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Cartilha 3 | Novembro de 2021

TRANSTORNOS
ALIMENTARES

SEAP
LAPTO
Serviço de Apoio
Liga Acadêmica de
Psicopedagógico
Psicopatologia
PUCPR
O QUE SÃO TRANSTORNOS
ALIMENTARES?
1 Pesquisa: Camila Albino Bisson
Redação: Emanuella Spezia
Revisão: Giovanna Polo

QUAIS SÃO ELES?


Pesquisa: Maria Eduarda da Rocha Camargo
2 Redação: Raphaela Camargo
Revisão: Maria Eduarda Cordeiro Arruda

UM POUCO DE HISTÓRIA
Pesquisa: Vanessa Knapik Correa da Silva
3 Redação: Maria Fernanda Fernandes
Revisão: Guilherme Corrêa da Silva

QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS


COMUNS?
4 Pesquisa: Luiza Rafaela Selhorst Goveia
Redação: Maria Eduarda Cordeiro Arruda
Revisão: Eduarda Cristine Greca

O QUE CONTRIBUI AO
DESENVOLVIMENTO DO TRANSTORNO?

5 Pesquisa: Luiza Rafaela Selhorst Goveia


índice

Redação: Maria Eduarda Cordeiro Arruda


Revisão: Mariana Lorega Dilay

FATORES DE RISCO/USO DE SUSBTÂNCIAS


Pesquisa: Manuela Gomes Kosinski
6 Redação: Manuela Gomes Kosinski
Revisão: Milena Ísis Coser

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?


Pesquisa: Beatriz Cordeiro Sampaio
7 Redação: Beatriz Cordeiro Sampaio
Revisão: Letícia Angélica Barcarolo

COMO É FEITO O TRATAMENTO?


Pesquisa: Luciana Mendes
8 Redação: Luciana Mendes
Revisão: Giovanna Polo

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Pesquisa: Nathia Caroline Tassi
9 Redação: Nathia Caroline Tassi
Revisão: Giovanna Polo
O QUE SÃO TRANSTORNOS
ALIMENTARES?
1
.......Caracteriza-se por transtorno alimentar (TA), uma
perturbação que apresente frequência e seja persistente
no comportamento alimentar ou na alimentação, sendo
algo que traz prejuízos no consumo e/ou na absorção de
alimentos, além do comprometimento direto na saúde
física e do impacto tanto psíquico quanto quando social do
indivíduo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
.......A principal faixa etária afetada é composta
principalmente por adolescentes e jovens adultos do sexo
feminino, o que causa enorme impacto no aumento das
taxas de morbidade e mortalidade desta população
(NUNES; VASCONCELOS, 2010).
QUAIS SÃO ELES?
2
.......O DSM-V (2014) nos apresenta sete tipos de transtornos
alimentares. Os mesmos não são explicados por condições
gastrointestinais, outras condições médicas ou até mesmo
outros transtornos mentais. Eles são:

Transtorno de ruminação:

Caracterizado por regurgitação repetida de alimento após a


ingestão. Alimentos já deglutidos voltam à boca sem náusea
aparente, ânsia de vômito ou repugnância.

Transtorno alimentar restritivo/evitativo:

Determinado por esquiva ou restrição de ingestão alimentar por


conta de uma sensibilidade extrema à características como
aparência, cor, odor, textura, temperatura ou paladar. Há prejuízo
significativo na satisfação nutricional e/ou ingestão energética
adequada. Não está associado a preocupação excessiva acerca
do peso ou da forma corporal.

Anorexia nervosa:

Envolve restrição de ingestão calórica em relação à necessidade


biológica acarretando peso corporal significativamente baixo
para o contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento
e saúde física. Há um enorme medo de ganho de peso e
comportamento voltado para interferência nesse ganho, mesmo
com peso significativamente baixo. Também pode haver
distorção da imagem corporal e prejuízo na autoavaliação/
reconhecimento do baixo peso corporal. Os subtipos conhecidos
são o restritivo, caracterizado por dietas, jejum e exercício físico
excessivo, e o de compulsão alimentar purgativa, determinado
por vômitos autoinduzidos, uso de laxantes, diuréticos e enemas.
A alternância entre os subtipos não é incomum.
Bulimia nervosa:

Tipificada por episódios de compulsão alimentar, havendo


ingestão de alimento em quantidade excessiva e sensação de
falta de controle. Há ainda comportamentos compensatórios que
visam impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos;
uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos;
jejum; ou exercício em excesso.

Transtorno de compulsão alimentar:

É definido por ingestão de uma quantidade de alimento maior


do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período
sob circunstâncias semelhantes acompanhada de sensação de
falta de controle sobre a ingestão. Além disso, o indivíduo pode
ainda comer mais rapidamente do que o normal, comer até se
sentir desconfortavelmente cheio, comer grandes quantidades
de alimento mesmo com ausência da sensação física de fome,
comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo, sentir-
se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em
seguida. Não há comportamentos compensatórios como na
bulimia nervosa.

Outro transtorno alimentar especificado:

Caracterizado pela presença de sintomas de um transtorno


alimentar, havendo sofrimento ou prejuízo significativo, mas não
satisfazendo os critérios diagnósticos de um dos transtornos já
descritos, por exemplo anorexia nervosa atípica (os critérios para
anorexia são preenchidos, exceto que apesar da perda de peso
significativa, o peso do indivíduo está dentro ou acima da faixa
normal.

Transtorno alimentar não especificado:

Caracterizado pela presença de sintomas de um transtorno


alimentar, havendo sofrimento ou prejuízo significativo, não
satisfazendo os critérios diagnósticos de um dos transtornos já
descritos.
UM POUCO DE HISTÓRIA
3
.......Os transtornos alimentares frequentemente são
atrelados à contemporaneidade, em virtude do forte papel
da mídia na disseminação de padrões estéticos e
comportamentais. Porém, uma revisão histórica permite
evidenciar essas psicopatologias e suas relações com
diferentes épocas e culturas.

Relação entre a cultura e o comportamento alimentar

......É fatídica a necessidade de alimentar-se, pois a


alimentação é fonte de energia, que é essencial para
desempenhar quaisquer atividades, bem como a
manutenção do metabolismo basal (isto é, do simples
funcionamento dos órgãos que constituem o corpo
humano, da sobrevivência). Contudo, além da
autoconservação, a comida adquiriu um papel reforçador
incondicionado na evolução da espécie humana: há uma
sensibilidade biológica atrelada ao prazer de ingerir
alimentos (NETTO, 2002, apud DO VALLE; ELIAS, 2011).
.......De fato, foi com a urbanização e com a industrialização
que suscitaram algumas mudanças em relação com a
comida, a despeito da forma de produção, distribuição e
consumo dos alimentos, para corroborar com o modo de
vida contemporâneo: somos instigados a consumir mais e
em pior qualidade, em virtude das demandas da própria
indústria e da economia que se mantém pela sociedade de
consumo (MATTOS, 2006).
Padrões de beleza e a influência sociocultural na
alimentação

.......O conceito de beleza transformou-se ao longo da


história e, a partir das modificações no conceito de belo
perante determinada sociedade, os padrões estéticos
corporais também variaram. Em todas as culturas é
possível perceber modelos fortemente definidos,
contemplando características que são valorizadas por
determinada razão por aquela comunidade, refletindo
tradições, costumes e também a economia. Nesse âmbito,
em contextos nos quais os alimentos são escassos um
corpo robusto é sinal de poder e opulência, já naqueles
onde há abundância a magreza representa autodisciplina
(OLIVEIRA; HUTZ, 2010).
.......Percebe-se, portanto, que hábitos e práticas
alimentares são construídos pautados em determinações
socioculturais. Além de implicarem questões inerentes à
disponibilidade alimentar, os modelos de beleza também
sinalizam distinções sociais, ou seja, marcam diferenças
acerca do posicionamento individual em relação ao grupo
na estrutura de classes sociais (CARRETEIRO, 2005, apud
OLIVEIRA; HUTZ, 2010). Afinal, a relação com o alimento
ultrapassa as questões biológicas e envolve fatores
culturais, desde o contexto sócio-histórico de uma
comunidade, às questões familiares, abarcando aspectos
transgeracionais.
.......Nos anos 80 houve um aumento no mercado
relacionado às dietas e exercícios para a manutenção
estética, como o uso de aparelhos de suplementos e
aparelhos de musculação (SOUTO, 2002, apud SOUTO;
FERRO-BUCHER, 2006). Durante as últimas décadas
aponta-se a diminuição da massa corporal das mulheres
expostas na mídia, coincidindo com aumento
na prevalência de transtornos alimentares
na população feminina (STICE et al., 1994,
apud DO VALLE; ELIAS, 2011). Essas informa-
ções sinalizam relações entre as mudanças
sociais e a incidência de transtornos alimentares.
Curiosidades históricas

.......Durante a Idade Média, a visão de mundo era


fortemente pautada em valores religiosos, especialmente
da Igreja Católica. Tendo isso em vista, práticas de jejum
eram compreendidas ou como estados de possessão
demoníaca ou como milagres divinos. Em 1689 a anorexia
aparece como uma patologia, descrita por um médico
como uma doença consumptiva de origem nervosa. Apenas
na segunda metade do século XIX essa doença é posta
como uma síndrome psiquiátrica independente.
.......Além disso, métodos purgativos também eram
populares na Idade Média - já o termo bulimia deriva da
Antiguidade, tendo origem grega: “bous” (boi) e “limos”
(fome), designando um apetite grande a ponto de um
humano ser capaz de comer um boi, ou quase (CORDÁS;
CLAUDINO, 2002).
QUAIS SÃO OS SINTOMAS
4 MAIS COMUNS?
Alguns transtornos alimentares, juntamente com seus
sintomas mais comuns são:

Transtorno Pica:
Ingestão de substâncias não nutritivas (como gelo, argila,
terra ou papel), durante no mínimo 1 mês, como: gelo, argila,
terra ou papel (APA, 2014). Seus sintomas podem estar
diretamente relacionados com implicações ao sistema
digestivo e com severas intoxicações, dependendo do que é
inserido (APPOLINÁRIO, 2000).

Transtorno de Ruminação:
É a regurgitação repetida de alimentos, ou seja, há o retorno
do alimento digerido à boca, devido a contrações
involuntárias dos músculos do abdômen (APA, 2014). Sendo
alguns de seus sintomas, e complicações, a perda de peso,
desnutrição, desidratação, entre outros (APPOLINÁRIO,
2000).

Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE):


É caracterizado por perturbações alimentares persistentes,
as quais causam perda de peso significativa, deficiência
nutricional significativa, falta de interesse na alimentação,
esquiva com base nas características sensoriais do alimento
(APA, 2014).
Anorexia:
A preocupação excessiva com o peso e com o que come, a
distorção da imagem corporal e o medo patológico de
engordar. A fadiga, queda de cabelo, dor abdominal,
constipação, intolerância ao frio, gastrite, descamação e pele
seca, anemia, alterações endócrinas, entre outros, também
são sintomas comuns. (CARMO, PEREIRA, CÂNDIDO, 2021;
APPOLINÁRIO, 2000)

Bulimia:
É marcado pela grande quantidade de ingestão alimentar,
associado ao descontrole sobre o comportamento alimentar,
aos quais levam a comportamentos compensatórios para
evitar o ganho de peso, como provocar o próprio vômito,
excesso de exercícios físicos ou jejum. Com alguns sintomas
como: garganta inflamada, erosão do esmalte dentário,
problemas nas glândulas salivares, entre outros. (CARMO,
PEREIRA, CÂNDIDO, 2021; APPOLINÁRIO, 2000)

Os sintomas dos Transtornos Alimentares


costumam aparecer na adolescência/puberdade
e com maior tendência para o sexo feminino. É
importante salientar que, em geral, os indivíduos
não admitem estar doentes e não relatam
espontaneamente seus sintomas. Cabe ao
profissional estar atento (APA, 2014).
O QUE CONTRIBUI PARA O
DESENVOLVIMENTO DO
5 TRANSTORNO?
.......O desenvolvimento dos transtornos alimentares é
multifatorial, ou seja, englobam fatores biológicos,
psicológicos, socioculturais e familiares. Pensando
especificamente no fator sociocultural, os padrões estéticos
estabelecidos por determinada cultura são muito
influentes, como a supervalorização do corpo magro, por
exemplo. Tal influência pode gerar dietas restritivas,
consumo alimentar descontrolado, jejuns prolongados,
entre outros.
.......Além disso, a imagem corporal que a pessoa tem de si
mesma é incoerente e distorcida à realidade, sendo
observados alguns aspectos da personalidade como
ansiedade interpessoal, baixa autoestima, traços obsessivos
e perfeccionismo.

G E N É T I C A
A M B I E N T E
P E R S O N A L I D A D E . . .
*Há fatores internos e externos correlacionados, mas não
determinantes, ao desenvolvimento e curso dos transtornos.
FATORES DE RISCO
6
......Os distúrbios alimentares têm uma maior ocorrência em
adolescentes e adultos jovens do sexo feminino (MAZZAIA;
SANTOS, 2018). A anorexia nervosa se inicia geralmente na
infância ou adolescência, a partir de dietas progressivas e
alteração da imagem corporal. Já a bulimia nervosa, tem
maior incidência entre 17 e 23 anos em mulheres, e 20 a 25
anos em homens, iniciando com comportamento alimentar
não usual e compulsivo.
......Segundo Nunes, Santos e Souza (2017), entre os
principais fatores de risco para transtornos alimentares (TA)
estão a insatisfação e distorção da imagem corporal,
pessoas do sexo feminino, estudantes de nutrição e
educação física, exposição a um ambiente universitário
estressante, sobrepeso, obesidade, cultura familiar, idade,
contato com experiências alimentares inadequadas,
supervalorização do peso e práticas incorretas de controle
do peso. Desse modo, o contexto no qual o indivíduo se
insere e sua personalidade também são considerados
fatores de risco para os TA (SANTOS et al, 2020).
......Algumas profissões também são mais suscetíveis ao
desenvolvimento de tais transtornos, a exemplo de
modelos, atletas e nutricionistas (FIATES; SALLES, 2001).
Outro fator de risco está associado a pessoas que buscam
estas áreas de estudo justamente por sua preocupação com
a imagem corporal (FIATES; SALLES, 2001). Além disso,
pesquisas também têm demonstrado que alunos de
nutrição estão mais sujeitos a insuficiências ou excessos
nutricionais (FIATES; SALLES, 2001).
......O consumo de formulações emagrecedoras também está
associado a presença de risco pata TA, assim como níveis
socioeconômicos, principalmente para a classe de renda C
(SILVA et al., 2018). Finalmente, a frequência do uso de
álcool e a prevalência dos casos de abuso e dependência é
alta entre pacientes com transtornos alimentares,
__________
principalmente entre sujeitos diagnosticados com bulimia
nervosa (PONCE et al., 2011). Essa relação também tem sido
encontrada entre sujeitos saudáveis que têm uma forte
restrição sobre a dieta alimentar, uma vez que este é um
dos principais sintomas e fatores de risco para os
transtornos alimentares.

Fatores de risco:
Insatisfação e distorção da imagem corporal;
Sexo feminino;
Ambiente universitário estressante;
Sobrepeso e obesidade;
Idade;
Cultura familiar;
Contato com experiências alimentares inadequadas;
Supervalorização do peso;
Práticas incorretas de controle do peso (NUNES, SANTOS,
SOUZA, 2017).
COMO É FEITO O
7 DIAGNÓSTICO?
......O diagnóstico dos transtornos alimentares é diferente
para cada transtorno. Então, são 7 principais transtornos
que serão discorridos: Pica, Ruminação, Transtorno
Alimentar Restritivo/Evitativo, Anorexia Nervosa, Bulimia
Nervosa, Transtorno de Compulsão Alimentar e Outro
Transtorno Alimentar Especificado (APA, 2014).

Pica

A) Necessário apresentar, durante no mínimo um mês,


ingestão contínua de substâncias não nutritivas e não
alimentares;
B) Essa ingestão de substâncias é inapropriada de acordo
com o estágio de desenvolvimento do indivíduo;
C) O comportamento alimentar apresentado não é prática
representativa aceita de sua cultura.

Ruminação

A) Necessário apresentar regurgitação repetida de alimento


(remastigar, deglutir novamente ou cuspir) durante um
período mínimo de um mês;
B) A regurgitação não é associada a uma condição médica
ou condição gastrointestinal;
C) A perturbação alimentar não é somente realizada
durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa,
transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar
restritivo/evitativo.
Anorexia Nervosa

A) O indivíduo restringe-se à ingestão calórica, inclusive


para a necessidade biológica. O peso corporal é
consideravelmente baixo em relação à idade, gênero, saúde
física e processo de desenvolvimento. Dessa forma, o peso é
inferior ao peso mínimo regular do que o indivíduo
normalmente apresentaria de acordo com os seus atributos
pessoais;
B) O indivíduo tem medo excessivo de ganhar peso ou
apresenta um comportamento persistente que intervém no
aumento do peso (mesmo que este apresente um peso
significativamente baixo);
C) Perturba-se na expressão da forma corporal e do próprio
peso em sua vida, influência indevida da forma corporal
para sua autoavaliação e não apresenta reconhecimento da
gravidade do seu quadro.

Bulimia Nervosa

A) O indivíduo apresenta episódios recorrentes de


compulsão alimentar. Eles são caracterizados por maiores
ingestões de quantidade de alimentos do que o indivíduo
consumiria em um período de tempo determinado.
Também existe a sensação de falta de controle sobre sua
ingestão e não conseguir parar de comer;
B) Comportamentos dirigidos à finalidade de impedir o
ganho de peso como vômitos autoinduzidos; uso
imprudente de laxantes; diuréticos ou outros
medicamentos; jejum; ou exercício em excesso;
C) No mínimo uma vez por semana
durante três meses, ocorrem episódios de
compulsão alimentar e comportamentos
compensatórios inapropriados;
D) Sua autoavaliação é influenciada
indevidamente pela forma e peso
corporal;
E) A perturbação não ocorre somente
durante episódios de anorexia nervosa.
Transtorno de Compulsão Alimentar

A) O indivíduo apresenta episódios recorrentes de


compulsão alimentar. Eles são caracterizados por maiores
ingestões de quantidade de alimentos do que o indivíduo
consumiria em um período de tempo determinado.
Também existe a sensação de falta de controle sobre sua
ingestão e não conseguir parar de comer.
B) Os episódios de compulsão têm as seguintes
características: O indivíduo come mais rapidamente que o
normal; come até se sentir desconfortavelmente cheio;
comer até na ausência da sensação de física de fome;
comer sozinho por vergonha de outros verem o quanto está
consumindo; sentir-se desgostoso e culpado consigo
mesmo, além de deprimido.
C) Sofrimento significativo por conta da compulsão
alimentar.
D) Os episódios de compulsão ocorrem, em médio, pelo
menos uma vez por semana durante três meses.
E) Não se associa ao uso recorrente de comportamentos
compensatórios inapropriados e não ocorre somente no
curso de bulimia nervosa ou anorexia nervosa.

Outro Transtorno Alimentar Especificado

Esta categoria aplica-se para apresentações de sintomas


característicos dos transtornos alimentares, os quais
apresentam sofrimentos significativos, mas não satisfazem
todos os critérios como: Anorexia nervosa atípica (não
apresenta baixo peso); Bulimia nervosa (de baixa frequência
e/ou duração limitada); Transtorno de compulsão alimentar
(de baixa frequência e/ou duração limitada); Transtornos de
purgação (comportamentos compensatórios inapropriados
na ausência de compulsão alimentar) e Síndrome do comer
noturno (Episódios de ingestão noturna em excesso).
COMO É FEITO O
8 TRATAMENTO?
......É essencial iniciar o tratamento dos transtornos
alimentares o quanto antes. É bastante difícil para a própria
pessoa compreender que há um quadro a ser tratado,
portanto a observação feita pelos familiares e amigos é
muito importante. É preciso derrubar o tabu acerca dos
transtornos, além de ter a compreensão de que não é uma
escolha do paciente manter o quadro por vontade própria -
como, infelizmente, algumas pessoas ainda acreditam.
......Tanto a anorexia quanto a bulimia são desordens mais
comuns em mulheres jovens - sobretudo em adolescentes -,
porém podem atingir também homens e mulheres em
todas as faixas etárias.
......O tratamento é realizado a partir de uma investigação
clínica individual, e varia conforme a gravidade do quadro, o
histórico do paciente e há quanto tempo os sintomas estão
presentes. O psicólogo e o nutricionista são profissionais
essenciais nesse momento, tanto atuando na
ressignificação da relação do paciente com seu corpo
quanto em uma reeducação alimentar equilibrada.

......“Os transtornos alimentares têm origem multifatorial que


......envolvem questões genéticas, socioculturais, psíquicas etc. Assim,
......é necessário um tratamento multidisciplinar com médico clínico
......e/ou psiquiatra, nutricionista e psicóloga. Sem o tratamento
......psicológico, não há a superação dos fatores que levaram ao
......desenvolvimento do transtorno, há também uma menor adesão ao
......tratamento”, explica a psicóloga paulistana Letícia Tressino Santos.
......(VIGILANTES DO PESO, Online)

......Os familiares também recebem orientações sobre como


cuidar da pessoa em tratamento, agindo em conjunto com
a equipe médica, em busca de uma melhor qualidade de
vida para o paciente. Os transtornos alimentares podem
impactar seriamente na saúde do organismo, portanto
precisam de tratamento adequado e humanizado.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
9
.......Cabe, ainda, ressaltar que os transtornos alimentares são
permeados por vários mitos e concepções culturais/sociais
que não retratam a realidade. Com o objetivo de
desmistificar e trazer conhecimento de forma simples e
direta, a Academy for Eating Disorders [2020] produziu um
flyer com “Os nove fatos sobre Transtornos Alimentares”,
que são:

1. Muitas pessoas com transtornos alimentares aparentam


estar saudáveis ainda que estejam extremamente
doentes.
2. A família não tem culpa, e podem ser pacientes e
grandes aliados no tratamento.
3. Um diagnóstico de transtorno alimentar é uma crise
que perturba o funcionamento pessoal e familiar.
4. Os transtornos alimentares não são uma escolha, mas
doenças graves geneticamente influenciadas.
5. Os transtornos alimentares afetam pessoas de todos os
gêneros, idades, raças, etnias, formas corporais e pesos,
orientações sexuais e status socioeconômicos.
6. Os transtornos alimentares podem aumentar o risco de
suicídio e complicações médicas.
7. Genes e fatores ambientais desempenham papéis
importantes no desenvolvimento de transtornos
alimentares.
8. Genes sozinhos não predispõem quem irá desenvolver
transtornos alimentares.
9. A recuperação completa de um transtorno alimentar é
possível. Identificação precoce e intervenção são
importantes.

Como exposto no item 2, a família cumpre um papel de


fundamental importância no tratamento do indivíduo,
servindo de alicerce para uma jornada árdua e não-linear,
___
com possíveis recaídas. Para isso, de acordo com a
Associação Brasileira de Transtornos Alimentares [2020],
material adaptado de The Willough HealthCare System [ca.
2020] algumas atitudes do familiar podem auxiliar e
minimizar o sofrimento enfrentado, como demonstrar:
sensibilidade frente às dificuldades, preocupação e postura
firme; bem como, não desvalorizar os comportamentos que
envolvam o alimento, por exemplo, “é só comer”; não expor
o TA sem a devida autorização, e buscar sempre estimular
as relações sociais saudáveis, uma rede de suporte com
pessoas que a ame e compreenda é de suma importância
para uma recuperação completa.
REFERÊNCIAS
ACADEMY FOR EATING DISORDERS. Nine truths about eating
disorders. Tradução de Nathia Caroline Tassi. [S. l.], [2020].
Disponível em: https://www.aedweb.org/publications/nine-truths.
Acesso em: 12 nov. 2021.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES.


Como a família pode ajudar um familiar com transtorno
alimentar. [S. l.], [ca. 2020]. Disponível em: http://astralbr.org/wp-
content/uploads/2020/08/astral_fam%C3%ADlia.pdf. Acesso em:
27 nov. 2021.

APPOLINÁRIO, José Carlos & CLAUDINO, Angélica M. Transtornos


alimentares. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2000, v. 22,
pp. 28-31. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbp/a/P6XZkzr5nTjmdVBTYyJVZPD/>.
Acesso em: 18 de nov. de 2021.

CARMO, C. C., PEREIRA, P. M. L., CÂNDIDO, A. P. C. Transtornos


Alimentares: uma revisão dos aspectos etiológicos e das
principais complicações clínicas. HU Revista, Juiz de Fora, v. 40, n.
3 e 4, p. 173-181, jul./dez. 2014. Disponível em: <
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/09/1845/2439-13557-1-
pb.pdf> Acesso em: 11 nov. 2021

CORDÁS, Táki Athanássios; CLAUDINO, Angélica de Medeiros.


Transtornos alimentares: fundamentos históricos. Brazilian
Journal of Psychiatry, v. 24, p. 03-06, 2002.

DO VALE, Antonio Maia Olsen; ELIAS, Liana Rosa. Transtornos


alimentares: uma perspectiva analítico-comportamental. Revista
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FERREIRA, T. D. Transtornos alimentares: principais sintomas e


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FIATES, G.M.R.; SALLES R.K. Fatores De Risco Para O
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NUNES, L. G.; SANTOS, M. C. S.; SOUZA, A. A. Fatores de risco


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Disponível em:
https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2629.
Acesso em: 24 nov. 2021.

NUNES, Arlene Leite; VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes


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Cartilha 2 - Transtornos de
@lapto.pucpr
Aprendizagem

Coordenação docente:
Dra. Cláudia Lucia Menegatti.

Organização:
Daniela Coelho Zys;
Francesca Ferraz de Paola;
Maria Fernanda Fernandes.

Diagramação:
Maria Fernanda Fernandes.

SEAP
LAPTO
Serviço de Apoio
Liga Acadêmica de
Psicopedagógico
Psicopatologia
PUCPR

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