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Caso

Foi recebida uma queixa no posto da GNR de Faro, relativa a factos praticados por YY, passíveis
de integrar um crime de dano.
Atento o diminuto teor ofensivo e considerando o que considerava ser o diminuto grau de
ilicitude e culpa, o procurador do ministério público decidiu não promover o processo.
Esta decisão aprece-lhe consentânea com os princípios que enformam o processo penal
português? Justifique

Caso
FF tem sido vítima de violência doméstica por parte de GG, seu namorado.
O vizinho de ambos, HH, tendo tido conhecimento das agressões, decidiu denunciar o caso nos
serviços do Ministério Público, o qual promoveu a correspondente ação penal.
Entretanto, a relação entre FF e GG terminou, tendo-se GG afastado de FF e reiniciado uma outra
relação, bem como FF, que, entretanto, recompusera a sua vida afetiva, pelo que não pretende
prossecução do processo.
1 - Poderá FF desistir do processo?
2 – Haverá algum meio de evitar a continuação do processo?

Caso
Fernando e Maria são arguidos pela prática de um crime de bigamia. Ele, porque estaria ainda
casado à data da celebração do matrimónio com Maria. Maria, por ter casado tendo
conhecimento do estado civil de Fernando.
Na contestação, Fernando opôs-se à pretensão do ministério público, argumentando que não
pode ser considerado bígamo, uma vez que o seu anterior casamento, celebrado nas Bahamas, já
tinha sido dissolvido.
Como deverá o tribunal de julgamento proceder para poder conhecer da matéria penal?

Caso
Tendo o arguido sido apresentado à presença do juiz na sequência de uma detenção, o Ministério
Público não esteve presente nesse primeiro interrogatório judicial de arguido detido, por estar
ocupado com vários processos urgentes.
No termo desse interrogatório, foi aplicada ao arguido a medida de coacção de obrigação de
apresentação periódica. Quid iuris?

Caso
XX apresentou uma queixa crime contra ZZ porque este o terá agredido na noite de 30 para 31
de Dezembro de 2018.
Notificado para ser ouvido pela PSP, ZZ apresenta uma contra-queixa, alegando que, apenas
agrediu XX na sequência da agressão de que foi alvo por parte deste.
Ouvido XX pelos serviços do Ministério Público, veio este alegar que era verdade, que tinha
agredido ZZ. Porém, ao contrário do que ZZ afirmava, os factos tinham ocorrido em tempos
inversos: ZZ tinha agredido primeiro, sendo a agressão de XX resposta à daquele.
Recolhidos indícios de que ambos os agentes foram agressores e ofendidos, poderá o Ministério
Público não acusar nenhum deles?
Caso
No dia 5 de Agosto, numa estação de metro de Lisboa, Mário, depois de ter vociferado uma série
de insultos contra o seu irmão, Fábio, chamando-lhe caloteiro, vigarista e sequestrador, acabou
por agredi-lo violentamente. Felisberto, agente da PSP que por ali passava, deteve de imediato
Mário. Uma vez que Bruno não apresentou, entretanto queixa, Felisberto libertou Mário passadas
48 horas.
1. Considere, para efeito desta questão, que os crimes em causa sejam o crime de injúrias,
difamação e ofensas simples à integridade física. Parece-lhe correto o comportamento
de Felisberto ao deter Mário?
2. Que actos devem ser praticados pelo agente da PSP no ato da detenção?
3. Poderá o Ministério Público promover de imediato a ação penal?
4. Poderá haver conexão de processos? Justifique.
5. Encerrado o inquérito e reunidos os indícios da prática dos crimes acima referidos, diga
quem deve proceder às acusações e em que termos?
6. Suponha que foi marcada a audiência de julgamento e que Mário não compareceu ao
julgamento porque decidiu tirar dois meses de férias na Martinica com a sua namorada
e, por essa razão, não estava em casa quando foi depositada a notificação da data de
audiência de julgamento. Pode o julgamento realizar-se?
7. Qual o tribunal material e territorialmente competente para julgar cada um dos crimes?

Caso
Marcos foi constituído arguido pelo Ministério Público 48 horas após ser detido pela Polícia
Judiciária, em sua casa. Foi-lhe comunicado que era suspeito da prática dos crimes de corrupção,
fraude fiscal e branqueamento de capitais, sem lhe ser adiantado nenhum outro elemento.
Marcos pediu para conhecer e ter acesso ao processo, de forma a conhecer com mais detalhe
os elementos constantes do processo e os factos que eram imputados, acesso que lhe foi
negado por o processo se encontrar em segredo de justiça.
Carlos contestou o secretismo do processo e a falta de informação, mas sobretudo o não ter
tido direito à presença do seu advogado durante a inquirição levada a cabo pelo Ministério
Público, encontrando-se detido. O Juiz de Instrução, no entanto, rebateu esta posição,
sublinhando que apenas existe obrigatoriedade de presença do advogado do arguido
quando preste declarações perante um juiz e não perante o Ministério Público.
Por sua vez, Magda, amiga de Marcos, pediu ao Ministério Público para se constituir assistente
no processo, uma vez que estava convencida que poderia fornecer provas determinantes para
a condenação daquele, pedido que lhe foi negado por não ter demonstrado o ‘interesse
legítimo’ em participar no processo.
Magda nega que tenha de demonstrar qualquer interesse legítimo para o efeito e vai recorrer
da decisão do tribunal.

Analise os diversos momentos relevantes da hipótese acima exposta, refletindo sobre a


respetiva legalidade/ilegalidade e apontando o devido enquadramento jurídico-processual.
Caso
João denunciou Joaquim pela prática de um crime de abuso sexual de crianças, p.p. pelo artigo
171.º do Código Penal, praticado sobre a sua filha Margarida, de 13 anos. Joaquim encontra-se
em parte incerta.
a) Não sendo encontrado suspeito, poderia promover-se a ação penal?
b) Findo o inquérito, o Ministério Público, por ter reunido indícios suficientes, pretende
acusar. Porém, nunca conseguiu encontrar Joaquim durante o inquérito, para a ouvir e a
constituir arguido. Poderá, ainda assim, proferir a acusação?
c) Supondo que João não tivesse denunciado os factos. Poderia a sua filha denunciá-los?
d) Sabendo que João pretende intervir ativamente no processo como sujeito processual,
diga em que termos, como deverá proceder e em que momento, sabendo que foi
notificado da acusação do Ministério Público e gostaria de acompanhar essa acusação.
e) Imagine que o inquérito tivesse terminado com a decisão acusatória do Ministério Público
e que o representante da ofendia pretendia participar no debate instrutório. Para o efeito,
requereu a sua constituição como assistente na véspera do mesmo debate. Quid iuris?
f) Suponha que João, na qualidade de representante de Margarida, não pretende requerer
indemnização civil pelos factos praticados contra a filha de ambos. O tribunal, porém,
entende atribuir uma compensação à menina. Pode fazê-lo sem que exista pedido nesse
sentido?

Caso
Narciso é o Diretor do jornal «Má-língua», com sede em Lisboa. No passado dia 10 de Fevereiro,
5 pessoas invadiram-lhe a casa, em Vila Franca de Xira, amarraram-no a uma cadeira e agrediram-
no violentamente com soqueiras, só parando quando pensaram que, como pretendiam, o tinham
morto. Narciso, no entanto, sobreviveu, tendo sido enviado para o Hospital de Santa Maria, em
Lisboa, onde veio a falecer. Este grupo atuou a mando de Francisco, que tinha ficado chocado
com um cartoon publicado naquele Jornal, no qual parodiava com a sua pessoa.
Ao tentar fugir de casa de Narciso, os 5 agressores foram detidos pela vizinhança, que tinha sido
atraída pelos gritos de Francisco.
1. Verifique a legalidade do procedimento dos populares e diga como deveriam estes proceder
na sequência da detenção.
2. O Ministério Público proferiu um despacho de acusação contra Francisco, na qualidade de
instigador e contra os demais como coautores pela prática de um crime de homicídio
qualificado, p.p no artigo 131.º e art. 132.º do Código Penal.
a) Poderia Marta, cônjuge do ofendido, pretende acompanhar a acusação do Ministério
Público. Poderia fazê-lo? Em caso afirmativo, como deveria proceder e em que prazo.
b) Qual o tribunal material e territorialmente competente para proceder ao julgamento
daqueles factos?
c) Poderia o procurador do ministério público requerer ao juiz, na acusação, que os
arguidos fossem julgados pelo tribunal singular? Justifique.
3. Poderia o tribunal tomar em consideração as declarações do coarguido, sabendo que todos
os demais invocaram o direito ao silêncio, preferindo não ser ouvidos?
4. Suponha que, na audiência de julgamento, o juiz se recusou a inquirir, como testemunhas, as
pessoas que haviam detido os arguidos, invocando que já tinham sido ouvidas pelo ministério
público em sede de inquérito e que lhe bastaria, para fundamentar a sua decisão, a leitura
dos autos. Pronuncie-se sobre a validade desta decisão, justificando a sua resposta.
Tribunal, juiz, MP
Caso
Marco ficou exaltado quando viu a sua namorada, Maria, de braço dado José, um vizinho, em
poses que manifestavam alguma intimidade. Dirigiu-se a eles e começou a insultar Maria. Como
José reagiu, Marco desferiu-lhe uma machadada no crânio. Marco entrou de imediato em coma.
Como em Santarém, local onde os factos ocorreram, o Hospital estava temporariamente
encerrado para desinfestação, José foi levado para Lisboa, em cujo Hospital acabou por falecer
10 dias depois do incidente.
O ministério público abriu de imediato um inquérito em relação a ambos os factos: injúrias
(art.181.º) e homicídio qualificado (art. 132.º). Marco foi sujeito a prisão preventiva.
1. Poderia o ministério público agir como fez, abrindo inquérito relativamente a ambos os
factos?
2. Imagine que, na sequência do conhecimento dos factos por parte do ministério público,
foi aplicada, pelo juiz de instrução criminal, ao arguido a prisão preventiva. Como justifica
que seja o juiz de instrução a actuar no âmbito do inquérito para aplicar esta medida,
quando o titular do inquérito é o ministério público? Fundamente a sua resposta.
3. Como deve o ministério público proceder, relativamente a cada um dos factos, quando
entenda que está concluída a investigação, e caso conclua que existam indícios suficientes
para levar o arguido a julgamento?
4. Qual o tribunal territorialmente competente para julgar Marco? Fundamente,
identificando a norma que justifica a sua resposta.
5. Qual o tribunal materialmente competente para julgar o crime de homicídio?
Fundamente a sua resposta tendo em consideração os critérios aplicáveis para
determinação da competência.
6. Poderia o ministério público requerer que José fosse julgado pelo tribunal singular,
atendendo ao disposto no art. 16.º, n.º 3 do CP? Justifique a sua resposta
Caso
Aproveitando uma distracção de Joana, de provecta idade, que colocara a mala no chão, Alberto
furta-a (art. 203.º do CP).
1. Porque Joana ficou muito abalada com a situação, o seu filho vai dar notícia dos factos à Polícia
para apresentar queixa pela prática deste facto. Poderá o Ministério Público promover o
processo, após a recepção desta queixa?
2. Suponha que o processo tinha sido validamente proposto e que o Procurador encarregue do
inquérito era um vizinho de Joana, com quem esta tinha tido várias desavenças e contra quem
tinha proposto anteriormente um processo, no qual o procurador foi condenado. Haverá algum
meio de afastar este procurador?
3. Imagine que, o arguido fosse um magistrado judicial e que, em virtude desse facto, tanto o
tribunal de Comarca de Lisboa, como o Tribunal da Relação de Lisboa se declararam
competentes para decidir a causa. Considerando que não pode haver um julgamento por parte
de dois tribunais, diga como se resolve este conflito, sabendo que nenhum dos dois cede e se
declara incompetente
Partes civis/assistente

Caso
Anabela dirigiu-se à esquadra da PSP do Jardim Constantino, em Lisboa, onde apresentou queixa
contra Bartolomeu, pela prática de factos passíveis de integrarem o crime de gravações e
fotografias ilícitas, p.p. pelo artigo 199.º do Código Penal.
1. Bartolomeu foi notificado para comparecer na esquadra e prestar declarações. Diga o que
é expectável que aconteça, referindo-se aos actos a praticar pelo agente da PSP, bem
como as formalidades e às finalidades desses procedimentos.
2. Suponha agora que Anabela, ofendida, pretende requerer abertura da instrução, por não
concordar com o teor da decisão de arquivamento do Ministério Público. Poderá fazê-lo?
3. Anabela, lesada e igualmente ofendida, mas que não pretende constituir-se assistente,
pretende pedir uma indemnização civil. Como deve proceder para o efeito? Leia com
atenção as normas, de forma a referir todos os procedimentos que tem de adoptar, bem
como o momento em que tem de os praticar.

Caso 2
Francisco teve notícia, pela comunicação social, de que um político estava indiciado pela prática
de um crime de corrupção. Francisco é o presidente de uma associação sem fins lucrativos cuja
finalidade é o combate contra a corrupção. Em virtude dessa condição, pretende ser constituído
assistente no referido processo, de forma a auxiliar o Ministério Público na aquisição da prova.
Pode fazê-lo? Em caso afirmativo, diga como deve proceder e em que prazo.
Caso
O Ministério Público acusou Benedita da prática de um crime de devassa da vida privada, prevista
e punida nos termos do artigo 192.º do Código Penal.
a) Apesar de Benedita não o pretender, o seu defensor decidiu requerer a abertura da
instrução, tendo dado entrada do respectivo requerimento. O que pode Benedita fazer
para evitar que essa fase seja aberta sem a sua anuência?
b) Poderia o ofendido apresentar o seu pedido de indemnização civil num juízo civil?
c) Supondo que a indemnização civil tivesse sido pedida no processo penal e que, notificado
do pedido, Benedita não contestou, diga se se produz o efeito cominatório consagrado
no artigo 574.º do Código do Processo Civil1.
d) Na audiência de julgamento, Benedita alegou direito ao silêncio para não prestar
declarações e, apesar de instada a fazê-lo, não se identificou.
e) Quid iuris, se tivesse transmitido dados falsos sobre a sua identidade e filiação?

1 Artigo 574.º

Ónus de impugnação
1 - Ao contestar, deve o réu tomar posição definida perante os factos que constituem a causa de pedir invocada pelo autor.
2 - Consideram-se admitidos por acordo os factos que não forem impugnados, salvo se estiverem em oposição com a defesa
considerada no seu conjunto, se não for admissível confissão sobre eles ou se só puderem ser provados por documento escrito; a
admissão de factos instrumentais pode ser afastada por prova posterior. [...]

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