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A Influência da Valorização do Bem-Estar nas Relações Amorosas das Novas Gerações: Um

Estudo sobre a Liquidez dos Relacionamentos

CONTEXTUALIZAÇÃO:

Nos tempos contemporâneos, o conceito de bem-estar subjetivo (BES) tem se tornado


cada vez mais proeminente, segundo Albuquerque (Apud Diener, Suh, Lucas e Smith,
1999). O BES se trata da representação de uma autoavaliação do indivíduo sobre sua
vida, de acordo com os sentimentos positivos e negativos vividos por ele, bem como a
satisfação que demonstra em relação a essas experiências, de acordo com Galinha
(2005). Portanto, deve-se considerar que o bem-estar subjetivo varia de pessoa para
pessoa e influenciada por uma série de fatores individuais e contextuais. Envolve não
apenas o estado atual de felicidade ou satisfação, mas também a percepção da própria
vida como significativa e satisfatória. Nesse sentido, o bem-estar é mais do que apenas
uma condição estática; é um processo dinâmico de avaliação e adaptação contínuas às
circunstâncias em constante mudança.

Essa busca reflete uma mudança significativa na mentalidade e nas prioridades da


sociedade. Não se trata apenas de uma busca pela ausência de sofrimento ou doença,
mas sim de uma valorização da qualidade de vida em todos os seus aspectos: físico,
emocional e mental. Esse movimento reflete uma crescente conscientização sobre a
importância de cuidar do próprio bem-estar como um elemento fundamental para uma
vida satisfatória e plena.

Essa ênfase no bem-estar tem implicações profundas nas relações interpessoais,


especialmente nas relações amorosas. À medida que as pessoas buscam ativamente
maximizar seu próprio bem-estar, isso inevitavelmente afeta a forma como se
relacionam com os outros. A busca por satisfação pessoal e felicidade imediata muitas
vezes se torna um fator central na maneira como os indivíduos escolhem seus parceiros
e como mantêm seus relacionamentos. Essa dinâmica pode resultar em uma maior
ênfase na busca por gratificação instantânea e na hesitação em comprometer-se a longo
prazo, como observado por Zygmunt Bauman em sua obra "Amor Líquido" (2003).

Assim, as relações amorosas na sociedade contemporânea são frequentemente


caracterizadas por uma sensação de fluidez e instabilidade, onde os laços emocionais
tendem a ser mais voláteis e efêmeros. Isso não significa necessariamente que as
relações sejam menos significativas ou satisfatórias, mas sim que estão sujeitas a uma
constante reavaliação e redefinição à luz das necessidades e expectativas individuais de
bem-estar.

Em suma, o conceito de bem-estar exerce uma influência profunda e multifacetada na


sociedade contemporânea, moldando não apenas as escolhas pessoais e comportamentos
individuais, mas também as dinâmicas sociais e relacionamentos interpessoais. É uma
força poderosa que nos impele a buscar uma vida mais gratificante e significativa,
mesmo que isso signifique navegar por um terreno emocionalmente complexo e em
constante transformação.Os estudos sobre bem-estar subjetivo têm suas raízes na
Psicologia Positiva, com Martin Seligman sendo um dos pioneiros na área. Já o conceito
de relações líquidas foi amplamente popularizado por Zygmunt Bauman. Esses
fundamentos fornecem a base para investigar como essas dinâmicas influenciam as
relações amorosas entre as novas gerações.

Este trabalho se insere na área da psicologia social, explorando como as mudanças


socioculturais impactam as dinâmicas interpessoais e os vínculos afetivos. Além disso,
dialoga com a sociologia e a antropologia, considerando os fatores sociais e culturais
que influenciam as relações amorosas,

LACUNA OU GAP

Apesar do crescente interesse no bem-estar e suas implicações nas relações amorosas, ainda
existem várias questões sem respostas claras. Por exemplo, como exatamente a valorização do
bem-estar influencia a estabilidade e durabilidade dos relacionamentos amorosos? Quais são
as diferenças geracionais na percepção do bem estar e sua influência nas relações?

Há uma controvérsia sobre se a ênfase no bem-estar pessoal pode estar contribuindo para a
superficialidade e a falta de compromisso nas relações amorosas. Alguns estudiosos
argumentam que essa busca pode levar a uma priorização excessiva do indivíduo em
detrimento do relacionamento.

Há uma falta de estudos que abordem as interações entre bem-estar subjetivo, autocuidado e
a longevidade das relações amorosas nas novas gerações. Além disso, faltam pesquisas que
explorem como diferentes culturas e contextos socioeconômicos influenciam essa dinâmica.

Outra área pouco explorada é a interseção entre a digitalização das interações amorosas
(como aplicativos de namoro) e a valorização do bem estar. Como as tecnologias de
comunicação influenciam a percepção de bem-estar e a qualidade dos relacionamentos?

ESTADO DA ARTE

A fronteira do conhecimento atual sobre a influência do bem-estar nas relações amorosas das
novas gerações esta na intersecção entre Psicologia Positiva, estudos de mídia digital e
sociologia das relações interpessoais. Pesquisas recentes tem explorado como o bem-estar
subjetivo e autocuidado impactam as expectativas e os comportamentos nos relacionamentos
amoros.

Estudos como os de Diener et al. (2021) sobre bem-estar subjetivo e de Twenge et al (2020)
sobre as atitudes das novas gerações em relação ao amor e ao casamento têm contribuído
significativamente para este campo. Pesquisas de digitalização das relações, como os de Turke
(2017), também oferecem insights valiosos sobre a influência das tecnologias modernas.

OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo explorar a influência da valorização do bem-estar nas
relações amorosas das novas gerações (Geração Y e Geração Z), examinando como essa ênfase
molda as expectativas, a estabilidade e a qualidade dos relacionamentos. Busca-se também
entender como as interações digitais e os contextos culturais específicos influenciam essa
dinâmica.

REFERENCIAS:

Diener, E., et al. (2021). Well-being for Public Policy: A Review and Agenda.

Twenge, J. M., et al. (2020). Declines in Sexual Frequency among American Adults, 1989–2014.

Turkle, S. (2017). Reclaiming Conversation: The Power of Talk in a Digital Age.

Bauman, Z. (2003). Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos.

Seligman, M. E. P. (2002). Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize
Your Potential for Lasting Fulfillment.

Galinha, I., & Pais Ribeiro, J. L. (2005). História e evolução do conceito de bem-estar subjetivo.
Psicologia, Saúde e Doenças, 6(2), 203-214. Lisboa, Portugal: Sociedade Portuguesa de
Psicologia da Saúde.

Albuquerque, F. J. B. de, Noriega, J. A. V., Coelho, J. A. P. de M., Neves, M. T. de S., & Martins,
C. R. (2006). Valores humanos básicos como preditores do bem-estar subjetivo. Psico, 37(2).

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