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Curso integrado de Eletromecânica

Campus Macaé.

Suelen Melo Daminelli

A NOSSA HERANÇA ESCRAVOCRATA NA SOCIEDADE

BRASILEIRA ATUAL A PARTIR DE UMA PESPECTIVA HISTÓRICA: Por


que tanta desigualdade?

Macaé - RJ

Agosto-2022
Atualmente, observa-se que o pensamento escravocrata de séculos atrás ainda está
concretizado na nossa sociedade brasileira e consequentemente seus respectivos
resultados negativos.

No conto "Pai contra Mãe" podemos ver um retrato do período da escravidão no


Brasil, logo no início do texto, Machado de Assis relata os diferentes métodos usados
pelos senhores de escravos para "educá-los" de seus "vícios" e relata a dura realidade
que era para os escravos fugirem de seus locais de trabalho forçado.

Podemos notar que usa muita das vezes um tom meio irônico e sátira para mostrar
a dura realidade dos escravos e tentar "amenizar" um pouco a realidade que era naquela
época.

Podemos ver o quanto o ser humano só pensa em si mesmo no conto, que relata a
história de um pai branco e uma mãe negra, o pai desempregado decidiu ir capturar
escravos, certamente um dia quase sendo despachado por não pagar o aluguel estava
andando na rua com o seu filho para entrega-lo a adoção quando viu uma escrava
valiosa, ele foi abordá-la para entregar ao seu “dono” e a mulher fugitiva estava grávida
e provavelmente fugiu afim de entregar uma vida melhor para seu filho.

A escrava tentou várias vezes lutar com Cândido, ao lutar para tentar fugir, sofre
um aborto espontâneo. Assim, Cândido consegue o dinheiro e leva seu filho para casa,
enquanto Arminda conforma-se com sua perda.

Machado de Assis narra, de modo perspicaz, a realidade do Brasil Império,


destacando a vantagem que pessoas brancas possuem em detrimento de pessoas negras.
Entretanto, essa realidade reflete-se até hoje. Há uma fala muito marcante de Cândido
no final do conto, na qual explica para Clara que “nem todas as crianças vingam”. Essa
fala marcou muito minha leitura, pois, ao justificar sua ação dizendo que algumas
crianças não sobrevivem, normaliza-se o fato que, devido à estrutura escravista e racista
que perdura até hoje, poucas crianças negras “vingam”

Machado plantou essa dúvida a fim de criticar tanto o regime capitalista quanto o
escravista, ilustrando Cândido como vítima do primeiro, Arminda e o filho como
vítimas do segundo. Esse inteligente manejo de críticas e reflexões foi uma ideia genial
afim de questionar esses sistemas. Foi um grande ato de resistência de Machado,
principalmente se considerarmos que ele foi escrito em uma época tão problemática.
Na nossa sociedade brasileira na época da escravidão, os negros eram vistos como
seres de "raça inferior" até mesmo após a abolição da escravidão em 1888, esse
pensamento continuou e está infelizmente enraizado em nossa sociedade, obviamente
que diminuiu drasticamente essa visão, porém ainda á nítido o preconceito em várias
questões sociais.

Podemos reforçar que ainda existe pelo fato de os negros ganharem menos que os
brancos e possuírem a mesma capacitação ou até mais, trabalhos braçais geralmente
encontram-se negros, pelas consequências da melanina, estava parando para pensar e
em todas as obras que tiveram na minha casa, se teve dois pedreiros ou ajudantes
brancos foi muito, então são coisas que querendo ou não já está formado na nossa
sociedade e o quão gravemente esse pensamento racista afeta a vida dos negros.

No filme "Quanto Vale ou é por Quilo" de Sérgio Biachi que é justamente a


adaptação do conto “Pai Contra Mãe” lançado em 2005 nos traz justamente o
conhecimento do que permanece e do que mudou-se nos dias atuais.

A escrava no filme, foi condenada por invadir a propriedade do senhor feudal


branco querendo reivindicar o seu direito que era o seu escravo que tinha sido roubado
dela, e foi acusada de estar fazendo uma algazarra na propriedade alheia.

Muita das vezes as permanências históricas ainda continuam, pois entre um


homem branco, com dinheiro e poder aquisitivo e uma mulher negra, ex escrava liberta,
reivindicando os seus direitos querendo ou não a sociedade sempre acredita no lado do
homem e nunca no da mulher, e atualmente isso ainda acontece em nossa sociedade.

“Um deles era o ferro no pescoço, outro ferro ao pé, havia também a máscara de
folha de flandres, a máscara fazia perder o visto de embriagues aos escravos, por
destapar boca, tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás
da cabeça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar porque
era geralmente dos vinténs do senhor que eles tiravam com o que matar a sede, e aí
ficavam dois pecados extintos, a sobriedade e a honestidade certas”

Queria ressaltar essa parte do filme onde diz que os escravos eram amarrados na
cabeça para que ele não bebesse, não comesse, para que o seu rosto não fosse visto e
para lhe servir também de vergonha perante as outras pessoas.
O filme “Quanto Vale ou é Por Quilo” traz uma grande ressalva e uma grande
crítica a algumas ONGs que utilizam a miséria das pessoas para lucrar. Essas ONGs
retratadas no filme, trazem a ideia de que o super-fatoração faz com que a pessoa lucre
bastante, que é a corrupção.

Além das ONGs o filme também faz uma crítica a responsabilidade social de
algumas empresas que muitas vezes fazem uma campanha pensando no lucro e em
aumentar a venda de seus produtos.

A música “FAVELÁFRICA” também aborta o tema sobre a escravidão. “Certa


noite ouvi gritos, estridentes e dolorosos Os gritos eram de tamanha dor, e tortura Que
me aproximei, daquela triste e bela mulher negra E perguntei o que havia. Ela cheia de
dor, mágoa e tristeza, respondia: Lá vem ele! Lá vem ele! Lá vem ele! Lá vem ele! Não
compreendendo, perguntei: Ele quem? Ele quem?” e a escrava citou vários adjetivos
ruins para o seu “dono”.

Essa música tem uma letra muito pesada e que infelizmente condiz com a
realidade daquela época e com a nossa atualmente. No trecho: “O racismo não passa, é
tudo fachada É jogada armada É tapa na cara, da nossa raça O corpo na vala, a rota que
passa, polícia que mata Mais um preto arrasta, o capitão lá da mata Do branco a risada,
racista piada É mesmo uma praga, para mim isso basta” diz exatamente que
infelizmente o racismo ainda não saiu da nossa sociedade, e às vezes praticamos um ato
racista sem ao menos perceber.

“Assim ele dizia, o chicote a chibata descia” diz a respeito em que muita das vezes
o negro não tem poder de voz, não decide por si só e qualquer coisa que se dizia errada
na perspectiva do seu dono, recebia um castigo que era as chicotadas como se fosse um
animal.

Entretanto, é notável que tanto o conto de Machado quanto o filme e a música


abordam o mesmo tema e o quanto esse preconceito ainda está enraizado em nossa
sociedade.
BIBLIOGRAFIA:

-LEITURA: MACHADO DE ASSIS, J.M. Pai contra Mãe.Arquivo

-Filme: QUANTO VALE OU É POR QUILO (2005), de Sérgio BiachiURL

-Música "FavelÁfrica"

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