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Sao Joao
Sao Joao
Maçonaria
Este trabalho explora a influência e o simbolismo de três figuras centrais na Maçonaria: São
João Batista, São João Evangelista e São João Esmoler, destacando suas contribuições únicas
para a prática e filosofia maçônicas. São João Batista é examinado em seu papel bíblico e
maçônico, simbolizando purificação e moralidade, essenciais nas celebrações do solstício de
verão e nas práticas do Rito de York. São João Evangelista é discutido em relação à sua
sabedoria e introspecção, com ênfase nos seus textos que moldam a introspecção maçônica,
especialmente durante o solstício de inverno. São João Esmoler, menos tradicional mas
igualmente relevante, é apresentado através de suas virtudes de caridade e compaixão, pro-
porcionando um modelo de liderança altruísta, o que ressoa fortemente com os valores
maçônicos de fraternidade e busca pela verdade. Métodos qualitativos de análise literária e
histórica são empregados para desvendar como essas figuras são representadas na literatura
sagrada e maçônica, enfatizando como suas vidas e ensinamentos continuam a influenciar a
Maçonaria. Os resultados revelam que, apesar das diferenças contextuais, São João Batista e
São João Evangelista oferecem insights complementares sobre a jornada espiritual e ética dos
maçons, enquanto São João Esmoler expande essas lições para o engajamento comunitário e
social. A conclusão sintetiza a relevância contínua dessas figuras, argumentando que elas não
apenas moldam a identidade maçônica, mas também oferecem paradigmas para o desen-
volvimento pessoal e comunitário. Essa análise não apenas enriquece a compreensão das
tradições maçônicas, mas também oferece perspectivas sobre como esses ensinamentos po-
dem ser adaptados para enfrentar desafios contemporâneos.
Palavras-chave: São João Batista; São João Evangelista; São João Esmoler; Maçonaria;
Simbolismo; Ritos; Ensinamentos Maçônicos.
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ABSTRACT
This paper explores the influence and symbolism of three central figures in Freemasonry:
Saint John the Baptist, Saint John the Evangelist, and Saint John the Almoner, highlighting
their unique contributions to Masonic practice and philosophy. Saint John the Baptist is exam-
ined in his biblical and Masonic roles, symbolizing purification and morality, essential in the
celebrations of the summer solstice and the practices of the York Rite. Saint John the Evange-
list is discussed in terms of his wisdom and introspection, with an emphasis on his texts that
shape Masonic introspection, especially during the winter solstice. Saint John the Almoner,
though less traditional, is equally relevant and presented through his virtues of charity and
compassion, providing a model of selfless leadership, which resonates strongly with the Ma-
sonic values of fraternity and pursuit of truth. Qualitative methods of literary and historical
analysis are employed to uncover how these figures are represented in sacred and Masonic
literature, emphasizing how their lives and teachings continue to influence Freemasonry. The
findings reveal that, despite contextual differences, Saint John the Baptist and Saint John the
Evangelist offer complementary insights into the Masonic spiritual and ethical journey, while
Saint John the Almoner extends these lessons to community and social engagement. The con-
clusion synthesizes the ongoing relevance of these figures, arguing that they not only shape
Masonic identity but also offer paradigms for personal and community development. This
analysis not only enriches the understanding of Masonic traditions but also provides perspec-
tives on how these teachings can be adapted to meet contemporary challenges.
Keywords: Saint John the Baptist; Saint John the Evangelist; Saint John the Almoner;
Freemasonry; Symbolism; Rites; Masonic Teachings.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Olhar de Esperança............................................................................................................ 8
Decapitação de João Batista.............................................................................................. 10
O Batismo de Jesus............................................................................................................ 12
Reflexão Divina................................................................................................................. 16
São João Evangelista em Patmos....................................................................................... 19
São João Esmoler, Esmoleiro ou de Jerusalém.................................................................. 29
3
SUMÁRIO
4
4.4 Reflexão sobre a Importância de Figuras Exemplares............................................... 32
5 CONCLUSÃO GERAL............................................................................................... 33
5.1 Síntese das Discussões................................................................................................ 33
5.2 Implicações para a Prática Maçônica......................................................................... 34
5
REFERÊNCIAS
Wirth, Oswald. O Livro Do Aprendiz Maçom, Maçonaria (2020), disponível em: https://
californiafreemason.org/pt/2023/06/20/patron-saint/
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1 VISÃO GERAL DO ESTUDO
Este estudo abrangente explora profundamente a gura de São João Batista e sua signi cativa
in uência tanto na esfera bíblica quanto na tradição maçônica, contrastando suas característi-
cas com as de São João Evangelista e também introduzindo São João Esmoler, um exemplo
de virtude na caridade e liderança altruísta.
São João Batista é apresentado como uma gura central no cristianismo e na Maçonaria,
sendo celebrado por seu zelo ardente e seu papel como precursor de Cristo. Na Maçonaria, ele
é reverenciado por sua coragem e virtude, simbolizando puri cação e moralidade, especial-
mente em relação ao solstício de verão. Suas narrativas enfatizam a importância da iniciação e
da preparação espiritual, características que moldam os rituais e simbolismo maçônicos.
São João Evangelista, por sua vez, é destacado por sua introspecção e profundidade espiritu-
al, elementos que ressoam profundamente com a Maçonaria, especialmente no contexto do
solstício de inverno. Sua capacidade de revelar mistérios espirituais e sua abordagem contem-
plativa à espiritualidade o tornam uma gura de imensa reverência tanto nas tradições cristãs
quanto maçônicas. Ele simboliza a luz do conhecimento e a verdade, enfatizando a renovação
espiritual e intelectual.
São João Esmoler é introduzido como um exemplo de liderança compassiva e ética, desta-
cando-se pela sua dedicação aos mais necessitados e por estabelecer práticas caritativas que
pre guram modernas organizações humanitárias. Embora menos central na Maçonaria que os
outros dois Joões, sua vida exempli ca virtudes que transcendem contextos religiosos, inspi-
rando ações de caridade e compaixão que são relevantes para os desa os contemporâneos.
Este estudo não apenas ilustra as conexões entre as guras de São João na história, religião e
práticas maçônicas, mas também destaca a relevância contínua de seus ensinamentos e exem-
plos em promover a ética, a liderança moral, e o desenvolvimento espiritual e comunitário. As
narrativas de cada São João oferecem insights valiosos sobre como a espiritualidade e a vir-
tude podem ser integradas na vida diária e nas instituições, re etindo uma busca constante
pela verdade, iluminação e melhoramento humano.
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2 SÃO JOÃO BATISTA
A
figura de São João Batista é marcante
e multifacetada, ocupando um lugar de
grande reverência tanto na história
bíblica quanto nas tradições maçônicas. A
Maçonaria, não sendo uma organização reli-
giosa, ainda assim entrelaça em seus símbolos e
rituais elementos de iconografia cristã, re-
fletindo a herança cultural da Europa do Ilumin-
ismo onde emergiu. São João Batista e São João
Evangelista são venerados como santos
padroeiros, encarnando dualidades simbólicas
que são centrais para a Maçonaria: o zelo ar-
dente do Batista contrasta e complementa a fé
iluminada do Evangelista. Essa dualidade é ain-
da mais evidenciada nas datas dos solstícios de
verão e inverno, momentos em que suas respec-
Olhar de Esperança: São João Batista
tivas festas são celebradas, representando uma
contemplando o futuro
transição entre o antigo e o novo, o passado e o
futuro.
A associação de São João Batista com a Maçonaria pode ser rastreada até as confrarias de
construtores da Idade Média e às celebrações solsticiais que coincidiam com os dias dedica-
dos aos dois santos João. Ao longo dos séculos, as práticas gnósticas (relacionadas ao gnosti-
cismo, uma crença religiosa que enfatiza o conhecimento esotérico ou 'gnose' como caminho
para a salvação espiritual) que originalmente celebravam os solstícios, foram sendo substituí-
das pelos festejos em honra dos santos da Igreja Cristã, entre eles São João Batista. A adoção
de São João Batista como patrono maçônico pode ter ocorrido por volta da fundação da
Grande Loja da Inglaterra em 1717, em 24 de junho, data dedicada a ele. Além disso, a
Maçonaria Operativa, inicialmente religiosa e católica, já tinha o costume de dedicar patronos
às suas corporações, um precedente que pode ter influenciado a escolha do nome de São João
para a Maçonaria Especulativa.
Interessantemente, a figura de São João também se relaciona ao deus romano Janus, que pre-
sidia os começos e as iniciações, com sua iconografia bicéfala simbolizando a visão para o
passado e o futuro. Esse simbolismo de portas — a Porta dos Homens associada a São João
Batista e a Porta dos Deuses a São João Evangelista — representa a jornada da alma no solstí-
cio de verão e inverno, respetivamente. Essa transposição do Janus pagão para o João cristão
foi uma forma de cristianizar tradições antigas, integrando-as na narrativa e no simbolismo
cristão.
Para os maçons, as festas dos solstícios, e consequentemente as de São João Batista e São
João Evangelista, são ocasiões para renovar e fortalecer os laços fraternos, refletindo a luz do
amor fraterno que ilumina a Loja. São João, em essência, simboliza esse espírito de dedicação
e iluminação que permeia a Maçonaria. As narrativas ao redor de São João Batista, seja como
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profeta essênio ou como figura central em rituais de purificação, batizando Jesus e anuncian-
do a chegada da luz, são fundamentais para o simbolismo e os ensinamentos maçônicos, enfa-
tizando a importância de iniciação, preparação e iluminação espiritual.
Em suma, São João Batista, ao longo da história, emergiu como uma figura chave que sim-
boliza o iniciador, o precursor que prepara o caminho para a chegada da luz, servindo como
um elo entre tradições antigas e a riqueza simbólica da Maçonaria.
A Maçonaria celebra dois festivais solsticiais, um em junho dedicado a São João Batista e out-
ro em dezembro dedicado a São João Evangelista. Estes festivais não são apenas celebrações
do início do verão e do inverno, mas também são tempos para reflexão e renovação do com-
promisso com os ideais maçônicos. As datas de seus festivais, colocadas nos solstícios, repre-
sentam a dualidade de luz e escuridão, morte e renascimento, ignorância e conhecimento -
temas que são centrais à experiência maçônica.
Em termos simbólicos, a identificação da Maçonaria com São João Batista também pode ser
vista no contexto histórico da transformação da Maçonaria Operativa, que era constituída por
guildas de construtores e artesãos, para a Maçonaria Especulativa, de natureza mais filosófica
e ética. O dia de São João, 24 de junho, é tradicionalmente considerado o dia da fundação da
Grande Loja da Inglaterra em 1717, o que solidifica ainda mais a sua importância simbólica
para a fraternidade .
Além disso, a tradição maçônica de assumir obrigações sobre a Bíblia aberta no Evangelho de
São João reflete a reverência não apenas para com São João Batista mas também com o ensi-
namento 'No princípio era o Verbo', que ressoa profundamente com o conceito da busca
maçônica pela Palavra perdida ou pelo conhecimento supremo.
Assim, São João Batista tem um papel vital no ethos maçônico, encarnando princípios de
pureza, preparação e passagem para níveis mais elevados de entendimento, valores estes que
são perseguidos pelos maçons em seu próprio desenvolvimento espiritual e moral.
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abençoada com um filho após uma promessa divina. Sua natividade é celebrada em 24 de
junho.
Conhecido como o precursor de Cristo, São João Batista vivia asceticamente no deserto da
Judeia. Pregava a penitência e batizava os arrependidos no Rio Jordão, antecipando, simboli-
camente, o batismo cristão. Ele é talvez mais famoso por batizar Jesus, marcando o início do
ministério público de Cristo. A narrativa bíblica destaca o batismo como um momento de rev-
elação divina, onde Jesus é reconhecido como o filho amado de Deus.
A veneração de São João Batista se estende para além do cristianismo; ele é respeitado em
outras religiões, incluindo o Islã, onde é conhecido como Yahya. Seu legado é marcado pela
coragem, moralidade e seu papel fundamental como o anunciante da chegada de Jesus, de-
sempenhando uma função única no contexto da salvação no cristianismo.
A vida de São João Batista, cheia de zelo e dedicação à vontade divina, ressoa até hoje, não
apenas nas narrativas religiosas, mas também em organizações como a Maçonaria, onde seu
exemplo de virtude e iluminação serve como um modelo para os membros seguirem.
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2.3 Presença na Bíblia
São João Batista é uma figura proeminente na Bíblia, presente principalmente nos Evangel-
hos, onde sua história e missão são contadas com um destaque notável. Ele aparece nas narra-
tivas de Mateus, Marcos, Lucas e João, sendo profetizado como o mensageiro que prepararia
o caminho para o Messias. A Bíblia o descreve como um asceta, vestindo roupas de camelo e
alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre no deserto, onde pregava um batismo de ar-
rependimento para o perdão dos pecados.
Sua missão era clara: preparar o povo para a chegada do Messias, enfatizando a importância
da conversão e da purificação espiritual. Ele batizou Jesus no Rio Jordão, um ato que é con-
siderado um dos mais significativos da história cristã, sendo visto como o momento em que
Jesus foi publicamente consagrado para sua missão messiânica e recebeu a afirmação divina
como o Filho de Deus.
Os Evangelhos também detalham seu confronto com Herodes Antipas, que culminou na sua
prisão e execução a pedido de Salomé, após sua infame dança. Este incidente ilustra a integri-
dade e a bravura de São João em defender os princípios morais, mesmo diante do poder ter-
reno e da perseguição.
São João Batista é assim reconhecido não apenas como o precursor de Jesus, mas como um
dos maiores profetas, cuja vida e mensagem ainda ecoam nos ensinamentos cristãos. A
maneira como ele preparou o terreno para o ministério de Jesus e a maneira como sua própria
vida foi vivida e sacrificada, ilustram temas poderosos de fé, profecia, sacrifício e redenção
que são fundamentais na doutrina cristã e na simbologia maçônica.
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2.4 O batismo de Jesus e sua importância teológica
O batismo de Jesus por São João Batista é um dos eventos mais significativos do Novo Tes-
tamento e possui uma profunda importância teológica. Esta cena, que é relatada nos quatro
Evangelhos (Mateus 3:13-17, Marcos 1:9-11, Lucas 3:21-22 e João 1:29-34), e é carregada de
simbolismo.
O Batismo de Jesus
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3. Inauguração do ministério de Jesus: O batismo serve como o ponto de partida para
o serviço público de Jesus, marcando-o como o escolhido por Deus, ungido pelo Es-
pírito Santo para levar adiante sua missão salvífica.
4. Exemplo para o batismo cristão: O ato de Jesus receber o batismo de João também
serve como um exemplo para os crentes. Não é simplesmente um rito de purificação,
mas uma iniciação na vida cristã, marcando uma transformação e o compromisso de
seguir os ensinamentos e o caminho proposto por Jesus.
5. Confirmação da missão e identidade de Jesus: A voz divina que proclama "Este é o
meu Filho amado" confirma a identidade de Jesus como o Messias e o Filho de Deus,
fundamentando a sua autoridade e a sua doutrina.
1. Solstício de Verão: São João Batista é associado ao solstício de verão, um período que
simboliza a plenitude da luz e a passagem para um período de reflexão e purificação.
O dia de São João, 24 de junho, é uma data importante no calendário maçônico, usada
para celebrar a força da luz, da verdade e do conhecimento.
2. Purificação e Renovação: Assim como o batismo de São João promoveu a purifi-
cação e preparação para a chegada do Messias, o mesmo ato simboliza no contexto
maçônico a limpeza dos vícios e a renovação espiritual dos membros da fraternidade.
3. Virtude e Verdade: São João Batista é também um símbolo da virtude, encorajando
os maçons a buscarem a verdade e a viverem de acordo com altos padrões morais. Sua
disposição para enfrentar o poder tirânico e se manter firme em suas crenças inspira os
maçons a serem justos e verdadeiros.
4. Iniciação e Transição: Na Maçonaria, a figura de São João Batista também representa
a iniciação e a transição de um estado profano para um estado mais iluminado de ex-
istência, refletindo sua função de precursor que anuncia uma nova era de compreensão
espiritual e moral.
5. Dualidade e Equilíbrio: Juntamente com São João Evangelista, São João Batista
compõe uma dualidade que representa o equilíbrio entre ação apaixonada e conheci-
mento espiritual, essencial para o desenvolvimento pessoal dentro da Maçonaria.
Em suma, São João Batista, através de seu simbolismo maçônico, serve como um pilar que
sustenta muitos dos ensinamentos centrais da Maçonaria, incentivando a iluminação, a inte-
gridade e o progresso espiritual dos seus membros.
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2.6 Purificação e moralidade no solstício de verão
O solstício de verão, que ocorre por volta de 24 de junho, tem um significado especial na
Maçonaria, uma vez que é vinculado às festividades em honra a São João Batista. Este perío-
do é marcado por um simbolismo profundo de purificação e moralidade, elementos que são
essenciais na prática maçônica.
Assim, a celebração do solstício de verão na Maçonaria não é apenas uma homenagem a São
João Batista, mas uma celebração dos ideais de purificação, moralidade e iluminação, aspec-
tos esses que são fundamentais para a jornada e o crescimento do maçom.
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2.8 Celebrações e tradições no Rito de York
No Rito de York, uma das tradições mais importantes da Maçonaria, as celebrações de São
João Batista são realizadas com grande reverência. Essas celebrações destacam-se especial-
mente por acontecerem durante o solstício de verão, marcando um período de renovação e
reflexão espiritual. No Rito de York, esses eventos são enriquecidos por cerimônias que enfa-
tizam os ensinamentos e valores morais associados à figura de São João Batista, promovendo
a fraternidade e a continuidade das práticas simbólicas e rituais tradicionais.
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3 SÃO JOÃO EVANGELISTA
S
ão João Evangelista, diferentemente de
São João Batista, não é marcado pelo zelo
ardente, mas pela introspecção e pela pro-
fundidade espiritual. Considerado o "discípulo
amado" de Jesus, São João Evangelista é um dos
quatro evangelistas do Novo Testamento e autor
do quarto Evangelho, três epístolas e o livro do
Apocalipse. Sua figura é central tanto nas
tradições cristãs quanto nas maçônicas, onde é
venerado por sua sabedoria e sua capacidade de
revelar mistérios espirituais através de seus es-
critos.
Além de seu papel bíblico, São João Evangelista é frequentemente associado ao conceito
maçônico de "luz" — uma metáfora para o conhecimento e a verdade que todo maçom aspira
alcançar. Seu Evangelho começa com as palavras "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus", um mantra que ressoa com a busca maçônica pela "Palavra
Perdida", simbolizando o eterno esforço do homem para se reconectar com a sabedoria divina.
Em suma, a figura de São João Evangelista na Maçonaria simboliza uma abordagem mais
meditativa e introspectiva à espiritualidade, contrastando com a figura mais ativa e
preparatória de São João Batista. Sua reverência na Maçonaria reflete um apreço pela profun-
didade do conhecimento espiritual e pela capacidade de iluminar as mentes através do exemp-
lo e da palavra escrita.
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fl
Influência Religiosa
No cristianismo, São João Evangelista é celebrado por seu papel como um dos quatro evange-
listas, autor do Evangelho de João, três epístolas e o Apocalipse. Seus escritos são profunda-
mente teológicos e refletem uma compreensão íntima de Cristo, o que lhe confere uma
posição de destaque entre os pensadores do Novo Testamento. O Evangelho de João é particu-
larmente notável por sua abordagem filosófica e pela profundidade com que explora a na-
tureza divina de Jesus, o que o diferencia dos outros evangelhos sinóticos. Isso reflete a in-
fluência de São João na formulação de doutrinas cristãs fundamentais, como a encarnação do
Logos, a luz do mundo e a preexistência de Cristo.
Significado Maçônico
A escolha de São João Evangelista como um dos padroeiros da Maçonaria reflete não apenas
sua relevância como escritor bíblico, mas também seu papel como portador da luz espiritual.
A tradição maçônica vê nele um modelo de virtudes intelectuais e morais, cujos escritos
servem como uma chave para desvendar os mistérios mais profundos da vida e da espirituali-
dade.
Conexão Esotérica
São João Evangelista também é venerado em contextos esotéricos por seu suposto papel como
guardião de segredos ocultos, particularmente através do livro do Apocalipse, que muitos
acreditam conter códigos e simbolismos profundos relativos ao futuro da humanidade e ao
plano divino. Este aspecto de sua obra ressoa fortemente com a ênfase maçônica na interpre-
tação simbólica e na revelação gradual do conhecimento escondido.
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Vida
João era filho de Zebedeu e irmão de Tiago, outro dos doze apóstolos. Segundo os relatos
evangélicos, ele foi um dos primeiros discípulos chamados por Jesus e esteve ao lado de fig-
uras importantes em vários momentos cruciais da vida de Cristo, incluindo a Transfiguração e
a Crucificação. Tradicionalmente, acredita-se que João viveu uma vida longa, morrendo de
morte natural na cidade de Éfeso, onde teria sido um líder da comunidade cristã local até sua
morte por volta do final do primeiro século.
Escritos
Os escritos atribuídos a São João Evangelista incluem o Quarto Evangelho, três epístolas (1, 2
e 3 João) e o Apocalipse. Cada um desses textos desempenha um papel significativo no
cânone cristão e é valorizado por suas perspectivas únicas sobre a natureza e ensinamentos de
Jesus.
Significado Maçônico
Na Maçonaria, a vida e os escritos de São João Evangelista são celebrados e estudados por
seu simbolismo e significado espiritual. Sua ênfase no conhecimento, na verdade e na ilumi-
nação espiritual ressoa profundamente com os valores maçônicos. O Evangelho de João, com
seu foco no Logos, é frequentemente visto como um paralelo ao conceito maçônico da busca
pela "Palavra Perdida", simbolizando a busca contínua do maçom pela verdade e pela com-
preensão mais profunda do universo e do divino.
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Nos Textos Sagrados
Como já mencionado, São João Evangelista é o autor atribuído ao quarto Evangelho, três
epístolas e o Apocalipse. Estes textos formam a base de sua representação na literatura cristã,
onde ele é visto como um teólogo profundo e um místico, alguém que oferece uma visão úni-
ca e profunda sobre a natureza divina de Jesus e os mistérios da fé cristã. Seu Evangelho, em
particular, é celebrado por sua poética elevada e profundidade filosófica, influenciando signi-
ficativamente a teologia cristã e a literatura devocional subsequente.
Além dos escritos bíblicos, São João Evangelista aparece em numerosas hagiografias e textos
devocionais que enfatizam seus atributos de lealdade, amor e entendimento espiritual. No
período medieval, por exemplo, a "Legenda Áurea" (Lenda Dourada) de Tiago de Voragine
compilou milagres e anedotas sobre os santos, incluindo João, que são exemplares de sua san-
tidade e de sua proximidade íntima com Jesus.
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os mistérios divinos. Essa obra é fundamental na literatura apocalíptica e influencia nu-
merosos textos e tradições que buscam decifrar ou expandir suas visões simbólicas.
São João Evangelista também inspirou muitos poetas e artistas, que veem em sua vida e obra
temas de transcendência, amor divino e revelação mística. Na poesia, por exemplo, figuras
como Dante Alighieri em "A Divina Comédia" e William Blake em suas obras proféticas re-
fletem a influência dos temas joaninos de visão e revelação.
Relevância Contemporânea
Na literatura cristã contemporânea, São João continua a ser uma fonte de inspiração para au-
tores que exploram temas de fé, espiritualidade e a busca por significado. Seus escritos são
frequentemente citados em obras de teologia, espiritualidade pessoal e comentários bíblicos
que buscam aplicar os ensinamentos de Jesus de maneiras que sejam relevantes para o público
moderno.
O Evangelho de João
Características e Temas Principais: O Evangelho de João se distingue dos sinóticos por sua
estrutura e linguagem teológica elevada. Ele começa com o famoso Prólogo, que estabelece
Jesus como o Logos (Verbo) eterno, enfatizando sua divindade. O evangelho se concentra em
sete "sinais" milagrosos e discursos extensos de Jesus, que são distintos pela sua profundidade
filosófica e mística. A dualidade de luz e escuridão é um tema recorrente, simbolizando a rev-
elação divina e a ignorância humana, respectivamente.
Impacto Teológico: Este evangelho apresenta uma cristologia elevada, colocando ênfase na
preexistência de Cristo e em sua identidade como encarnação de Deus. Isso tem sido funda-
mental para o desenvolvimento de doutrinas cristãs sobre a natureza de Jesus e a relação entre
a humanidade e o divino.
As Epístolas de João
Características e Temas Principais: As três epístolas de João lidam com questões de orto-
doxia, ética e amor fraterno. A Primeira Epístola é particularmente notável por seu foco no
amor divino como a essência da vida cristã, um tema que ecoa as instruções de Jesus sobre o
amor ao próximo. A segunda e a terceira epístolas são mais curtas e tratam especificamente de
questões relacionadas à liderança e à verdadeira doutrina dentro da comunidade cristã.
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Impacto Teológico: As epístolas reforçam a importância do amor como prova de fé genuína e
oferecem orientações práticas para manter a integridade doutrinária e moral na vida da comu-
nidade cristã. Elas são frequentemente citadas em discussões sobre a ética cristã e a natureza
do verdadeiro discipulado.
O Apocalipse
Impacto Teológico e Esotérico: Este livro tem sido um terreno fértil para interpretações es-
otéricas e teológicas, muitas vezes visto como uma profecia sobre o fim dos tempos e a real-
ização final do plano divino para a humanidade. Na Maçonaria, o simbolismo do Apocalipse
pode ser interpretado como uma metáfora para a transformação espiritual e a revelação de
verdades ocultas.
Sabedoria Esotérica
Introspecção e Reflexão
A introspecção é um tema central nos escritos de João Evangelista, que frequentemente explo-
ra a natureza interna do ser humano e sua relação com o divino. Na Maçonaria, a introspecção
é uma prática valorizada, encorajada através de rituais que simbolizam viagens espirituais e a
busca por iluminação interior. A figura de São João como o discípulo que reflete profunda-
mente sobre os mistérios divinos é um modelo para os maçons, que veem nele um exemplo de
como a reflexão pode levar à verdade e à compreensão mais profunda.
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O Papel dos Rituais
Os rituais maçônicos, muitos dos quais ocorrem em datas simbolicamente ligadas aos dias
santificados de São João Batista e São João Evangelista, são projetados para facilitar essa jor-
nada de autoconhecimento e iluminação espiritual. São João Evangelista, em particular, é as-
sociado ao solstício de inverno, um tempo de reflexão interna e renovação espiritual. Esses
rituais frequentemente incorporam elementos dos escritos joaninos, usando-os como ferra-
mentas para meditar sobre o caráter moral e espiritual do indivíduo.
Finalmente, a busca pela "luz" é uma metáfora central tanto nos escritos de João quanto na
Maçonaria. Para São João, a luz representa o conhecimento divino, a verdade e a presença de
Cristo como o iluminador do mundo. Para os maçons, a luz é a sabedoria, o entendimento e a
verdade moral e espiritual. Este paralelo destaca como os escritos de São João Evangelista
ajudam a moldar a abordagem maçônica à iluminação e ao desenvolvimento moral e espiritu-
al.
Renascimento e Renovação
O solstício de inverno marca o dia mais curto e a noite mais longa do ano, simbolizando um
ponto de virada onde a luz começa a crescer novamente, superando a escuridão. Este fenô-
meno natural é visto como um símbolo de renascimento e esperança, uma metáfora para o
despertar espiritual e a renovação da luz interior. Para os maçons, isso ressoa com a jornada
pessoal de buscar iluminação e sabedoria, refletindo o ensino de São João Evangelista sobre a
luz vencendo as trevas.
Reflexão e Introspecção
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Luz e Escuridão
Celebrações Maçônicas
Dentro da Maçonaria, o solstício de inverno é uma ocasião para celebrações e rituais que hon-
ram São João Evangelista. Essas celebrações não apenas reconhecem sua contribuição teológ-
ica e espiritual como um dos padroeiros da ordem, mas também reforçam os laços de frater-
nidade e a dedicação contínua à busca pela verdade e pela luz. Esses rituais são momentos
para os maçons renovarem seus compromissos com os ideais maçônicos e refletirem sobre as
lições espirituais do ano passado.
Rituais Simbólicos
Durante as celebrações de São João Evangelista, é comum que os maçons realizem uma re-
flexão coletiva sobre seus progressos individuais e coletivos no caminho maçônico. Essas
ocasiões são vistas como oportunidades para renovar os votos de fraternidade, caridade e bus-
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ca contínua pelo conhecimento e pela sabedoria. Tais práticas reafirmam os valores maçôni-
cos e fortalecem os laços entre os irmãos da ordem.
Educação e Estudo
Celebrações Ecumênicas
Embora a Maçonaria não seja uma organização religiosa, ela adota um caráter ecumênico que
respeita todas as religiões. As celebrações em torno de São João Evangelista muitas vezes re-
fletem essa abordagem, enfatizando temas universais como a paz, o amor e a harmonia, que
são caros a muitas tradições espirituais.
No Rito de York, assim como em outros ritos maçônicos, São João Evangelista é celebrado no
dia 27 de dezembro. Este dia é uma ocasião importante para os maçons desse rito, que real-
izam sessões especiais dedicadas à reflexão sobre os ensinamentos e o legado de São João.
Estas sessões frequentemente incluem leituras de seus escritos e discussões sobre sua relevân-
cia para a prática maçônica contemporânea.
Rituais Temáticos
Os rituais no Rito de York que ocorrem no dia de São João Evangelista são projetados para
enfatizar a transição da escuridão para a luz, um tema que é central para muitos de seus es-
critos. Estes rituais muitas vezes utilizam simbolismos específicos, como a luz de velas ou a
disposição especial do templo, para refletir o renascimento espiritual e a busca pela sabedoria.
O foco está em inspirar os maçons a contemplar a luz divina e a verdade revelada através dos
ensinamentos de São João.
Ensinamentos e Instruções
Durante as celebrações de São João no Rito de York, instruções especiais são frequentemente
oferecidas aos membros, destacando os aspectos de sua vida e obras que são exemplares para
os maçons. Esses ensinamentos incluem sua dedicação à verdade, seu papel como discípulo
amado de Jesus, e sua contribuição à teologia cristã através de seus escritos. Essas instruções
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servem para aprofundar a compreensão dos membros sobre o papel da espiritualidade na vida
maçônica.
Intercâmbio e Fraternidade
As celebrações de São João Evangelista no Rito de York também são vistas como oportu-
nidades para reforçar os laços de fraternidade e intercâmbio entre as diferentes lojas e mem-
bros. Muitas vezes, essas celebrações são acompanhadas de eventos fraternais, onde os
maçons podem compartilhar experiências, discutir interpretações dos símbolos maçônicos e
fortalecer sua rede de apoio mútuo.
A Concepção do Logos
A contribuição filosófica mais significativa de São João é, sem dúvida, a concepção do Logos
no início de seu Evangelho. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus." Esta ideia não apenas influencia a teologia cristã, mas também dialoga com
filosofias gregas anteriores, como o estoicismo e o platonismo, que contemplavam o Logos
como um princípio racional organizador do universo. Na Maçonaria, esta noção de um princí-
pio ordenador e racional se reflete na veneração do Grande Arquiteto do Universo, sim-
bolizando a busca por ordem, razão e entendimento.
Outro tema filosófico proeminente nos escritos de João é o dualismo entre luz e escuridão.
Este tema não apenas carrega significados teológicos, representando a luta entre o bem e o
mal, mas também filosóficos, simbolizando o conhecimento (luz) contra a ignorância (es-
curidão). Este conceito é fundamental na Maçonaria, onde a busca pela "luz" é uma metáfora
persistente para a busca pelo conhecimento e pela verdade.
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Ética do Amor Universal
João também destaca a importância do amor universal e incondicional, uma ética que tran-
scende a lei mosaica e propõe uma forma de viver que é baseada na compreensão profunda e
na conexão espiritual com o divino e com os outros. Este ensinamento tem profundas impli-
cações filosóficas para as concepções de ética e moralidade e é integral para o código moral
da Maçonaria, que enfatiza a fraternidade, a caridade e a tolerância.
Escatologia e Cosmologia
No Apocalipse, São João apresenta uma visão escatológica que tem influenciado não apenas o
pensamento cristão, mas também diversas formas de esoterismo e misticismo. A represen-
tação de uma realidade última e de um destino cósmico para a humanidade ressoa com a
fascinação maçônica pelos mistérios do universo e pelo papel do homem dentro dele, incenti-
vando uma reflexão sobre o tempo, a história e o destino final do cosmos.
Influência na Maçonaria
No Evangelho de João, a luz é frequentemente usada como metáfora para a presença divina e
a revelação de Deus através de Jesus Cristo. "A luz brilha nas trevas, e as trevas não a com-
preenderam" (João 1:5) exemplifica a ideia de que a luz (conhecimento e verdade) é eterna e
inextinguível, mesmo quando enfrentada pela ignorância (trevas). Esta metáfora da luz ressoa
profundamente na Maçonaria, onde a luz é simbolicamente buscada como uma verdade que
pode oferecer orientação moral e espiritual.
João também coloca um forte ênfase na verdade como um fundamento do ser e do conheci-
mento espiritual. Em suas epístolas, ele explora a ideia de que viver na verdade é essencial
para a comunhão genuína com Deus e com os outros. Essa concepção de verdade é essencial
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para os maçons, que a veem como fundamental para a integridade pessoal e a justiça social,
elementos chave da filosofia maçônica.
Revelação e Iluminação
A identificação de Cristo como o Logos no início do Evangelho de João oferece uma ponte
filosófica entre concepções judaico-cristãs e helenísticas do universo. Para os maçons, o con-
ceito de "Palavra Perdida", uma palavra de conhecimento supremo e poder que está perdida e
é buscada através de várias práticas, tem paralelos claros com o conceito joanino do Logos
como a encarnação do conhecimento e verdade divinos.
Prática e Reflexão
Finalmente, os ensinamentos de São João sobre a luz e a verdade não são apenas teóricos, mas
práticos. Ele enfatiza a necessidade de viver de acordo com a luz, um chamado à ação que é
ecoado nos princípios maçônicos de fraternidade, caridade e verdade. A prática de refletir so-
bre esses princípios, de buscá-los ativamente, é fundamental tanto nos ensinamentos de João
quanto na vida maçônica.
João se destaca por sua abordagem única à narrativa do Evangelho, introduzindo conceitos
como o Logos e utilizando a luz como uma poderosa metáfora para a verdade e a presença
divina. Essas ideias não só enriqueceram a teologia cristã, proporcionando uma compreensão
mais profunda da divindade de Cristo, como também influenciaram várias correntes de pen-
samento filosófico e esotérico. O dualismo de luz e escuridão, a ênfase no amor universal e o
foco na verdade como fundamento da existência humana são aspectos que ressoam até hoje
em diversas tradições espirituais.
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Impacto na Maçonaria
Relevância Contínua
Os ensinamentos de São João Evangelista continuam a ser uma fonte de inspiração e orien-
tação para muitos, dentro e fora da Maçonaria. Sua capacidade de conectar questões espiritu-
ais profundas com preocupações éticas e existenciais oferece um modelo para aqueles que
buscam viver uma vida de significado e propósito. Além disso, sua abordagem à escrita
sagrada, que combina profundidade teológica com apelo universal, assegura que seu legado
permaneça relevante em um mundo que continua a enfrentar questões de moralidade, verdade
e espiritualidade.
Conclusão
Em suma, São João Evangelista não é apenas uma figura histórica de grande importância; ele
é um ícone perene de sabedoria e iluminação espiritual. Sua vida e escritos servem como uma
bússola para todos aqueles que buscam a verdade e a luz em suas próprias jornadas, seja den-
tro da tradição cristã, em práticas maçônicas ou em qualquer caminho de busca espiritual.
Como um dos grandes santos padroeiros da Maçonaria, São João Evangelista continua a in-
spirar a fraternidade maçônica a viver de acordo com os mais altos ideais de amor, verdade e
conhecimento.
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4 São João Esmoler
S
ão João Esmoler, também conhecido como São
João, o Misericordioso, é uma figura histórica
cuja vida exemplifica virtudes de compaixão e
dedicação ao bem-estar dos mais necessitados. Nascido
em Chipre, ele ascendeu ao posto de Patriarca de
Alexandria, onde se notabilizou por suas extensivas
obras de caridade. Sua fama de benevolência se espal-
hou por todo o mundo cristão, tornando-o uma figura
reverenciada em várias tradições religiosas.
Após a morte de sua esposa e durante o período em que seus filhos ainda eram jovens, São
João foi chamado para servir como o Patriarca de Alexandria, um dos centros cristãos mais
importantes da época. Sua gestão nesta posição foi profundamente influenciada por seu com-
promisso com a caridade. Ele ficou conhecido por seu cuidado incansável com os pobres e
necessitados, distribuindo pessoalmente auxílio, visitando os doentes e os encarcerados, e uti-
lizando os recursos da igreja para aliviar o sofrimento dos menos afortunados.
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Durante seu patriarcado, São João fundou hospitais, albergues e programas de alimentação,
sempre priorizando a dignidade e as necessidades dos pobres, a quem ele se referia como seus
"mestres". Ele foi uma figura central na organização de assistência aos peregrinos em
Jerusalém, estabelecendo fundações que perduraram por séculos.
A dedicação de São João à caridade não era apenas uma expressão de fé, mas também uma
manifestação de sua visão sobre o papel da igreja na sociedade. Ele acreditava que a igreja
deveria ser uma força ativa na promoção do bem-estar social e espiritual de todas as pessoas,
especialmente as mais vulneráveis. Este compromisso o levou a ser canonizado tanto pela
Igreja Ortodoxa quanto pela Igreja Católica, com festivais celebrados em sua honra em 11 de
novembro e 23 de janeiro, respectivamente.
Sua vida e obra oferecem um exemplo notável de como liderança religiosa e compromisso
social podem andar de mãos dadas, deixando um legado que ainda inspira ações de caridade e
compaixão nos dias de hoje.
2. Fundação de Hospitais e Hospedarias: Um dos legados mais duradouros de São João foi
a fundação de hospitais que não apenas cuidavam das necessidades físicas dos doentes, mas
também ofereciam apoio espiritual e emocional. Ele também estabeleceu hospedarias para
peregrinos, garantindo que aqueles que viajavam para locais sagrados tivessem um lugar se-
guro e acolhedor para descansar.
4. Inspiração para Outras Ordens Religiosas: O exemplo de São João inspirou a criação e
reforma de outras ordens religiosas, particularmente aquelas focadas na caridade e no serviço
social. Seu trabalho influenciou diretamente ordens como a dos Cavaleiros de Malta, que ado-
taram muitos de seus princípios de serviço e caridade.
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O impacto social de São João Esmoler é um testemunho de como a liderança compassiva e
ética pode criar ondas de mudança que transcendem gerações. Seu legado continua a inspirar
muitas organizações caritativas e movimentos sociais em todo o mundo, mostrando que a ver-
dadeira grandeza é frequentemente encontrada não em conquistas pessoais, mas no serviço
altruístico aos outros.
São João Esmoler é frequentemente citado como um modelo ideal de liderança altruísta. Seu
compromisso com a ajuda aos necessitados e a fundação de hospitais são práticas que prefigu-
ram muitas das operações de organizações não-governamentais modernas. As instituições que
ele estabeleceu, focadas em oferecer cuidado e alívio aos pobres, aos doentes e aos peregri-
nos, podem ser vistas como precursores das modernas ONGs e instituições de caridade.
A ênfase de São João na saúde e bem-estar integral dos indivíduos — físico, espiritual e emo-
cional — continua relevante em discussões contemporâneas sobre saúde pública e políticas de
bem-estar social. Seu modelo holístico de cuidado pode inspirar políticas modernas que bus-
cam integrar diferentes aspectos do cuidado humano.
O legado de São João inspira uma cultura de filantropia, onde indivíduos são encorajados a
contribuir para o bem-estar comunitário. Ele exemplifica como ações individuais podem ter
um impacto coletivo significativo, uma mensagem que ressoa poderosamente numa era de
responsabilidade social corporativa e voluntariado.
A vida de São João, marcada pelo serviço aos outros independentemente de sua fé ou status,
oferece um poderoso exemplo para diálogos inter-religiosos sobre o serviço humanitário co-
mum. Seu exemplo é um lembrete de que as bases da compaixão e da caridade são universais.
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Em suma, São João Esmoler é uma figura cujo legado ultrapassa as fronteiras do tempo e da
religião, fornecendo um roteiro duradouro para ação compassiva e ética no mundo contem-
porâneo. Seu exemplo continua a inspirar indivíduos e organizações a promover a dignidade
humana e o cuidado mútuo em suas comunidades e além.
1. Modelo de Conduta: São João Esmoler serve como um modelo de conduta não apenas
para os fiéis de sua própria época, mas para todos nós hoje. Sua vida ressalta o poder dos ex-
emplos individuais para inspirar ações coletivas em direção ao bem comum. Em um mundo
frequentemente cínico e dividido, histórias como a dele lembram-nos do impacto transfor-
mador que a virtude e a generosidade podem ter.
2. Educação Moral e Ética: A história de São João oferece um recurso valioso para a edu-
cação moral e ética. Ao integrar tais exemplos em currículos educacionais ou programas de
formação de liderança, instituições podem fomentar uma nova geração que valoriza a respon-
sabilidade social e a compaixão como pilares de suas vidas profissionais e pessoais.
Refletir sobre a vida de São João Esmoler e outras figuras exemplares é crucial para entender
como valores positivos podem ser cultivados e sustentados em uma sociedade. Ele exemplifi-
ca como a integridade e a virtude, mesmo frente a desafios enormes, podem florescer e inspi-
rar mudanças significativas, ressoando através das eras e incentivando cada um de nós a bus-
car o melhor não apenas para nós mesmos, mas para todos ao nosso redor.
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5 CONCLUSÃO GERAL
Os relatos e ensinamentos de São João Batista, São João Evangelista e São João Esmoler
oferecem uma perspectiva rica e multifacetada sobre como valores espirituais e éticos são en-
carnados e perpetuados dentro da Maçonaria. Através da reverência a esses santos, a
Maçonaria não apenas honra tradições religiosas profundas, mas também integra esses ensi-
namentos em sua prática e ethos. São João Batista, com seu zelo e capacidade de preparar o
caminho para mudanças transformadoras, São João Evangelista, com sua profundidade de
sabedoria e introspecção, e São João Esmoler, com seu compromisso inabalável com a cari-
dade, cada um contribui de maneira única para os ideais maçônicos de fraternidade, morali-
dade e iluminação espiritual e intelectual.
Essas guras não apenas simbolizam a busca contínua da Maçonaria pela luz e verdade, mas
também reforçam a importância da prática de virtudes como a liderança ética, a coragem
moral e a dedicação ao bem-estar comunitário. A veneração destes santos padroeiros sublinha
a dimensão tanto celebratória quanto re exiva dos rituais e festividades maçônicas, propor-
cionando momentos para a renovação de compromissos pessoais e coletivos com os ideais de
integridade e sabedoria.
À medida que avançamos para uma discussão mais aprofundada sobre as implicações dessas
tradições para a prática maçônica atual, é essencial considerar como esses valores e exemplos
históricos podem ser sintetizados e aplicados no contexto moderno da fraternidade, garantindo
que a herança de sabedoria e virtude continue a enriquecer e orientar a vida dos maçons con-
temporâneos.
São João Batista é celebrado por seu papel de precursor, uma gura de zelo e virtude que
prepara o caminho para transformações futuras. Na Maçonaria, ele simboliza o despertar es-
piritual e a preparação necessária para a recepção de luz e verdade, elementos essenciais para
o desenvolvimento pessoal e coletivo dos membros da fraternidade.
São João Evangelista, por outro lado, representa a introspecção e a profundidade espiritual.
Seus escritos e o simbolismo associado à sua gura encorajam uma contemplação mais medi-
tativa, guiando os maçons na exploração dos mistérios mais profundos da vida e da espiritual-
idade. Seu papel destaca a importância da sabedoria e do conhecimento na jornada maçônica,
servindo como um guia intelectual e moral que ilumina o caminho da verdade e da integri-
dade.
São João Esmoler, com seu compromisso excepcional com a caridade e a justiça social, traz
uma dimensão de ação prática e compaixão para a prática maçônica. Ele exempli ca como o
serviço altruísta e a dedicação aos outros são cruciais para a vida maçônica, incentivando os
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maçons a transcenderem as preocupações pessoais e a se engajarem em esforços comunitários
e humanitários.
As discussões em torno desses santos padroeiros também revelam uma dinâmica de dualidade
e equilíbrio que é central à Maçonaria — a interação entre ação e contemplação, entre o ex-
terno e o interno, entre o individual e o coletivo. Essa dualidade é crucial para entender como
a Maçonaria navega e incorpora tanto o zelo ativo de São João Batista quanto a re exão pro-
funda de São João Evangelista, balanceados pela compassividade pragmática de São João
Esmoler.
Por m, essas guras simbólicas servem como pontos de ancoragem para a renovação con-
tínua dos valores maçônicos. Cada celebração e cada ritual que envolve esses santos é uma
oportunidade para os maçons re etirem sobre suas próprias vidas e práticas, rea rmando seu
compromisso com os princípios de fraternidade, verdade e altruísmo. A veneração desses san-
tos não é apenas uma homenagem a tradições antigas, mas uma reiteração dinâmica e viva dos
ideais que formam a base da ética maçônica e de sua visão de um mundo mais justo e ilumi-
nado.
1. Educação e Formação Contínua: São João Evangelista, com seu foco na sabedoria e in-
trospecção, ressalta a importância do estudo contínuo e da busca pela verdade. Isso sugere que
as lojas maçônicas devem investir em programas de educação contínua que não apenas abor-
dem o simbolismo e a história maçônica, mas também fomentem o debate e a re exão sobre
questões éticas, losó cas e sociais. Fomentar uma cultura de aprendizado contínuo e re exão
crítica é essencial para o desenvolvimento moral e intelectual dos membros.
3. Compromisso com Ação Social e Caridade: Inspirados por São João Esmoler, os maçons
são chamados a se engajar mais ativamente em ações de caridade e projetos de serviço comu-
nitário. Isso pode incluir desde a organização de eventos de arrecadação de fundos e dis-
tribuição de alimentos até a participação em programas de educação comunitária e suporte a
hospitais e abrigos. Essas ações práticas não apenas ajudam a comunidade, mas também
rea rmam o compromisso dos maçons com princípios de fraternidade e amor ao próximo.
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irmãos da ordem. Essas ocasiões devem ser vistas como oportunidades para renovar os laços
de fraternidade e solidariedade, incentivando os membros a apoiarem-se mutuamente tanto
dentro quanto fora do ambiente da loja.
5. Liderança e Advocacia: A coragem de São João Batista e a compaixão de São João Es-
moler são qualidades que devem inspirar os maçons a assumirem papéis de liderança e advo-
cacia em questões sociais e comunitárias. Isso pode se manifestar na forma de liderar iniciati-
vas que promovam a justiça social, defender causas éticas e ambientais, e trabalhar por refor-
mas em políticas públicas que re etem os valores maçônicos.
Implementando essas práticas, a Maçonaria não só honra seus santos padroeiros, mas também
assegura que seus ensinamentos e virtudes continuem a orientar e enriquecer a vida dos
maçons, reforçando o impacto positivo da fraternidade no mundo contemporâneo.
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