche o celeiro.3/São Miguel soalheiro enche o celeiro.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

284. 99Faz Maria, paga Miguel.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

285.Miguel, Miguel, não tens colmeias e vendes mel.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

286.Nada tem São Miguel com a casa da moeda./Que tem São Miguel com a casa da moeda?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

98 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Messia como Maria.


99 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Miguel como Maria.

120
287.Quem planta no São Miguel, vai à horta quando quer.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

288.Quem se aluga a São Migué, não se senta as vez que qué.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

289.Quem se aluga a São Miguel, não se deita, nem se levanta quando quer.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

290. 100São João e São Miguel passado, tanto manda o amo como o criado.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

291.São Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras; se mais vezes viesses no ano, não estaria eu
com amo.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

292.São Miguel é bom, mas tem o Diabo aos pés.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

293. 101Se queres bem à tua abelinha, cresta pela Santa Marinha; se queres bem ao mel, cresta pelo São
Miguel.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

MOISÉS

294.Burro és, /De quatro pés,/ Comendo capim / Na cachoeira do Moisés.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Réplica a quem chama alguém de burro.

NEVES

295.Morreu o Neves.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Resposta aos alvissareiros retardatários, ao noticiarista atrasado. Refere-se
inapelavelmente ao consumado e não ao aviso inútil de fato acontecido.

100 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Miguel como João.


101 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Miguel como Marinha.

121
NICOLAU

296.Quem apanha a azeitona antes do São Nicolau, deixa o azeite no pau.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

NOÉ

297.É a arca de Noé.2

Dicionário Definição
2.Correia; Teixeira Diz-se, por gracejo, de uma casa onde vive toda a casta de gente.
(2007)

PAULINO

298.Pai Paulino tem olho (e teu pai era zarolho).6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) A mim não me enganas; frase que significa ser-se esperto.

PAULO

299. 102Tão bom é Pedro como Paulo.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de coisa absolutamente certa.

PEDRO

300.Agora que tenho ovelha e borrego, todos me dizem, vem-te embora, Pedro.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

301.Até São Pedro, há o vinho medo./Até São Pedro, tem o vinho medo.1/Até São Pedro, há vinho a
medo.3/Até ao São Pedro tem o vinho medo.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

302.Bem está São Pedro em Roma se ele tem que coma.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

102 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Paulo como Pedro.

122
303.Boas noites, ti Pedro!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Ora, adeus! Diz-se de coisa que não se conseguiu realizar.

304.Burro queimado negro, casa em cima de rego, negro chamado Pedro, deles três eu tenho medo.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

305.Em dia de São Pedro vai à tua oliveira e, se vires um grão, espera um cento./Em dia de São Pedro,
vê o teu «oleredo», e se vires um grão, espera por um cento./Em dia de São Pedro vê o teu
«oleredo» e, se vires um grão, espera por um cento.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

306. 103Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia, e o Pedro com a Maria./Em Março, o pão com o
mato, a noite com o dia e o Pedro com a Maria.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

307.Meu filho Pedro virá barbado, mas nem parido, nem prendado.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

308.Negro só entra no céu por descuido de São Pedro.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

309.Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo.1/Névoa pelo São Pedro, põe em Julho o vinho
a medo.3/Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

310.No dia de São Pedro, vai ver olivedo. Se vires um bago, conta um cento.1/Em dia de São Pedro, vê o
teu olivedo - e se vires um grão, espera por um cento.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

311.Pedro Cem, teve e não tem.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

103 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Pedro como Maria.

123
312. 104Quem deve a Pedro e paga a Gaspar, torne a pagar.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

313.São Pedro tapa o rego.1/Dia de São Pedro, tapa o rego.3/O São Pedro tapa o rego [no tempo das
regas]./São Pedro tapa o rêgo.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

314.Tão bom é Pedro como o seu companheiro.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

315. 105Tão bom é Pedro como Paulo.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Diz-se de coisa absolutamente certa.

316.Tão bom é Pedro, como seu amo.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

317. 106Tarde que cedo, as segadas entre São João e o São Pedro.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

318. 107Vai falar com o Camões (Dom Pedro).6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Mandar embora ou calar.

319.Vai perguntar ao Dom Pedro!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Vai saber isso noutro lado; sabe-se lá!

104 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Pedro como Gaspar.


105 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Pedro como Paulo.
106 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Pedro como João.
107 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Pedro como Camões.

124
Q

QUASÍMODO

320.É feio como Quasímodo!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Diz-se de pessoa muito feia em geral com deformações físicas.

QUINTELA

321.Boa vai ela, Senhor Quintela!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Ora, ora!

RANHETA

322. 108São os três da vida airada: cocó, ranheta e facada.5/Cocó, Ranheta e Facada (os três da vida
airada)./Os três da vida airada (Cocó, Ranheta e Facada).6/Três são os da vida airada: — Cocó,
Ranheta e Facada.7
Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Diz-se de três pessoas que andam sempre juntas.
7.Silva (2013) Sem definição.

RICARDO

323.Tudo bom, Ricardo?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Deve ser dito a primeira pessoa que passar, quando alguém está
importunando.
RITA

324.Vamos, Rita, que o fogo apaga e nós não pita.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Diz-se, em Minas, a indivíduo vagaroso.

ROSA

325.Cantigas, ó Rosa!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Ora, adeus!

108 A seguinte UF colocamos baixo três entradas: Ranheta, Cocó e Facada.

125
326.Coisa, ó Rosa!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Etc.

SALOMÃO

327.De Salomão a ciência / eu trago toda de cor: / pai e mãe é muito bom, / barriga cheia é melhor.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

328.Salomão a morrer, Salomão a aprender.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

SANSÃO

329.Forte era Sansão, mas no fim de contas o amor acabou por vencer.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

SANTIAGO

330.No dia de Santiago, pinta o bago./P´lo Santiago, pinta o bago.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

331.No dia de Santiago, vai à vinha e prova o bago.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

332.Pelo Santiago, cada pinga vale um cruzado.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

SATANÁS

333.Mente desocupada é oficina de Satanás.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

334.Vade retro, Satanás.6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Palavras de Jesus Cristo. Aplicam-se para afastar alguém que faz propostas
tentadoras.

126
SEBASTIÃO

335.Não faças do queijo, barca, nem do pão, São Sebastião./Não faças, do queijo, barca, nem do pão,
São Sebastião.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

336.Por São Sebastião, laranja na mão./São Sebastião, laranja na mão.1/Dia de São Sebastião, laranja na
mão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

SILVESTRE

337.Dia de São Silvestre, quem tem carne, que lhe preste.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

338.Pelo São Silvestre, nem no alho nem na réstea./Pelo São Silvestre, nem no alho nem na réstia.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

339.Por São Silvestre o bacalhau é peste.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

340.Quem vai a São Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe.3/Quem vai a São Silvestre vai
num ano e vem noutro e não se despe.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

341.Valha-nos São Silvestre e a camisa que ele veste.3/Valha-nos São Silvestre e a camisa que ele veste.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

SIMÃO

342.Andar marinheiro, andar, não te apanhe São Simão no mar.3/Andar, marinheiro, andar que não te
apanhe São Simão no mar.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

127
343.Em dia de São Simão, quem não assa um magusto, não é cristão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

344.Em Outubro, São Simão, favas no chão./No São Simão, favas no chão./Pelo São Simão, favas no
chão.1/No São Simão, fava no chão.3/No São Simão, fava no chão./Por São Simão favas no chão.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

345. 109Por São Simão e São Judas, colhidas são as uvas.1/Pelo São Simão e São Judas, já colhidas são as
uvas.3/Por São Simão e Judas colhidas estão as uvas.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

346.Por São Simão semear sim, navegar não./Por São Simão, semear sim, navegar não.1/Por São Simão,
semear sim, navegar não.3

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.

347.São Simão, fava na mão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

SOUBERA

348.São Soubera é santo que nunca valeu a ninguém, pois chega sempre tarde.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

TECLA

349.Santa Tecla tem capelo, venta logo ou chove cedo.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

109 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Simão como Judas.

128
TERESA

350.Teresa põe a mesa com fartura e limpeza.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

THIMÓTHEO

351.Seu Thimótheo, você vai errado!7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

TIAGO

352. 110Chuva em Junho, por Santa Marinha, vem com a cabacinha; por São Tiago traz o canado.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

353.Dia de São Tiago, vai à vinha acharás bago.1/Pelo São Tiago na vinha acharás bago; se não for
maduro será inchado.3/Dia de São Tiago, vai à vinha e acharás bago.7

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

354.Dia de São Tiago, vai à vinha e apanha o bago.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

355.No São Tiago, pinta o bago./Pelo São Tiago pinta o bago.1/Dia de São Tiago, pinta o bago.3/Dia de
São Tiago, pinta o bago./Em São Tiago, tinta o bago.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

356.Pelo São Tiago, cada pinga vale um cruzado.3/Pelo São Tiago cada gota de água vale um cruzado.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

357. 111Pelo São Tiago pinta o bago, pelo São Martinho prova o vinho.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

110 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Tiago como Marinha.


111 A seguinte UF a colocamos tanto baixo a entrada Tiago como Martinho.

129
358.Pelo São Tiago vai à vinha e apalpa o bago.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

TIAGUINHA

359.Santa Tiaguinha sempre traz sua cabacinha.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

TIAGUINHO

360.São Tiaguinho, sempre traz seu cabacinho.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

TOMÁS

361.Bem prega Frei Tomás: façam como ele diz e não como ele faz.3/Bem prega Frei Tomás: fazei o que
ele diz e não o que ele faz.4/Bem prega Frei Tomás; faz o que ele diz e não faças o que ele faz. Bem
prega Frei Tomás; olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

TOMÉ

362.Em dia de São Tomé, favas à terra.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

363.Entre menino e São Tomé, três dias é.3/Entre menino e Tomé três dias é.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

364.Dia de São Tomé, quem não tem porco, mata a muié.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

130
365.No dia de São Tomé pega o teu porco pelo pé; se ele disser: “que é que é” diz-lhe que o tempo é; se
ele disser: “que tal, que tal” guarda-o para o Natal.3/No dia de São Tomé, pega o porco pelo pé; se
ele disser que é, que é, diz-lhe que tempo é; se ele disser que tal, que tal, guarda-o para o Natal.4

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4. Funk; Funk (2008) Sem definição.

366.Por São Tomé, todo o tempo noite é.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

367.Ver para crer, como São Tomé.3,4,5/Ver para crer (como São Tomé).6

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
4.Funk; Funk (2008) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
6.Neves (2000) Só acreditar no que se vê ou está irrefutavelmente provado.

URBÃO

368.Por Santo Urbão gavião na mão.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

369.Por Santo Urbão, o saco na mão.3

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.

VICENTE

370.De São Vicente, nem bois, nem gente.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

371.De São Vicente nem bom vento, nem bom casamento.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

131
372.Por São Vicente, alça a mão da semente.1/Por São Vicente alça a mão da semente.3/Por São Vicente
alça a mão de semente.5

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

373.Por São Vicente, toda a água é quente.3/Dia de São Vicente toda a água é quente.5/Dia de São
Vicente toda a água é quente.7

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.
7.Silva (2013) Sem definição.

374.Se chover em dia de São Vicente, semeia vales e vertentes.1

Dicionário Definição
1.Borges (2005) Sem definição.

WATSON

375.Elementar, meu caro Watson.7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Com esta frase, Sherlock Holmes, o famoso personagem literário do escritor
britânico Arthur Conan Doyle (1859-1930), coroa suas deduções, baseadas
numa lógica implacável.

376.Não sejas Zé-de-gatinhas.5

Dicionário Definição
5.Santos (2000) Sem definição.

377.Zé camaré, deita os gatos à maré, enfiados numa linha, pra tocar a campainha!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Maneira jocosa de responder a quem não gosta que o tratem por «Zé».

378.Zé Nabiça, quanto vê quento cobiça.3/Zé Nabiça, quanto vê quanto cobiça.5

Dicionário Definição
3.Dias (1997) Sem definição.
5.Santos (2000) Sem definição.

132
ZEBEDEU

379.Quem é o pai dos filhos de Zebedeu?7

Dicionário Definição
7.Silva (2013) Sem definição.

ZEFA

380.Anda-me, Zefa!6

Dicionário Definição
6.Neves (2000) Indicação a alguém que está a acertar nas críticas que faz.

133

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