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Livro Final Deslocamentos&Permanências
Livro Final Deslocamentos&Permanências
Livro Final Deslocamentos&Permanências
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5637-453-6.
CONSELHO EDITORIAL:
Angela B. Kleiman
(Unicamp – Campinas)
Clarissa Menezes Jordão
(UFPR – Curitiba)
Edleise Mendes
(UFBA – Salvador)
Eliana Merlin Deganutti de Barros
(UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná)
Eni Puccinelli Orlandi
(Unicamp – Campinas)
Glaís Sales Cordeiro
(Université de Genève – Suisse)
José Carlos Paes de Almeida Filho
(UNB – Brasília)
Maria Luisa Ortiz Alvarez
(UNB – Brasília)
Rogério Tilio
(UFRJ – Rio de Janeiro)
Suzete Silva
(UEL – Londrina)
Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva
(UFMG – Belo Horizonte)
PONTES EDITORES
Rua Dr. Miguel Penteado, 1038 – Jd. Chapadão
Campinas – SP – 13070-118
Fone 19 3252.6011
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Apresentação 7
Eixo 1
Desigualdades Sociais e Trabalho
Apresentação
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Deslocamentos e permanências: trabalho, educação e interseccionalidades
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Deslocamentos e permanências: trabalho, educação e interseccionalidades
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Eixo 1
Danièle Kergoat3
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4 Le Torchon Brûle (literalmente, “o pano de prato está queimando”) foi um dos primeiros
jornais feministas da segunda onda.
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5 Pontoneiro é aquele que opera os pontões, tipo de guindaste que serve para transportar
cargas pesadas de um lugar para outro dentro das oficinas.
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6 Estas três modalidades foram desenvolvidas por Marx (exploração), Bourdieu (dominação,
1978), Mathieu (opressão, 1985).
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9 GODELIER. La production des grands hommes. Pouvoir et domination masculine chez les
Baruya de Nouvelle-Guinée, Fayard, 1982
10 LE RENARD, Amélie. “Travail et genre : approches intersectionnelles et postcoloniales” In:
MARUANI, M. (Org.). Je travaille, donc je suis. Perspectives féministes. La Découverte,
2018, p. 177-185.
11 E é aliás por isso que essa comunicação adquire sentido prioritariamente no contexto
francês.
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Referências
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Helena Hirata2
1 Uma primeira versão desse artigo foi publicada em colaboração com Danièle Kergoat, com
o título “Atualidade da divisão sexual e centralidade do trabalho das mulheres” na revista
Política & Trabalho, n. 53, p.131-143, Junho-Dezembro de 2020. Trata-se aqui de uma versão
consideravelmente desenvolvida da parte que redigi desse artigo.
2 Diretora de pesquisa emérita do Centro Nacional de Pesquisa Cientifica (CNRS), França e
pesquisadora colaboradora do Departamento de Sociologia da USP, Brasil.
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4 Sobre essa política pública para idosos no Japão, conferir Chizuko Ueno (2017).
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pelos homens. Não há, por parte da direção dos estabelecimentos, ne-
nhuma prática preventiva para evitar essas dores incapacitantes de que
praticamente todos os trabalhadores, homens e mulheres, se queixam.
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7 Dados sobre o salário das enfermeiras francesas coletados junto à OCDE por Nina Sahraoui,
socióloga pós-doutoranda no laboratório CRESPPA-GTM, CNRS.
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Conclusão
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Referências
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HIRATA, Helena. The Centrality of Women’s Work and the Sexual and
International Division of Care Labour: Brazil, France, and Japan. In: GUIMARÃES,
Nadya Araújo; HIRATA, Helena. (ed.), Care and Care Workers. A Latin American
Perspective. Cham: Springer, 2021, pp. 61-75.
KERGOAT, Danièle ; IMBERT, Françoise; LE DOARE, Hélène ; SENOTIER, Danièle.
Les infirmières et leur coordination, 1988-1989. Paris: Ed. Lamarre, 1992.
LE DOARÉ, Hélène. Do poder político e poiético. Esquema de um raciocínio.
Revista Estudos Feministas, n. especial, 1994, pp. 65-75.
PELLETIER, Anne-Sophie. EHPAD, une honte française. Paris: Plon, 2019.
SILVERA, Rachel. O salário das mulheres na França no século XXI: ainda um
quarto a menos, In: ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA; H., LOMBARDI, M. R.
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São Paulo: Boitempo, 2016, pp. 83-92.
UENO, Chizuko (2017). L’impact de l’assurance dépendance de longue durée sur
le care dans la famille: qui prend soin de qui, et dans quel cadre? Une expérience
japonaise, 2000-2012. In: DAMAMME, Aurélie; HIRATA, Helena; MOLINER,
Pascale. (coord). Le travail entre public, privé et intime. Comparaisons et
enjeux internationaux du care. Paris: L’Harmattan, 2017, pp. 141-152.
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Cristiane Soares1
Hildete Pereira de Melo2
Introdução
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5 Estudo da Cepal estima que 57% das mulheres da região estão concentradas em setores
que foram fortemente impactados com a pandemia de covid-19 (CEPAL, 2021).
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positiva, esta tornou mais evidente a urgência de se ter uma política na-
cional de cuidados, assim como políticas de gênero como mecanismo
de redução das desigualdades, em particular as relacionadas ao traba-
lho remunerado e não remunerado.
Vale ressaltar que nas ocupações relacionadas aos cuidados
as mulheres são maioria, exceto na ocupação de médicos que, em 2019,
era inferior a 50% e em 2020 passou para 50,3%. A análise desses gru-
pos ocupacionais relacionados aos cuidados evidencia também as de-
sigualdades intragrupos. Essa menor representatividade das mulheres
na categoria de médicos, comparadas as demais categorias das ativi-
dades de cuidados, revela, em parte, a dificuldade das mulheres de se
inserirem em ocupações de maior prestígio social e dominadas por ho-
mens9. É nesse sentido que a próxima seção aborda as relações de desi-
gualdade de gênero e raça nas ocupações do setor da saúde. No Brasil,
como em todo o mundo, estes profissionais continuam na linha de fren-
te do combate à pandemia e têm uma massiva presença feminina, visto
que cerca de 70% das equipes de trabalho em saúde e serviço social
são mulheres (HERNANDES; VIEIRA, 2020). Contudo, os rendimentos
médios por sexo do setor seguem a tradição centenária da sociedade
capitalista de que os “salários femininos são inferiores aos masculinos”
(FEDERICI, 2021).
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Deslocamentos e permanências: trabalho, educação e interseccionalidades
Homem Mulher
Homem Mulher Razão Razão Razão
preto preta
Ocupação no trabalho principal branco branca MB/ MPP/ MPP/
ou pardo ou parda
(HB) (MB) HB HPP MB
(HPP) (MPP)
Dirigentes de serviços de saúde 29.976 10.873 3.725 3.386 0,36 0,91 0,31
Médicos 11.687 10.676 12.196 9.470 0,91 0,78 0,89
Profissionais de enfermagem
3.942 4.146 4.297 3.541 1,05 0,82 0,85
e partos
Profissionais da medicina
- 7.029 6.000 2.000 0,33 0,28
tradicional e alternativa
Veterinários 6.553 3.677 4.003 4.070 0,56 1,02 1,11
Outros profissionais da saúde (a) 5.694 4.905 5.718 3.767 0,86 0,66 0,77
Técnicos médicos e farmacêuticos
2.503 2.369 2.308 2.578 0,95 1,12 1,09
(b)
Profissionais de nível médio
2.381 1.736 2.110 1.640 0,73 0,78 0,94
de enfermagem e partos
Profissionais de nível médio
1.903 2.011 3.556 778 1,06 0,22 0,39
de medicina tradicional e altern.
Técnicos e assistentes veterinários 1.897 984 625 1.180 0,52 1,89 1,20
Outros profissionais de nível médio
3.495 2.719 2.465 1.767 0,78 0,72 0,65
da saúde (c)
(a) Compreende os(as) profissionais dentistas, farmacêuticos, profissionais de saúde e da higiene
laboral e ambiental, nutricionistas, fonoaudiólogos, optometristas e outros profissionais não
clasificados.
(b) Compreende os(as) técnicos em aparelhos de diagnósticos e tratamento médico, técnicos de
laboratóris, técnicos e assistentes farmacêuticos e técnicos de prótese médicas e dentárias.
(c) Compreende os(as) ajudantes de odontologia, técnicos em documentação sanitária,
trabalhadores comunitários da saúde, técnicos em optometria, técnicos e assistentes
fisioterapeutas, assistentes de medicina, inspetores de saúde laboral e ambiental, ajudantes de
ambulancias e outros profissionais de nível médio não classificados.
Fonte: IBGE, PNADC. Elaboração própria a partir dos microdados.
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11 Segundo Zaidman (2009), as feministas, ainda nos seus primórdios, também denunciaram
a hierarquia dos sexos pela educação diferenciada entre meninos e meninas. Assim como
escreveu a precursora dessa abordagem, a francesa Madeleine Pelletier (1874-1939) que,
em 1914, publicou a brochura “l´education féministe des filles”, onde destaca o papel da
família e da educação na construção da submissão das mulheres na sociedade.
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Homem Mulher
Homem Mulher
preto preta
Setores branco branca
ou pardo ou parda
(HB) (MB)
(HPP) (MPP)
Atividades de atendimento hospitalar 13,3 35,3 13,3 37,0
Atividades de atenção ambulatorial
13,1 42,3 8,5 35,4
executadas por médicos e odontólogos
Atividades de serviços de complementação
15,7 34,6 7,2 42,1
diagnóstica e terapêutica
Atividades de profissionais da área
13,4 55,6 5,4 24,4
de saúde, exceto médicos e odontólogos
Atividades de atenção à saúde humana
18,5 35,4 11,6 13,6
não especificadas anteriormente
Fonte: IBGE, PNADC. Elaboração própria a partir dos microdados.
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Considerações finais
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Referências
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Introdução
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Tabela 1: Acesso a bolsa por gênero/raça nas Ciências Humanas de 2013 a 2017.
Linguística/Letras e
7.379 851 2.586 Sem dados
Artes
Fonte: Dados do CNPq analisados pelo portal Gênero e Número. Mídia, 2017.
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Perspectiva refletida na
experiência de mulheres
brancas, burguesas
e heterossexuais.
Contradições: Mulheres
brancas reivindicavam
1ª Onda/
sua presença no espaço
Liberal
Final do Luta pelo direito público, enquanto
Narrativas
século ao trabalho e Indivíduos as mulheres negras
de Mulheres Europa/
XIX e direitos políticos/ dotados de lutavam pela abolição da
Negras EUA
início do presença no direito. escravatura. Associação
Americanas
século XX espaço público. entre o feminismo
(Soujourner
tradicional e o liberalismo
Truth)
e a modernidade. A
desigualdade entre
homens e mulheres é
considerada apenas
sob o ponto de vista da
desigualdade de direitos.
Apesar das
Luta para
diferenças entre
superação
as mulheres,
da pobreza
2ª Onda/ todas sofrem
Europa/ 1960 e e exploração Enfoque essencialmente
Socialista/ pela questão
EUA 1980 capitalista que na variável econômica.
Radical do gênero.
incide sobre a
Luta contra a
vida de homens e
dominação do
mulheres.
patriarcado.
Compreensão sobre as
diferentes identidades e
experiências existentes
entre as mulheres. O
As variáveis de feminismo decolonial
raça, classe, etnia, afirma que múltiplos
sexualidade, entre sistemas de opressão
3ª Onda/ outras, marcam incidem de modo
Feminismo 1960 e a Problematização as diferenças simultâneo fortalecendo
EUA
Negro/ partir do sobre a noção da entre as mulheres a desigualdade de
Feminismo século XX mulher universal. e formam suas gênero e aponta como
Decolonial identidades, a interseccionalidade é
trajetórias e fundamental para ampliar
contextos de o entendimento sobre
opressão. as diversas variáveis
de diferenciação
existentes em uma
sociedade marcada pela
colonialidade.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Débora Machado, Maria Luisa
Costa, Delia Dutra (2018).
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7 Podemos citar como teóricas e ativistas na luta das mulheres indígenas: Elisa
Pankararu, Lorena Cabinal, Sonia Guajajara, Alejandra Aguilar Pinto, Potyra Tê
Tupinambá, Joenia Wapichana dentre muitas outras. Ver: https://www.geledes.org.br/
existe-feminismo-indigena-seis-mulheres-dizem-pelo-que-lutam/
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em qualquer contexto, pois só uma mulher negra pode falar do seu lu-
gar de enunciação sobre suas experiências e vivências práticas, de suas
dificuldades e potências. Também defendemos que raça não deveria
ser uma variável considerada como marcador, comparada da mesma
forma que gênero, classe, sexualidade, em se tratando de uma realidade
como a brasileira, que retirou a humanidade de uma população e condu-
ziu ao seu “holocausto”. A escravidão que afetou a população africana
deveria ser, para o mundo, como o nazismo é para a população alemã,
que abomina tal tragédia civilizatória marcada na sua história.
Não podemos negar que socialmente somos medidos(as) de acor-
do com a raça, o gênero, a classe, nas relações que estabelecemos
uns(as) com os(as) outros(as), e que a sociedade já traz esse marcador
de quem vale mais, de quem vale menos, quem ganha mais e quem
ganha menos. Por isso, acreditamos que a interseccionalidade é um po-
tente instrumento político e analítico que pode contribuir com uma len-
te apurada, para ampliar e visibilizar as mulheres negras na sociedade.
Nesse mesmo sentido
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Referências
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MONTEIRO, Kimberly Faria; GRUBBA, Leilane Serratine. A luta das mulheres pelo
espaço público na primeira onda do feminismo: de suffragettes às sufragistas.
Revista Direito & Desenvolvimento, v. 8 n. 2, 2017. Disponível em: https://
periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/563
Acesso em: 20 dez. 2021.
MOREIRA, Nubia. R.; CARDOSO, Tais. Mulheres Negras Em Marcha Contra O
Racismo, A Violência E Pelo Bem Viver: indícios para um currículo antirracista.
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doi.org/10.18764/2178-2229.v27n4p129-151.
NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras. Organização de
Alex Ratts. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2021.
SOARES, Marli Pereira; RODNEY, Walter. Mulher negra na sociedade brasileira:
uma abordagem político-econômica. In: RIOS, Flávia; LIMA, Marcia (orgs.) Por
um feminismo afrolatinoamericano–Lélia Gonzalez. Rio de Janeiro: Ed. Zahar,
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WERNECK, Jurema. Nossos passos vêm de longe! Movimentos de mulheres
negras e estratégias políticas contra o sexismo e o racismo. Revista da
ABPN, v. 1, n. 1, p. 1-11, 2010. Disponível em: https://books.openedition.org/
iheid/6316?lang=en Acesso em: 20 dez. 2021.
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Shana Sieber2
Lorena Lima de Moraes3
Bárbara Cristina Vieira da Silva4
Nicole Pontes5
Rebeca Barreto6
Tatiane Vieira Barros7
1 Este artigo apresenta parte dos resultados da Pesquisa intitulada “Tempo, custo e deslo-
camento: um estudo sobre o acesso aos serviços de atualização de registros do Cadastro
Único no Nordeste brasileiro”, realizada em 2020, por meio da Chamada CNPq/Ministério
da Cidadania n. 30/2019–Estudos e Pesquisas em Avaliação de Políticas Sociais, sob a
coordenação da Profª. Drª. Lorena Lima de Moraes.
2 Doutora em Ciências Sociais (UFCG), doutoranda em Engenharia Agrícola (FEAGRI/
UNICAMP). Pesquisadora do Dadá–Grupo de Pesquisa em Relações de Gênero, Sexualidade
e Saúde e do NEPPAS (UFRPE – UAST) e do Laboratório de Pesquisas Ambientais e
Agrícolas (UNICAMP). E-mail: shanasieber@yahoo.com.br
3 Doutora em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ), docente da Universidade Federal Rural de
Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada e coordenadora do DADÁ: Grupo de
Estudo, Pesquisa e Extensão em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde (UFRPE-UAST).
E-mail: lorena.moraes@ufrpe.br
4 Graduada em Ciências Biológicas (Universidade Federal do Vale do São Francisco).
Pesquisadora- Grupo de estudos em análises de modelagem, etnobiologia, ecologia e eco-
feminismos (PRPPGI/Univasf). E-mail: barbaracristinavieiradasilva@gmail.com
5 Doutora em Sociologia (PPGS/UFPB), docente da Universidade Federal Rural de
Pernambuco- Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE-UAST), pesquisadora do Dadá–
Grupo de Pesquisa em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde e membro do Advisory
Board–Centre for Fat Liberation & Scholarship (NZ). E-mail: nicole.pontes@ufrpe.br
6 Doutora em Ecologia e Evolução (PPGEE/UERJ), docente da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (Univasf), coordenadora do Geames- Grupo de Estudos em Análise de
Modelagem, Etnobiologia, Ecologia e Ecofeminismos (PRPPGI/Univasf). E-mail: rebeca.
mfbarreto@univasf.edu.br
7 Doutora em Antropologia (PPGAS/UFSC), docente do Instituto Federal do Ceará Campus
Itapipoca (IFCE) e Vice coordenadora do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas
(NEABI) na mesma instituição. E-mail: tatiane.barros@ifce.edu.br
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Introdução
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11 Importante ressaltar que estes são dados anteriores à crise sanitária, política e econômica
provocada pela pandemia de covid-19.
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Nordeste 32.610.289 40
Sudeste 26.034.017 32
Norte 9.770.703 12
Sul 7.745.365 9
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Bahia 8.449.834 27
Ceará 5.303.466 17
Pernambuco 5.276.555 17
Maranhão 4.358.529 14
Paraíba 2.296.727 7
Piauí 2.017.261 7
Alagoas 1.816.877 6
Sergipe 1.261.640 4
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados do CECAD 2021.
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13 A análise das autoras sobre os dados da PNAD Contínua (2019) evidenciou, entre outros
resultados, maiores médias de horas semanais dedicadas pelas mulheres beneficiárias
de políticas sociais (ao trabalho doméstico e de cuidado, tendo como diferenças na com-
paração com os homens 16,7 horas para mulheres indígenas, 15,15 horas para mulheres
brancas, 14,76 para mulheres pardas, 13,17 para mulheres amarelas e 14,58 para mulheres
pretas (GERMINE; PERES, 2021).
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Tempo médio de deslocamento (min) 177,78 (±20,32) 72,82 (±11,47) 48,72 (±4,69)
Tempo de espera na chegada (min) a 113,05 (±71,48) 205,75 (±67,03) 117,77 (±16,24)
Tempo de espera na abertura (min)a 113,72 (±14,12) 119,54 (±14,89) 99,34 (±12,29)
Custo médio com deslocamento (R$) 39,61 (±7,98) 17,32 (±1,82) 18,28 (±1,95)
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Fundo e
N Agricultura
Variável Fecho de Quilombola
amostral Familiar
Pasto
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Referências
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Camila Fernandes1
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4 Weber (2009) realiza sua pesquisa em Montbard, uma pequena cidade operária localizada
na França. “Estar com” diz respeito à realização de um trabalho engajado no qual o pesqui-
sador participa ativamente do processo de elaboração das categorias mobilizadas pelas
pessoas no seu mundo social.
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6 Claudia Fonseca (2007) destaca, como tendência nos estudos contemporâneos sobre fa-
mílias, experiências que ressaltam tanto as manifestações de apoio, ajuda e solidariedade,
como os conflitos e tensões derivados do convívio familiar. Em seu estudo sobre as rela-
ções entre empregadas domésticas, Jurema Brites (2007) analisa o sentimento de ambiva-
lência que atravessa as relações entre patrões, empregadas e crianças.
7 A pesquisa de Fonseca e Rizzini examina a presença de meninas no trabalho doméstico
e mostra que uma das contingências para a entrada das meninas no emprego doméstico
se explica pela concepção do trabalho doméstico e o cuidado dos filhos como atividades
naturais e femininas.
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uma criança que dificilmente nega ajuda aos pais, que é responsável e,
sobretudo, consciente de suas obrigações com o universo dos cuidados.
Em texto clássico sobre sistemas de trocas, o antropólogo Marshal
Sahlins (1965) desenvolve um quadro analítico em torno de múltiplas re-
ciprocidades. Em seu esquema, a relação entre filhos e pais seria a única
forma livre de retribuição, na qual os constrangimentos derivados da ne-
cessidade de retorno da dádiva seriam obrigatórios somente quando
o filho atinge a vida adulta e os pais se tornam velhos, ou seja, dignos
de cuidados. Utilizo esse deslocamento para enfatizar que, no contexto
descrito, vemos que os filhos precisam retribuir aos pais ainda na infân-
cia e tal retribuição se faz por meio de gestos sistemáticos de cuidados.
Portanto, a “moral” constitui um código da reciprocidade crucial dos fi-
lhos para os pais.
No trabalho de Phillip Ariés (1973), vemos a construção da se-
paração entre o mundo das crianças e o dos adultos, no qual a ideia
de infância foi uma das fortes expressões dessa apartação. Em outro
sentido, Viviana Zelizer (1994) aprofunda reflexões em torno do valor
social delas. No contexto norte-americano, após as décadas de 30 e 40,
observa-se progressivamente a sentimentalização da vida da criança.
Entretanto, essas transformações apresentam inflexões distintas entre
a classe média e a trabalhadora. Na primeira, ela figura como centro
de decisões familiares, alvo dos projetos estabelecidos pelos adultos,
incluindo a exclusividade da formação escolar com o objetivo de pro-
duzir um sujeito em potencial ascensão financeira e profissional. Já na
classe trabalhadora urbana, é um membro ativo da reprodução social,
uma vez que está comprometida com a gestão das atividades domés-
ticas. É nesse contexto que Zelizer (1994) escreve sobre as diferenças
entre a “criança improdutiva” e “a criança útil”.
Todavia, se contextos e tempos distintos apresentam algumas
semelhanças, tais realidades também guardam profundas diferenças.
No Morro do Palácio, o lugar das crianças não é somente preenchido
com o trabalho doméstico, mas conciliam diferentes performatividades;
elas precisam realizar a carga de trabalho mencionada em coexistên-
cia às obrigações escolares acrescidas, ainda, das expectativas de uma
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res de todos os tipos; por diversas vezes, foi possível perceber reações
de estranhamento e receio de pessoas passando, que ora se afastavam,
ora atravessavam a rua rapidamente como se estivessem com medo.
A imagem de crianças, em sua maioria negras, cantando alto na rua
e vestidas com uniforme de escola pública mobiliza os racismos ordiná-
rios presentes nas formas de enquadramento social (GOFFMAN, 2012)
e indica como a mobilidade de crianças periféricas e negras é vista en-
quanto uma ameaça à segurança dos outros.
Além das diversões em grupo, as crianças aprendem que a
rua guarda seus perigos. Dos meninos, não escutei nenhum relato de ris-
co, porém em relação às garotas é comum ouvir histórias sobre “tara-
dos”: “Tem um homem lá no Pão de Açúcar (supermercado) que fica
mexendo com a gente; ontem a gente foi lá comprar comida e ele fica
por trás das prateleiras e aparece e faz assim (passa a língua na boca),
e fica olhando assim (olha com cobiça), sabe?”, explica Jaqueline,
de nove anos ao narrar uma situação de assédio sexual público.
Na rua, algumas meninas recebem muitas interpelações mascu-
linas e contam situações comuns nas quais homens passam falando
“sacanagens”, como na seguinte ocasião narrada: “ontem um japonês
passou do outro lado da rua e ficou tirando fotos nossas, a gente gri-
tou, gritou e o tio Anderson veio lá de cima e correu atrás do cara, e fez
ele apagar as nossas fotos”, conta Renata, de sete anos. Os relatos
são sobre homens que param de carro e assediam as meninas, seja
com “elogios” ou “cantadas”: “é que aqui tem muita criança, aí os ho-
mens fazem isso”, explica Jéssica, 12 anos. Nessas situações, algumas
fingem não escutar, outras ignoram, mas a maioria costuma reagir e res-
pondem em voz alta, gritam e saem correndo pela rua. As meninas ex-
plicam a importância de “não se deixar intimidar” e enfatizam que “ficar
quieta é pior”. Esse fato atesta a densa assimetria de gênero presente
em nossa cultura, na qual desde muito cedo, meninas e adolescentes
periféricas e racializadas devem aprender a manejar, responder e reagir
a situações de violência de gênero perpetradas no espaço público.
Nas festas do morro, em noites de baile funk ou de forró, a pre-
sença de crianças é constante. Noite e crianças não se apresentam
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ças têm muito o que fazer antes de namorar; “têm que trabalhar, estudar
e crescer”, como diz Murilo, pai de Melissa.
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Em conversa com Ruan, diz que Alice faz “muitas coisas”: “ela
apronta nossa janta, pega a gente na creche, brinca com a gente, deixa
a gente fazer bagunça, mas depois a gente arruma, corta laranja, arru-
ma a casa, ela faz tudo”. Durante um de nossos encontros, ele exibia
rindo um corte na palma da mão, feito enquanto preparava um lanche
em casa. Não é banal que duas crianças ao longo dessa descrição te-
nham exibido acidentes domésticos em seus corpos, mostrando que os
compromissos com o universo da casa estão entranhados nos corpos
e na sociabilidade infantil.
Na creche, os feitos de Ruan são percebidos como dignos de preo-
cupação. As narrativas falam de um menino que “deixou de ser criança”:
“esse menino é triste, responde de igual pra igual e só faz o que quer”,
lamentam as professoras. Os comentários não inspiram a docilidade
passiva comumente atribuída à condição genérica de criança, ainda
que esse referido imaginário se reitere nos trabalhos de desenho ou pin-
tura pendurados no mural da instituição. Decerto, Ruan virou um “caso”
e, como tal, extrapolou os muros da creche, de sua família e da vizinhan-
ça, chegando até o gabinete da Fundação de Educação na Prefeitura
de Niterói. A coordenadora da Educação Infantil na Prefeitura já conhece
Ruan: “já discutimos muito o caso desse menino nas reuniões”, em tom
de desabafo durante um encontro inesperado fora da creche.
Ao observar o menino, muitas vezes, tive a impressão de que Ruan
se aproximava da posição de outsider, categoria cunhada por Howard
Becker (2008). Seus feitos tensionam as expectativas normativas ela-
boradas no espaço institucional, de modo que quase todas as ações re-
alizadas pelo garoto são lidas como desviantes. Para Becker, “se um ato
é ou não desviante, portanto, depende de como outras pessoas reagem
a ele” (2008, p. 24). Logo, cabe expor brevemente o conjunto de regras
e normas presentes na sociabilidade local com o objetivo de acessar
quais são os valores que atravessam as relações entre crianças, profes-
soras e avaliadoras das políticas públicas infantis.
A creche, enquanto unidade física e inserida num determinado
território, opera como uma matriz relacional constitutiva de cuidados
entre profissionais, famílias e crianças. Fato muito compreensível,
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uma vez que se trata de uma creche comunitária circunscrita num cam-
po relacional fortemente territorializado e interdependente; as professo-
ras são moradoras do lugar, pais e mães são vizinhos uns dos outros,
as famílias se conhecem; logo, as relações da creche têm forte impacto
no contexto dessas relacionalidades (CARSTEN, 2004).
Por esse motivo, cabe discorrer de modo breve sobre como
uma criança se tornou “um caso”. O menino alcançou a posição de out-
sider por meio de inúmeros eventos sequenciais e diversas narrativas
cotidianas. O “caso Ruan” exprime linhas de tensão entre registros diver-
sificados que passam pela produção de “liberdade”, mobilidade, autono-
mia e autoridade. Esses distintos registros em ação se referem ao uni-
verso de valores presentes entre as pessoas que cuidam das crianças.
Para as professoras, mulheres de origem popular e moradoras
da comunidade, a noção de educação diz respeito à obediência arbitrá-
ria às regras impostas pelos adultos. Cabe destacar que estas são pro-
fissionais que se envolvem com tarefas de cuidados compulsórios,
como banhos, dar comida, fazer atividades em sala, pentear cabelos,
arrumar mochilas, organizar os materiais e todo um conjunto de tarefas
que se aproximam da ideia de trabalho “sujo”, conceito cunhado por te-
óricas feministas para falar do trabalho de cuidado, incluindo tarefas
bem como empregos desqualificados e estigmatizados socialmente
(HIRATA; GUIMARÃES, 2012).
Durante a rotina institucional, presenciei diversas vezes impaciên-
cia e irritação por parte das professoras em ter que executar uma deter-
minada tarefa ou outra. Mesmo diante de minha presença, o sentimento
de irritação não acompanhava nenhum esforço em ser evitado, prova
de tamanha exaustão emocional em que se encontram. Essas formas
de tratamento às crianças, somadas às trajetórias pessoais das profis-
sionais, nos auxiliam a delinear uma imagem, ainda que relativa, acerca
da noção de criança que emerge nesse contexto. Um trabalho que, cabe
destacar, é realizado em condições institucionais precárias.
Lorraine, uma menina de quatro anos, comenta: “tia Rosa passa
a toalha espetando”. A menina se refere ao momento em que a profes-
sora seca as crianças após o banho. Sozinha e apressada, Rosa banha
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cerca de quinze crianças no lavatório, uma de cada vez. Não foi raro
acompanhar a exaustão dessa profissional ao realizar esse procedimen-
to. Em outro momento, é a professora Joana quem ordena que Gustavo
desenhe cobrindo um círculo pontilhado de lápis, mas ele está mais inte-
ressado em desenhar nas bordas da folha. Ela insiste, diz que o menino
deve cobrir os pontos e ele continua desenhando bolinhas nas margens
do papel. Joana, já visivelmente irritada, segura os punhos do meni-
no e puxa-os para baixo. Ele estava segurando um lápis na mão, as-
sim se machuca com a escoriação do movimento e começa a chorar.
Fatigada, Joana justifica em tom de desabafo: “esse menino chora à toa;
ele não era pra estar na minha turma; elas fizeram de sacanagem, por-
que ele atrasa os meus alunos que já estão adiantados”.
Na hora do descanso, a professora Janaína reúne as crianças
na sala e anuncia a hora de dormir; durante esse processo é comum
que algumas relutem contra o sono e se revirem nos pequenos col-
chonetes. Felipe, “a criança que não dorme”, segundo as professoras,
não consegue cochilar e está em movimento no colchão. Janaína alerta
com a voz entre os dentes; “eu já falei que é pra dormir; vira pro lado
e dorme logo! Vira e dorme. É pra dormir”. Depois de muito relutar, o me-
nino dorme, quase na hora de acordar novamente.
As profissionais se esforçam para ser respeitadas, manter a orga-
nização dos objetos e das crianças. O “jeito” de educar passa pelo res-
peito às regras elaboradas pelos adultos. Essas regras giram em torno
da execução das atividades de sala, dos horários para dormir, acordar,
brincar no pátio, desenhar “certo”, ouvir a história na hora “correta”9.
Ao lado das professoras, o registro moral da autoridade, situam-se
as profissionais da equipe da Fundação de Educação, que, por sua vez,
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Eixo 2
Interseccionalidades na Educação:
histórias e memórias negras na
construção do conhecimento
escolar
Introdução
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4 Sobre as leis de 1831 e 1850, conhecida como Lei Eusébio de Queirós ver: SCHWARCZ, Lília
Moritz; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade: 50 textos
críticos. São Paulo Companhia das Letras, 2018; MAMIGONIAN, Beatriz Gallotti. O Estado
nacional e a instabilidade da propriedade escrava: a Lei de 1831 e a matrícula dos escravos
de 1872. Almanack. Guarulhos, n. 2, p. 20-37, 2º semestre de 2011.
5 Sobre maternidade africana ver: Ventre Livres? Gênero, maternidade e legislação, orga-
nizado por Maria Helena Machado et al. São Paulo: Editora Unesp, 2021.; VIANA, Iamara;
GOMES, Flavio. Senzalas e casebres sob sevícias: violência, feminicídios, médicos e cor-
pos. In: Ventre Livres? Gênero, maternidade e legislação, organizado por Maria Helena
Machado et al. São Paulo: Editora Unesp, 2021; MACHADO, Maria Helena P. T. Entre dois
Benditos: histórias de amas de leite no ocaso da escravidão. In: Mulheres Negras no
Brasil Escravista e do Pós-Emancipação, organizado por Flavio Gomes et al. São Paulo:
Selo Negro, 2012; COWLING, Camillia. Concebendo a liberdade: mulheres de cor, gênero e
a abolição da escravidão nas cidades de Havana e Rio de Janeiro. Campinas, SP: Editora
da Unicamp, 2018.
6 Trabalhos recentes desenvolveram reflexões acerca das violências físicas e sexuais sofri-
das por escravizadas africanas e suas descendentes, dos quais sugerimos: VIANA, Iamara;
GOMES, Flávio. Senzalas e casebres sob sevícias: violência, feminicídios, médicos e cor-
pos. In: MACHADO, Maria Helena P. T. et al. (orgs.) Ventres livres? Gênero, maternidade e
legislação. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
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7 Como eram comumente conhecidos os escravizados que viviam sobre si, ou seja, exerciam
diferentes ofícios (vendedores de alimentos, sangradores, barbeiros, etc.) e pagavam um
jornal (valor) no fim do dia ao seu proprietário. Geralmente moravam em residência diferen-
te de seu senhor ou senhora, o que lhes permitia uma pequena margem de “liberdade”.
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9 O café, produto que no século XIX tornou-se o mais importante do Império do Brasil, contri-
buiu para tornar o tráfico uma atividade lucrativa, mesmo após 1830 com a sua ilegalidade.
Continuará lucrativa após 1850, momento ainda de expansão de sua cultura, e o fim definiti-
vo das operações atlânticas. Sobre a produção cafeeira no Vale do Paraíba Fluminense, ver:
VIANA, Iamara da Silva. SALLES, Ricardo Henrique. E o vale era o escravo: vassouras, sé-
culo XIX. Senhores e escravos no coração do Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2008.
10 Inventários post mortem, 1840-1849. Centro de Documentação Histórica, Vassouras/CDH.
11 Foram selecionados os ofícios mais significativos onde a mão-de-obra escravizadas femi-
nina fora mais empregada no âmbito doméstico ou no trabalho nas plantações.
12 Inventários post mortem, 1840-1850. Centro de Documentação Histórica de Vassouras/
CDH.
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13 Os ofícios apresentados foram selecionados tendo como objetivo ilustrar a relevância dos
mesmos no cotidiano de mulheres escravizadas e a utilização dessa mão-de-obra pelos
proprietários de escravizados e de fazendas em Vassouras no século XIX, não totalizam os
100% de todos os ofícios desenvolvidos dentro das Casas grandes e fazendas.
14 Pesquisa desenvolvida durante o mestrado na Faculdade de Formação de Professores da
UERJ. VIANA, Iamara da Silva. Morte escrava e relações de poder em Vassouras (1840-
1880): hierarquias raciais, sociais e simbolismos. Dissertação de Mestrado, Rio de Janeiro:
Centro de Educação e Humanidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2009.
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15 Sobre a Revolta dos Malês, ver: REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do
levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
16 Discussão contundente acerca do acesso à cidadania por ex-escravizados após a Abolição
pode ser acessada em: CUNHA, Olivia Maria Gomes; GOMES, Flávio dos Santos (orgs).
Quase-cidadão: histórias e antropologias da pós-emancipação no Brasil. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2007.
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17 Sobre o Movimento Negro ver: GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes
construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
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19 Sobre essa perspectiva, ver: SILVA, Régia Agostinho da. Maria Firmina dos Reis e sua escri-
ta antiescravista. Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (RICS), São Luís–v. 3 – n.
2. jul./dez. 2017.
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***
20 Sobre a biografia de Lélia Gonzalez ver: RATTS, Alex; RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. São
Paulo: Selo Negro, 2010.
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2 A tese intitulada “Entre Silêncios, Interdições e Pessoalidades: uma análise racial das his-
tórias sobre aborto no sertão” foi defendida em 2020 no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, sob a orientação da Profª Drª Rosineide Lourdes Meira Cordeiro e aprovada pelo
Comitê de ética em 2018, CAAE n° 85980318.7.0000.5208.
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em termos sexuais, bem como sobre o que deve ser excluído. A sexuali-
dade é um campo de articulação de políticas de discriminação, de regu-
lação sobre os corpos. É uma dimensão da vida importante para pensar-
mos na intersecção dos marcadores sociais de gênero, classe, geração,
raça, religião, entre outros, haja vista o quanto esses feixes relacionais
têm produzido efeitos sobre os corpos, controlando-os, estigmatizando-
-os, excluindo-os da sociedade, porque produzem fissuras na heteronor-
ma, seja indicando prazeres que a extrapolam ou transgredindo os tem-
pos determinados para as vivências sexuais conforme os gêneros.
No que se refere às escolas, no estudo realizado por Marivete
Gesser, Leandro Oltramari e Gelson Panisson (2015) temos que os dis-
cursos dos/as docentes estavam pautados na heteronormatividade.
Compreendida a partir do pensamento de Judith Butler (2003), essa
se caracteriza como uma prática que produz discriminação baseada
na suposição da normalidade da heterossexualidade e dos estereótipos
de gênero. E como consequência foi visto a pedagogização nas escolas
dos gêneros e sexualidades baseadas em uma norma sexista e hetero-
normativa, e a manutenção dos binarismos homem/mulher, homosse-
xual/heterossexual e sexo/gênero.
A noção de gênero foi desenvolvida e utilizada, num primeiro mo-
mento, em oposição ao sexo a fim de descrever o que é socialmente
construído sobre o masculino e o feminino, numa rejeição explícita
à ideia de justificar a partir da biologia, as raízes das diferenças entre
mulheres e homens. Falar em gênero implica considerar que as desi-
gualdades existentes entre mulheres-homens, mulheres-mulheres, ho-
mens-homens são perpassadas por processos históricos e relações
de poder que caracterizam um padrão na sociedade. Sendo uma cons-
trução social, as relações de gênero não somente são diversas entre
as sociedades ou em distintos momentos históricos, mas também po-
dem se diferenciar no interior de uma mesma sociedade, quando se con-
sideram os diferentes grupos (étnicos, religiosos, raciais, de classe, en-
tre outros) que a constituem.
Da mesma forma que gênero não se resume à diferença entre
os sexos, a sexualidade também não é sinônimo de sexo biológico.
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tora não fez nada, e ainda disse que eu não deveria ter lido, ter
deixado pra lá, mas o professor que pediu pra todo mundo ler”
(Diário de campo, 14/02/2017).
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Marcio Caetano1
Esmael Alves de Oliveira2
Letícia Carolina Nascimento3
Lorena Moraes4
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(com suas implicações na ciência, nas políticas e, por sua vez, na es-
cola) como o outrem desse homem, a homossexualidade vem sendo
um corpo discursivo alimentado pela lógica heteronormativa e se carac-
terizando como o Outro absoluto da heterossexualidade.
Todavia, a homossexualidade não pode ser entendida como
o Outro absoluto da heterossexualidade, uma vez que a comunidade
LGBTI é bastante plural e diversa sendo constituída por pessoas que di-
vergem da Cisheteronorma tanto no âmbito da orientação sexual (gays,
lésbicas, bissexuais) como no âmbito das identidades de gênero (tra-
vestis, transexuais, transmasculinos, mulheres e homens transgêneros
e pessoas não binárias). Quando em discursos conservadores e fas-
cistas se resume a comunidade LGBTI a “um bando de homossexuais”,
a norma opera invisibilizando a nossa diversidade, retirando de nós o po-
der de nos definir, de afirmar nossas diferenças.
Ademais, dentro de uma perspectiva interseccional é importante
pontuar que a comunidade LGBTI está atravessada por questões de clas-
se, raça, nacionalidade, localização geográfica, geracionais, deficiências,
dentre outros marcadores sociais de diferença que, dentro de uma es-
trutura colonial de saber poder, produzem desigualdades. Desse mesmo
modo, é insuficiente analisar a cisheteronormatividade sem todos os de-
mais atravessadores que fortalecem o seu lugar como norma. Sobre es-
sas questões, a crítica transfeminista pensada por Letícia Nascimento
(2021) faz uso do termo “outreridades” para demarcar os diversos luga-
res que podemos ocupar em relação à norma. Afinal, a norma não é ape-
nas cisheterossexual, ela é branca, burguesa, cristã, urbana, de primei-
ro mundo, magra e sem deficiências. Deste modo, ao valer-se de uma
análise interseccional das opressões, a categoria “outreridades” busca
romper com binarismos reducionistas.
Na lógica binária não residem apenas os discursos LGBTIfóbicos.
Em seu outro extremo estão também os discursos favoráveis à ho-
mossexualidade. Como estratégia política, esses discursos revelam-se
limitados, à medida que não fragilizam, de fato, o sistema vigente he-
teronormativo ao mesmo tempo em que criam e alimentam outras di-
mensões de subalternidades. Deste modo, torna-se necessário atentar
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10 De autoria do deputado estadual Eyder Brasil do Carmo vinculado ao PSL – partido da base
aliada do atual governo Bolsonaro.
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5 A constatação de que o ensino de língua inglesa não se realiza de modo eficaz em diferen-
tes contextos escolares já foi realizada em diferentes obras (ver LIMA, 2011) e as explica-
ções históricas dessa insuficiência podem ser averiguadas em outras pesquisas (ver Leffa
1999, 2016).
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sário dar ênfase a mulheres não brancas, para que houvesse o reco-
nhecimento de que as mulheres negras também podem ocupar lugares
de privilégio.
Outro ponto que queremos elencar em relação à elaboração
dos materiais, foi a dificuldade em encontrar materiais didáticos, a exem-
plo de vídeos, que trouxessem uma abordagem intercultural e multicul-
tural sobre determinados temas – principalmente no que diz respeito
ao tema da família. Para esse plano, a curadoria dos materiais inves-
tiu de modo particular no processo de desconstrução de ideias, para
que os/as jovens na escola aprendam a reconhecer conteúdos sexistas
e machistas, desconstruindo romantizações e estereotipias. Isso permi-
te que quem aprende aja “com autonomia e colaboração, protagonismo
e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e so-
lidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro […]” (BRASIL,
2018, p. 493).
Para finalizar, pontuamos novamente que a escolha dos temas
partiu, primeiramente, da realidade social vivenciada no contexto de atu-
ação das pesquisadoras-professoras no Estado de Pernambuco e no
Sertão do Pajeú, com altos índices de violência contra mulher e femini-
cídio. Ademais, os materiais de ensino e planejamento das atividades
não foram pensados para estudantes idealizados de escolas modelo,
mas para a realidade das escolas públicas da região, com limitação
de recursos, duas aulas de inglês por semana com cinquenta minutos
de duração cada, às vezes em dias diferentes e com aprendizes, muitas
vezes, em estágios iniciais da aquisição da língua inglesa. Para forma-
ção docente na área de línguas é essencial tomar o local de atuação,
a própria escola e sua realidade, como campo para reflexões teóricas
e práticas, que permitam ao mesmo tempo atualizar o profissional e as
bases epistemológicas de seu trabalho.
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Fechamento de escolas do
campo e a presença das classes
multisseriadas no Território do
Sertão do São Francisco, Bahia
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Nesse contexto, para que se tenha uma reflexão sobre tais indaga-
ções é fundamental uma análise dos dados oficiais, utilizando durante
sua interpretação o auxílio de estudiosos da área, como Hage (2006;
2008; 2011), que discute as classes multisseriadas; Reis (2013; 2017;
2018), estudioso da educação contextualizada e Educação do Campo;
e Caldart (2004), que também aborda a Educação do Campo, dentre ou-
tras referências necessárias a esta discussão.
Diante disso, a partir de tais referenciais, esta pesquisa tem como
objetivo identificar e problematizar os indicadores de fechamento
das escolas do campo dos municípios do TSSF como um agravo ao di-
reito à educação, bem como a existência das classes multisseriadas
sem que haja uma proposta pedagógica adequada a este formato
de oferta educacional, tendo em vista que os sujeitos, tanto do campo
quanto da zona urbana, têm direito a uma educação universal e de qua-
lidade, que respeite a sua cultura e atenda às especificidades do seu
mundo, sem que se constitua apenas em uma adaptação malfeita do re-
ferencial urbanocêntrico.
Metodologia
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Fundamentos teórico-práticos
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Tal pensamento fez com que qualquer outro modelo além do se-
riado fosse considerado como inadequado e atrasado, sendo este o úni-
co “provedor” de uma educação de qualidade. Todavia, o autor afirma
que esse modelo “trata o tempo, o espaço e o conhecimento escolar
de forma rígida, impõe a fragmentação em séries anuais e submete
os estudantes a um processo contínuo de provas e testes como requisi-
to para que sejam aprovados e possam progredir no interior do sistema
educacional” (HAGE, 2011, p. 105). Essa faceta de compreensão revela,
para aqueles que assim pensam, que a seriação está longe de possibili-
tar uma educação que desenvolva o sujeito de forma integral.
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Referências
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