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1. DESCRIÇÃO DO CASO
Em 2014, ocorreu um crime, culminando na morte de Patrick, homossexual
declarado, morto no seu apartamento, o qual dividia custos do aluguel com Fábio, seu namorado
de aproximadamente cinco (05) anos de convívio, médico, bissexual, mas não tinha assumido
sua sexualidade dentro da família, costumava passar mais tempo lá, no apartamento de Patrick,
que em sua casa, mas não moravam juntos. Nos últimos dias, antes do crime, o relacionamento
deles parecia não ir muito bem, eram vistos em locais separados. Crise? Corria algo estranho.
Em que pese tudo isso, continuavam a postar fotos no Instagram e outras redes sociais. No
relato de Isabel, irmã do acusado, conta que “começou quando Fábio “ficou” com uma amiga
sua, Isadora, em um evento festivo, e fora intenso, não apenas beijo, relata. Aparentemente,
segundo Isabel, Fábio contou tudo para Isadora e que contaria a Patrick. No apartamento, na
“casa alheia”, Fábio contou para Patrick o que aconteceu na festa. Achou que a reação de Patrick
seria diferente, mas foi extremamente agressivo. Patrick partiu para cima de Fábio, tentou
agredi-lo no rosto, mas Fábio desviou e não foi atingido. Patrick caiu no chão, chorava
inconsolável. Fábio saiu e disse que voltaria depois, quando Patrick se acalmasse; e este
ameaçou de ligar para sua casa e contaria que ele era homossexual. Fábio não acreditou, saiu
desconfiado, mas acreditando de que Patrick respeitaria uma decisão sua. Quando chegou em
casa, ficou surpreso, viu seu pai e sua mãe sentados na sala; o pai com olhar rígido para a porta
da rua, a mãe estava em prantos. Fábio percebeu que Patrick cumprira a promessa, começaram
os questionamentos de por quê, como e quando deixaram o médico atordoado. Ele se dirigiu ao
seu quatro”. Diante da descoberta de sua sexualidade aos pais e contrariado, Fabio teria pego a
arma de um dos pais (já que eram idênticas), dirigiu-se novamente ao apartamento de Patrick.
No local do crime, ele próprio ligou para 190, desesperado, e a viatura da polícia chegou rápido.
O depoimento de Fábio disse que quando chegou no apartamento Patrick, ele já
estava caído, com muito sangue ao seu redor, sem ferida, e desesperado agarrou-se ao corpo de
Patrick, por isso o sangue em suas roupas e corpo. A arma pendia da mão, duas balas faltavam.
1 Case apresentado à disciplina de Criminologia, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
2 Aluna do 4° Período, do Curso de Direito, da UNDB. Turma DT04AV.
3 Professor Mestre João Carlos da C. Moura, orientador.
Na delegacia, afirmou que não conferiu quantas balas haviam na arma e que não havia disparado
contra Patrick, que já o encontrara naquela situação sem vida. Ao ser contestado como poderia
saber a situação de morte de Patrick, afirmou que era médico e teria condições técnicas plenas
de afirmar. Na cena do crime, as únicas digitais, eram de Patrick e de Fábio; a porta não estava
arrombada e o acesso foi pacífico no apartamento, por quem cometeu o homicídio. O delegado
Matoso enviou pedido e o juiz acatou a ordem prisão em flagrante contra Fábio, a qual foi
convertida em preventiva, Fábio está preso preventivamente há oito meses. Os pedidos de
revogação das prisões processuais não foram atendidos, pois todos os indícios apontavam para
ele como autor do homicídio de Patrick. As câmeras de segurança só mostram a movimentação
da área, mas não ofertam maior discernimento sobre quem teve acesso ao apartamento de
Patrick especificamente, mas no momento em que Fábio entra no condomínio, mais três pessoas
entram com ele. Os meios de comunicação em massa, programas de televisão e redes sociais,
por alguma razão, se interessaram pelo caso e a cada minuto repassam a notícia com detalhes
da vida de Fábio e Patrick, inclusive pedindo a condenação imediata de Fábio, enquanto outros
afirmam que a manutenção da prisão além de cruel, descumpre regras processuais, pois não há
nada que se leve à conclusiva definição sobre o fato de Fábio ter matado Patrick. Diante do caso
concreto, qual deve ser a resposta dada para a sociedade pelas instituições do sistema penal: a
soltura por falta de provas ou manutenção da condenação de Fábio?
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