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TCC Crononutrição - O Impacto Do Sono Sob As Escolhas Alimentares
TCC Crononutrição - O Impacto Do Sono Sob As Escolhas Alimentares
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
Juiz de Fora
2023
ALBERTO CEZAR GUEDES HOMEM DE CASTRO
Juiz de Fora
2023
TERMO DE APROVAÇÃO
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Prof. Dra. Nathércia Percegoni
Departamento de Nutrição/UFJF
Orientadora
AGRADECIMENTOS
Ao longo de toda a formação passamos por muitos altos e baixos. Existem dias
de luta e dias de glória e, nem mesmo uma pandemia foi capaz de nos fazer
desanimar.
Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Senhora de Aparecida por sempre
iluminar meu caminho.
Em especial, agradeço imensamente aos meus pais, Maria e Antônio, por
sempre acreditarem em mim e acima de todas as dificuldades investirem em minha
formação pessoal e profissional e por nunca me desampararem. Ao meu irmão
Ramiro, agradeço pelos puxões de orelha, conselhos e boas e longas horas de
conversa.
Agradeço imensamente à minha parceira de vida, Camila, por me apoiar
durante estes 7 anos juntos, pelas discussões intermináveis sobre bioquímica e
fisiologia, por formarmos uma base forte que pode resistir até mesmo à distância.
Agradeço à Luciana, por abrir as portas de sua clínica e me mostrar o quão
incrível é a transformação que a Nutrição pode fazer na vida de cada paciente.
Agradeço pelo companheirismo e parceria, serei eternamente grato pela
oportunidade.
Agradeço aos meus amigos de longa data e familiares, sogro e sogra,
cunhados e por todos os amigos que a Nutrição me deu ao longo desta formação e
que estiveram comigo durante as fases boas e difíceis.
Agradeço em especial à minha professora e orientadora, Nathércia Percegoni,
obrigado pelas aulas incríveis, seu conhecimento absurdo sobre nutrição é fascinante,
obrigado por tudo!
Aos professores e colaboradores do Curso de Nutrição, o meu muito obrigado,
todos vocês foram indispensáveis à esta formação.
Por fim, agradeço a todos que estiveram comigo e contribuíram para minha
formação.
A todos vocês, meu muito obrigado!!
RESUMO
INTRODUÇÃO: A rotina e o estilo de vida contemporâneos fizeram com que os indivíduos
tivessem maior deficiência quanto ao sono, estando sua duração e qualidade relacionada ao
risco de desenvolvimento de eventos adversos à saúde. O sistema circadiano é uma forma
de organização fisiológica, que funciona em ciclos de, aproximadamente, 24hs, respondendo
a estímulos de claro/escuro. Sua regulação ocorre por um relógio central, no núcleo
supraquiasmático (SCN) o qual recebe estímulo de fatores internos e externos. A
dessincronização deste ciclo interrompe o equilíbrio energético, levando a maior ingestão de
alimentos, contribuindo para o aumento do risco de desenvolvimento de doenças metabólicas,
hiperfagia, obesidade e resistência à insulina. Sono e composição corporal representam
sistemas complexos que podem influenciar a homeostase energética, por envolver uma série
de hormônios. OBJETIVOS: Discutir o impacto do tempo e qualidade do sono sob as escolhas
alimentares, discutir a relação entre sono e ganho de peso, investigar fatores que influenciam
o tempo e a qualidade do sono e realizar uma revisão bibliográfica sobre os hormônios
influenciados pelo sono. METODOLOGIA: Foi realizada uma revisão de literatura sobre sono
e modulação hormonal, nas bases de dados: PUBMED e BVS. Para a pesquisa foram
utilizadas as seguintes palaras-chave no idioma inglês: sleep, obesity, feeding behaviour,
circadian rhythm. REVISÃO DE LITERATURA: A crononutrição exibe um importante papel
na regulação dos sistemas orgânicos, correlacionando-se aos padrões alimentares em
resposta ao sono. A cronodisrupção, provocada pelo estilo de vida e pelo ambiente contribui
para a desorganização da fisiologia circadiana, metabolismo e comportamento alimentar. A
restrição de sono induz ao aumento da ingestão energética e contribui para o desenvolvimento
da obesidade. Ademais, comer durante a noite biológica afeta o sistema circadiano e os
processos metabólicos e digestivos. Sendo assim, o entendimento dos mecanismos de ação
de hormônios relacionados ao sono e alimentação, como melatonina, cortisol, GH, leptina e
ghrelina torna-se indispensável. A melatonina e o cortisol são os hormônios envolvidos com o
sono que possuem maior pleiotropia, visto que estão relacionados à vigília e ao despertar,
respectivamente, porém exercem respostas a outros hormônios e sistemas a partir de
estímulos internos e externos. Desta forma, a melatonina tem impacto positivo sob a secreção
de GH, visto que este é secretado principalmente no período noturno e impacto negativo sob
a insulina, que, por sua vez, atua de forma contrária ao GH. Em situações de redução da
secreção de melatonina, a ghrelina e a leptina são influenciadas, levando a maior tempo de
vigília e consumo alimentar. Já o cortisol, durante a privação de sono pode causar resistência
à insulina e aumentar a busca por junk-foods. Leptina, ghrelina e insulina agem em sinergia,
por meio de feedbacks positivos e negativos gerados pela alimentação, influenciando suas
concentrações ao longo do dia. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Sono e alimentação possuem
ampla conexão, capaz de impactar negativamente o balanço energético e as escolhas
alimentares. Desta forma, ausência de sono de qualidade pode gerar ganho de peso e alterar
o padrão alimentar.
O estudo de Mazri, et al., 2021 sugeriu que indivíduos que consomem maior
parte das calorias diárias durante o período noturno tem uma maior probabilidade de
desenvolver um estado metabolicamente não saudável. Ademais, sugere-se que
indivíduos que visam perda de peso e que consomem maior parte das calorias diárias
nas primeiras refeições (desjejum e almoço) e menor parte no período noturno (jantar
e ceia) possuem maior perda do peso corporal e ainda redução da resistência à
insulina (MAZRI, et al., 2021).
4.1 MELATONINA
4.2 CORTISOL
Outro hormônio que tem sua produção aliada ao ciclo sono-vigília é o hormônio
do crescimento (GH), o qual é secretado de forma pulsátil a partir da hipófise anterior,
cuja secreção é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GHRH),
possuindo diversas ações fisiológicas sob o organismo, especialmente relacionadas
ao crescimento somático (KYM, et al., 2021). Sua concentração pode variar durante o
dia, podendo ainda receber influência de outros fatores, como idade, sexo, perfil
alimentar, atividade física e ciclo circadiano. Neste sentido, o GH tem sua secreção
aumentada no início do sono, atingindo o pico de aproximadamente dois terços do
seu total durante o estágio de ondas lentas (JARMASZ, et al., 2020; CAPUTO, et al.,
2021).
Em situações de jejum, a secreção de GH é estimulada, devido a sua atividade
hiperglicêmica e lipolítica, fornecendo energia para o corpo. Já no estado alimentado,
a secreção de GH é reduzida. No caso de indivíduos com obesidade, a secreção
pulsátil de GH é bastante atenuada, porém, com a perda de peso e controle alimentar,
sua secreção pode voltar ao que era seu padrão normal (CAPUTO, et al., 2021).
Quanto a sua relação com outros hormônios, o GH possui um eixo bidirecional
de feedback negativo com o IGF-1 (Fator de Crescimento Semelhante à Insulina – 1),
regulando a secreção de GH a nível da hipófise. Dentre os tecidos corporais, o fígado
é o principal responsável pela secreção de IGF-1, correspondendo a
aproximadamente 75%, sendo o restante proveniente de outros tecidos como músculo
e gordura (CAPUTO, et al., 2021; DIXIT, POUDEL e YAKAR, 2021). A ghrelina, um
hormônio caracteristicamente orexigeno, está correlacionada a secreção de GH a
partir da atenuação dos estímulos de IGF-1, levando ao bloqueio de sua ação
inibitória, permitindo a secreção de GH. Em situações de jejum prolongado, a ghrelina
e sua associação com o GH são fundamentais para a manutenção da glicose
sanguínea (CAPUTO, et al., 2021).
Assim como a insulina, o GH e o IGF-1 também possuem função anabólica.
Vale ressaltar que tanto o GH quanto o IGF-1 regulam a secreção e ação da insulina,
onde cada um destes age em tecidos específicos gerando novas respostas
metabólicas (DICHTEL, CHACON e KINEMAN,2022). Desta forma, por meio de sua
ação lipolítica, o GH converge entre metabolismo de carboidratos e proteínas para o
metabolismo de lipídeos e, paralelamente, o IGF-1 atua na atenuação das vias de
gliconeogênese e glicogenólise, melhorando a captação da glicose, bem como a
sensibilidade à insulina. Além disso, a ação conjunta destes hormônios apresenta
papel protetor contra o uso de estoques corporais de proteínas, ou seja, ação
catabólica da musculatura esquelética (CAPUTO, et al., 2021; DICHTEL, CHACON e
KINEMAN,2022).
Em indivíduos eutróficos e saudáveis os níveis circulantes de GH encontram-
se aumentados em situação de jejum e tendem a reduzir após a alimentação. Sendo
assim, durante a privação energética/jejum as concentrações de insulina e IGF-1
reduzem e as de GH aumentam de modo a promover a lipólise do tecido adiposo
branco visando a promoção de energia com efeito poupador sob o carboidrato e
proteína (DICHTEL, CHACON e KINEMAN,2022).
Trata- se, portanto, de um hormônio caracteristicamente anabólico, atuante no
crescimento e desenvolvimento, além de promotor de lipólise, estimulante à síntese
proteica e antagonista à ação da insulina (SIGALOS e PASTUSZAK, 2018).
4.4 INSULINA
4.5 LEPTINA