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GEPPRAU
Urgências traumáticas
Módulo 3
Tema 2 - Hipotermia e lesões por frio
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Urgências Traumáticas
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Urgências Traumáticas
URGÊNCIAS
TRAUMÁTICAS
Neste material, serão apresentadas as
principais emergências na área da cirurgia
do trauma. O profissional de saúde que atua
na área terá informações importantes sobre
anatomia, fisiologia, manejo e principais
condutas a serem tomadas no atendimento
ao traumatizado.
Tema 2
Hipotermia e lesões por frio
Objetivos de
aprendizagem
• Conhecer a fisiologia da hipotermia.
• Conhecer a fisiologia das lesões por frio.
• Conhecer os tipos de lesões por frio.
• Saber reconhecer os sinais de hipotermia.
• Saber como tratar as lesões por frio.
• Saber como tratar a hipotermia. 3
Urgências Traumáticas
Sumário
1. Introdução.......................................................................................... 6
2. Fisiologia............................................................................................ 7
2.1. Hipotermia................................................................................... 7
2.2. Lesões por frio.............................................................................. 8
3. Tipos de lesões por frio......................................................................... 9
3.1. Crestadura (frostnip)..................................................................... 9
3.2. Congelamento (frostbite)............................................................... 9
3.3. Lesão não congelante.................................................................. 10
3.4. Frieira ou pérnio......................................................................... 11
4. Classificação da hipotermia................................................................. 11
5. Tratamento....................................................................................... 13
5.1. Das lesões por frio...................................................................... 13
5.2. Da hipotermia............................................................................. 14
Síntese................................................................................................ 16
Referências bibliográficas....................................................................... 17
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Urgências Traumáticas
Hipotermia e lesões
por frio
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Urgências Traumáticas
1. Introdução
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2. Fisiologia
2.1. Hipotermia
A hipotermia é definida como temperatura abaixo de 35ºC. As funções vitais
de nosso corpo ocorrem em temperatura corporal ideal, por volta de 36 a 37ºC,
em que as proteínas e enzimas funcionam normalmente.
Na situação de hipotermia, as proteínas do nosso corpo não funcionam
adequadamente. Encontram-se inativadas, principalmente aquelas que têm
correlação direta no contexto de trauma: a hemoglobina e os fatores de coa-
gulação (enzimas).
Com a hemoglobina inativada, não há como levar oxigênio às células, o que
agrava a situação de hipóxia. Sem os fatores de coagulação ativos, há um qua-
dro de coagulopatia com consequente persistência de sangramento (quando
presente).
A associação entre coagulopatia, hipotermia e acidose forma um ciclo
vicioso conhecido como tríade letal.
O trauma pode envolver algumas situações que originam a hipotermia: exposi-
ção do paciente com perda de calor para o ambiente, principalmente em caso de
roupas úmidas; sangramento (quando presente) que leva calor com a perda; em
situações iatrogênicas, erroneamente, pela reposição de fluidos não aquecidos e
por não promover proteção externa na exposição do paciente.
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Anotações:
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4. Classificação da hipotermia
A hipotermia é classificada de acordo com a temperatura central do pa-
ciente.
Porém, em situações de trauma, a hipotermia é considerada grave sempre que
a temperatura estiver abaixo de 32ºC.
32-35 Leve
30-32 Moderada
30 Grave
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Temperatura
Características
(ºC)
35 Máximo de termogênese pelo tremor
Amnésia, desorientação. Taquicardia seguida por bradicardia progressiva (a
34 bradicardia decorre do efeito direto do frio na despolarização das células de
marcapasso e progressão mais lenta no sistema de condução)
33 Ataxia e apatia. Taquipneia seguida da diminuição da ventilação
32 Torpor. Diminuição de 25% no consumo de oxigênio
30 Arritmias, débito cardíaco reduzido, insulina ineficaz
29 Pupilas dilatadas
Diminuição do limiar para fibrilação ventricular. Diminuição de 50% no consu-
28
mo de oxigênio e pulso
27 Perda de reflexos
26 Importantes distúrbios ácido-base. Ausência de reflexos e respostas à dor
Fluxo cerebral a 1/3 do normal. Perda da autorregulação cerebral. Pode haver
25
edema pulmonar
24 Hipotensão e bradicardia intensas
23 Ausência de reflexo corneopalpebral. Arreflexia
Risco máximo de fibrilação ventricular. Diminuição de 75% no consumo de
22
oxigênio
Menor nível possível de recuperação da atividade eletromecânica cardíaca.
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Pulso a 20% do normal
19 Sem manifestação no eletrocardiograma (ECG)
18 Assistolia
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5. Tratamento
5.1. Das lesões por frio
Alguns princípios importantes do tratamento das lesões por frio (crestadura,
congelamento e lesão não congelante):
• retirar roupas úmidas e apertadas;
• aquecimento úmido com água corrente a 40ºC;
• evitar calor seco e esfregar e massagear a região;
• analgesia – reaquecimento é doloroso;
• manter feridas limpas e secas;
• manter as bolhas por 7 a 10 dias;
• evitar agentes vasoconstritores;
• evitar atividades físicas até a resolução do edema.
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5.2. Da hipotermia
A hipotermia deve ser tratada externamente com aquecimento do paciente (co-
bertor, manta aquecida, manta aluminizada, etc.) e internamente com adminis-
tração de fluidos endovenosos aquecidos.
Em situações de hipotermia grave (abaixo de 32ºC), podem ser necessárias téc-
nicas invasivas para reaquecimento do paciente, como lavado peritoneal aque-
cido, lavado torácico aquecido, bypass cardiopulmonar e reaquecimento arterio-
venoso.
O paciente deve estar monitorizado desde o início, já que podem ocorrer arrit-
mias. A mais frequente é a fibrilação ventricular, principalmente em temperatu-
ras abaixo de 28ºC.
Em situações de parada cardiorrespiratória (PCR), deve-se iniciar medidas ime-
diatas para a reanimação. Deve-se promover o reaquecimento do paciente e só
encerrar os recursos ou as compressões quando ele estiver reaquecido e persis-
tir em PCR.
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Anotações:
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Síntese
Neste tema refletimos que as lesões por frio podem ser frequentes em nosso meio
e o trauma pode gerar hipotermia pela perda de calor decorrente de um sangra-
mento e pela exposição. A presença de hipotermia agrava o quadro do paciente por
não ativar os recursos fisiológicos que dependem do funcionamento das proteínas.
É preciso reconhecer a situação de hipotermia e promover a sua
prevenção e tratamento, bem como das demais lesões causa-
das pelo frio, possibilitando um cuidado integrado ao traumatizado.
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Referências bibliográficas
American College of Surgeons. Committee on Trauma. (2016). ATLS, advanced
trauma life support program for doctors. American college of surgeons.
García AR, García AM. Manejo inicial del casi ahogamiento e hipotermia por in-
mersión. Ene 2014;8(1).
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