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FACULDADE NOVE DE JULHO

CURSO DE PSICOLOGIA

O papel do vínculo familiar na intervenção e tratamento de usuários


de psicoativos na adolescência.

Nome e RA:

André de Araújo Luiz: 1621100052

Elcio Antonio de Souza Filho 1621100283

Pâmela Santos Neves 1621100058

Sindy Kevilin Fagundes da Silva 1621100258

Vitoria Maria Bueno Souza 1621100031

Mauá
2023
André de Araújo Luiz: 1621100052

Elcio Antonio de Souza Filho 1621100283

Pâmela Santos Neves 1621100058

Sindy Kevilin Fagundes da Silva 1621100258

Vitoria Maria Bueno Souza 1621100031

O PAPEL DO VÍNCULO FAMILIAR NA INTERVENÇÃO E TRATAMENTO DE


USUÁRIOS DE PSICOATIVOS NA ADOLESCÊNCIA.

Trabalho apresentado para obtenção de


nota na disciplina de Psicologia e Práticas
em Educação, sob orientação Professor
Paulo Sérgio Rodrigues de Paula.

MAUÁ
2023.2
Sumário

Resumo …………………………………………………………………………….. 04
Introdução …………………………………………………………………………...05
O uso de psicoativos na adolescência …………………………………………...05
Considerações finais ……………………………………………………………….09
Referências bibliográficas ………………………………………………………….11
Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo identificar a importância do vínculo familiar


e sua influência ao usuário de drogas na adolescência, objetivando possibilidades
de intervenção e cura ao adolescente quanto à sua família por se tratar de um
assunto de grande relevância social. As pesquisas foram realizadas a partir de
artigos científicos e pesquisas bibliográficas. Nessa busca verificamos a importância
do apoio familiar, percebendo o quanto uma família disfuncional pode acarretar um
maior peso ao adolescente que está na fase de grande mudança física e emocional,
levando em consideração o meio, as crenças e os valores. Consideramos os
problemas causados no presente e a dimensão no futuro.

Palavras-chave: “Psicanálise”, “Parentalidade”, “Vínculo familiar” e “Uso de drogas


na adolescência”.
Introdução

Qual é a relevância do vínculo familiar no desencadeamento do uso de


drogas na adolescência e o papel da psicanálise na intervenção e tratamento
desses dependentes químicos?

É de extrema importância trazer dados de como o vínculo familiar afeta os


adolescentes com dependência química, mostrando como um vínculo familiar mal
estruturado pode interferir no envolvimento com drogas. É necessário não apenas
mostrar como essa relação se afeta, mas também destacar os melhores meios para
que seja possível amenizar essa situação. A pesquisa tem como objetivo investigar
padrões nas organizações familiares e a relevância no desencadeamento do uso de
drogas na adolescência; Discutir sobre a interação familiar com o sujeito, e de que
modo pode ser investigada e utilizada no tratamento e intervenção tendo como
ferramenta a psicanálise

A metodologia utilizada para a pesquisa será qualitativa e será realizada


através de discussões e conclusões que serão obtidas com a leitura de artigos
sobre dependência química e vínculo familiar. Os artigos podem ser encontrados
nos sites Google Acadêmico e Pepsic, e a pesquisa para obter dados será feita
através de questões objetivas e dissertativas na plataforma digital Google Forms.

O uso de psicoativos na adolescência.

Uma droga psicotrópica atua sobre o cérebro causando alterações no


psiquismo, elas atuam diretamente no sistema nervoso central (SNC) podendo
causar alterações comportamentais, de humor, cognição e percepção. Além disso,
as drogas possuem propriedades que causam muito prazer, facilitando a
dependência química. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
dependência de drogas é considerada uma doença médica crônica e um problema
social, que requer tratamentos específicos, podendo ser tratada e controlada.
(PEREIRA E SANTOS, 2018)
O período da adolescência é composto por um momento do desenvolvimento
marcado por mudanças, conflitos, responsabilidades, inseguranças, perdas, novas
experiências e descobertas que os levam ao desenvolvimento da personalidade.
Para compreender esse processo é preciso buscar por dados característicos
pessoais, familiares e contextuais. A interação entre esses aspectos ocorre através
de aprendizados e questionamentos dos valores e normas familiares, sociais e dos
seus sentimentos não compreendidos que geram conflitos de relacionamento, que
são importantes para o desenvolvimento da autonomia e da independência. (ZAPPE
e DAPPER, 2017)

A partir dos anos 50, a adolescência passou a ser encarada como algo que
deve ter regulamentação, disciplina e proteção, pois os adolescentes formam
grupos diversificados, onde eles possuem gostos e valores contraditórios, como
também conflitos internos. Toda a mudança que o adoslecente passa, lhe causa
angústia e uma busca de ser amado e acolhido. O processo de perda que o
adoslescente vivencia quando deixa de ser criança, se trata de um momento de
escolhas para criar uma nova identidade, causando alterações na percepção de si
mesmo e dos outros, fragilidade do ego, retorno narcísico, busca por novos desafios
e isolamento. Esse retorno narcísico tem importância para a construção da
autoestima e da força para lidar com os problemas e frustrações. (PEREIRA E
SANTOS, 2018)

De acordo com Freud, o narcisismo secundário é constituído por uma


atividade de mudança de desistência da libido de um objeto, que pode ser
recorrente a alguma frustração vivenciada no primeiro vínculo que deixou marcas
profundas na psique. Passar por essa fase da adolescência envolve sofrimento
psíquico, sendo assim o envolvimento familiar é importante para ajudar na
reorganização da personalidade, onde a energia da libido causa tensão e gera
comportamentos inadequados, buscando riscos para conhecer o poder que ele
exerce sobre o seu novo corpo. (PEREIRA E SANTOS, 2018)

A família tem um papel essencial no desenvolvimento do indivíduo, sendo


sua primeira referência em seus valores, comportamentos, aprendizado, crenças e
conhecimentos, fornecendo então uma base para um desenvolvimento
psicoemocional adequado. No desenvolvimento durante a adolescência, o uso de
drogas é um problema multifatorial, sendo influenciado por aspectos individuais,
familiares e contextuais. O papel da família é importante para oferecer apoio e
intervenção, quanto para oferecer condições adequadas para um crescimento
saudável. (ZAPPE e DAPPER, 2017)

De acordo com relatos de familiares de adolescentes envolvidos com a


droga, relatam que eles apresentam dificuldades em lidar com frustrações e tentam
substituir seus desejos reprimidos, carências e vazios pelo consumo da droga.
Também apresentam desintegração do ego e a falta de percepção da realidade,
necessitando então de uma rede de apoio. (REIS, 2014)

É perceptível o papel da família em dois pontos de vista. O primeiro é um


relacionamento familiar conflituoso, com negligências, abandono, agressões e falta
de diálogo, podendo contribuir para que o adoslecente busque o uso de drogas. O
segundo ponto de vista, um contexto familiar com diálogos e um bom vínculo
afetivo, podendo funcionar para proteger e orientar sobre esse comportamento. A
ausência de suporte parental pode colocar o adolescente em uma vulnerabilidade
para o uso de drogas, já que ao não ter o suporte em casa, acaba procurando nas
amizades, podendo então se envolver com pessoas que fazem o uso de drogas.
(PAULA; JORGE e VASCONCELOS, 2019)

As práticas educativas também possuem influências sobre o envolvimento


com drogas ou não. Pais que ensinam seus filhos através de intromissão, culpa e
autoridade, apresentam muita das vezes uma falta de espaço para o adolescente se
expressar, podendo acarretar no envolvimento com as drogas. Os pais que mostram
interesse pelos sentimentos dos filhos, suas atividades diárias, participam da
tomada de decisões dos filhos, ajudam eles a se sentirem amados, seguros e
compreendidos, resulta em uma medida de proteção contra o uso. (PAULA; JORGE
e VASCONCELOS, 2019)

Contudo, é importante deixar claro que a relação familiar não é a única


responsável por essa situação, pois existem outros fatores que fazem com que os
adolescentes recorrem ao uso de drogas. Entre eles pode ser o ambiente escolar, a
sociedade, a falta de emprego, amizades e etc.

A partir do conhecimento sobre como o adolescente pode ser influenciado


pelo uso das drogas, é essencial pensar em formas para o tratamento e para a
intervenção. Muitos tratam desse problema somente com o proibicionismo, que é
uma maneira ineficaz pois pode deixar os sintomas da abstinência mais forte,
causando ainda mais desejo de fazer a utilização. (PAULA; JORGE e
VASCONCELOS, 2019)

Um tratamento que vem sendo eficaz com os usuários, é a psicoterapia


psicanalítica tanto individual quanto em grupo, beneficiando com o conhecimento de
si mesmo, das relações objetais presentes na família e outros pontos de vista
através da psicoterapia em grupo. Mostrou também que a psicoterapia familiar é
importante para o processo de apoio de seus familiares, pois passam a se
entenderem e entenderem medidas para ajudar a potencializar o tratamento.
(REIS, 2014)

A reforma psiquiátrica no Brasil insere a família no processo de cuidado com


os usuários, oferecendo condições com a finalidade de melhorar suas vidas, como
serviços de assistências extra-hospitalares. Destaca também a importância da
família manter um bom diálogo e monitoramento dos adolescentes, e o
envolvimento de instituições de saúde, escolas e uma rede de apoio social para as
intervenções. (ZAPPE e DAPPER, 2017)

É necessário conseguir aproximar cada vez mais os adolescentes com as


informações referentes ao risco do uso da droga, com eventos para divulgação de
serviços de ajuda e de informações, parceria com as famílias, grupos sociais e
escolas. A escola é um meio eficaz e importante para realizar intervenções e trazer
informações referente ao tema das drogas e orientações para os pais. Uma rede de
apoio social ajuda o adoslecente a fazer boas escolhas, capacita e educa os jovens
incentivando-os a buscar estudos, trabalhos, atividades de lazer e esportivas.
Fornecendo para eles uma qualidade melhor de vida e de crescimento pessoal.
(ZAPPE e DAPPER, 2017)
Considerações Finais

A pesquisa visará investigar o impacto das dinâmicas familiares durante o


período transitório da adolescência, e de que modo isso pode influenciar na busca
por psicoativos. Uma vez que vínculo familiar é um respaldo para criança, que
necessita do afeto parental, ao ser introduzida nessa nova fase, que está entre a
infância e a vida adulta, o fator biológico e social tornam-se mais conflituosos. A
ambivalência se transforma em algo mais denso psicologicamente, e o sujeito,
agora adolescente, em um retorno narcísico, busca por objetos que possam aliviar a
pressão biopsicossocial, buscando por prazer. E as substâncias lícitas e ilícitas são
um meio, por vezes, rápido de obter um prazer e uma sensação de fuga da
realidade que provoca desprazer e conflitos.

O vínculo familiar é onde o sujeito encontra seus pilares, também, sociais.


Através dele é possível encontrar meios de lidar com a realidade, e buscar outros
objetos de prazer, uma vez que é essa figura parental que apresenta de que modo o
meio social se organiza, e como é possível encontrar alternativas que minimizem o
desprazer sem que uma fuga seja necessária. Todavia, quando esse vínculo não
cumpre esse papel de afeto e orientação, o adolescente pode não possuir um
repertório para rejeitar amizades que possam ser prejudiciais, ou psicoativos que
possam lhe trazer desprazer a longo prazo. Sem uma orientação, principalmente
nessa fase de transição, o sujeito busca por uma obtenção rápida e que traz a
ilusória sensação de eficácia.

Tendo tais aspectos em vista, é possível compreender que o papel parental


tem sempre um importante espaço no desenvolvimento do sujeito, e que é através
dele que a organização do meio social em um todo é apresentada, e é o respaldo do
vínculo familiar, e as informações corretas transmitidas, que têm um impacto
considerável para evitar que o adolescente busque satisfazer o vazio através do uso
de psicoativos. Em uma dinâmica familiar onde há afeto, informação, orientações e
uma compreensão, é possível prover uma base sólida pro adolescente, que lidará
melhor com a transição composta por mudanças biológicas, do próprio papel na
sociedade, e, consequentemente, psicológicas. Caso haja negligência, é possível
que o sujeito busque prazer nos objetos apresentados como eficazes para se
desvincular, ainda que temporariamente, dos conflitos provocados pelo fator social.

Por isso, é de suma importância que o adolescente esteja ciente sobre como
acontecerão as mudanças corporais, sociais e psicológicas, e de que modo poderá
encontrar outros meios de buscar prazer, sem prejudicar o próprio desenvolvimento
e a vida adulta. Há uma enorme dificuldade em informar em uma sociedade
construída com paradigmas que excluem a importância de dialogar com o sujeito
adolescente sobre psicoativos, e as implicações do uso destes, entretanto, é
essencial e indispensável. Por isso, a informação e o afeto obtidos em figuras
familiares são indispensáveis para evitar que adolescentes se tornem usuários de
psicoativos que serão prejudiciais. Portanto, através do projeto, os pesquisadores
terão como objeto de estudo o modo com que as famílias se organizam, e o impacto
na rotina e desenvolvimento dos adolescentes, buscando evidências do impacto
desses vínculos na busca ou ausência dela por substâncias psicoativas.
Referências bibliográficas

PEREIRA, M. C. et al. A influência da família no uso de drogas entre os


adolescentes. Disponível em:
<http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/1152/1/A%20INFLU%C3%8ANCIA%20
DA%20FAM%C3%8DLIA%20NO%20USO%20DE%20DROGAS%20ENTRE%20OS
%20ADOLESCENTES%20.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2022.

ZAPPE, Jana Gonçalves; DAPPER, Fabiana. Drogadição na Adolescência: Família


como Fator de Risco ou Proteção. Rev. Psicol. IMED, Passo Fundo, v. 9, n. 1, p.
140-158, jun. 2017. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-5027201700010
0010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 8 nov. 2022.

SANTOS, Manoel Antônio dos; PRATTA, Elisângela Maria Machado. Adolescência e


uso de drogas à luz da psicanálise: sofrimento e êxtase na passagem. Tempo
Psicanal., Rio de Janeiro, v. 44, n. 1, p. 167-182, jun. 2012. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382012000100010&ln
g=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 nov. 2022.

REIS, Maria Elizabeth Barreto Tavares dos. Um olhar psicanalítico sobre os grupos
de apoio a famílias de drogadictos. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto, v. 15, n. 2, p.
109-121, dez. 2014. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702014000200009&ln
g=pt&nrm=iso>. Acesso em: 8 nov. 2022.

PAULA, M. L. DE; JORGE, M. S. B.; VASCONCELOS, M. G. F. Desafios no cuidado


familiar aos adolescentes usuários de crack. Physis (Rio de Janeiro, Brazil), v. 29, n.
1, 2019.

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