pelas autoridades policiais; Cândido Neves captura Arminda para receber a MACHADO DE ASSIS gratificação, e com isso salvar seu filho. Ambas as atitudes têm a mesma Análise das obras UFU motivação, mas uma é considerada Prof. Dr. Bruno Malavolta certa e outra errada segundo a moral da sociedade. YT: /papodemala Instagram: @brunomalavolta A banalidade do mal Machado escreve em "Pai contra “PAI CONTRA MÃE” mãe" possivelmente um de seus textos mais duros, em que faz uma denúncia explícita da perversidade da escravidão brasileira. Os primeiros parágrafos são ENREDO descrições minuciosas de uma coleção de perversidades: ferros, correntes, cadeados, O conto narra o casamento entre castigos e, finalmente, máscaras usadas para Cândido Neves e Clara, sob os auspícios e a punir escravos. A que recebe destaque é a proteção da tia Mônica; quando Clara está "máscara de folha de flandres", que tinha para parir um filho, tia Mônica impele apenas dois furos para ver e um para respirar. Neves, sem emprego fixo, que ganha a vida Segundo o narrador, tal máscara extinguia como capturador de escravos fugidos, a dois vícios: o de beber e o de furtar, já que entregar o filho à roda dos enjeitados, já que era dos “vinténs do senhor” que os escravos ele não teria como sustentá-lo. Cândido tiravam o com que “matar a sede”, "e aí Neves está contrariado com a decisão e ficavam dous pecados extintos, e a caminha hesitante, quando avista uma sobriedade e a honestidade certas". Aqui, escrava fugida, Arminda, grávida, e a temos já dois recursos machadianos que captura, recebendo a recompensa em merecem atenção: o uso constante da ironia dinheiro que lhe possibilitaria manter a e um sofisticado uso da metonímia. posse de seu filho. No ato de entrega da Ironia, já que o narrador, ao escrava para seu senhor, Arminda sofre um descrever de forma crua e sem rodeios os aborto espontâneo, causado pelo conflito absurdos da escravidão, acaba, de forma físico que teve com Neves. indireta, posicionando-se contra eles. Ou seja, seria leviano crer que Machado ANÁLISE: pensasse que a escravidão era uma ESTRUTURA E ENREDO instituição social como outra qualquer: ao enunciar tal absurdo, Machado está, na verdade, denunciando a naturalidade da "Pai contra mãe" deve ser encarado como escravidão na vida social brasileira. um texto de denúncia da escravidão, o mais Assim, Machado faz uma espécie de forte escrito por Machado a respeito do diagnóstico da estrutura escravocrata da tema. sociedade brasileira, evidenciando sua degradação moral. Na primeira frase do O que observar? conto, ao comparar a escravidão às "outras intuições sociais", Machado revela a 1. Denúncias: Banalidade e crueldade banalidade do comércio e posse de escravos da escravidão; no Brasil da época, ou seja, do século XIX. 2. Perversidade e indiferença da elite e O narrador inicia o conto elogiando classe média brasileiras; o uso da máscara de folha de flandres, já que 3. Espelhamento dialético do conto ela impede dois vícios morais aos escravos: para trabalhar o tema da escravidão (par o de beber (primeiro vício) e o de furtar o Arminda e Cândido Neves: Arminda dinheiro do patrão para comprar a bebida comete um crime ao fugir para salvar o (segundo vício). Ora, tal acusação é absurda, na que a escravidão, por absurda que seja, é medida em que, por não receberem salário legalizada e amplamente praticada no Brasil. pelo trabalho, os escravos precisavam tomar O resultado dessa empreitada é que, ao ser o dinheiro dos patrões às escondidas: se capturada e entregue a seu senhor, Arminda bebiam ou comiam com esse dinheiro, isso sofre um aborto espontâneo. deveria ser de seu foro privado, não cabendo Ao comunicarem o fato à tia ao patrão, ou a quem quer que seja, Mônica, a personagem faz duras questionar seus hábitos e mesmo seus vícios. recriminações contra a escrava. E a frase que A denúncia feita, aqui, fala muito antes da fecha o conto é de uma hipocrisia que salta perversão do trabalho não remunerado da aos olhos: “nem todas as crianças vingam”, escravidão que do suposto crime cometido como se a morte do filho de Arminda fosse pelo escravo. O argumento positivista de que fruto do acaso, e não resultado direto de a "ordem social e humana não se alcança perversidade da estrutura escravocrata da sem o grotesco e alguma vez o cruel", sociedade brasileira e da própria conduta do enunciado pelo narrador, vai pela mesma personagem Candido Neves. direção, soando um tanto absurda a nossos ouvidos modernos, já que o narrador está, PERSONAGENS basicamente, defendendo a tortura. A metonímia, por outro lado, Candido Neves: homem pouco apto ao consiste no uso reiterado das “máscaras” trabalho, e que não aguentava emprego. como um substituto para a própria Acaba se tornando capturador de escravos, o escravidão (parte em vez do todo). Ou seja, que demonstra a baixeza moral do ao invés de falar diretamente da escravidão, personagem. Observe-se que um dos o narrador nos fala das “máscaras” usadas empregos a que Neves não se adapta é para punir escravos. Ao final, diz, usando da justamente o de “tipógrafo”, profissão com metalinguagem e da ironia: “mas não que Machado iniciou sua vida. Há, aqui, um cuidemos de máscaras”. Ou seja, o narrador certo traço autobiográfico. se dirige ao leitor, outra forte característica machadiana, dizendo para que troquem de Clara: personagem secundária e menos assunto, já que esse já está entediante, desenvolvida, representa a ingenuidade enfadonho. Em outras palavras, Machado conivente e conveniente de nossa sociedade está nos dizendo que nossa sociedade tem frente às mazelas da escravidão, já que ela pouca ou nenhuma disposição para discutir não questiona ou recrimina o trabalho do as mazelas da escravidão. marido. A estrutura de espelhamento moral sobre a qual é construída a narrativa consiste Tia Mônica: é a fibra moral do conto, rígida no seguinte experiente machadiano: para recriminar a vadiagem de Candido, mas Machado nos apresenta duas situações pouco rígida para recriminar a escravidão. semelhantes, ou mesmo quase idênticas, Questiona o trabalho de Neves para dizer porém com sinal trocado. Uma delas é que ele dá pouco dinheiro, e não que é taxada como correta, do ponto de vista moral moralmente questionável. Representa a e social, e a outra como errada. opinião da sociedade, ou seja, a banalização No caso do conto “Pai contra mãe”, da escravidão. trata-se, naturalmente, do fato de que Cândido Neves aprisiona a escrava Arminda Arminda: única personagem realmente para poder custear o sustento de sue filho; trabalhada do ponto de vista psicológico, caso contrário, terá que entregá-lo à roda dos entretanto que mal aparece. Seu sofrimento enjeitados. Arminda, entretanto, a escrava é decorrente do papel indigno que recebe na que está fugida, fugiu para poder criar o filho sociedade brasileira. Ela sofre, no corpo e na longe das mazelas da escravidão. Ambos psique, os traumas do passado escravocrata têm a mesma motivação em suas ações: brasileiro. É um personagem que está em salvaguardar a vida de seus descendentes, o estado permanente de elaboração de luto que é um motivo, a princípio, nobre. pelo filho sem futuro, mas que ainda sim Entretanto, capturar escravos é algo tenta brigar para dar a ele o pouco futuro que legal, enquanto fugir da escravidão não, já ela pudesse garantir. “O CASO DA VARA profundidade do enraizamento da escravidão na vida social brasileira. Essa pequena mocinha, uma das crias a quem Sinhá Rita “ensina” a ENREDO manipular os “bilros” – essas rendinhas que estão presentes das mesas de todas as casas brasileiras –, em uma aparente ação gratuita ANÁLISE: e desinteressada, mas que na verdade aproveitava-se da mão de obra das moças ESTRUTURA E ENREDO para obter lucro e produção --, essa mocinha, enfim, chamada Lucrécia, se põe a rir da Machado de Assis relata sucintamente a piada de Damião. fuga de um seminarista que, por medo É preciso, aqui observar que o riso, de ser levado de volta ao seminário pelo ou seja, o humor e a ironia, são a principal pai, busca abrigo na casa de Sinhá Rita. ferramenta machadiana na construção de sua Embora a mulher prometa ajudá-lo, obra. Assim, temos que pensar de forma Damião percebe que Lucrécia, uma aprofundada na situação aqui colocada: o escrava da casa, é maltratada por ela. riso aparece como tentativa de elaboração do Decidido a apadrinhar a garota, Damião trauma da própria escravidão, ou seja, como se encontra em uma encruzilhada tentativa de elaboração da situação quando Sinhá Rita pede sua vara para degradante da personagem Lucrécia, mas punir Lucrécia. Incerto sobre ajudar também como tentativa dessa criança de Lucrécia ou ceder às demandas de participar do jogo social da casa – agora Sinhá Rita, Damião finalmente opta por animada, pela chegada da visita inesperada. entregar a vara. Sinhá Rita não gosta do riso da moça, e de imediato lhe ameaça: “olha a O que observar? vara!” Aqui, há talvez menos psicanálise que condicionamento comportamental: a menina 1. A vida privada brasileira do século se abaixa, pronta para apanhar, mas a XIX; pancada não vem. Ela, então, se põe a tossir 2. O cotidiano doméstico do século baixinho, para dentro. Sua tosse é XIX; sintomática de sua posição social: alguém 3. A escravidão inserida no cotidiano que possui, dentro de si, uma chaga, já que a familiar brasileiro; sua própria condição é anulada socialmente, 4. As relações de poder entre senhores levando a seu adoecimento. É também, e escravos; claro, um sintoma de seus silenciamento. Ela ri para dentro, como se tentasse, a um tempo, anular-se e dizer que estava ali. O cotidiano doméstico Sinha Rita alerta a menina de que se o serviço não estivesse terminado ao final do Quando Damião chega esbaforido dia, já que ela estava perdendo tempo com na casa de Sinhá Rita, pedindo que esta lhe chistes (piadas), ela não escaparia do livre do seminário – já que ele alegava não castigo. Damião, enternecido pela situação ter vocação alguma para padre, inicia-se uma da menina, decide apadrinhá-la. Ou seja, espécie de jogo de sedução velado, em que a usar o seu privilégio de homem branco e de mulher, com postura matriarcal, passa a boa posição social para impedir Sinhá Rita cuidar do jovem, por quem nutre certa de espancar a garota. admiração e afeto. O jovem lhe beija as A Sinhá Rita, então, manda chamar mãos, lhe fica de joelhos e lhe conta piadas. o João Carneiro, padrinho de Damião, para Uma das piadas faz rir a uma que esse, por sua vez, convença o pai de pequena “cria”, ou seja, filhos de escravos Damião de que ele não deveria ir ao que convivem com na casa dos senhores – Seminário. A tarefa não é fácil, já que o pai essas complexas e perversas relações do jovem é bravo. O padrinho se vê acuado: surgidas no brasil pela extensão e a mas não há escapatória. Sinhá Rita diz que, se ele não conseguir o favor, ele não vai vê- la nunca mais. Haveria, nisso, um teor menino. É uma personagem de traços sexual? Seriam os dois amantes? O conto perversos, dominadores e narcisistas. não explicita, mas é uma hipótese. Como se vê, trata-se de uma Damião: “rebelde” e “vicioso”, não se sociedade de apadrinhamentos e padrinhos, adapta à vida no seminário. Pouco se sabe em que o público se mistura ao privado, em sobre sue caráter, entretanto, senão o que se que o certo se mistura ao vantajoso. vê em cena: é um menino vaidoso, sedutor, O conto não esclarece se Damião sai que usa das mulheres ara interceder sobre os ou não do seminário. O fato é que, ao final homens a seu favor. Apieda-se de Lucrécia, do dia, o rapaz está novamente mais mas apenas por sentimentalismo, ou seja, brincalhão e tranquilo. Algumas moças, sem reflexão sobre a sua condição de vizinhas, visitam Sinhá Rita, e riem – riem escrava. Não possui fibra moral para menos que o esperado, já que a expectativa sustentar o seu desejo de ajudar à pequena, frustra a espontaneidade – da mesma piada para ter em troca o pequeno favor da Sinhá, de Damião. Dessa vez, a mocinha não ri. ajudando-o a sair do seminário. Mas ao perceber que ela não havia completado as tarefas do dia, Sinhá Rita Lucrécia: é uma criança, o que faz aumentar converte-se em um personagem grotesco. o grau de perversidade com que é tratada por “Com cara em fogo e os olhos Sinhá Rita. Ela trabalha sem receber salário, esbugalhados”, pede a Damião a vara para e embora seja uma “cria” ou seja, um filho que surre a menina. Damião hesita... mas de escravos que frequenta a casa dos “precisava tanto sair do seminário”. Entrega senhores, ela é impedida na casa de falar e a vara, então, à Sinhá, e assim acaba-se o tosse para dentro, o que simboliza o conto. silenciamento a que é submetida. Ela quase O conto se passa, segundo o não aparece no conto: mas está sempre lá. narrador, antes de 1950. O que significa que Machado era o rei de trabalhar seus vivíamos o apogeu do regime escravista no personagens por contornos impressionistas – Brasil, antes, portanto, das pressões o que ele faz com Capitu, em Dom nacionais e internacionais parta a sua Casmurro. Aqui, o mesmo se dá: a ciência abolição. por parte do leitor de que Lucrécia está o Assim como em “Pai contra mãe”, tempo todo no mesmo espaço em que todos aqui temos uma situação de espelhamento interagem dá a dimensão da perversidade dialético. Sinhá Rita defende com unhas e desse silenciamento imposto sobre a dentes o menino, e diz a seu padrinho: “Qual personagem. castigar, qual nada! [...] Castigar para quê? Vá, vá falar a seu compadre.” Ela, portanto, perdoa e sanciona o comportamento leviano do jovem que, segundo o padrinho, é “CONTO DE ESCOLA” “rebelde” e “vicioso”. À menina, criança, entretanto, trabalhadora, pela sua cor e sua ENREDO condição de escrava, ela castiga de forma perversa e inapelável. O conto narra um episódio escolar. Pilar é um garoto que, embora falte PERSONAGENS constantemente à escola, era inteligente e tinha facilidade em aprender as lições. Sinha Rira: representa o esteio moral de uma Enquanto Policarpo, o professor, rígido e sociedade patriarcal, em que as matriarcas severo, estava distraído lendo jornais, agem para garantir os privilégios dos Raimundo, filho do professor, pede que Pilar homens brancos. Usa do trabalho de suas o ajude na lição, em troca de uma moedinha “crias”, ou seja, trabalho infantil, para de prata. Curvelo, um dos colegas, denuncia ganhar seu dinheiro, sem a elas pagar salário. o caso ao professor, que acusa Pilar de estar Tem uma certa sedução pela forma que o recebendo dinheiro para dar lição aos outros. jovem Damião a trata, e aparenta ter algum Pilar termina sem a moeda e recebe bolos de elo amoroso com João Carneiro, padrinho do palmatória nas mãos. ANÁLISE: situação espelhada, idêntica, mas com chave trocada. Policarpo representa uma ESTRUTURA E ENREDO instituição antiquíssima: a escola. A escola, por sua vez, representa a ordem social, a O que observar? tradição. Ou seja, Policarpo, com a sua rigidez, é uma grande alegoria do Brasil 1. Reflexão sobre o Brasil Império; Império, retrógrado, moralmente caquético, 2. Reflexão sobre o ensino e a e incapaz de refletir sobre si próprio. Assim, tradição; ele pune o aluno Pilar, com vários bolos de 3. Reflexão sobre a moral e a palmatória e, o absurdo, lhe toma a moeda. corrupção. O contraste da rigidez de Policarpo com a escola, de “grade de pau”, nos dá Receber para ensinar pistas de um país fraturado, entre o atraso e o arcaico. Ele recebe o dinheiro para dar O último conto que analisaremos lições, mas será que as dá, de fato? Ou seu também traz uma questão moral, trabalhada ensino é rigoroso, mas ineficiente, porque dialeticamente pelo texto machadiano. ultrapassado? Afinal, Pilar, o personagem principal, está O narrador, que é o próprio Pilar, longe de ser um exemplo de garoto: tinha já termina dizendo que recebeu sua primeira faltado duas vezes à escola naquela semana, lição de corrupção e outra de delação. e, em dúvida se iria se divertir no morro ou no campo, acaba optando por ir à escola. PERSONAGENS Lá chegando, ele é interpelado por Raimundo, seu colega de sala e filho do Policarpo: -carpo faz menção aos ossos das professor, Policarpo, homem rígido e mãos: o professor Policarpo (poli- significa moralmente reto, que punia comumente os muitos) tem mãos grandes, que usa para alunos aplicando-lhes bolos de palmatória punir seus alunos. Ao mesmo tempo, as sobre as mãos. mãos são uma expressão de controle e de Raimundo estava pedindo a Pilar racionalidade. Assim, Policarpo representa que lhe ensinasse a lição, que ele tinha fielmente a instituição escolar, retrógrada, dificuldade em entender. Apesar de filho do punitiva, mas pouco eficiente em ensinar. É professor, Raimundo estava longe de também uma alegoria do atraso do Brasil apresentar uma inteligência privilegiada, Império. segundo nos relata o narrador. E, ao contrário de outras vezes, em que o havia Pilar: o jovem Pilar representa a molecagem, pedido em forma de favor, dessa vez mostra a peraltagem, ou seja, aquele que, mesmo a Pilar uma moedinha, que havia sido um desobedecendo as regras, por ser dotado de presente de aniversário, dado por sua mãe. O inteligência consegue se sair bem das brilho da moeda encanta Pilar, que aceita a situações. Ele é até bem-intencionado em troca. Curvelo, entretanto, os olha com ar ensinar Raimundo, mas tem um desejo malvado. O professor nada vê, já que está enorme pela moedinha. É alguém que está de com os olhos grudados no jornal: Machado, frente com um dilema ético e moral, e que que adora os fatos políticos, certamente acaba tomando uma decisão apressada, estava nos dando pistas de que o país, àquela levado pela ambição e a vaidade, mais que altura de 1884, quando o conto é publicado, pela escolha criteriosa. devia estar politicamente agitado. É Curvelo que denuncia tudo ao Raimundo: menino sem brilho, duramente professor. Esse, bravo, chama Pilar aos reprimido pelo pai-professor. É um berros. E diz a ele: “Então o senhor recebe personagem secundário, que reflete, no dinheiro para ensinar as lições aos outros?” conto, o sentimento de piedade e de baixeza, Ora, nada poderia ser mais irônico. além do fracasso do professor e da tradição, Afinal, Policarpo, o professor, que nesse caso não é passada de pai para também recebe dinheiro para ensinar lições. filho. Trata-se, como nos outros contos, de uma Curvelo: menino mal-intencionado, que apenas por maldade denuncia os colegas, Curvelo representa, por um lado, a perversão infantil, ou seja, o fato de que o filtro moral das crianças não é tão desenvolvido quanto dos adultos e, por outro, aquele que, no convívio social, procura tirar vantagens usando os demais como trampolim. É um aproveitador, um demagogo, representando o senso comum da sociedade.
REFERÊNCIA:
ASSIS, Machado de. 50 contos de Machado
de Assis selecionados por John Gledson. São Paulo: Cia das Letras, 2023.