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6-Trauma Abdominal
6-Trauma Abdominal
A avaliação do abdome é um dos segmentos de maior dificuldade no contexto do paciente traumatizado. A primeira
coisa a se pensar é em instabilidade ou estabilidade hemodinâmica.
O sangue pode dar sinais de irritação peritoneal mais tardia (cerca de 6 a 8 horas).
Lesões em órgãos retroperitoneais são de difícil diagnóstico devido à impossibilidade de exame físico adequado.
Assim, sinais e sintomas podem se apresentar tardiamente, como a irritação peritoneal.
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
X. Parar o sangramento
A. Via aérea com proteção da coluna vertebral;
B. Ventilação – inspeção (despir), palpação (crepitações ósseas, enfisema subcutâneo – bolsas de ar no espaço
subcutâneo sugerindo uma lesão pleural, como pneumotórax), percussão (massa e liquido apresentam um som
maciço e quando há um excesso de ar, som timpânico) e ausculta;
C. Circulação com controle de hemorragia;
D. Disfunção;
E. Exposição com prevenção da hipotermia.
F. Outros fatores
O paciente deve ser inteiramente despido e avaliado por completo.
· Exame físico abdominal: inspeção > ausculta > percussão > palpação.
· Seguido por: Análise da estabilidade pélvica, exames de uretra, períneo, reto, vagina e glúteos. (documentar
achados mesmo que negativos)
- Após o término do exame físico, o doente deve ser coberto com cobertores para ajudar a prevenir a hipotermia.
Inspeção
Expor o paciente à procura de sinais de hematomas, contusões, abrasões ou ferimentos que possam indicar lesões
intra abdominais. Lembrar de rolar em bloco para avaliação adequada do dorso.
Ao término, cobrir o doente para evitar hipotermia.
Ausculta
Na sala de emergência, é difícil realizar essa etapa. A ausculta é mais útil quando o exame físico inicial está normal.
Durante o seguimento, percebe-se alteração.
Percussão e palpação
Dor à percussão, quando presente, já indica irritação peritoneal. A palpação abdominal ajuda a definir os locais de
maior desconforto e possíveis lesões, como também a diferenciar entre uma dor superficial, apenas da parede da dor
profunda intra-abdominal.
Exame físico abdominal: se inicia pela inspeção, seguida da ausculta, percussão e palpação, evitando falsear ruídos
hidroaéreos pós-palpação; depois faz o exame da pelve e períneo.
Como medidas auxiliares durante a avaliação primária: tem o RX de bacia, que vem perdendo espaço para TC, FAST e
lavado peritoneal (muito pouco utilizado – incisão cirúrgica abaixo da cicatriz umbilical, injeta soro através de uma
sonda e aspira. Se no aspirado tiver sangue, o paciente deve ser encaminhado ao CC). A desvantagem do LPD é que é
um exame invasivo, enquanto o FAST é rápido, no entanto, tem como desvantagem ser examinador dependente
(experiencia médica).
É importante estar atento aos fatores que comprometem o exame, como álcool e outras drogas, lesão cerebral ou
medular (fazer escala de coma de Glasgow; em casos de lesão medular, pode ser que o paciente não apresente os
sinais e sintomas de dor abdominal, por exemplo – nesses casos, fazer TC como todo) e traumas de costela, coluna ou
pelve (trauma de costela pode apresentar dor muito intensa que mimetiza dor abdominal; coluna e pelve também
pode acontecer do paciente perder a sensibilidade do território examinado).
Na avaliação das fraturas pélvicas, é preciso inspecionar a região geniturinária, discrepância entre tamanho dos
membros, rotação externa; palpação do anel pélvico e avaliar sua estabilidade, exame retal, geniturinário e vaginal.
Examinar a estabilidade da bacia de forma repetida ou excessiva pode piorar a lesão – ao movimentar demais o
coágulo pode se soltar e sangrar novamente. O primeiro coágulo é o melhor! Estabilização da pelve → lençol
amarrando a pelve afim de diminuir o espaço de sangramento ou cinta pélvica.
- Tomografia computadorizada com contraste é indicada em pacientes estáveis. É o exame mais específico para
definir lesão, com sensibilidade de 92 a 98%.
Laparoscopia é uma opção em casos de traumas abdominais fechados com dúvida de lesão intra-abdominal. Trata-se
de uma excelente opção para trauma em região de transição tóraco-abdominal.
Suas principais vantagens são visão direta das estruturas lesadas, acesso à cavidade com pequenas incisões e uma boa
visualização de vísceras maciças, diafragma. Já suas desvantagens são a abordagem invasiva e a anestesia geral.
Entre as possíveis complicações, podemos citar a lesão de estruturas durante a punção do trocater, embolia gasosa e
pneumotórax hipertensivo em casos de lesão diafragmática quando injeta gás.
Quais doentes devem ser operados? Em traumas fechados:
• Hemodinamicamente instável com suspeita de lesão abdominal;
• Gás livre (pneumoperitônio – víscera oca rompida, pode ser observada no RX com uma linha preta abaixo do
diafragma);
• Lesão de diafragma;
• Peritonite (abdômen em tábua);
• FAST, LPD ou TC positivos.
Em traumas por arma de fogo, geralmente a melhor estratégia é a operação precoce; já nas fraturas pélvicas,
primeiramente é preciso fixar a pelve para parar o sangramento – é preciso estar ciente que pode acontecer múltiplas
lesões associadas.
MEDIDAS AUXILIARES
• Sonda vesical: monitorar debito urinário. Uma das formas de avaliar se o paciente está respondendo bem ao volume
administrado é avaliando a diurese (0,5 mL/Kg/hora). Sabendo que doentes com fratura de bacia tem risco elevado de
lesão de bexiga e uretra, é importante estar atento a presença de hematúria e equimose em região perineal (lesão de
uretra) que contraindica a sondagem vesical.
• Exame de sangue e urina: hemodinâmica anormal (paciente instável) é preciso fazer tipagem sanguínea e prova
cruzada, tendo em vista que o paciente vai precisar de sangue, e mulheres em idade fértil, fazer teste de gravidez
(risco de radiação no primeiro trimestre, medicamentos contraindicados, estar atento aos dois pacientes, mãe e feto);
• Exames radiológicos: em traumas fechados, segundo o ATLS, fazer RX de tórax e bacia, em AP; ferimentos
penetrantes, fazer RX de toráx em AP e abdômen com marcas radiopacas (se o paciente estiver hemodinamicamente
normal). *professor falou que na prática, em Maringá, faz TC direto.
• Exames contrastados: tomografia, uretrografia, cistografia, urografia excretora e tubo digestivo. Atenção para que
esses exames auxiliares não devem retardar o tratamento definitivo!
• Gasometria arterial (coleta de sangue arterial e avalia SatO2, SatCO2, pH sanguíneo, bicarbonato circulando em
corrente sanguínea);
• ECG;
• Oximetria de pulso (avalia quanto de Hb está ligada e carregando O2 – a porcentagem que aparece não está
necessariamente chegando as células)
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
Reconhecimento do choque
A pressão cai apenas quando 30% do volemia for perdida
Avaliar frequencia respiratória, perfusão periférica e pressão de pulso (diferença entre sístole e diástole)
Taquicardia: fc acima de 100 no adulto
Hemorragia definição: perda aguda de volume sanguíneo
Vol sanguíneo em adulto: 7% do seu peso corporal
Classificação fisiológica
Baseadas em sinais clínicos – útil para estimar a perda sanguínea aguda
Sinais clínicos servem para guiar o inicio do tratamento e a reposição volemica subsequente é determinada pela
resposta do doente a terapia instituido
Classificação para enfatizar sinais precoce e fisiopatologia do estado de choque
2. Hemorragia classe II: representada pela hemorragia não complicada mas na qual a reposição de cristaloides é
necessária
• 15% a 30% de perda do volume sanguíneo
Taquicardia, taquipneia e redução da pressão de pulso (aumento da pressão arterial diastólica devido aumento das
catecolaminas circulantes o que produz um aumento do tônus e da resistência vascular periférica)
Alteração em pressão sistólica mínima, mudanças sutis no nível de consciência, ansiedade, medo e hostilidade, debito
urinário levemente aferrado (20 a 30 ml por hora).
Perdas hidroeletrolíticas podem agravar manifestações clinicas.
3. Hemorragia classe III: estado complicado, necessária reposição de cristaloides e possivelmente de sangue
• 31 a 40% de perda do volume sanguíneo
• Sinais clássicos: taquicardia e taquipneia pronunciados, alterações significativas no estado mental e queda
mensurável da pressão arterial sistólica (menor volume que desencadeia a queda da pressão sistólica)
Abordagem é interrupção da hemorragia por intervenção cirúrgica ou embolização Maioria necessitar de
transfusão e outro hemoderivados
4. Hemorragia classe IV: evento pré terminal a menos que medidas agressivas sejam adotadas, o doente entrara
em óbito dentro de poucos minutos, tranfusao sanguínea necessária
• >40% de perda do volume sanguíneo
Ameaça imediata a vida Sintomas como taquicardia acentuada, redução significativa da pressão sistólica e
presença de pressão de pulso muito estreita ou pressão diastólica não mensurável.
Estado de consciência deprimido, pele fria e pálida Frequentemente necessitam de transfusão rápida e
intervenção cirúrgica.
Fatores de confusão: idade do doente, gravidade da lesão (tipo, local anatômico), reposição volêmica pre
hospitalar, tempo decorrido, medicamentos para doenças crônicas.
• Perigoso aguardar que o doente se enquadre em uma classificação fisiológica precisa antes de iniciar a
reposição volêmica apropriada
• Controle da hemorragia e reposição volêmica iniciados logo na suspeita e não quando a pa estiver em queda
Alterações hidroeletrolíticas secundarias a lesão de partes moles
1. Perda sanguínea no local lesado (ex fratura de úmero ou tíbia pode ocasionar 750ml de perda, 1500 para o
fêmur e varios litros em hematoma retroperitoneal
2. Edema nas partes moles perde fluidos, por meio da resposta inflamatória sistêmica e produção e liberação
de múltiplas citocinas. Edema tecidual resulta da transferência de líquidos (plasma) para o espaço extracelular
espoliando o volume intravascular.
CHOQUE HIPOVOLEMICO
• Alcalose respiratória inicial devido taquipneia seguida por acidose metabólica leve
• Em choque severo ou prolongado pode haver acidose metabólica devido a perfusão tecidual inadequada e a
produção de acido lático – persistência sugere reanimação inadequada o sangramento ativo
• Tratar com reposição de fluidos
PADROES DE RESPOSTA DO DOENTE
Chave para determinar tratamento subsequente, pode se modificar o plano de tratamento de acordo com a
resposta do doente
• Pode identificar doente cuja perda sanguínea tenha sido maior que a estimada e aqueles com sangramento
ativo persistente que necessitarão de controle cirúrgico de hemorragia interna
Três grupos
1. RESPOSTA RÁPIDA
Respondem rapidamente a reposição volêmica inicial e se tornam hemodinamicamente normal não
apresentando mais sinais de perfusão e oxigenação tecidual inadequadas
• Reduzir velocidade de infusão para taxas de manutenção
• Usualmente são classe I (perda de <15%)
Não esta indicada a reposição adicional ou transfusão sanguínea
• Sangue deve ser tipado e com provas cruzadas (manter a disposição)
Indispensável avaliação do cirurgião
2. RESPOSTA TRANSITÓRIA
Repondem ao bolus inicial mas começam demonstrar sinais de deterioração dos índices de perfusão assim
que reduz a adm de fluidos para taxa de manutenção → indica reposição volêmica inadequada ou
presença de sangramento ativo persistente
• Classe II ou III (de 15% a 40%)
• Indicada transfusão de sangue e de hemoderivados
• Identificar e reconhecer que os doente necessitam de controle cirúrgico ou angiográfico da hemorragia
• Reposta transitória adm de sangue identificam doentes com sangramento ativo e que exigem rápida
intervenção cirúrgica
• Considerar protocolo de transfusão maciça (PTM)