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ROTEIRO TÉCNICO

ESPELHO CULTURAL: UMA WEBSÉRIE SOBRE REPRESENTATIVIDADE

NEGRA NA TELENOVELA BRASILEIRA

EPISÓDIO 01: A MAMMY DA BAHIA BRANCA

cena 01- sala de fotografia/uneb – interna

O primeiro episódio traz em destaque duas situações da novela Segundo

Sol: a narrativa da mãe preta e o fato dá novela ter sido ambientada na Bahia e

não haver protagonismo negro. Na primeira narrativa vemos que Zefa (Claudia di

Moura) é uma empregada muito querida por todos da família, que nutre um

sentimento de cuidado e carinho pelos patrões e pelos seus. Zefa retrata dois

estereótipos que Joelzito Araujo define em A Negação do Brasil: o negro na

telenovela (2000), a mãe negra da literatura e do teatro brasileiro e a mammy

do cinema norte americano. A personagem de Claudia nos remete a famosa tia

Nastácia1 de Monteiro Lobato, atribuída ao apelido pejorativo de negra de

estimação. A segunda narrativa destaca uma Bahia embranquecida na novela,

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que invisibiliza atores e atrizes negros do estado. E ainda segundo o diretor João

Emanuel Carneiro possíveis personagens negros para composição de elenco

estavam ocupados em outros trabalhos.

Jamila falará sobre como se sente em consumir uma novaela ambientada na

Bahia que não apresenta uma presença significativa de personagens negros na

trama e como vê o fato de um ator branco, ao invés de um ator negro, ser

cotado para representar um personagem baiano.

Também comentará sobre o estereótipo relacionado a mãe preta da personagem

Zefa e como isso contribui na construção do imaginário social.

Capítulo 8 – 41:40’- 45:46’

Capítulo 18- 27:20’ - 30’

Trailer da novela

EPISÓDIO 02: QUEM TEM A COR DO PECADO?

cena 02 – sala de fotografia/uneb

DA COR DO PECADO
No segundo episódio destacamos alguns elementos típicos de estereótipos

racistas presentes na novela Da cor do Pecado: a hipersexualização da mulher

negra visto na abertura, e por útimo, a relação interracial dos casais protagonista

Preta (Taís Araujo) e Paco (Reinaldo Gianecchini), um tipo de estereótipo que

invisibiliza a afetividade de casais afrocentrados.

Vamos iniciar a nossa reflexão pelo título “Da Cor do Pecado”, que nos dá

margem para levantar algumas hipóteses. A primeira é uma indagação do por que

deste título no momento em que pela primeira na emissora depois de muitos

anos, estava estreando uma atriz negra como personagem principal, sendo este o

primeiro papel como protagonista da atriz Taís Araújo. Isso foi um acontecimento

bastante esperado e comentado, por atender a um desejo de milhões de

telespectadores negros que almejavam se ver representado na teledramaturgia,

bem como o tema étnico racial que seria abordado na novela. Outro fator

emergente é a questão da relação interracial da mulher negra que se relaciona

com o mocinho de pele branca e rico, o que reforça o estereótipo de que

pessoas negras não podem ter relação afetiva entre si. Por fim, nota-se a

questão da classe social, em que pessoas negras sempre são retratadas como

pessoas pobres, sem uma história aprofundada, e que só tem destaque em

função de um personagem branco.

Com base na abertura da novela e a música tema, Jamila falará sobre a

objetificação do corpo negro e essa relação que está atribuída à cor negra ser
a cor do pecado. A partir da primeira leitura que teve da novela em 2004, a

entrevistada fará uma releitura a respeito da personagem Preta e da relevância

que a novela teve ou não na época. Ainda neste episódio será comentado

acerca da relação interracial vivenciada por Preta e de como isso reflete nas

vivências de pessoas negras que assimilam a novela como uma reprodução do

real.

EPISÓDIO 03: CADÊ A REPRESENTATIVIDADE?

cena 03 – sala de fotografia/uneb – interna

VIVER A VIDA

A novela de Manuel Carlos traz a primeira Helena negra em horário nobre

e a mais criticada por não atender a expectativa do público negro em trazer a

tona o debate racial. As Helenas anteriores do autor, são reconhecidas por serem

heroínas maternas, bem sucedidas, maduras, mulheres fortes, classe média e

todas interpretadas por atrizes brancas. A Helena vivida por Taís Araujo foi um

fracasso devido a uma narrativa pobre, em que a personagem apresentou

atributos de submissão, antipatia e elitismo, ocasionando a desaprovação pelo

público.
O principal objeto de análise desse episódio é a cena protagonizada por

Taís Araujo (Helena) e Lilian Cabral (Tereza), em que as duas discutem por

conta de um acidente sofrido pela filha de Tereza, no qual esta responsabiliza

Helena. Ainda nesta cena, Helena se ajoelha pedindo perdão e recebe uma

bofetada na cara, sem qualquer poder de reação. Essa cena gerou revolta entre

os telespectadores e o movimento negro, por ter sido exibida no dia internacional

da consciência negra, uma data com valor histórico que traz à tona o debate

racial como um tema urgente no país, considerando o longo tempo de escravidão

que os negros viveram no Brasil. Viver a vida foi uma trama de Emanuel Carlos

que teve a oportunidade de apresentar a primeira Helena negra como uma

mulher forte, empoderada e com uma história solida, diferente do que se foi visto,

uma atriz negra interpretando um papel como se fosse uma branca, sem um

componente racial que a sustentasse, ela perde o protagonismo e torna-se uma

coadjuvante.

No terceiro episódio da série, Jamila comentará a cena de humilhação e

dirá o que deu errado com a Helena de Taís Araújo, salientando a importância

do empoderamento de pessoas negras para saírem da condição de submissão

e a necessidade de se introduzir e discutir pautas raciais na teledramaturgia.

EPISÓDIO 04: ASCENÇÃO DAS “EMPREGUETES”


cena – 04 - auditório / uneb – interna

CHEIAS DE CHARME

Cheias de Charme aponta a questão social das empregadas domesticas,

na qual retrata três mulheres pobres e trabalhadoras, que ascendem socialmente

e se tornam cantoras famosas. A princípio, a novela não atribui às empregadas

estereótipos que geralmente são reforçados, mas sim trazer a tona a uma

categoria marcada pela exploração do trabalho. A novela de Isabella Oliveira e

Filipe Miguez traz à tona a realidade de milhares de mães brasileiras, que

acordam cedo para trabalhar e garantir o sustento da família. É visível através da

base socioeconômica do Brasil que a classe trabalhadora domestica é formada

majoritariamente por mulheres negras. Um ponto que destacamos como analise, é

o fato da novela trazer duas protagonistas brancas, Maria do Rosário (Leandra

Leal) e Maria Aparecida (Isabelle Drummond), e apenas uma negra, Maria da

Penha (Taís Araújo). A novela trouxe um debate social que deu visibilidade as

reivindicações de uma categoria desfavorecida, em um momento em que elas

precisavam ser ouvidas.


Jamila fala da representação das domesticas na novela, em especial Maria da

Penha, que das três era a única negra, mãe, que sustentava o marido e a casa.

E com base na história de Penha, comenta também o fato de não ter três

empregadas negras como protagonista, já que essa classe é composta por

mulheres negras em sua maioria. Por fim, a entrevistada fala a respeito da atriz

Taís Araújo ser uma das atrizes mais cotadas quando se tem outras atrizes

negras para dar vida a personagens.

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