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1.

Identificar os principais agentes agressores ao organismo humano (físicos, químicos e biológicos)

AGENTES FÍSICOS

FORÇA MECÂNICA:

Produz vários tipos de lesões, únicas ou múltiplas, genericamente denominadas lesões traumáticas. A
força mecânica provoca lesões por romper estruturas celulares e teciduais, com liberação de moléculas que
induzem resposta inflamatória, importante no reparo do dano ocorrido. As principais lesões traumáticas são:

(1) abrasão, ou ferida abrasiva, caracterizada pelo arrancamento de células da epiderme por ação de
fricção ou esmagamento de um instrumento mecânico;

(2) laceração, separação ou rasgo de tecidos, por excessiva força de estiramento, como ocorre na pele,
ou por ação da força de um impacto externo que pode lacerar músculos, tendões ou vísceras internas;

(3) contusão, ou ferida contusa, na qual o impacto é transmitido através da pele aos tecidos subjacentes,
levando à ruptura de pequenos vasos, com hemorragia e edema, mas sem solução de continuidade da epiderme
(o popular "galo" no couro cabeludo é um bom exemplo);

(4) incisão, ferida incisa ou corte é uma lesão produzida por ação de um instrumento de borda afiada; esta
é ferida mais extensa do que profunda;

(5) perfuração, ou ferida perfurante, é aquela produzida por impacto de um instrumento pontiagudo
sobre os tecidos, sendo ferida mais profunda do que extensa;

(6) fratura, caracterizada por ruptura ou solução de continuidade de tecidos duros, como ósseo e
cartilaginoso.

VARIAÇÕES DE PRESSÃO ATMOSFÉRICA:

O organismo humano tem capacidade de se adaptar facilmente a pequenas variações de pressão


atmosférica. Um indivíduo suporta melhor aumento de pressão atmosférica (até três vezes a normal) do que
sua diminuição; redução de 50% da pressão atmosférica é suficiente para produzir manifestações graves.

Síndrome de descompressão - Problemas acontecem quando ocorre descompressão rápida:

→ Os gases dissolvidos formam bolhas no sangue (originando êmbolos gasosos que obstruem pequenos
vasos pulmonares, cerebrais etc.)

→ Nos tecidos (enfisema intersticial) e dentro de células, alterando sua arquitetura. É o que ocorre na
síndrome da descompressão ou mal dos caixões, condição patológica frequente no passado em mergulhadores
e em profissionais que trabalham na instalação de sondas submarinas, em plataformas de petróleo ou na
construção de pontes.
EFEITOS DE GRANDES ALTITUDES:

Condições hipobáricas (altitudes elevadas) reduzem a tensão do O2 nos alvéolos pulmonares, o que
provoca hipóxia. O organismo reage com vasoconstrição periférica, que aumenta a quantidade de sangue que
chega aos pulmões. Hipóxia lesa o endotélio vascular e favorece o aparecimento de edema, que pode ser
generalizado, especialmente nos membros e na face, ou localizado nos pulmões e no encéfalo. Há ainda
taquipneia, na tentativa de compensar a baixa tensão do O2, e desidratação, já que em regiões mais altas a
umidade do ar e a temperatura são menores. Em alturas acima de 4.000 m, podem aparecer transtornos graves.

As principais síndromes observadas em pessoas não adaptadas às grandes altitudes são:

(1) doença aguda da altitude, que pode aparecer quando se fica acima de 3.000 m, caracterizada por dor
de cabeça, lassidão, anorexia, fraqueza e dificuldade para dormir;

(2) edema pulmonar e cerebral da altitude, que surge em algumas pessoas em altitudes acima de 3.000
m. Sua gênese está ligada a aumento da permeabilidade vascular pulmonar e cerebral induzido por hipóxia e,
no pulmão, também por aumento da pressão arterial pulmonar em virtude de vasoconstrição periférica e de
aumento do débito do ventrículo direito;

(3) edema sistêmico das alturas, que atinge face e membros e é observado em algumas pessoas,
sobretudo mulheres, regredindo rapidamente com o retorno a altitudes mais baixas.

VARIAÇÕES DE TEMPERATURA:

O organismo suporta melhor o abaixamento do que a elevação da temperatura corporal. Vários


mecanismos termorreguladores permitem que se ganhe ou perca calor, possibilitando adaptação adequada a
variações da temperatura ambiente.

o Ação local de baixas temperaturas:

A ação do frio localizada em uma parte do corpo produz lesões que dependem da rapidez com que ocorre
o abaixamento da temperatura e se esta é suficiente ou não para congelar a água nos tecidos. Um membro
submetido por tempo prolongado a baixa temperatura apresenta:

(a) vasoconstrição, oligoemia, hipóxia e lesões degenerativas decorrentes de redução do fornecimento de O2;

(b) lesão endotelial, causada por hipóxia, que aumenta a permeabilidade vascular e provoca edema;

(c) se o resfriamento persistir, a vasoconstrição aumenta, a anóxia se agrava e surge necrose na extremidade
do membro atingido, a qual tende a ser progressiva;

(d) com o aumento da intensidade do frio, desaparece o controle nervoso da vasomotricidade (capacidade de
alterar o calibre do vaso), instalando-se vasodilatação arteriolar e venular. Com isso, surgem hiperemia e
aumento da quantidade de sangue no leito capilar e nas vênulas, mas a velocidade circulatória diminui, razão
pela qual a hipóxia se acentua;

(e) se a água congelar no interior das células, ocorre desequilíbrio eletrolítico grave que altera funções vitais,
como a respiração, e muitas macromoléculas perdem sua atividade; tudo isso conduz à morte celular.
o Efeitos sistêmicos do frio:

O organismo submetido a baixas temperaturas tenta adaptar-se mediante a produção de maior


quantidade de calor. A adaptação é temporária, e, se não houver proteção adequada, a temperatura corporal
começa a baixar, instalando-se hipotermia (temperatura corporal abaixo de 35°C). Nessa situação, há
vasoconstrição periférica, palidez acentuada e redução progressiva da atividade metabólica de todos os órgãos,
especialmente do encéfalo e da medula espinhal. A causa de morte no resfriamento é geralmente falência
cardiorrespiratória por inibição dos centros bulhares que comandam a respiração e a circulação.

o Ação local de altas temperaturas:

A ação local do calor produz lesões denominadas queimaduras, cuja gravidade depende da extensão e da
profundidade da lesão. O calor causa lesão por vários mecanismos:

(a) liberação de histamina de mastócitos, a qual produz vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular
(edema);

(b) liberação de substância P de terminações nervosas aferentes;

(c) ativação das calicreínas plasmática e tecidual, com liberação de bradicinina, que aumenta a vasodilatação e
o edema;

(d) lesão direta da parede vascular, que pode aumentar o edema, produzir hemorragia e levar a trombose de
pequenos vasos, resultando em isquemia e necrose;

(e) ação direta sobre células, produzindo degeneração hidrópica quando a temperatura ultrapassa 52°C. Isso se
deve ao aumento do consumo de ATP, que acelera as reações enzimáticas sem que haja aumento proporcional
do fornecimento de oxigênio (hipóxia relativa).

Se a temperatura se elevar acima de 55°C, há morte celular em decorrência de desnaturação de proteínas


e de modificações profundas de atividades metabólicas. Tais alterações induzem a liberação de vários
mediadores que levam a modificações vasculares (hiperemia) e à saída de plasma e de células do leito vascular,
iniciando a reação inflamatória.

As queimaduras são classificadas como:

(a) queimadura de primeiro grau, caracterizada por hiperemia, dor e edema moderado na pele, mas sem
necrose;

(b) queimadura de segundo grau, na qual ocorrem necrose da epiderme e bolhas dermoepidérmicas;

(c) queimadura de terceiro grau, em que há necrose da epiderme e da derme, podendo atingir tecidos
mais profundos.

o Efeitos sistêmicos de altas temperaturas:

Se o indivíduo for submetido a temperaturas elevadas, pode haver elevação progressiva da temperatura
corporal, o que se denomina hipertermia. Quando a temperatura corporal atinge ou ultrapassa 40oC, há
vasodilatação periférica, fechamento de anastomoses arteriovenulares, abertura de capilares e sequestro de
grande quantidade de sangue na periferia, iniciando o quadro de insuficiência circulatória periférica (choque
térmico clássico). O estado de insuficiência circulatória se agrava quando há sudorese profusa, que leva a
redução do volume plasmático.
A hipóxia decorrente de insuficiência circulatória causa lesões no sistema nervoso, podendo o paciente
apresentar meningismo e convulsões, facilitados pelo abaixamento do limiar de excitabilidade de neurônios
induzido por altas temperaturas. Se a hipertermia decorre de exercício forçado em ambiente quente, as
consequências são ainda mais graves (choque térmico do exercício físico): maiores são a desidratação e o
desequilíbrio eletrolítico, com instalação de hipopotassemia e acidose lática (devido à produção de ácido lático
nos músculos exercitados).

ELETRICIDADE

Eletricidade produz lesões quando a corrente elétrica passa pelos tecidos completando o circuito entre
dois condutores. Os efeitos lesivos da corrente elétrica decorrem de dois mecanismos:

(1) disfunção elétrica em tecidos, que ocorre especialmente no miocárdio, nos músculos esqueléticos e
no tecido nervoso;

(2) produção de calor, de acordo com a resistência oferecida pelos tecidos. Esses efeitos dependem de
vários fatores, entre os quais:

(a) tipo de corrente: corrente alternada é mais lesiva do que corrente contínua;

(b) quantidade de corrente que passa pelo corpo, dependente da voltagem e da resistência;

(c) trajeto seguido pela corrente, pois corrente alternada de pequena amperagem pode ser fatal se passar
pelo encéfalo ou pelo coração;

(d) duração da agressão, visto que a liberação de calor é tanto maior quanto maior for o tempo de
passagem da corrente;

(e) superfície de contato: se pequena, a corrente pode produzir queimadura profunda; porém, na mesma
intensidade, mas em superfície grande, pode não lesar a pele. Eletricidade produz lesões quando a corrente
elétrica passa pelos tecidos completando o circuito entre dois condutores. Os efeitos lesivos da corrente elétrica
decorrem de dois mecanismos:

RADIAÇÃO

Lesões produzidas por radiações ionizantes em humanos decorrem de:

(a) inalação ou ingestão de poeira ou alimentos que contêm partículas radioativas, o que ocorre em
trabalhadores de minas em que são abundantes minerais radioativos, como o rádio;

(b) exposição a radiações com fins terapêuticos ou diagnósticos;

(c) contato acidental com radiações emanada de artefatos nucleares como reatores, aparelhos de
radioterapia ou de radiodiagnóstico;

(d) bombas nucleares, de forma lamentável.

As radiações ionizantes lesam os tecidos por dois mecanismos básicos:

(1) ação direta sobre macromoléculas, especialmente proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucleicos,
nas quais podem produzir quebras, novas ligações e ionização de radicais, alterando a função dessas moléculas;

(2) ação indireta, produzindo radicais livres a partir de ionização da água.

As lesões provocadas por radiações dependem de vários fatores, entre os quais:


(a) dose e tempo de exposição; doses repetidas são mais lesivas do que a mesma dose aplicada de uma
só vez;

(b) oxigenação dos tecidos, pois, quanto maior a disponibilidade de O2, maior a radiossensibilidade;

(c) substâncias radiossensibilizantes, como os análogos de bases orgânicas pirimídicas, aumentam o poder
lesivo das radiações;

(d) elementos que removem radicais livres, como cisteína e cisteamina, exercem efeito radioprotetor;

(e) diferentes fases do ciclo celular tornam as células mais ou menos radiossensíveis.

SOM (RUÍDOS):

Observações epidemiológicas indicam que uma pessoa submetida a ruídos fortes apresenta distúrbios de
audição caracterizados por perda progressiva da capacidade de distinguir sons de frequência mais alta. Admite-
se que ruídos muito altos induzem lesões nas células ciliadas do órgão de Corti, que são responsáveis pela
acuidade auditiva. É fato bem conhecido que indivíduos idosos da zona rural (expostos a menos ruídos) têm
audição mais preservada do que idosos de grandes centros urbanos, onde o nível de ruídos é maior.

AGENTES QUÍMICOS

Agentes químicos, sejam substâncias tóxicas ou medicamentos, podem provocar lesões por dois
mecanismos:

(a) ação direta sobre células ou interstício, por meio de transformações moleculares que resultam em
degeneração ou morte celular, alterações do interstício ou modificações no genoma induzindo transformação
maligna (efeito carcinogênico). Quando atuam na vida intrauterina, podem determinar erros do
desenvolvimento (efeito teratogênico);

(b) ação indireta, atuando como antígeno (o que é muito raro) ou como hapteno, induzindo resposta
imunitária humoral ou celular responsável pelo aparecimento de lesões.

Seja um medicamento ou uma substância tóxica, o efeito do agente químico sobre o organismo
depende de vários fatores:

Dose, vias de penetração e absorção, transporte, armazenamento, metabolização e excreção; depende


também de particularidades do indivíduo: idade, gênero, estado de saúde, momento fisiológico e constituição
genética. Levando-se em conta todos esses fatores pode-se afirmar que os efeitos lesivos de um agente químico
(ou de um medicamento) podem ser previsíveis ou imprevisíveis.

Lesões ou efeitos previsíveis têm algumas características em comum: dependem da dose, são facilmente
reprodutíveis em animais de laboratório e os padrões de reação apresentam as mesmas características em
diferentes indivíduos. São fatores importantes na gênese de lesões por agentes químicos de efeito previsível:

(a) idade (indivíduos muito jovens e velhos são mais vulneráveis);

(b) capacidade de metabolizar o agente, que pode estar aumentada ou diminuída;

(c) existência de doença concomitante (insuficiência renal, por exemplo, pode reduzir a excreção);
(d) presença de outros agentes químicos (ou fármacos) associados, que podem ter efeito potencializador ou
inibidor.

o Mecanismos gerais de lesões produzidas por agentes químicos:

Lesões produzidas por agentes químicos têm mecanismos semelhantes, tenha o agente entrado no
organismo como um medicamento, um tóxico ou um poluente que contamine alimentos, água ou ar.

o Absorção: Substâncias químicas chegam ao organismo pelas vias cutânea, mucosa (digestiva, respiratória
ou urogenital) ou parenteral (intradérmica, subcutânea, intramuscular ou intravenosa). A absorção se faz
através da membrana das células por difusão simples, por transporte facilitado ou por transporte ativo. A
absorção de uma substância é influenciada, portanto, por sua natureza (peso molecular, estado físico-químico,
solubilidade) e pelas condições do local de contato com o organismo (pele mais hidratada ou lesada favorece a
absorção cutânea; presença de alimentos no tubo digestivo e estado da circulação entérica influem na absorção
intestinal).
o Transporte e distribuição: Uma vez absorvido, o agente químico cai no interstício e daí alcança a circulação
sanguínea, diretamente ou passando antes pela circulação linfática. No sangue, a substância se dissolve no
plasma (quando hidrossolúvel) ou se conjuga com proteínas plasmáticas (principalmente íons orgânicos; ânions
se combinam com albumina, e cátions, com α-glicoproteínas ácidas). A distribuição do agente químico aos
tecidos depende do fluxo sanguíneo; por terem maior perfusão, encéfalo, coração, fígado e rins recebem maior
quantidade das substâncias. Do interstício, o agente químico é absorvido pelas células, através de suas
membranas.
o Armazenamento: Agentes químicos podem depositar-se em tecidos e ficar armazenados por períodos
variáveis, às vezes muito longos. Depósito de determinada substância em um tecido se faz geralmente quando
este é rico em solvente para essa substância ou quando o agente químico é retido por se precipitar, por
substituir ou por se ligar a moléculas do tecido.
o Biotransformação: Os agentes químicos são geralmente metabolizados no organismo antes de serem
excretados. O metabolismo da substância pode inativá-la ou originar metabólitos de maior atividade lesiva.
o Excreção: Os agentes químicos podem ser excretados em sua forma nativa ou após biotransformação. A
excreção se faz pelos rins (na urina), pelo tubo digestivo e pelo sistema biliar (fezes), por via respiratória e
através da pele.

Como exemplos de agentes químicos pode-se citar:

o Poluente ambientais: monóxido de carbono, dióxido de enxofre, ozônio e óxido de nitrogênio;


o Fumaça de cigarro;
o Solventes industriais;
o Metanol;
o Metais pesados: chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio;
o Pesticidas;
o Contaminantes alimentares;
o Aditivos alimentares;
o Substâncias de uso abusivo capazes de provocar dependência.
AGENTES BIOLÓGICOS

Agentes biológicos incluem vírus, riquétsias, micoplasmas, clamídias, bactérias, fungos, protozoários e
helmintos. Todos eles podem invadir o organismo e produzir doenças, conhecidas em conjunto como doenças
infecciosas. Um agente biológico pode produzir lesão por meio dos seguintes mecanismos:

(1) ação direta, por invasão de células, nas quais prolifera e cuja morte pode causar. (vírus, bactérias e
protozoários);

(2) substâncias tóxicas (toxinas) liberadas pelo agente infeccioso. (exotoxinas de bactérias, de
micoplasmas e de alguns protozoários);

(3) componentes estruturais ou substâncias armazenadas no interior do agente biológico e liberadas após
sua morte e desintegração. (toxinas endógenas ou estruturais, também chamadas endotoxinas);

(4) ativação de componentes do sistema proteolítico de contato de células fagocitárias e endoteliais,


iniciando uma reação inflamatória no local da invasão;

(5) indução de resposta imunitária aos diferentes antígenos do agente infeccioso (antígenos de superfície,
de estrutura ou de excreção);

(6) antígenos do agente invasor podem aderir à superfície celular ou de outras estruturas teciduais, que
se tornam alvo da ação de anticorpos e da imunidade celular dirigida aos epítopos desses antígenos;

(7) antígenos do microrganismo podem ter epítopos semelhantes a moléculas dos tecidos, e nesse caso a
resposta imunitária dirigida àqueles epítopos dirige-se também contra componentes similares existentes nos
tecidos; é o fenômeno de autoagressão.

Todos esses mecanismos atuam com maior ou menor intensidade de acordo com a constituição genética
do organismo, já que esta é que condiciona a existência de receptores para diferentes toxinas e o tipo de
resposta imunitária a diferentes antígenos. Também de grande influência na patogênese de lesões são as
condições biológicas do organismo no momento da invasão pelo microrganismo (estado nutricional, lesões
preexistentes etc.).

2. Classificar os principais grupos de vírus que causam doenças nos seres humanos (DNA e RNA)

VÍRUS COM GENOMA DE DNA

o ADENOVIRIDAE: Causam doenças respiratórias agudas – o resfriado comum.


o POXVIRIDAE: Todas as doenças causadas pelos poxvírus, entre elas a varíola humana e a varíola bovina
(Cowpox), apresentam lesões cutâneas. A palavra Pox se refere a lesões pustulares. A multiplicação viral é
iniciada pela transcriptase viral; os componentes virais são sintetizados e montados no citoplasma da célula
hospedeira.
o HERPESVIRIDAE: São conhecidos aproximadamente 100 tipos de herpes vírus. São assim denominados por
causa do aspecto disseminado (herpético) das úlceras do herpes labial. Entre as espécies dos herpesvírus
humanos (HHV, de human herpesvirus) estão as que causam o herpes labial (HHV-1 e HHV-2, ambos
pertencentes ao gênero Simplexvirus); o HHV-3, gênero Varicellovirus, que causa a catapora; o HHV-4, ou vírus
Epstein-Barr (gênero Lymphocryptovirus), que causa a mononucleose infecciosa; o HHV-5 (gênero
Cytomegalovirus); o HHV-6, gênero Roseolovirus, que causa a roséola; o HHV-7, que infecta principalmente
crianças, causando um exantema semelhante ao sarampo; e o HHV-8, que é associado ao sarcoma de Kaposi,
principalmente em pacientes com Aids.
o PAPOVAVIRIDAE: Os papovavírus têm seu nome derivado de papilomas ou verrugas, poliomas (tumores)
e vacuolização (vacúolos citoplasmáticos produzidos por alguns desses vírus). As verrugas são causadas por
membros do gênero Papillomavirus. Algumas espécies do gênero Papillomavirus são capazes de transformar
células e causar câncer.
o HEPADNAVIRIDAE: Os hepadnavírus são assim designados por serem capazes de causar hepatite e por
conterem DNA. O único gênero dessa família causa a hepatite B. Os hepadnavírus diferem de outros vírus de
DNA pelo fato de sintetizarem o seu DNA a partir de RNA, usando a transcriptase reversa viral.

VÍRUS COM GENOMA DE RNA

o PICORNAVIRIDAE: Os picornavírus são vírus de RNA de fita simples. São os menores vírus conhecidos. O
processo de maturação ocorre após a síntese do RNA viral e das proteínas virais. Ex: simples resfriados até
hepatite C e poliomielite, além de meningite asséptica, constipação e encefalite.
o CALICIVIRIDAE: Inclui agentes causadores de gastrenterites e é uma causa de hepatite humana.
o TOGAVIRIDAE: Inclui muitos vírus transmissíveis por artrópodes (Alphavirus); entre as doenças estão a
encefalite equina oriental (EEE, de eastern equine encephalitis), a encefalite equina ocidental (WEE, de western
equine encephalitis) e a chikungunya. O vírus da rubéola é transmissível por via respiratória.
o FLAVIVIRIDAE: Podem replicar-se nos artrópodes que os transmitem; as doenças incluem a hepatite C,
febre amarela, a dengue e as encefalites de St. Louis e do Oeste do Nilo.
o CORONAVIRIDAE: Associado a infecções do trato respiratório superior e ao resfriado comum; vírus da
síndrome respiratória aguda severa (SARS, de severe acute respiratory syndrome), vírus da síndrome
respiratória por coronavírus do Oriente Médio (MERS-CoV, de Middle East respiratory syndrome coronavirus).
o RHABDOVIRIDAE: Vírus em forma de projétil possuindo um envelope com espículas; causam raiva e
numerosas doenças animais.
o FILOVIRIDAE: Vírus helicoidais envelopados; os vírus Ebola e Marburg são filovírus
o PARAMYXOVIRIDAE: Os paramixovírus causam parainfluenza, caxumba e a doença de Newcastle em aves
domésticas
o DELTAVIRIDAE: Depende de coinfecção com hepadnavírus, levando a hepatite D.
o ORTHOMYXOVIRIDAE: Vírus influenza A, B e C
o BUNYAVIRIDAE: Os hantavírus causam febres hemorrágicas, como a febre hemorrágica coreana e a
síndrome pulmonar, associadas a roedores
o ARENAVIRIDAE: Os capsídeos helicoidais possuem grânulos contendo RNA; causam coriomeningite
linfocitária, febre hemorrágica venezuelana e a febre de Lassa.
o RETROVIRIDAE: Incluem todos os vírus tumorais de RNA. Os oncovírus causam leucemia e tumores em
animais; o lentivírus HIV causa a Aids.
o REOVIRIDAE: Geralmente envolvidos em infecções respiratórias brandas transmissíveis por artrópodes; a
febre do carrapato do Colorado é a mais conhecida
3. Identificar os principais grupos de bactérias que causam doenças aos seres humanos (definir Gram positivos
e Gram negativos, BAAR..).

Os cocos Gram-positivos de importância médica incluem três gêneros: Enterococcus; Streptococcus;


Staphylococcus.

STAPHYLOCOCCUS SPP.

o Infecção localizada (espinha, infecção de folículo piloso ou abscesso);


o Bacteremias, endocardite, osteomielite, meningite ou infecção pulmonar;
o Infecções relacionadas ao uso de próteses e cateteres venosos;
o Intoxicação alimentar (1 a 8 h);
o Síndrome do choque tóxico (tampões higiênicos, infecções de feridas).
o Staphylococcus epidermidis: Infecções da corrente sanguínea relacionadas ao uso de materiais protéticos
em pacientes imunodeprimidos.
o Staphylococcus haemolyticus: Endocardites, Sepse e peritonite.
o Staphylococcus saprophyticus: Cistites em mulheres.

STREPTOCOCCUS SPP.

o S. pneumoniae: Pneumonia pneumocócicas (derrame pleural e Empiema (pus no espaço pleural)


o Bacteremia pneumocócica → Meningite, artrite séptica e endocardite
o Otite média aguda.
o S. pyogenes (grupo A de Lancefield e colônias β-hemolíticas)
o infecções respiratórias: faringite
o Impetigo – piodermatite estreptocócica
o Erisipela: pele, edema, rápida progressão
o Celulite: pele, subcutâneo; lesão não é elevada
o Fasciite necrosante: necrose da pele e tecidos subcutâneos
o Febre puerperal
o Bacteremia/sepse
o febre escarlatina e síndrome do choque tóxico estreptocócico.
o Faringites → febre reumática
o Infecções cutâneas → glomerulonefrite aguda
o Streptococcus do grupo viridans: Bacteremia, endocardite, especialmente em portadores de próteses
valvares, extração dentária.

ENTEROCOCUS SPP.

o Infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS): mãos, dispositivos médicos


o Endocardites,
o Infecções do trato urinário (ITU),
o Infecções da corrente sanguínea (ICS),
o Infecções de sítio cirúrgico e intra-abdominais,
o No trato urinário, além de infecção, podem representar colonização ou bacteriúria
assintomática,
o Raramente: pneumonias, empiema, meningites.

Muitas bactérias gram-negativas causam patologias nos seres humanos, e como já exposto, elas
costumam ser resistentes a determinados antibióticos. A seguir, algumas espécies de bactérias gram-negativas
patogênicas e doenças causadas pelas mesmas:

o Treponema pallidum – sífilis;


o Vibrio cholerae – cólera (grande importância histórica);
o Chlamydia trachomatis – clamidíase;
o Neisseria meningitidis – meningite bacteriana;
o Neisseria gonorrhoeae – gonorreia;
o Yersinia pestis – peste bubônica, (grande importância histórica);
o Bordetella pertussis – coqueluche;
o Salmonella – febre tifoide;
o Escherichia coli – infecções intestinais e urinárias.

4. Classificar os principais grupos de fungos que causam doenças aos seres humanos (Chytridiomicota,
Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota).

CHYTRIDIOMYCOTA

Os representantes do Filo Chytridiomycota são referidos como fungos zoospóricos ou quitrídios. Há


evidências que indicam que este grupo foi o primeiro a divergir dos outros grupos de fungos. Quitrídios são
organismos microscópicos e únicos a apresentar flagelos dentro do reino Fungi. Atualmente, o sistema de
classificação biológica segregou alguns táxons do filo Chytridiomycota, criando dois novos
filos: Noecallimastigomycota e Blastocladiomycota, fungos simbiontes vivendo no trato digestório de animais
herbívoros. Com aproximadamente 1000 espécies registradas, os quitrídios são organismos
predominantemente aquáticos, mas com representantes em solo, ou estabelecendo relações simbióticas. Há
muitas espécies patógenas e existem espécies específicas que atacam determinados organismos, como é o caso
de Batrachochytridium dendrobatidis, que contribui com a diminuição da população de anfíbios do planeta.

ZYGOMYCOTA

Os zigomicetos, ou fungos de conjugação, são fungos filamentosos saprofíticos que apresentam hifas
cenocíticas. Um exemplo é o Rhizopus stolonifer, o conhecido mofo preto do pão. Os esporos assexuados de
Rhizopus são esporangiósporos. Os esporangiósporos pretos dentro do esporângio conferem ao Rhizopus seu
nome comum. Quando o esporângio se abre, os esporangiósporos dispersam-se. Se eles caírem em um meio
adequado, germinarão, originando um novo talo de fungo. Os esporos sexuados são zigósporos. Um zigósporo
é um esporo grande envolvido por uma parede espessa. Esse tipo de esporo se forma quando os núcleos de
duas células que são morfologicamente similares se fundem.
ASCOMYCOTA

Os ascomicetos incluem fungos com hifas septadas e algumas leveduras. Seus esporos assexuados
normalmente são conídios produzidos em longas cadeias a partir do conidióforo. O termo conídio significa pó,
e esses esporos são facilmente liberados da cadeia formada no conidióforo ao menor contato, flutuando no ar
como poeira. Um ascósporo forma-se quando os núcleos de duas células que podem ser morfologicamente
similares ou diferentes se fundem. Esses esporos são produzidos em uma estrutura em forma de saco, chamada
de asco.

BASIDIOMYCOTA

Os basidiomicetos, ou fungos em clava, também possuem hifas septadas. Este filo inclui fungos que
produzem cogumelos. Os basidiósporos são formados externamente em um pedestal, chamado de basídio. (O
nome comum do fungo é derivado da forma de clava do basídio.) Existem normalmente quatro basidiósporos
por basídio. Alguns dos basidiomicetos produzem conidiósporos assexuados.

INFECÇÕES FÚNGICAS

Qualquer infecção fúngica é chamada de micose. As micoses geralmente são infecções crônicas (de longa
duração), uma vez que os fungos crescem devagar. As micoses são classificadas em cinco grupos de acordo com
o grau de envolvimento tecidual e o modo de entrada no hospedeiro: sistêmica, subcutânea, cutânea,
superficial ou oportunista.

o Micoses sistêmicas são infecções fúngicas profundas no interior do corpo. Não se restringem a nenhuma
região particular, mas podem afetar vários tecidos e órgãos. As micoses sistêmicas normalmente são causadas
por fungos que vivem no solo. As principais micoses sistêmicas no Brasil são paracoccidioidomicose,
coccidioidomicose, blastomicose e histoplasmose.
o Micoses subcutâneas são infecções fúngicas localizadas abaixo da pele causadas por fungos saprofíticos
que vivem no solo e na vegetação. A esporotricose é uma infecção subcutânea adquirida por jardineiros e
fazendeiros. A infecção ocorre por implantação direta dos esporos ou de fragmentos de micélio em uma
perfuração na pele. Ex: Esporotricose, Cromoblastomicose, Micetomas, Feo-Hifomicose, Rinosporidiose,
Lobomicose.
o Micoses cutâneas são aquelas nas quais os fungos invadem toda a espessura da capa córnea da pele ou a
parte queratinizada intrafolicular dos pelos ou a lâmina ungueal. Manchas inflamatórias na pele, lesão de
tonsura no pelo e destruição da lâmina ungueal na unha são lesões características deste tipo de micose. São
provocadas principalmente por dermatófitos e espécies de levedura do Gênero Candida; entretanto outras
espécies também podem provocar micoses cutâneas. Dermatófitos são fungos que tem a capacidade de
degradar a queratina e utilizá-la como nutriente e eles estão presentes em três gêneros de acordo com a sua
fase assexuada: Epidermophyton, Microsporum e Tricophyton.
o Micoses superficiais são aquelas nas quais o fungo acomete camadas mais superficiais da córnea da pele
ou a haste livre dos pelos. Manchas pigmentares na pele, nos nódulos ou nos pelos são lesões características
desta patologia.
o Micoses oportunistas são causadas por fungos termotolerantes que invadem os tecidos como uma hifa,
podem infectar de diferentes maneiras (tem portas de entrada variáveis) e causam reação supurativa necrótica.
Ex: Criptococose, Candidíase e Aspergilose.

5. Classificar os principais grupos de parasitas que causam doenças aos seres humanos (protozoários e
helmintos).
PROTOZOÁRIOS

ARCHAEZOA

Os Archaezoa são eucariotos que não possuem mitocôndrias. Eles têm uma organela singular chamada
de mitossomo. Os mitossomos aparentam ser remanescentes de mitocôndria, que estava presente em um
ancestral de archaezoa. Muitos Aarchaezoa vivem em simbiose no trato digestório de animais.

Os Archaezoa são tipicamente em forma de fuso, com flagelos projetados na extremidade frontal. A
maioria apresenta dois ou mais flagelos. Um exemplo de um arquezoano parasita de humanos é o Trichomonas
vaginalis (encontrado na vagina e no trato urinário masculino). Normalmente, esse protozoário é transmitido
por relação sexual, mas também pode ser transmitido em banheiros ou por toalhas. Outro arquezoano parasita
é a Giardia lamblia, algumas vezes chamada de G. duodenalis. Esse parasita é encontrado no intestino delgado
de humanos e outros mamíferos, sendo excretado nas fezes na forma de cisto, e sobrevive no ambiente até ser
ingerido pelo próximo hospedeiro.

MICROSPORA

Microspora, como os Archaezoa, são eucariotos incomuns porque não possuem mitocôndrias.
Microsporas não possuem microtúbulos e são parasitas intracelulares obrigatórios. Os protozoários
microsporidiais têm sido registrados desde 1984 como causa de várias doenças em humanos, incluindo diarreia
crônica e ceratoconjuntivite (inflamação da conjuntiva perto da córnea), principalmente em pacientes com Aids.

AMOEBOZOA

Os Amoebozoa, ou amebas, movem-se estendendo projeções chamadas de pseudópodes. Qualquer


número de pseudópodes pode derivar de um lado da ameba, e o restante da célula deslizar para os
pseudópodes. Entamoeba histolytica é a única ameba patogênica encontrada no intestino humano. A E.
histolytica invasiva causa disenteria amebiana. Entamoeba é transmitida entre humanos pela ingestão dos
cistos que são excretados nas fezes das pessoas infectadas.

APICOMPLEXA

Um exemplo de um Apicomplexa é o Plasmodium, o agente causador da malária. O Plasmodium cresce


por reprodução sexuada no mosquito Anopheles. Quando um Anopheles carreando o estágio infectivo do
Plasmodium, chamado de esporozoíto, pica um humano, os esporozoítos podem ser injetados. Os esporozoítos
sofrem esquizogonia nas células do fígado e produzem milhares de progênies chamadas de merozoítos, os quais
infectam as células vermelhas do sangue. Os trofozoítos jovens assemelham-se a um anel no qual o núcleo e o
citoplasma são visíveis. Essa fase é chamada de estágio de anel. As células vermelhas do sangue eventualmente
se rompem e liberam mais merozoítos. Após liberados, os merozoítos liberam produtos, que causam febre e
calafrios.

HELMINTOS
Os helmintos são animais eucarióticos multicelulares que geralmente possuem os sistemas digestório,
circulatório, nervoso, excretor e reprodutor. Os helmintos parasitas precisam ser altamente especializados para
viver no interior de seus hospedeiros.

PLATELMINTOS

Os membros do filo Platelmintos são achatados dorsoventralmente. As classes dos vermes achatados
parasitas incluem os trematodas e os cestodas. Esses parasitas causam doenças ou distúrbios do
desenvolvimento em uma variedade de animais.

TREMATODAS

Os trematodas frequentemente apresentam corpos achatados em forma de folha, com uma ventosa
ventral e uma ventosa oral. As ventosas fixam o organismo em um local. Os trematodas obtêm alimento ao
absorvê-lo através de seu revestimento externo, denominado cutícula. A doença esquistossomose é um
importante problema de saúde mundial. As cercárias do verme do sangue Schistosoma não são ingeridas. Em
vez disso, elas escavam a pele do hospedeiro humano e entram no sistema circulatório.

CESTODAS

Os cestodas, ou tênias, são parasitas intestinais. A cabeça, ou escólex, possui ventosas para a adesão de
parasita na mucosa intestinal do hospedeiro definitivo. As tênias não ingerem os tecidos de seus hospedeiros;
na verdade, elas não possuem sistema digestório. Para obter nutrientes no intestino delgado, elas absorvem o
alimento através de sua cutícula. O corpo consiste em segmentos denominados proglótides. Cada proglótide
madura contém os órgãos reprodutores masculino e feminino. As proglótides maduras são essencialmente
bolsas de ovos, e cada uma delas é infectiva para o hospedeiro intermediário apropriado.

NEMATELMINTOS

Os membros do filo Nematoda, os vermes redondos, são cilíndricos e afilados em cada uma das
extremidades. Eles possuem um sistema digestório completo, consistindo de uma boca, um intestino e um ânus.
A maior parte das espécies é dioica.

LEMBRETE

O ciclo de pulmonar ou ciclo de Loss acontece em alguns parasitas que têm em seu ciclo de vida a
necessidade de maturação das larvas no pulmão. Tais agentes incluem: (NASA)

o Necator americanos (ancilostomíase) o Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase ) e


o Ancylostoma duodenale (ancilostomíase) o Ascaris lumbricoides (ascaridíase).

Durante o ciclo de Loss, o paciente pode apresentar tosse seca, febre e perda de peso, o que define a síndrome
de Loeffler

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