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Abordagens pedagógicas da Educação Física:

um estudo na Educação Infantil de Belo Horizonte


Enfoques pedagógicos de la Educación Física: un estudio en la Educación Infantil en Belo Horizonte
Filipe Costa Camilo*
*Graduando em Educação Física/UNIBH Leymar Prestes Pitombeira*
**Mestre em Educação Física/UNIBH-FUMEC-CMBH Jurema Barreiros Prado Debien**
(Brasil)
Aroldo Luis Ibiapino Cantanhede*
leymarpp@hotmail.com

Resumo
Os primeiros anos de implantação da Educação Física escolar no Brasil tinham objetivos voltados única e exclusivamente para a saúde do indivíduo e para a prática de hábitos de higiene.
Após a II grande guerra mundial o esporte passa a ser visto como conteúdo principal da Educação Física. No final da década de 70, a educação física passou a ter contato com teorias contrárias
ao modelo esportivista. São elaborados, então, os primeiros pré-supostos teóricos que tentavam romper com o modelo hegemônico até então vigente. O presente estudo teve como objetivo
verificar o conhecimento sobre as Abordagens Pedagógicas discutidas no âmbito acadêmico dos professores do ensino infantil. A amostra foi composta por 11 (onze) professores de Educação
Física do Ensino Infantil de escolas particulares da região central de Belo Horizonte, Minas Gerais. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada que tinha por objetivo
verificar o conhecimento dos professores de Educação Física quanto às Abordagens Pedagógicas. Após a coleta dos dados, foi realizada a transcrição de cada entrevista para sua posterior
análise de conteúdo. A análise descritiva foi realizada através do percentual de freqüência de respostas. Conclui-se que os professores de Educação Física que trabalham no Ensino Infantil
conhecem a maioria das Abordagens apresentadas, sendo que a abordagem Desenvolvimentista, a Psicomotricista, os jogos cooperativos e os PCN’s foram as mais citadas na pesquisa realizada.
A abordagem sistêmica e a saúde renovada foram as menos citadas pelos entrevistados.
Unitermos: Educação Física. Escola. Educação Infantil. Professores de Educação Física. Abordagens pedagógicas.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010

1/1

Introdução
O percurso histórico da Educação Física escolar brasileira teve seu início no ano de 1851, quando foi incluída como matéria no currículo escolar. No ano de
1854, através da Reforma Couto Ferraz, a ginástica passou a ser disciplina obrigatória no ensino primário e a dança e a ginástica, no ensino secundário. Em
1920, os estados da federação iniciaram as reformas educacionais dentro da Educação Física e usaram o nome de ginástica para essa prática. Desde então as
reformas pedagógicas e metodológicas da Educação Física vêm sofrendo grande evolução no decorrer dos anos 1,2.

Os primeiros anos de implantação da Educação Física escolar no Brasil tinham objetivos voltados única e exclusivamente para a saúde do indivíduo e para a
prática de hábitos de higiene. Os métodos ginásticos fortemente influenciados pelo militarismo passaram a dominar o cenário da Educação Física Escolar no

Brasil1, mais tarde o esporte passa a ser visto como conteúdo principal da Educação Física escolar após o término da Segunda Guerra Mundial, através da

adoção do método da Educação Física Desportiva Generalizada1.

No final da década de 70, com o aumento de titulações de doutores e mestres, a educação física passou a ter contato com teorias contrárias ao modelo
esportivista com foco na aptidão física até então vigente. São elaborados, então, os primeiros pressupostos teóricos que tentavam romper com o modelo
hegemônico vigente 2.

Assim, surgem as Abordagens Pedagógicas da Educação Física Escolar. Tais Abordagens, modelos ou teorias (que aqui serão apresentados como
sinônimos) podem ser definidas como movimentos que buscam a renovação da teoria e da prática, com foco na reestruturação do campo de conhecimento
específico da Educação Física 3,4.

As principais abordagens que hoje coexistem no cenário nacional são: a Psicomotricista, a Construtivista-Interacionista, a Desenvolvimentista, a Sistêmica,
Crítico-Superadora, a Crítica-Emancipatória, a Cultural, a dos Jogos Cooperativos, a Saúde Renovada, e dos PCN's 4.

Estas abordagens para a Educação Física têm primeiramente duas funções: legitimar a Educação Física no ambiente escolar e apresentar uma proposta
metodológica, orientando o professor a planejar suas aulas demonstrando o que está embasando o fazer4.

Abordagem da Psicomotricidade

O envolvimento da Educação Física baseado na Abordagem da Psicomotricidade é com o desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os
processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando garantir uma formação integral da criança10. O discurso sobre esta abordagem busca desatrelar a
atenção do professor a aspectos desportivos, valorizando o processo de aprendizagem e não mais a execução de um gesto técnico isolado2, 6.

Abordagem Construtivista-Interacionista

Em 1989, o professor João Batista Freire introduziu esta Abordagem através do livro “Educação de corpo inteiro”, tendo como principais características o
jogo simbólico e de regras, e as brincadeiras populares que procuram utilizar-se de inúmeros materiais alternativos (bola de meia, bastões, garrafas plásticas,
lata, corda, entre outros), permitindo assim um maior número e diferenciadas vivências a relação aluno/objeto1, 6.

Abordagem Desenvolvimentista

O modelo Desenvolvimentista é representado por Go Tani e colaboradores, as obras de 1988 no livro “Educação Física Escolar”. Suas principais
características são associativas da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, propondo uma taxionomia para o desenvolvimento motor, ou seja, uma
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classificação hierárquica dos movimentos dos seres humanos 5.

Abordagem Sistêmica

Essa concepção é uma das mais recentes, elaborada por Mauro Betti, através do livro “Educação Física e Sociedade” (publicado em 1991) com as primeiras
considerações sobre a Educação Física dentro desta abordagem1, 6. Os conteúdos não diferem das demais abordagens (jogo, esporte, dança e ginástica), mas
os termos diferem da abordagem crítica como, por exemplo, vivências do esporte. O autor enfatiza a importância da experimentação dos movimentos em
situação prática, conhecimento cognitivo e experiência afetiva1, 6.

Abordagem Crítico-Superadora

O trabalho mais representativo desta abordagem é o livro “Metodologia do Ensino da Educação Física” (publicado em 1992), escrito por vários autores1. A
cultura corporal vem expressar-se em temas ou formas de atividades como: jogos, esporte, ginástica, dança e/ou outras1, 6. Esses temas tratados na escola
devem expressar um significado/sentido correlacionando-se, dialeticamente, à intencionalidade/objetivos do homem e às intenções/objetivos da sociedade1, 6.

Abordagem Crítico-Emancipatória

Na tentativa de romper com o modelo esportivista e aptidão física praticado nas aulas de Educação Física, são elaboradas teorias com base num referencial

crítico2. Baseado em uma concepção crítica, o ensino escolar necessita buscar possibilidades de ensinar os esportes pela sua transformação didático-

pedagógica, contribuindo para uma reflexão crítica e emancipatória das crianças e jovens7.

Abordagem Cultural

Tal abordagem vem confrontar a perspectiva biológica. Tem como ponto de vista que o corpo é constituído por músculos, ossos e órgãos, sendo, então,
todos os corpos iguais, podendo ser aplicado às mesmas atividades a todos8. Leva em consideração o repertório de técnicas corporais trazidas pelos alunos à
escola, “uma vez que toda técnica corporal é uma técnica cultural”2.

Abordagem dos Jogos Cooperativos

Esta nova perspectiva para a Educação Física valoriza a cooperação em detrimento da competição, já que a cooperação e a competição como idéias centrais
apóia-se na estrutura social como fator determinante se os membros de determinadas sociedades irão competir ou cooperar entre si2.

Os Jogos Cooperativos se apresentam como uma sugestão transformadora, já que eles são divertidos para todos e criam um sentimento de vitória. Esses
jogos têm um alto nível de aceitação entre seus participantes e é o contrário dos jogos competitivos que têm poder de exclusão (já que exclui os menos
habilidosos e divertem apenas alguns)9.

Abordagem da Saúde Renovada

A partir da década de 70, iniciaram-se inúmeras pesquisas na área biológica, porém nem todas tinham intenções explícitas de produzir conhecimento na área
escolar. Desde então, muitos pesquisadores dirigiram seus estudos na busca de alternativas para melhorar o desempenho e, em decorrência do aumento do
número das academias de ginástica e a procura pela prática da atividade física, houve uma atenção especial aos aspectos relacionados à saúde e à qualidade de
vida2.

Nesta nova perspectiva de Abordagem Pedagógica para Educação Física, considera-se de fundamental importância a promoção da prática da atividade
física e melhoria de fatores fisiológicos como cardiovascular, flexibilidade, resistência muscular e a composição corporal como fatores coadjuvantes na busca
de uma melhor qualidade de vida por meio da saúde2.

Abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais

O Ministério da Educação e do Desporto, inspirado no modelo espanhol, mobilizou a partir de 1994 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's),
balizados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/1996. Estes Parâmetros trazem uma proposta de democratização, humanização e
diversidade à prática pedagógica da área, buscando ampliar uma visão que não seja apenas biológica, mas que incorpore as dimensões afetivas, bem como as
cognitivas e sócio-culturais dos alunos. Estes documentos também têm como função primordial subsidiar a elaboração ou a versão curricular dos estados e
municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna às escolas e a elaboração de projetos
educativos, assim como servir de material de reflexão para a prática dos professores10.

De acordo com os PCN’s, a Educação Física na escola é responsável pela formação de alunos que sejam capazes de participar de atividades corporais,
adotando atitudes de respeito mútuo, dignidade, solidariedade; conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da cultura corporal;
reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos saudáveis e relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da
saúde coletiva; conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção
dentro da cultura em que são produzidos, analisando criticamente os padrões divulgados pela mídia; reivindicar, organizar e interferir no espaço de forma
autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de lazer7.

Apesar do grande desenvolvimento do conhecimento nessa área, os professores ainda utilizam a teoria da aptidão física para uma melhor execução das
tarefas propostas. Essa realidade ocorre devido à formação profissional dos professores de Educação Física que, por muito tempo, evitaram os conhecimentos
científicos e se tornando extremamente tecnicistas e meros transmissores de conhecimentos sem valorizar a participação efetiva dos alunos nas aulas5.
A partir do exposto, o objetivo desse estudo foi verificar se os professores de Educação Física Escolar no Ensino Infantil têm conhecimento sobre as
Abordagens Pedagógicas discutidas no âmbito acadêmico.

Método

O presente estudo caracterizou-se por uma pesquisa descritiva de cunho qualitativo. A amostra foi composta por professores de Educação Física do Ensino
Infantil de escolas particulares da região central de Belo Horizonte. Do total de 35 (trinta e cinco) escolas de ensino infantil cadastradas no Sindicato dos
Professores de Minas Gerais (SINPRO-MG) foram selecionadas 7 (sete) escolas. Usou-se como critério para seleção a disponibilidade do estabelecimento em
participar do presente estudo. Foram entrevistados 11 (onze) professores de um total de 28 (vinte e oito) profissionais que atuam na educação física infantil na
região central de Belo Horizonte.

Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada que tinha por objetivo verificar o conhecimento dos professores de Educação Física quanto
às Abordagens Pedagógicas. O roteiro de entrevista foi composto por 6 (seis) questões abertas e 1 (uma) fechada que procuravam identificar a formação, o
tempo de atuação na área escolar e o nível de conhecimento sobre as abordagens de ensino da Educação Física Escolar dos professores. A elaboração deste
instrumento teve como base o estudo de Maldonado et al (2008).

Inicialmente foi realizado um contato com a direção das escolas para obter informações sobre o número de professores de Educação Física no Ensino
Infantil. Foram apresentados os objetivos da pesquisa e solicitou-se a autorização por escrito para a realização da coleta de dados. A partir da autorização das
escolas e dos professores, foi encaminhado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para ambos (professor/escola) e, em seguida, agendadas as
entrevistas individuais.

Após a coleta dos dados, foi realizada a transcrição de cada entrevista para sua posterior análise de conteúdo. A análise descritiva foi realizada através do
percentual de freqüência de respostas. Os dados foram analisados através do pacote estatístico Microsoft Excel 2003.

Resultados

Os resultados serão apresentados a partir de cada item da entrevista com os professores.

Por que escolheu a Educação Física como profissão?

O Gráfico 1 mostra as respostas mais comuns entre os voluntários em relação ao Por que da escolha da profissão, 45,5% (5) responderam que por já terem
sido atletas de categorias de base, e outros 45,5% (5) responderam que gostavam de esportes.

Gráfico 1. Perfil da amostra, (motivos da escolha da profissão)

Qual a idade e gênero?

No Gráfico 2 mostra que 81,8% (9) eram homens e 18,2% (2) eram mulheres.

Gráfico 2. Gênero da amostra

No gráfico 3 ilustra que 27,3% (3) da amostra tinha 24 anos e outros 27,3 (3) tinham 25 anos de idade, que foram as idades mais freqüente entre os
voluntários. A média de idade da amostra é de 30,3 anos.
Gráfico 3. Perfil da idade da amostra

Quanto tempo de formado?

De acordo com o Gráfico 4, 36,4% (4) dos entrevistados possuem um ano e seis meses de formados, 18,2% (2) tem apenas 6 meses que concluiram o
ensino superior.

Gráfico 4. Tempo de conclusão de curso

A Tabela 1. nos mostra que os professores que tem um menor conhecimento das abordagens pedagogicas de acordo com os dados coletados, foram os
professor 3, 6 e 7, que conhecem apenas 7 (63,6%) da abordagens. Dois dos professores em questao possui (prof. 3 e 6) possui 0,5 meses de formados e o
terceiro (professor 5) 1,5 de conclusão.

Tabela 1. Incidência de resposta sobre a Abardagens Pedagógicas

Professor Constr.- Crítica- Crítica- Jogos Saúde


Psicomotricista Desenvolvimentista Sistêmica Cultural PCN's
(a) Interacionista Superadora Emancipatória Cooperativos Renovada

1 X X X - X X X X - X

2 X X X - X X X X - X

3 X X X - X - - X - X

4 X - X X - - X X X X

5 X X X X X X X X X X

6 X X X - X - - X - X

7 X - X - X X - X - X

8 X X X X X X X X X X

9 X X X X X X X X X X

10 X X X X X X X X X X

11 X X X X X X X X X X

Quanto tempo atuação?


O gráfico 5 fala que 36,4% (4) da amostra se encontra no mercado de trabalho há um ano, foi a resposta mais freqüente entre os voluntários e o desvio
padrão desta amostra no quesito tempo de atuação é de + 7,0.

Gráfico 5. Tempo de atuação dos profissionais

A tabela 1 e 2. Mostra que O tempo de formado não influenciou significativamente o nivel de conhecimento a cerca das Abordagens Pedagógicas da
Educação Física Infantil.

Tabela 2. Perfil da amostra e do tempo de formação, atuação na Educação Física Infantil e tempo de atuação na área

TEMPO DE
TEMPO DE ATUAÇAO NA TEMPO DE
PROFESSOR(A) SEXO IDADE
FORMADO ED. FÍSICA ATUAÇÃO
INFANTIL

1 M 24 1,5 1 1

2 M 25 1,5 0,5 1

3 M 22 0,5 0,5 0,5

4 M 25 2 0,5 0,5

5 F 24 1,5 1 1

6 M 24 0,5 0,5 0,5

7 M 25 1,5 1 1

8 M 43 10 9 9

9 F 37 12 10 10

10 M 47 24 19 20

11 M 37 15 15 15

Você conhece as Abordagens Pedagógicas?

O gráfico 6 mostra que somente as abordagens Desenvolvimentista, Psicomotricidade, Jogos Cooperativos e PCN’s foram citados por todos os
profissionais, também podemos observar que todos os entrevistados conhecem a maioria das abordagens pedagógicas citadas no presente estudo.
Grafico 6. Abordagens mais lembradas pelos entrevistados

O grafico 7 e 8 mostra que 45,5% (5) (prof. 5, 8, 9, 10, 11) citaram conhecer as 10 abordagens presentes neste estudo, e 27,3% (3) (prof. 3, 6, 7) relataram
conhecer somente 7 das abordagens presentes neste estudo.

Grafico 7. Incidencia de resposta das abordagens por entrevistado

Grafico 8. Incidencia de respostas das abordagens por relatos

O grafico 9 das 10 abordagens lembradas pelo 11 professores entrevistados 88,2% (97) mostra que os entrevistados possuem um conhecimento medio de
aproximadamente 88,2% (97) em relaçao as Abordagens Pedagogicas.
Grafico 9. Nivel percentual de conhecimento das Abordagens Pedagógicas

No gráfico 10 podemos observar que as abordagens menos lembradas pelos professores foram a sistêmica e saúde renovadora. Isso pode ter ocorrido pois a
abordagem sistêmica não possui uma metodologia definida e a saúde renovada começou a apresentar uma metodologia concreta após o ano de 2002, porém
vale lembrar que as mesmas foram citadas por mais de 50% dos entrevistados

Grafico 10. Abordagens menos lembradas pelos professores

Discussão

Com o presente estudo percebemos que os professores precisam fundamentar-se teoricamente para justificar à comunidade escolar e à própria sociedade o
que já sabem fazer estreitando as relações entre a teoria e a prática pedagógica 11.

Contribuindo com esta visão, Bracht6 relata que a cultura corporal se tornou tão significativa que a escola não apenas a reproduz, mas faz o aluno se
apropriar dela criticamente, para, enfim, exercer sua cidadania. Segundo Magalhães12, na Educação Infantil a Educação Física desempenha um importante
papel, pois a criança desta fase se encontra em pleno desenvolvimento das funções motoras, cognitivas, emocionais e sociais, passando da fase do
individualismo para a vivência em grupo.

O conhecimento de tais Abordagens favorece a aplicação de uma prática contextualizada como cita Figueiredo13. Complementando, Rangel-Betti14 nos
mostra que novas propostas surgiram como tentativas de auxiliarem os professores no processo de ensinar ao aluno; entretanto, o autor acredita que estas
influenciaram muito pouco o universo das universidades.

Os resultados encontrados neste estudo entram em contradição com estudos feitos por Maldonado, Hypolitto e Limongelli15 que mostraram que os
professores entrevistados não conheciam nenhuma Abordagem, independente do tempo de formação e atuação na área.

Com os resultados obtidos, vimos que todos os professores, conhecem grande parte das abordagens citadas no questionário. As mais lembradas pela
amostra foram a abordagem desenvolvimentista, a psicomotricista, os jogos cooperativos e os PCN’s. As menos citadas foram a abordagem sistêmica e a
saúde renovada.

Todos os entrevistados citaram os Parâmetros Curriculares Nacionais, contradizendo em parte Darido16, 17 que afirma que “os documentos dos PCN’s ainda
não são conhecidos, discutidos ou aprendidos pelos professores”, e considerado uma proposta marcante na área da Educação Física já que apresenta aspectos
relevantes para a formação integral do aluno18.

Darido17 cita que já no início do processo de formação profissional o estágio supervisionado deveria ter contato com a realidade da situação ensino-
aprendizagem no contexto escolar, pois os futuros professores junto aos supervisores discutiriam os acertos e erros cometidos no processo, no que diz respeito
à escolha dos conteúdos e procedimentos metodológicos.

Sendo assim as universidades poderiam adotar um modelo de formação reflexiva em seu currículo19. Além de ser um ótimo início para a melhoria do
profissional de Educação Física, como conseqüência poderiam influenciar positivamente a interdisciplinaridade na escola20.

Conclusão

Para concluir-se, faz-se necessário uma retomada aos objetivos deste estudo: verificar o conhecimento sobre as Abordagens Pedagógicas discutidas no
âmbito acadêmico. Após análise dos dados apresentados inferiu-se que a maioria dos professores mostra um bom conhecimento das Abordagens Pedagógicas,
sendo que a desenvolvimentista, Psicomotricista, Jogos Cooperativos e PCN’s foram as mais citadas na pesquisa realizada. A abordagem Sistêmica e Saúde
Renovada foram às menos citadas pelos entrevistados. Além do mais a relação do tempo de formado não influenciou significativamente o nível de
conhecimento a cerca das Abodagens Pedagógicas da Educação Física Infantil.

Sugere se novos estudos que possam comparar a verbalização dos professores a cerca do conhecimento das abordagens e a realidade prática de suas aulas.

Referências

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2. DEBIEN, Jurema B. P.; CANTANHEDE, Aroldo L. I. Educação Física: do Higienismo à Reflexão Crítica. Lecturas: Educación Física y Deportes,
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5. Os Recursos Computacionais e suas possibilidades de aplicação no ensino segundo as abordagens de ensino - aprendizagem.
http://homes.dcc.ufba.br/~frieda/mat061/as.htm 04/04/2010 – 11:51am

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8. SOARES, Carmem Lúcia. Educação Física Escolar: Conhecimento e Especificidade. Revista paulista de Educação Física. São Paulo, suplemento 2,
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12. MAGALHAES, Joana S.; KOBAL, Marília C.; GODOY, Regiane P. Educação Física na Educação Infantil: Uma Parceria Necessária. Revista
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14. RANGEL-BETTI, Irene C.; EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: olhares sobre o tempo. Revista Motriz - Volume 5, Número 1, Junho/1999.

15. MALDONADO, Daniel T.; HYPOLITTO, Dinéia; LIMONGELLI, Ana M. A. Conhecimento dos Professores de Educação Física sobre Abordagens
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16. DARIDO, Suraya Cristina. Apresentação e análise das principais abordagens da educação física escolar. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 20
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17. DARIDO, Suraya C. Educação Física de 1a. a 4a. série: quadro atual e as implicações para a formação profissional em Educação Física. Revista
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20. NETO, Luiz Sanches; BETTI, Mauro. Convergência e integração: uma proposta para a educação física de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. Revista
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21. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 5. ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2003.

22. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: se o importante é competir, o fundamental é cooperar. 7. ed. Santos: Re-Novada, 2003.

23. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física, 3º e 4º ciclos, v.7, Brasília: MEC, 1998.

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