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Trabalho de Zenilda
Trabalho de Zenilda
5. Conclusão....................................................................................................................................9
6. Referências bibliográficas.........................................................................................................10
1. Introdução
Para a efectivação deste desiderato, o governo moçambicano através da Resolução n.º 73/2007,
de 18 de Dezembro, adoptou a Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes (CDDD), composta por
22 artigos que se subdividem entre os direitos e deveres do doente, dos quais 12 correspondem
aos direitos e os restantes 10 artigos aos deveres.
A CDDD não é um documento muito conhecido, isto é, não houve muita divulgação desde a sua
aprovação em 2007. 13 anos passaram e a Carta revela-se um tanto a quanto desajustada para a
actual realidade e necessidades de saúde dos utentes de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o respeito pelos direitos dos pacientes
não é apenas uma questão ética, mas também uma questão de saúde pública, contribuindo para
sistemas de saúde mais eficazes e equitativos.
Os direitos dos pacientes têm papel fundamental na promoção de uma assistência à saúde
centrada nas pessoas, o que abrange um atendimento digno, de respeito e livre de discriminação.
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2. Deveres dos pacientes
Dever de se abster de atitudes, comportamentos e hábitos que ponham em risco a sua própria
saúde ou a de terceiros.
O paciente deverá demonstrar o entendimento das ações efetuadas ou propostas visando a cura
dos agravos à sua saúde, a prevenção das complicações ou sequelas, sua reabilitação e a
promoção de sua saúde, podendo fazer perguntas sempre que tiver dúvidas.
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10. O doente tem o dever de colaborar na higiene, limpeza e ornamentação das unidades
sanitárias.
2. O doente tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais, filosóficas e religiosas.
Cada doente é uma pessoa com as suas convicções culturais e religiosas. As instituições e os
prestadores de cuidados de saúde têm, assim, de respeitar esses valores e providenciar a sua
satisfação. O apoio de familiares e amigos deve ser facilitado e incentivado. Do mesmo modo,
deve ser proporcionado o apoio espiritual requerido pelo doente ou, se necessário, por quem
legitimamente o represente, de acordo com as suas convicções.
3. O doente tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito
dos cuidados preventivos, curativos, de reabilitação e terminais.
Os serviços de saúde devem estar acessíveis a todos os cidadãos, de forma a prestar, em tempo
útil, os cuidados técnicos e científicos que assegurem a melhoria da condição do doente e seu
restabelecimento, assim como o acompanhamento digno e humano em situações terminais. Em
nenhuma circunstância os doentes podem ser objecto de discriminação. Os recursos existentes
devem ser integralmente postos ao serviço do doente e da comunidade, até ao limite das
disponibilidades.
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Em situação de doença, todos os cidadãos têm o direito de obter dos diversos níveis de prestação
de cuidados (hospitais, centros e postos de saúde) uma resposta pronta e eficiente, que lhes
proporcione o necessário acompanhamento até ao seu completo restabelecimento. Para isso,
hospitais, centros e postos de saúde têm de coordenar de forma a não haver qualquer
descontinuidade na prestação de cuidados que possam ocasionar danos ao doente. O doente e
seus familiares têm direito a ser informados das razões da transferência de um nível de cuidados
para outro e a ser esclarecidos de que a continuidade da sua prestação fica garantida. Ao doente e
sua família são proporcionados os conhecimentos e as informações que se mostrem essenciais
aos cuidados que o doente deve continuar a receber no seu domicílio. Quando necessário e
possível, deverão ser postos à sua disposição cuidados domiciliários ou comunitários.
5. O doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde existentes, suas
competências e níveis de cuidados
Ao cidadão tem que ser fornecida informação acerca dos serviços de saúde locais, regionais e
nacionais existentes, suas competências e níveis de cuidados, regras de organização e
funcionamento, de modo a optimizar e a tornar mais cómoda a sua utilização. Os serviços
prestadores dos diversos níveis de cuidados devem providenciar no sentido de o doente ser
sempre acompanhado dos elementos de diagnóstico e terapêutica considerados importantes para
a continuação do tratamento. Assim se evitam novos exames e tratamentos, penosos para o
doente e dispendiosos para a comunidade.
Esta informação deve ser prestada de forma clara, devendo ter sempre em conta a personalidade,
o grau de instrução e as condições clínicas e psíquicas do doente. Especificamente, a informação
deve conter elementos relativos ao diagnóstico (tipo de doença), ao prognóstico (evolução da
doença), tratamentos a efectuar, possíveis riscos e eventuais tratamentos alternativos. O doente
pode desejar não ser informado do seu estado de saúde, devendo indicar, caso o entenda, quem
deve receber a informação em seu lugar.
7. O doente tem o direito de obter uma segunda opinião sobre a sua situação de saúde.
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Este direito, que se traduz na obtenção de parecer de um outro clínico, permite ao doente
complementar a informação sobre o seu estado de saúde, dando-lhe a possibilidade de decidir, de
forma mais esclarecida, sobre o tratamento a prosseguir.
8. O doente tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qualquer acto médico
ou participação em investigação ou ensino clínico.
O consentimento do doente é imprescindível para a realização de qualquer acto médico, após ter
sido correctamente informado. O doente pode, exceptuando alguns casos particulares, decidir, de
forma livre e esclarecida, se aceita ou recusa um tratamento ou uma intervenção, bem como
alterar a sua decisão. Pretende-se assim assegurar e estimular o direito à autodeterminação, ou
seja, a capacidade e a autonomia que os doentes têm de decidir sobre si próprios. O
consentimento pode ser presumido em situações de emergência. Em caso de incapacidade este
direito deve ser exercido pelo representante legal do doente.
10. O doente tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico.
11. O doente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer acto médico.
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consentir ou pedir a presença de outros elementos. A vida privada ou familiar do doente não
pode ser objecto de intromissão, a não ser que se mostre necessária para o diagnóstico ou
tratamento e o doente expresse o seu consentimento.
12. O doente tem direito por si, ou por quem o represente, a apresentar sugestões e
reclamações.
O doente, por si, por quem legitimamente o substitua ou por organizações representativas, pode
avaliar a qualidade dos cuidados prestados e apresentar sugestões ou reclamações. Para esse
efeito, devem existir nos serviços de saúde, o gabinete do utente e ou o livro de reclamações. O
doente terá sempre de receber, em tempo útil, resposta ou informação acerca do seguimento dado
às suas sugestões e queixas.
Contudo, o sector de saúde dispõe, também, da Carta dos Direitos e Deveres do Doente, como
instrumento que, no nosso entendimento, define o padrão da prestação de serviços, de
comportamento, e concede espaço ao cidadão individual ou colectivamente, para a exigência
directa de Serviços de Saúde de qualidade.
A este último propósito, cabe ressaltar que, no quadro do Direito (Direito a apresentar sugestões,
queixas e reclamações), é estabelecido que, através dos canais disponibilizados pelas
Autoridades Sanitárias, os doentes têm direito a apresentar, individual ou colectivamente,
petições, sugestões, reclamações ou queixas sobre a organização e funcionamento dos Serviços
de Saúde; e de ter as suas queixas atendidas prontamente e de maneira equitativa.
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O que se apreende do exposto é que, enquanto os Comités de Qualidade e Humanização
funcionam numa lógica essencialmente de Democracia Representativa, a Carta dos Direitos e
Deveres do Doente insere-se numa abordagem de Democracia Participativa, buscando promover
uma cidadania activa do doente e/ou cidadão na sua interacção directa com as unidades
sanitárias.
Existe um instrumento a cores, denominado satisfatórmetro, que é uma caixa fechada colocada à
disposição dos utentes, onde vermelho = Mau; Amarelo = Médio; e Verde = Bom/Excelente,
através do qual os utentes podem expressar a sua satisfação relativamente aos serviços prestados
pela unidade sanitária, e existe, igualmente, o livro de reclamações e sugestões, pese embora se
verifique o mau uso destas ferramentas.
No tocante à relação existente entre a unidade sanitária e a comunidade local, Augusta Correia
afirmou: “No geral, a relação entre o Centro de Saúde e a comunidade é boa, na medida em que
os utentes ajudam na identificação dos problemas da unidade sanitária em relação à sua prestação
e igualmente a unidade sanitária desenvolve actividades que visam satisfazer as necessidade
apresentadas pela comunidade ”.
Lorta Manhiça afirmou ainda que é possível observar alguns resultados advindos desta relação
existente entre o CSN e a comunidade local, das quais se pode destacar: a integração de
membros da comunidade no processo de gestão de filas, realização de jornadas de limpeza,
organização do arquivo clínico, conserto de sanitários com fundos da própria comunidade assim
como a integração de membros da comunidade na gestão de medicamentos na farmácia.
A sociedade civil diz que ainda há falta de atendimento humanizado nos hospitais públicos, em
parte pela falta de instrumentos para a penalização dos profissionais de saúde envolvidos. O
Ministério da Saúde reconhece o problema e diz estar a trabalhar para ultrapassá-lo.
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A negligência médica, as cobranças ilícitas, e a falta de cortesia são alguns factores que afectam
o sector público da Saúde no país, de acordo com as organizações da sociedade civil, numa
reunião com académicos e membros do Ministério da Saúde.
Para a sociedade civil, a situação impede que o cidadão tenha atendimento de qualidade. A
sociedade civil refere, igualmente, que o mau atendimento nas unidades sanitárias deve-se, por
um lado, à falta de um instrumento para penalizar os maus profissionais.
Por sua vez, o Ministério da Saúde diz que está a par dos problemas e trabalhos estão em curso
para melhorar a situação.
Para o filósofo Severino Ngoenha a formação dos profissionais de saúde deve ser um processo
contínuo para enraizar humanismo no sector, com vista a melhoria na prestação de serviços.
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5. Conclusão
Findo o trabalho podemos concluir que os deveres e direitos dos pacientes estão legislados de
modo que possam ser aplicados da melhor forma no desempenho das funções dos técnicos de
medicina e o respeito dos mesmo facilita o bom ambiente de trabalho com a comunidade pois a
mesma diz que as suas opiniões durante a realização das consultas não levada em conta e a sua
maioria revela que os profissionais de saúde não têm respeito algum pela opinião expressa pelos
utentes em relação aos serviços prestados.
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6. Referências bibliográficas
AUGUSTO, João Arménio, Ética e Qualidade do Serviço Público, DRCIE: Outubro 2008.
CESC. Desafio da articulação entre os cidadãos e os Comités de Qualidade e Humanização dos Cuidados
de Saúde como órgãos de representação da comunidade. 2018.
https://www.observatoriodesaude.org/carta-dos-direitos-e-deveres-do-doente-desajustada-a-
actual-realidade/
https://opais.co.mz/ha-mau-atendimento-nos-hospitais-publicos-defende-sociedade-civil/
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