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Apostila - Ead - Padrão Unifatecie - Língua Portuguesa - Sintaxe e Semântica - Atualizada 2023
Apostila - Ead - Padrão Unifatecie - Língua Portuguesa - Sintaxe e Semântica - Atualizada 2023
Apostila - Ead - Padrão Unifatecie - Língua Portuguesa - Sintaxe e Semântica - Atualizada 2023
Sintaxe e Semântica
Professora Ma. Maraisa Daiana da Silva
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
Eduardo Santini
UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102,
Saída para Nova Londrina
FICHA CATALOGRÁFICA Paranavaí-PR
FACULDADE DE TECNOLOGIA E (44) 3045 9898
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância;
DA SILVA, Maraisa Daiana. www.fatecie.edu.br
Língua Portuguesa : Sintaxe e Semântica.
Maraisa Daiana da Silva.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 111 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTOR
Caro (a) aluno (a), é um prazer poder contribuir com a sua formação, no que tange
à língua portuguesa. A partir de agora vamos percorrer, juntos, um caminho repleto de
curiosidades, entenderemos mecanismos e compreenderemos estruturas da Língua
Portuguesa para que seja possível ampliar as possibilidades que as interações sociais nos
apresentam no nosso cotidiano. Afinal, a linguagem deve estar no centro de nossas
preocupações, já que é ela a responsável por todas as interações que estabelecemos.
Desse modo, convido você a caminhar comigo rumo ao conhecimento, para
tanto, discorreremos sobre conceitos fundamentais da nossa gramática e, a partir
desses conceitos, aplicaremos regras formais e fundamentais para o bom
desenvolvimento, escrito e falado, da língua materna.
Para isso, na unidade I, compreenderemos o funcionamento da gramática, quando
o assunto é morfologia e sintaxe, além disso, discutiremos sobre a importância dessas na
formação e também as dificuldades relacionadas a elas. Ainda nesta unidade,
entenderemos como se estabelecem as estruturas sintagmáticas do português.
Posteriormente, na unidade II, iremos compreender quais são as unidades mínimas
da língua portuguesa, como elas se estabelecem na estruturação das palavras e na
sua formação. Além disso, vamos entender um pouquinho sobre a história da língua
portuguesa, mas não só, falaremos da língua portuguesa brasileira. Afinal de contas, não
é possível falar da origem da nossa língua, sem entender o que aconteceu aqui no nosso
país.
Já na unidade III, vamos nos debruçar um pouco mais sobre a sintaxe, visto que ela
é uma das partes essenciais da gramática da língua portuguesa, responsável por entender
a função das palavras dentro de uma frase, a relação que essas palavras
estabelecem entre si e também a relação que existe entre as orações dentro de um
período.
Por fim, na unidade IV, faremos uma caminhada pela gramática, em que teremos a
oportunidade de entender os diferentes sentidos que podemos alcançar com as locuções,
conforme a sua colocação, além de compreender que os termos acessórios da
oração, assim como os integrantes, são tão importantes quanto os termos essenciais.
Desse modo, estimado (a) aluno (a), é importante entendermos que a
linguagem, manifestada tanto na fala quanto na escrita, constitui a nossa única fonte
de acesso à realidade imaterial da nossa língua. O nosso conhecimento sobre a
estrutura linguística deve estar em constante adaptação e trabalho, visto que a língua é
uma realidade mental que, em seus limites, se confunde com o próprio pensamento. Por
isso convido você, mais uma vez, a embarcar comigo, para desbravar esse mar imenso
que é a língua portuguesa.
Desejo bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 7
Conceitos e Aplicabilidade
UNIDADE II.................................................................................................... 33
Estrutura e Formação Morfológica
UNIDADE III................................................................................................... 57
Estruturação Sintática I
UNIDADE IV................................................................................................... 83
Estruturação Sintática II
UNIDADE I
Conceitos e Aplicabilidade
Professora Ma. Maraisa Daiana da Silva
Plano de Estudo:
● Introdução à Morfo(sintaxe);
● O Papel da Sintaxe e da Morfologia na Formação e Suas
Dificuldades no Processo de Aprendizagem;
● Os Aspectos da Morfologia e da Sintaxe;
● O Funcionamento da Análise Sintática.
Objetivos da Aprendizagem
● Conceituar e contextualizar a Morfossintaxe;
● Compreender a Morfologia e a Sintaxe;
● Estabelecer a importância da compreensão da morfossintaxe;
● Apresentar os principais aspectos da morfologia e da Sintaxe.
7
INTRODUÇÃO
Sabemos que a linguagem deve estar no centro de nossas preocupações, afinal ela
é a responsável por todas as interações que estabelecemos. Nesse sentido, a gramática
pode ser entendida como uma grande aliada para o bom entendimento e bom uso da
linguagem, visto ser o mecanismo que regula uma determinada língua, em um determinado
tempo.
Assim, entender esses mecanismos e compreender as estruturas da Língua
Portuguesa significa ampliar as possibilidades que as interações sociais nos
apresentam no nosso cotidiano.
Desse modo, nesta unidade, você poderá compreender melhor como a gramática
funciona quando o assunto é morfologia e sintaxe, além de entender a importância
dessas na formação e também as dificuldades relacionadas a elas. Ainda nesta unidade,
apresentaremos os conceitos de frase, oração e período e entenderemos como se
estabelecem as estruturas sintagmáticas do português.
Para alcançar os objetivos, será necessário debruçarmos sobre vários conceitos
importantes para o entendimento do que chamamos de morfossintaxe.
Pronúncia
(fonologia) kwadɾˈiɲuʃ
Radical: quadr
Composição
Forma Sufixo: -inho
morfológica Sufixo: -s
Objeto pequeno de
Sentido
cunho decorativo.
Fonte: a autora.
Conforme o infográfico acima, é possível perceber que tanto o aspecto formal quanto
o aspecto semântico estão presentes na palavra “quadrinhos”, contudo, esses aspectos
devem ser separados quando há uma descrição, o que é de fundamental importância
quando se estuda a gramática da língua, visto a complexidade que se tem ao questionar a
relação existente entre as formas gramaticais e os significados.
A complexidade, como podemos perceber pelo mesmo infográfico, não é menor
quando o olhar se volta apenas para o aspecto formal da língua, dessa maneira, houve a
necessidade de uma subdivisão desse aspecto em três, que corresponde ao que
chamamos de fonologia, morfologia e sintaxe.
Dessa maneira, de acordo com as gramáticas modernas, podemos compreender
que a palavra, o léxico, perpassa por uma unidade de som constituída por vogais, semi-
vogais, consoantes, sílabas e acento, que vão constituir enunciados, pertencentes a uma
determinada classe morfológica. A frase, no que lhe concerne, pode ser formulada a partir
de uma palavra ou mais, desde que tenha a capacidade de suscitar a comunicação, ou
seja, é o próprio enunciado, sendo que este enunciado pode ser analisado sintaticamente.
De acordo com Perini (2005, p. 42) “A fonologia, a morfologia e a sintaxe são igual-
mente compostas por regras [...] as regras fonológicas, morfológicas e sintáticas definem
quais são as construções possíveis da língua”. Nessa etapa do livro vamos nos deter em
apenas duas: na morfologia e na sintaxe. Contudo, é importante relembrarmos, de maneira
breve, o que é a fonologia.
A saber, a fonologia é a parte da gramática que estuda a parte mínima do léxico,
o que é chamado de fonemas, e também as sílabas que tais fonemas constroem. Tem-se,
Morfologia
Sintaxe
Morfossintaxe
Fonte: a autora.
Desse modo, para entender a estrutura de uma frase, como as palavras se organizam
dentro de uma sentença, requer, em um primeiro momento, considerar esse conhecimento
linguístico de qualquer falante da língua, ou seja, para iniciarmos os estudos sintáticos não
podemos desconsiderar as competências inatas do falante da língua em questão.
Nas quatro palavras da sentença acima podemos notar uma oposição quando
separamos o morfema “s” da palavra estudantes, por exemplo. Essa retirada traz
consequências no valor do vocábulo que ao perder a marcação do plural – s – passa a ser
singular.
Parece óbvio esse processo da língua, contudo, muitas vezes não nos damos
conta que esse e muitos outros morfemas – unidades menores da palavra – ao serem
acrescentados ou suprimidos dão informações essenciais para que possamos alcançar o
sentido final da palavra ou ainda da sua estrutura gramatical. Entendemos por morfemas
os radicais, os prefixos, os sufixos, as vogais temáticas e todas as outras unidades
menores constituídas de um significado que podem formar uma palavra.
Agora conseguimos voltar no início do nosso tópico e entender que realmente a
linguagem é articulada, pois constatamos que ela é formada a partir da união de unidades
menores. E essa articulação, que existe em todas as línguas do mundo, não foi
inventada, há um motivo de ser assim: segundo Martellota (2008, online), “é aquela
que melhor se adapta às necessidades comunicativas humanas, permitindo que se
transmita mais informação com menos esforço”.
Nesse sentido, podemos compreender que o papel da sintaxe e da morfologia é de
extrema importância na nossa formação, pois, ao entendermos as articulações da
língua, os significados que a palavra assume ao ser colocada em um período e o
significado que é dado à palavra ao construí-la, a partir dos morfemas, estaremos
fazendo o bom uso da língua portuguesa, de forma consciente, além de sermos capazes
de atribuir o significado esperado, sem erros, em cada momento de comunicação.
3.1 Morfologia
Entre os assuntos mais polêmicos da área da linguística está a morfologia. Os
estudiosos da língua, ao discutirem o assunto, se agitam ao se posicionarem quanto a essa
ciência. Muitos veem na morfologia o principal aspecto da gramática, outros descartam,
sem nenhuma ponderação, a morfologia na constituição de uma teoria gramatical.
De qualquer maneira, é necessário entendermos onde a morfologia se encaixa no
engendramento da língua, assim, neste tópico objetivamos fazer uma discussão introdutória
dos aspectos morfológicos.
Em outros pontos desta unidade, vimos que a morfologia é definida como o artefato
da gramática responsável pela estrutura interna das palavras.
Mas... o que é palavra?
Bom, é um consenso entre todos, seja linguista ou não, que a palavra existe,
contudo, é bem complicado definir o que é palavra. Podemos partir da necessidade
que a linguística, assim como qualquer outra ciência, tinha de definir suas unidades de
estudo. Contudo, temos outros pontos que devem ser considerados, veja só: nós temos
no mundo desde línguas isoladas até línguas polissintéticas, a primeira carrega apenas
um significado; já a segunda, certas sequências de sons, entendidas por seus falantes
como palavras, carregam significados traduzidos por frases, ou seja, a palavra é formada
por um número tão grande de morfemas que a complexidade pode ser comparada a de
frases completas.
3.2 Sintaxe
Compreender a sintaxe não é uma tarefa muito fácil, visto ser uma das partes mais
objetivas e lógicas da língua portuguesa. Como observado em outros momentos
deste capítulo, a sintaxe não se ocupará dos sons das palavras, ou dos pedacinhos das
palavras (morfemas), menos ainda dos sentidos das palavras. A sintaxe é a responsável
por entender a ordenação e a organização das palavras dentro das frases, ou seja, ela é
quem vai nos ajudar a entender as regras que utilizamos (conscientemente ou não) para
formar uma sentença quando falamos ou escrevemos.
É interessante observarmos que, apesar de alguns estudiosos separarem as
partes da gramática tradicional, tantas vezes é necessário à sintaxe recorrer aos
aspectos fonológicos e morfológicos da língua para tentar explicar alguns fenômenos
dentro da sintaxe, desse modo, é importante termos consciência de que esses aspectos
podem estar relacionados entre si. A título de curiosidade, isso fez com que alguns
estudiosos propusessem um estudo que contemplasse o todo da gramática, ou seja, que
olhasse para tudo de uma só vez, um estudo conhecido como “estudos interfaciais”.
De qualquer modo, as sentenças que utilizamos para nos comunicarmos
seguem regras, como colocado anteriormente, e elas precisam ser bem definidas, para
tanto, utilizamos de critérios. Critério é entendido aqui como um padrão, uma
referência, uma forma fixa de ver as coisas, de analisar uma frase, por exemplo. Na
mesma direção, Ferrarezi Junior (2012, online) defende que “Usar um critério para
analisar uma parte da língua é escolher uma forma de ver essa parte e, então, usar
Fonte: a autora.
Socorro!
Perceba que a frase acima é plena de sentido e não precisa de um verbo para
alcançar um significado. Poderíamos definir a frase a partir de alguns aspectos, por
exemplo, a letra maiúscula no início e os sinais de pontuação no final, mas isso limitaria
os aspectos, recusando pontos importantes para o seu sentido, como o contexto.
A frase utilizada acima poderia ter sido inserida em vários contextos: chamar
alguém que atende pelo nome Socorro, pedir ajuda por algum motivo, ser usada em
algum momento para expressar ironia e assim por diante. Isso refletirá de forma única no
seu sentido.
Nesse sentido, temos a unidade da fala representada por uma única palavra,
mas a frase também poderia ser formada por mais termos. Vejamos:
Que calor!
Diante desses exemplos, compreendemos que uma frase pode conter um verbo,
esta se classifica como frase oracional ou verbal, ou pode não conter um verbo, esta se
classifica como frase nominal. Reiteramos que as marcas gráficas de uma frase não
são as únicas que as define, é preciso dizer ainda, que a frase é marcada, também, pela
entonação, ou seja, pela melodia que marca o fim da enunciação.
Frase
Nominal Oracional
Sem Com
verbo verbo
Fonte: a autora
Sujeito Predicado
Podemos ainda dizer que em um período pode haver diferentes orações, desde que
tenha sentido completo, mas atenção: nem todas as frases são oracionais. Essas orações
são denominadas orações independentes. Exemplo:
Cheguei, vi e venci.
Temos no exemplo acima três orações independentes, visto que cada verbo tem
por si só um sentido completo.
Portanto, uma oração tem por objetivo expressar um conceito sobre um sujeito.
O período, por sua vez, é constituído por mais de uma oração, assim, é uma
estrutura sintática composta por uma oração basilar aumentada por outras formações
oracionais. Portanto, um período é um enunciado de sentido completo, composto por
uma ou mais orações e marcado por uma pausa definida pela entonação na fala e por
pontos na escrita. Nessa direção temos dois tipos de períodos o simples e o composto, o
primeiro é estruturado apenas com uma oração, denominada absoluta. Observe:
No período acima temos apenas um verbo, que marca a presença de apenas uma
oração. Desse modo temos neste exemplo um período simples.
Agora, observe:
Cheguei, vi e venci.
Período
Frase oracional
Simples Composta
Mista:
Oração
Coordenação Subordinação coordenação e
absoluta
subordinação
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Disponível em:
Fonte: SANTOS, Saulo. Tipos De Sintagmas E Representações Arbóreas. 2018.UFMG: Belo Hori-
09 out. 2020.
REFLITA
Caro aluno,
Sugerimos a leitura do artigo O DESENVOLVIMENTO DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL
NO BRASIL, de Ingedore Villaça Koch, uma autora muito reconhecida na área da linguagem,
que, com esse artigo, nos ajuda a entender melhor o processo histórico de constituição da
linguística como ciência no contexto em que vivemos.
LIVRO
Título: Prática de Morfossintaxe
Autora: Inez Sautchuk
Ano: 2010
Editora: MANOLE
Assunto: Comunicação e Linguística
Sinopse: No livro Prática de Morfossintaxe, a autora Inez Saut-
chuk associa conhecimento linguístico e experiência didática para
revelar uma metodologia de ensino de morfossintaxe possível
de ser adaptada a qualquer grau de aprendizagem. Com esse
objetivo, ao mesmo tempo em que desenvolve aspectos teóricos,
sinaliza abordagens mais práticas para o ensino da sintaxe da
língua portuguesa. Convicta de que o domínio sintático funciona
como o eixo disciplinador da qualidade de construção linguística
dos enunciados, a autora pretende mostrar que este é um bom
caminho para resolver um dos problemas mais sérios da expres-
são escrita: a falta de clareza. Prática de Morfossintaxe foi escrito,
sobretudo, para universitários da área de Letras e professores das
escolas de ensino fundamental e médio.
FILME/VÍDEO
Título: Línguas: Vidas em Português
Diretor: Victor Lopes
Produtora: Paris Filmes
Ano: 2004
Sinopse: Co-produção entre Brasil e Portugal, o documentário
Língua — Vidas em Português conta a história desse idioma que
embala as vidas de mais de duzentas milhões de pessoas ao redor
do mundo.
Poemas escritos, paixões declaradas, desavenças reveladas, se-
gredos descobertos, músicas compostas, piadas declamadas… A
Língua Portuguesa acompanha o cotidiano de pessoas no Brasil,
em Portugal, em Cabo Verde, no Japão, na França, na Índia, nos
Estados Unidos, Moçambique, Angola, entre tantos outros lugares.
Não somente como língua oficial, o Português foi uma língua am-
plamente difundida pelo mundo durante as Grandes Navegações.
Como resultado, muitos falantes nativos do português fizeram de
outros países o seu novo lar.
Para retratar tudo isso, além de personagens anônimos, o do-
cumentário também conta com a participação especial de José
Saramago, João Ubaldo, Martinho da Vila, Mia Couto e Teresa
Salgueiro para trazer um embasamento mais aprofundado com-
partilhado por pessoas que fizeram da convivência com a Língua
Portuguesa o seu modo de viver.
Língua — Vidas em Português mostra nosso idioma falado em
vários cantos do mundo, permitindo que conheçamos as peculia-
ridades de cada grupo de falantes e as formas com que o idioma
se adapta e evolui.
Plano de Estudo:
● A estrutura da palavra;
● A formação das palavras;
● Origem do português brasileiro;
● A nova ortografia da língua portuguesa.
Objetivos da Aprendizagem:
● Entender como as palavras se estruturam;
● Compreender como ocorre a formação das palavras;
● Conhecer a construção histórica da língua portuguesa;
● Decifrar o novo acordo ortográfico.
33
INTRODUÇÃO
Radical
As línguas foram criadas para suprir uma das necessidades do ser humano – se
comunicar. E para que isso seja possível, os falantes de uma língua identificam,
classificam e nomeiam coisas, objetos e elementos, sobre os quais se deseja falar, sejam
eles abstratos ou concretos, fictícios ou reais, naturais ou não. Desse modo, de acordo
com Basílio (2004, p. 9), “a língua é ao mesmo tempo um sistema de classificação e
um sistema de comunicação”.
Nessa direção, a língua apresenta estratégias linguísticas que proporcionam a
formação de novas palavras, e o léxico esta diretamente relacionado a essa estratégia,
esse que, de acordo com a mesma autora, é um banco de dados previamente classificados,
em que são depositados unidades básicas, ou seja, as palavras, as quais utilizamos para
construir sentenças.
Contudo, esse banco de dados é um sistema fechado, que não é suficiente para a
construção de enunciados completos em Língua Portuguesa. Isto porque estamos sempre
construindo e reconstruindo, conhecendo e reconhecendo, produzindo e reproduzindo
novos objetos, elementos e seres, desse modo, temos a necessidade de um sistema
eficaz, capaz de oferecer dinamismo e expansão, conforme as necessidades de novas
palavras vão surgindo.
Ao pensar nesse sistema eficaz, p odemos e ntender e sse p rocesso d a seguinte
maneira: o léxico primeiro oferece uma designação para novos objetos e, posteriormente,
Composição
justaposição aglutinação
Não sofre alteração Sofre alteração
Fonte: a autora.
A derivação, por sua vez, é o processo que dá origem a outra, por meio de uma
única palavra já existente na língua, por meio de afixos. Assim, a palavra também pode ser
composta por meio da derivação prefixal, derivação sufixal ou ainda por meio da derivação
parassintética.
A derivação prefixal acontece quando o afixo é anexado antes da palavra de
origem (primitiva), por exemplo: reter, conter, desligar. Por outro lado, a derivação sufixal
acontece quando o afixo é anexado depois da palavra de origem, por exemplo: ruazinha,
jardinagem, capitalista. No que se refere a derivação parassintética, ela ocorre quando
temos, simultaneamente, a junção dos afixos prefixal e sufixal no radical (palavra primitiva),
por exemplo: esfriar (es + frio + ar), apaixonar (a + paixão + ar), emudecer (e + mud(o) +
ecer).
Esquematizando temos:
DIAGRAMA 2.2 – COMPOSIÇÃO
Derivação
Composicao por afixos
prefixal sufixal
Antes do radical Depois do radical
Prefixo + radical Radical + sufixo
parassintética
Antes e depois do radical
Prefixo + radical + sufixo
Fonte: a autora.
Não é novidade que o português não surgiu no Brasil, embora o nosso país seja
o maior do mundo que fala a língua. O português foi implantado no Brasil, devido a
colonização portuguesa, há mais de 500 anos. Neste tópico, iremos falar um pouco sobre
a origem da nossa língua.
A primeira pergunta que poderíamos colocar é: quando surgiu a língua
portuguesa? E poderíamos respondê-la com certa exatidão, se a olhássemos, assim como
os pesquisadores do século XIX, como um organismo que nasce, se desenvolve e morre,
assim como seus falantes.
Contudo, como colocado em momentos anteriores, hoje sabemos que a língua
é um organismo vivo em constante transformação, mas que não morrem, com exceção,
é claro das línguas minoritárias, como as línguas indígenas, que, ao perderem todos os
seus falantes em um curto período de tempo, além da imposição de outra língua, no caso
o português, morrem.
Nessa direção, de acordo com Ilari e Basso (2009, p. 13-14),
Não há ruptura entre a língua que os brasileiros falam hoje e a língua falada
em Portugal antes dos descobrimentos, assim como não há ruptura entre o
português do tempo dos descobrimentos e o romance português, ou seja, a
língua românica falada no norte de Portugal no final do primeiro milênio. O
mesmo vale para o conjunto das línguas românicas em relação ao latim.
Nessa mesma direção, podemos afirmar que, ainda que o português seja derivado
do latim, não temos domínio para compreender a literatura latina. O latim sempre foi uma
referência cultural e objeto de pesquisa de grandes pesquisadores, os quais buscavam
a partir do latim resgatar culturas e afins. Além do mais, o latim foi a língua mundial até o
século XVIII, quando perdeu seu lugar para a língua francesa, que, por sua vez, no século
XX, foi substituída pelo inglês.
Não é possível falar da origem da língua portuguesa, sem entender o que aconteceu
no Brasil, desde que Pedro Alvares Cabral, em 22 de abril de 1500, pôs os pés nas terras
brasileiras. No processo de colonização, os portugueses espalharam pelo nosso território
inúmeras aldeias e vilas, das quais os nomes remetiam a Coroa portuguesa.
Ainda que esse processo tenha sido realizado em nome dos portugueses, os
agentes não foram os portugueses. Nas grandes expansões territoriais, processos
econômicos quem protagonizava eram os índios, crioulos e mestiços, ou seja, falantes
de português, mas não do português de Portugal, um português entranhado de
influências indígenas e africanas, devido aos escravos que foram trazidos pelos
portugueses.
Para Ilari e Basso (2009, p. 55), “para entender a difusão da língua portuguesa no
território brasileiro, não basta pensar em tratados, conquistas e fronteiras, é
necessário também considerar a forma (ou antes, as formas) como se deu a
ocupação efetiva do espaço”.
A língua indígena que mais influenciou o português brasileiro foi a língua dos
indíge-nas que moravam no litoral: Tupinambá ou Tupi-guarani. Ao lado do português
essa língua foi usada como língua geral na colônia, já que os jesuítas, vindos para a
catequização dos indígenas, estudaram e acabaram difundindo a língua. Mas isso não
durou muito, em 1757, a Coroa portuguesa proibiu o uso da Língua
Tupi, assim, como o português já superava o Tupi, o português se tornou a língua oficial
Entre 1808 e 1821, a família real veio para o Brasil e nesse momento da história
o português do Brasil e o de Portugal voltaram a se aproximar, visto a grande quantidade
de portugueses presentes nas capitais. Contudo, com a independência, em 1822, houve
uma grande onda de imigração, vieram holandeses, espanhóis, entre outros, que também
começaram a influenciar a nossa língua, e isso explica o porquê de tantos sotaques e
diferenças regionais no nosso país.
Mas foi com o movimento modernista que se consagrou a normatização da nossa
língua. Esse movimento criticava a valoração excessiva que ainda se destinava à cultura
europeia e incentivou os brasileiros a valorizar o que pertencia a eles: a língua brasileira.
Tivemos, há uma década, a reforma ortográfica, resultado de um acordo entre os
países que têm a língua portuguesa como oficial. Com essa reforma algumas regras de
escrita, que diferenciavam as normas, foram revistas, contudo, no que se refere à
oralidade, podemos ter certeza de uma coisa: temos estimáveis distinções.
Da mesma forma, vocábulos que indicam domínios de saber e afins, podem ser
grafados com letra minúscula: português, letras, literatura, linguística, física quântica,
química, geografia humana, artes plásticas, e assim por diante.
Uma das regras que sofreu mais mudanças, de acordo com Silva (2009), foi
a acentuação, devemos considerar que:
Houve a eliminação do trema na letra u, que segue as letras g ou q e antecipa
as letras e ou i. Assim: lingüiça passou a ser grafada linguiça; liqüidaçao passou à
liquidação; lingüistica passou à linguística; agüentar passou a aguentar, conseqüência à
consequência etc.
Houve a eliminação também do acento agudo nos ditongos abertos, das palavras
paroxítonas, -ei e -oi. Como em: jiboia, anteriormente jibóia; epopeia, anteriormente
epopéia; ideia, anteriormente idéia; paranoico, anteriormente paranoico; geleia,
anteriormente geléia.
Porém, nas palavras homográficas pôr (verbo) o acento continua obrigatório, para
que não se confunda com a preposição por. A mesma regra se aplica a palavra pôde (verbo
no passado), para diferenciá-lo da palavra pode (verbo no presente). Já, na palavra fôrma/
forma, o acento é facultativo.
Fonte: a autora.
O novo acordo ortográfico também trouxe regras quanto às letras mudas, agora
as letras mudas que não são pronunciadas devem ser eliminadas, como, por exemplo, em
Pelo que acabamos de ver, percebemos que o novo acordo ortográfico propõe uma
padronização parcial. Afinal, segundo Silva (2009, p. 55-56), o novo acordo ortográfico
SAIBA MAIS
REFLITA
Fonte: SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. Trad. bras. Antônio Chelini et al. 20 ed.
Estimado aluno,
cia/2013/10/professor-fala-das-origens-das-palavras-da-lingua-portuguesa.html.
LIVRO
Título: Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para
além da escrita
Autores: Maria Eunice Moreira; Marisa Magnus Smith; Jocelyne da
Cunha Bocchese
Editora: EdiPUCRS
Assunto: Novo acordo ortográfico da língua portuguesa Sinopse: O
livro Novo acordo ortográ ico da língua portuguesa: questões para
além da escrita, organizado pelas pesquisadoras Maria Eunice
Moreira, Marisa Magnus Smith e Jocelyne da Cunha Bocchese,
oferece subsídios para a compreensão dos fenômenos linguísticos
que subjazem à celebração do Acordo ora em implantação, de
modo que este, tantas vezes sujeito a opiniões apressadas, quando
não intolerantes, possa ser avaliado em suas múltiplas facetas. As
organizadoras não visam, com a publicação deste livro, defender um
ponto de vista único ou monolítico, mas sim contribuir para reflexões
maduras e bem fundamentadas.
FILME
Título: Caramuru: A Invenção do Brasil
Ano: 2001
Sinopse: Caramuru: A Invenção do Brasil é uma produção dirigida por
Guel Arraes e escrita por ele e por Jorge Furtado, baseado no livro
homônimo de Santa Rita Durão, pertencente ao arcadismo. Porém,
apesar de trazer fatos históricos, o filme traz uma forte pegada
cômica que narra os conflitos entre portugueses e índios de uma
forma irreverente.
O jovem Diogo Álvares (Selton Mello) é um talentoso pintor
português cujo estilo busca realçar a beleza da realidade. Ele é
contratado pelo cartógrafo do rei para ilustrar os mapas que guiariam
Pedro Álvares Cabral em suas viagens marítimas.
Todavia, Diogo envolve-se com Isabelle (Débora Bloch), uma
sedutora francesa que frequenta a Corte portuguesa e que rouba o
mapa do artista. Ele, então, é deportado para o Brasil, onde conhece
as irmãs índias Paraguaçu (Camila Pitanga) e Moema (Deborah
Secco). É o início do primeiro triângulo amoroso da história do país.
Plano de Estudo:
● Frase, oração e período;
● Os termos da oração: essenciais e acessórios;
● As classes de palavras e regência;
● Crase e pontuação: aspectos sintáticos.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e diferenciar frase, oração e período;
● Compreender os diferentes termos da oração;
● Entender como as orações se relacionam dentro de um período;
● Analisar aspectos importantes em uma análise sintática.
57
INTRODUÇÃO
Ao analisar as palavras acima, você avalia que elas formam uma frase?
Chove…
Que chuva!
A chuva causou destruições.
A chuva causou destruições, deixou as ruas alagadas e pessoas desabrigadas.
FRASE
(unidade plena
de sentido)
NOMINAL ORACIONAL
(sem verbo) (com verbo)
PERÍODO
SIMPLES COMPOSTO
(apenas um (dois ou mais
verbo) verbos)
Fonte: a autora.
● Termos integrantes
Complementos verbais: objeto direto e indireto;
Complemento nominal;
Agente da passiva.
● Termos acessórios
Adjunto adnominal;
Adjunto adverbial;
Aposto;
Vocativo.
Sujeito
Núcleo do sujeito
Marcos é magro.
O verbo “é” está, no exemplo acima, apenas ligando o sujeito à sua característica,
por isso assume a função de verbo de ligação. Há verbos que têm essa característica,
ou seja, normalmente funcionam como verbo de ligação, são eles: continuar, andar, ficar,
fazer, estar, ser, parecer e permanecer. Dois desses verbos citados, os quais funcionam
normalmente como de ligação, exigem cuidado, visto que podem ter o sentido de ação, são
eles: andar e ficar. Observe:
Verbo de ação
Eu ando no parque.
Ando cansada.
Verbo de ligação
Marcos é magro.
Predicado verbal
Verbo Verbo
verbo verbo
PERÍODO
COMPOSTO
POR ORAÇÕES
SIMPLES COMPOSTA
(1 oração/verbo) (2 ou +
orações/verbos)
Fonte: a autora.
CLASSES GRAMATICAIS
Classe Função básica Exemplo
gramatical
Substantivo Nomear seres, coisas, Um lindo balão azul sobrevoou a região.
lugares, conceitos etc.
Cheguei no carro.
Cheguei ao carro.
Para que seja possível construir um enunciado coerente, vimos que é necessário
dominar os aspectos sintáticos de uma frase, ou seja, é preciso conhecer as regras de
organização frasal. Nesse sentido, a pontuação é um elemento que funciona como um
organizador, por isso, vamos entender como podemos utilizar desse recurso para que
tenhamos um enunciado mais coeso e coerente.
A vírgula marca, por exemplo, a inversão da ordem direta de um enunciado, a
intercalação de elementos que interrompem a leitura, a elipse de algumas estruturas que podem
ser recuperadas pelo contexto e, ainda, intensifica um determinado termo, dando ênfase a ele.
Assim, percebemos que a presença da vírgula dentro das orações é imprescindível, por isso,
Por exemplo:
● O professor explicou a teoria, porém os alunos não a entenderam.
o 1ª oração: o professor explicou a teoria.
o 2ª oração: os alunos não entenderam.
o Porém = conjunção.
Neste exemplo notamos claramente que a conjunção está iniciando a oração.
Agora, observe:
● O professor explicou a teoria, os alunos, porém, não a entenderam.
Neste segundo exemplo temos o deslocamento da mesma conjunção, ao deslocar
a conjunção do início para o meio da frase, é necessário colocá-la entre vírgulas.
Observando algumas conjunções temos algumas particularidades que devemos
considerar. Considere:
● As conjunções adversativas, as quais indicam oposição, como, por exemplo:
mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, entre outras, sempre são isoladas por
vírgula e quando deslocadas aparecem entre vírgulas. Contudo a conjunção mas nunca
aparece entre vírgulas. Observe:
o Fui ao mercado, mas não consegui comprar tudo que precisava.
o Fui ao mercado, contudo não consegui comprar tudo que precisava.
o Fui ao mercado, não consegui, contudo, comprar tudo que precisava.
● Outra peculiaridade encontramos na conjunção porque, que pode introduzir
uma oração coordenada explicativa como introduzir uma causa de algum fato. Neste último
caso teríamos uma conjunção subordinativa adverbial causal. No primeiro, temos uma
Neste vídeo, do canal Brasil Escola, você poderá compreender um pouco mais sobre os
termos integrantes das orações em língua portuguesa. Um vídeo de, aproximadamente,
22 minutos que, com certeza, acrescentará muito na sua compreensão e familiaridade
com a sintaxe. O vídeo é intitulado Termos integrantes da oração: complementos
verbais e está disponível em: https://www.youtube.com/embed/QFBwIsUcxb8.
Aproveite!
REFLITA
Boa leitura!
LIVRO
Título: Moderna Gramática Portuguesa
Autor: Evanildo Bechar
Editora: Nova Fronteira
Sinopse: A mais confiável obra de consulta nos estudos da língua
portuguesa, esta Moderna Gramática chega à tão aguardada 39.ª
edição com atualizações em todo o seu conteúdo e acréscimos
valiosos.Trata-se de um porto seguro para estudiosos de todas as
idades e aqueles que precisam se preparar bem para as provas
de concurso público no Brasil. Todo o material aqui reunido pelo
autor, um dos maiores gramáticos da língua portuguesa, constitui
a mais completa soma de fatos gramaticais e soluções de dúvidas
de português. Vale lembrar que a obra está em consonância com
as regras do novo Acordo Ortográfico, do qual o Prof. Evanildo
Bechara é o atual representante brasileiro.
FILME/VÍDEO
Título: Dentro da casa
Ano: 2013
Sinopse: Germain (Fabrice Luchini) é um professor de literatura
que sente uma enorme frustração pela mediocridade dos alunos.
Ele se surpreende com a redação de Claude (Ernest Umhauer),
texto que relata os problemas pessoais de um colega de sala. Ao
mesmo tempo em que aprende literatura, o aluno escreve a
sequência de uma verdadeira obra que ganha descrições poéticas
sob o seu olhar. O grande dilema do filme é essa reflexão sobre o
certo e o errado: o professor deve incentivar a liberdade criativa do
garoto ou censurá-lo?
A história preza muito mais pelas palavras que pelas formas. O
comportamento do professor mostra o tamanho da influência da
ficção também na visão de espectador. Acontece que
consequências reais são ignoradas em nome de uma boa
história. Qual o limite da escrita? Ela deveria ter um? Muitas
perguntas
Plano de Estudo:
● As locuções e seus sentidos;
● Termos acessórios da oração e a regência;
● Termos integrantes da oração;
● Os verbos.
Objetivos da Aprendizagem
● Conhecer a evolução da contabilidade e seus fundamentos históricos;
● Conceituar a contabilidade, seu objetivo e suas áreas de aplicação;
● Identificar os aspectos legais da contabilidade;
● Compreender as características da informação e quem as utiliza.
83
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) a mais essa etapa em que vamos avançar juntos no
conhecimento.
Já percebemos que não podemos abordar a língua de maneira direta. A
linguagem, manifestada tanto na fala quanto na escrita, constitui a nossa única fonte
de acesso à realidade imaterial da nossa língua. O nosso conhecimento sobre a
estrutura linguística deve estar em constante adaptação e trabalho, pois a língua é uma
realidade mental que, em seus limites, se confunde com o próprio pensamento.
Numerosos são os estudos, as observações e os caminhos que podemos seguir
para compreender a língua. São inúmeras as teorias e métodos que podem nos
auxiliar nessa batalha, mas, para que possamos escolher uma, precisamos conhecer
todas. Contudo, é necessário que essa caminhada rumo ao conhecimento deve ser
lenta para que seja bem assimilada, por isso, nesta unidade continuaremos trabalhando
com a gramática tradicional da língua portuguesa.
Assim, nesta unidade, propusemos uma caminhada pela gramática, em que
teremos a oportunidade de entender, no primeiro tópico, os diferentes sentidos que
podemos alcançar com as locuções, conforme a sua colocação.
Posteriormente, daremos continuidade aos termos das orações, vamos
compreender que os termos acessórios, assim como os integrantes são tão importantes
quanto os termos essenciais.
Por fim, voltaremos em uma classe gramatical muito importante, abordaremos o
verbo, pois muitas vezes parece-nos tão óbvio que não paramos para observá-lo e
entendê-lo em sua plenitude, deixando escapar, muitas vezes, coisas simples, mas que
pode mudar completamente o sentido de um enunciado.
Nessa direção, convido você, querido aluno, a embarcar novamente comigo,
para desvendarmos esse mar imenso que é a língua portuguesa.
Preposição + substantivo
Mulher de coragem
De coragem= corajosa
De acordo com Bechara (2010), é importante dizer que nem sempre vamos
encontrar um adjetivo correspondente na mesma família de palavras e de significado
idêntico ao da locução adjetiva. O autor cita como exemplo:
● Colega de turma
● Homem sem-terra
Com esses exemplos, é fácil perceber que não podemos ficar presos, ao considerar
as locuções adjetivas, na procura por um sinônimo que expresse a mesma característica.
De qualquer maneira, podemos citar algumas locuções adjetivas com seus respectivos
correspondentes a fim de compreendermos melhor:
De cabelo = capilar
De cabra = caprino
De criança = infantil
De respeito = respeitoso
De anjo = angélico
De pai = paternal
Sem freio = desenfreada
Fonte: a autora.
Classificação Exemplos
Afirmação – com certeza
– por certo
– sem dúvida, etc.
Intensidade – de muito
– de pouco
– de todo, etc.
– à direita
– à esquerda
De lugar – à distância
– ao lado
– de dentro
– de cima, etc.
– à toa
– à vontade
De modo – ao contrário
– ao léu
– às avessas
– às claras, etc.
De negação – de forma alguma
– de modo algum, etc.
De tempo – à noite
– à tarde
– à tardinha
– de manhã, etc.
Fonte: a autora.
abaixo de
acerca de
de acordo com
defronte de
junto a
perto de
por baixo de
por trás de
Fonte: a autora.
Cheguei no carro.
Cheguei ao carro.
z z
Novas tecnologias alimentam nossa confiança em um futuro melhor.
Termo regente Termo regido
Classificação Características
Verbo intransitivo – VI Tem sentido completo; não exige objeto.
Verbo transitivo direto – VTD Tem sentido incompleto; exige objeto sem
preposição inicial (objeto direto).
Verbo transitivo indireto – VTI Tem sentido incompleto; exige objeto
iniciado por preposição (objeto indireto).
Verbo transitivo direto e indireto – VTDI Tem sentido incompleto; exige dois objetos:
um sem preposição (OD) e outro com
preposição (OI).
sujeito Predicado
Perceba que a oração acima não teria seu sentido completo se fosse finalizada no
verbo – Ele gosta – provavelmente ao ouvirmos essa sentença perguntaríamos: ele gosta
do que? A resposta a essa pergunta nos revela o complemento da oração: de
macarronada.
Os complementos além de complementar os verbos, neste primeiro caso, ele
também pode trazer outros sentidos dentro de uma oração. Um objeto direto, por
exemplo, pode vir acompanhado de uma preposição para dar um efeito estilístico
diferente à oração, para dar ênfase a uma ideia, da mesma maneira podem desempenhar
função pleonástica (repetição), para reafirmar algo.
Observe:
Eu cumpri com a minha promessa.
Poderíamos muito bem ter organizado essa oração sem a preposição e ainda assim
nominal)
Maria estava consciente de tudo. (consciente = adjetivo / de tudo = complemento
nominal)
Joao atuou favoravelmente aos amigos. (favoravelmente = adverbio / aos amigos
= complemento nominal).
Agente da passiva
O agente da passiva diz respeito à o que é ou quem se relaciono diretamente
com o verbo, ou seja, o que ou quem pratica a ação. Ele não é, necessariamente, um
complemento como nos casos anteriores, mas faz parte dos termos integrantes da oração.
O agente da passiva é a parte ativa, em uma oração de voz passiva. Observe o exemplo
para melhor compreensão:
Nós falamos muito até agora de verbos, vimos que ele pode ser o núcleo do
predicado, percebemos a sua importância para diferenciar uma frase de uma oração,
além de outros fatores que o envolve. Todavia, até agora, não conceituamos,
minuciosamente, essa classe gramatical tão importante para o desenvolvimento de um
enunciado. Vamos falar de verbos, então?
Os verbos podem ter valor de ação (comer, caminhar, dançar), de estado (ser,
permanecer), fenômeno da natureza (nevar, trovejar) ou ocorrência (acontecer,
suceder). Como vimos na unidade anterior, o verbo, na sintaxe, exerce a função de
núcleo do predicado de uma oração, sendo que eles podem flexionar de diversas
maneiras, pois a sua conjugação é realizada por meio de variações, sendo elas: de
pessoa, número, tempo, modo.
Sobre isso Bechara (2010, p. 192, grifos do autor) nos adverte que “trabalhar e
trabalho são palavras que têm o mesmo significado lexical, mas diferentes moldes,
diferentes significados categoriais, embora se deva ter presente que este não é o simples
produto da combinação do significado lexical com o significado instrumental”.
Assim, considerando as variações dos verbos, vale lembrar que:
Flexão de Variação
Pessoa 1ª (eu, nós); 2ª (tu, vós) e 3ª
(ele, eles).
Número singular (eu, tu, ele) e plural
(nós, vós, eles).
Tempo presente, pretérito e futuro.
Modo indicativo, subjuntivo e
imperativo.
Voz voz ativa, voz passiva e voz
reflexiva.
Fonte: a autora.
Cant – ar
radical Com – er
Dorm – ir
A vogal temática, no que lhe concerne, equivale à unidade mínima que se une ao
radical, para ligá-lo às desinências, promovendo, assim, a conjugação dos verbos. Quando
temos a junção dessas duas unidades, formando uma terceira unidade, a chamamos de
tema. Desse modo, temos: radical + vogal temática = tema. Observe o exemplo:
Vogal temática
Cant – a – r
radical Com – e – r
Dorm – i – r
Por fim, as desinências são elementos que, junto com o tema, facultam as
conjunções, podendo ser:
● Número-pessoais: apontam o número e a pessoa do discurso.
● Modo-temporais: apontam o modo e o tempo em que a ação ocorre.
Amá – va – mos
Neste vídeo você poderá compreender um pouco mais sobre a análise sintática da
oração. É um vídeo completo, em que o professor Pasquale oferece uma verdadeira
aula de como realizar uma análise sintática de uma oração. Aproveite para treinar e
aprofundar ainda mais seu conhecimento.
O vídeo é intitulado Professor Pasquale explica: análise sintática e está disponível em:
https://www.youtube.com/embed/5IPTBXBGzSU
REFLITA
Fonte: FREIRE, P. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
http://estacio.webaula.com.br/cursos/cee042/galeria/aula3/docs/concordancia_su-
miu_ou_evoluiu.pdf
LIVRO
Título: Linguística Aplicada ao Português: Sintaxe
Autores: Ingedore G. Villaça Kock e Maria Cecília de Souza
e Silva
Editora: Cortez
Sinopse: Este livro, das escritoras Ingedore G. Villaça Kock
e Maria Cecília de Souza e Silva, reconhecidas escritoras da
área da linguística, apresenta a descrição das sintáticas do
português, procedendo à operacionalização para o ensino dos
conceitos da teoria linguística e gramática gerativa
transformacional. Um estudo dos principais aspectos da sintaxe
portuguesa - enfocados, também, sob o prisma da gramática
tradicional.
FILME/VÍDEO
Título: Português, a língua da Brasil
Ano: 2007
Sinopse: O documentário apresenta depoimentos de 16
Acadêmicos, membros da Academia Brasileira de Letras, sobre
o atual estado da Língua Portuguesa. A nossa realidade
idiomática é mostrada com as cores do Brasil na experiência
personalíssima de cada Acadêmico. O diretor escolheu como
cenário a Casa de Machado de Assis que, simbolicamente,
representa a Casa da Língua Portuguesa. No documentário, os
depoimentos se sucedem, registrados sempre com a presença
do próprio Nelson, o grande anfitrião deste encontro de notáveis.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=-bbT7QmdNSE
ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003.
BAGNO, M. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. 15. ed. São Paulo: Loyola,
1999.
BARROS, D. L. P. de. Teoria semiótica do texto. 4. ed. São Paulo: Ática, 2008.
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2002.
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CEGALLA - Novíssima Gramática da Língua Portuguesa - São Paulo. Companhia Editora
Nacional, 2020. p.182.
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