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Professor: Formação:

Diego Santos - Licenciatura em História

- Graduação Engenharia
de Produção

- Pós Graduação
Engenharia de
Segurança do Trabalho
FRIO

Por não ser muito comum no nosso país, o estudo da exposição ao frio
não é muito divulgado, nem claramente coberto pela legislação. A NR 15
anexo 9, se limita a dizer que trabalhos em locais frios sem a proteção
adequada são consideradas insalubres mediante laudo de inspeção no
local de trabalho. Entretanto devemos considerar que muitos
trabalhadores exercem suas atividades em câmaras frias, na indústria
alimentícia, na agricultura, ou ainda em ambientes externos em
localidades frias.
DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO AO FRIO

Na exposição do indivíduo ao frio intenso, deve-se considerar o


esfriamento do interior do corpo, através da superfície da pele e pela
respiração, e o congelamento de extremidades. A tabela 3.2 a seguir
mostra os efeitos clínicos da vítima de hipotermia, de forma progressiva.

A permanência num ambiente frio, por exemplo, determina a atividade de


distintos mecanismos de termorregulação do organismo. Assim, para
evitar as perdas calóricas, o organismo produz uma vasoconstrição na
periferia do corpo
Alguns tipos de alterações podem ocorrer, apesar de existirem
mecanismos automáticos de regulação de temperatura do corpo. Muitas
vezes, a ação do frio se faz notar em locais ou modos onde tais
mecanismos se tornam ineficazes. É o caso das queimaduras pelo frio
ocasionadas pelo contato da pele com o agente causador do frio.
Algumas alterações, por outro lado, são desencadeadas pelo frio em
indivíduos previamente ‘marcados’. São os indivíduos mais sensíveis
que outros ao frio e que podem desenvolver urticárias ou alterações
alérgicas de pele.

As doenças causadas pelo frio são classicamente divididas em dois


grupos: aquelas onde não há congelamento (hipotermia, eritema pérnio)
e aquelas causadas por congelamento (geladura ou frostbite)
Hipotermia

É definida pela queda da temperatura central do corpo a níveis inferiores


a 35°C. Pessoas hipotérmicas podem apresentar uma gama de sinais e
sintomas, conforme tabela
Hipotermia
Hipotermia
Hipotermia
Eritema Pérnio

O eritema pérnio ou perniose é uma condição inflamatória da pele dos


membros induzida pelo frio
Caracterizada por eritema, prurido e ulceração. São reconhecidas uma
forma aguda e uma forma crônica da doença. Nos casos agudos
percebe-se uma descoloração vermelho-azulada e edema da pele nos
membros inferiores associados à sensação de queimação e calor, além
de prurido. As lesões geralmente persistem por sete a dez dias e após
regridem, deixando algumas vezes uma pigmentação residual na pele.

Nos casos graves as lesões podem tornar-se hemorrágicas ou podem


surgir bolhas. Infecções podem sobrevir. Com a exposição repetida ao
frio, os trabalhadores susceptíveis podem desenvolver lesões crônicas
que são caracterizadas por eritema e úlcera. Pode haver também, nestes
casos, formação de bolhas e hemorragia.
Geladura (Frostbite)

Geladura ou frostbite ou queimadura pelo frio é a lesão que atinge as


extremidades, decorrentes de exposição prolongada a temperaturas
extremamente baixas, com consequente congelamento dos tecidos e
lesão vascular. São lesões que ocorrem devido à intensa vasoconstrição
e à deposição de micro cristais nos tecidos. No Brasil não se espera que
seja uma doença comum. Inicialmente ocorre uma sensação de picada
seguida de dormência. A pele torna-se exangue e mostra-se branca e fria.
Posteriormente há vermelhidão, edema e temperatura aumentada.
Bolhas com conteúdo seroso amarelo ou hemorrágico podem se formar
24-48h após o descongelamento. Pode haver hemorragia sob os leitos
ungueais.
Geladura (Frostbite)
As geladuras podem ser classificadas em:

de primeiro grau: lesões com hiperemia e edema;

de segundo grau: lesões com hiperemia, edema e vesículas ou bolhas;

de terceiro grau: lesões com necrose da epiderme, derme ou subcutâneo


e

de quarto grau: lesões necróticas profundas, perda de extremidades.


Urticária pelo frio

É caracterizada pelo aparecimento de urticas, que são pápulas


edematosas, de duração efêmera e extremamente pruriginosas, em
expostos ao frio. As pápulas podem confluir formando extensas placas. A
lesão é uma reação alérgica que ocorre em consequência da liberação
de histamina dos mastócitos localizados em torno dos vasos da derme,
em resposta ao frio. (8) Irritação de vias aéreas: A inalação de ar frio
pode causar desconforto respiratório, especialmente se a respiração for
nasal. Grandes volumes respirados de ar muito frio podem ocasionar
micro inflamação da mucosa de vias aéreas superiores.
Urticária pelo frio
MEDIDAS DE CONTROLE DO FRIO

A ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Hygienists)


faz as seguintes recomendações para o trabalho com exposição ao frio:

1- Trabalhadores que realizam seus trabalhos expostos a temperaturas


inferiores a 4°C devem estar sempre paramentados com roupas isolantes
secas;

2- A temperaturas de 2°C ou menos é imperativo que se permita aos


trabalhadores que entram na água ou tenham suas roupas molhadas
trocar as mesmas de imediato e que se faça o tratamento da hipotermia
3 - Para trabalhos de precisão, com as mãos descobertas por mais de 10-
20min em um ambiente com temperatura abaixo de 16°C, devem ser
adotadas medidas especiais para manter as mãos dos trabalhadores
aquecidas (jatos de ar quente, aquecedores ou placas de contato
aquecidas)

4 - Os trabalhadores devem usar luvas sempre que a temperatura do ar


cair abaixo de 16°C para trabalho sedentário, 4°C para trabalho leve e
7°C negativos para trabalho moderado, se não for necessária destreza
manual

5 - A temperaturas inferiores a 1°C negativo as partes metálicas das


ferramentas e as barras de controle devem ser cobertas com material
isolante térmico
PRESSÕES ANORMAIS

Há uma série de atividades cuja realização faz com que os trabalhadores


fiquem sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões
normais, isto é, da pressão atmosférica a que normalmente se expõem

• Baixas pressões: situam-se abaixo da pressão atmosférica normal e


ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes.
No Brasil, são raros os trabalhadores expostos a esse risco.
• Altas pressões: situam-se acima da pressão atmosférica normal, sendo
comuns em trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido,
máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados
por mergulhadores, como por exemplo: caixões pneumáticos,
compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios e em
represas onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do interior do
caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e
barragem
DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO ÀS PRESSÕES
ANORMAIS

Barotrauma

É definido como uma síndrome ocasionada pela dificuldade de equilibrar


a pressão no interior de uma cavidade pneumática do organismo com a
pressão do meio ambiente em variação. Além dos espaços aéreos
naturais, eventualmente podem ser criados outros por equipamentos,
como, por exemplo, um capacete ou uma máscara de mergulho.
O barotrauma pode assumir as seguintes formas clínicas:
• Do ouvido externo: dor local, eventualmente o rompimento da
membrana timpânica;
• Do ouvido médio: dor, zumbido. Se a membrana timpânica se romper, a
dor cessa e, no mergulho, a penetração de água fria no ouvido médio, a
irritação das estruturas do labirinto leva à desorientação espacial,
vertigem, náuseas e vômitos, que cessam logo que a temperatura da
água atinja a temperatura corporal;
• Do ouvido interno: dificuldade de equilibrar as pressões e diminuição
súbita e progressiva da audição, zumbido e vertigem. Estas lesões
podem se tornar permanentes;
• Sinusal: edema e congestão da mucosa sinusal, evoluindo para
extravasamento de sangue;
• Pulmonar: congestão pulmonar, edema e hemorragia;
• Facial: máscaras e óculos de mergulho podem atuar como ventosas
diante as variações de pressão
• Dental: presença de pequenas bolhas gasosas no interior da polpa
dentária ou em tecidos moles adjacentes;
• Gastrointestinal: produção de gases no intestino aumentando o
conteúdo aéreo no estômago, que durante a descompressão pode causar
desconforto e distensão abdominais e cólicas;
• Cutâneo: manchas equimóticas causadas por espaços entre a roupa de
mergulho e o corpo, como pequenas ventosas;
• Corporal: o esvaziamento brusco de equipamento de mergulho pesado,
pode ocasionar pressão em toda superfície corporal do trabalhador.
Embolia Traumática

A embolia traumática é uma das ocorrências mais sérias da atividade


hiperbárica. Pode acontecer em qualquer modalidade de trabalho sob
pressão, quando durante a descompressão havendo retenção da mistura
respiratória, em expansão nos pulmões, a pressão intrapulmonar fica
aumentada em relação ao meio ambiente, provocando diversos
fenômenos que podem variar desde o choque pleural, que é a
hiperdistensão sem rotura de estruturas pulmonares enfisema intersticial
com pneumomediastino ou enfisema subcutâneo, pneumotórax, até a
embolia gasosa propriamente dita, que pode atingir toda a circulação com
grandes quantidades de mistura respiratória, afetando, com frequência, a
circulação cerebral e as artérias coronárias.
Doença descompresssiva

Esta doença é frequentemente confundida com a embolia traumática.


Quando o trabalhador respira uma mistura respiratória pressurizada, o
oxigênio vai sendo utilizado normalmente no metabolismo e a fração do
gás inerte é absorvida no organismo, de acordo com a Le de Henry.
Portanto, o gás inerte vai se acumulando nos tecidos em função da
pressão, do tempo de exposição e de outros fatores como a temperatura
e a solubilidade do gás nos tecidos. No caso do nitrogênio, a solubilidade
é cinco vezes maior nas gorduras do que na água. Quando a pressão
ambiente diminui, a soma das tensões do gás inerte nos diversos tecidos
pode levar o gás que estava dissolvido ao estado físico de gás livre e dar
início à doença descompressiva.
Atividade

1 – O que é Frio para o trabalhador?


2 – Descreva em detalhes as doenças causada pelo frio?
Seja prudente. Sua família não quer você ausente.

OBRIGADO!

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