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Bases Teoricas Filosoficas Terapias Cog Comport - Dobson
Bases Teoricas Filosoficas Terapias Cog Comport - Dobson
O período entre 1960 e 1970 foi de considerável importância na aplicação de técnicas cognitivo-
comportamentais. Neste período apareceram os primeiros textos referentes ao assunto (Hollon & Kendall,
1978; Mahoney, 1974; Meichenbaum, 1977).
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In: K.S.Dobson (Ed.). Handbook of cognitive-behavioural therapies. U.S.A.: Guilford, 1988
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• Muitos teóricos cognitivo-comportamentais sustentam que a cognição pode alterar o
comportamento de tal modo que a mudança comportamental pode ser usada como medida
indireta de mudança cognitiva.
• Os dois maiores índices usados para mudança são cognição e comportamento, além de mudanças
emocionais e fisiológicas (principalmente onde o transtorno emocional ou fisiológico constitui
uma manifestação principal do problema presente na terapia).
BASES HISTÓRICAS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
As terapias cognitivo-comportamentais representam uma inovação das abordagens comportamentais
radicais aos problemas humanos. Alguns fatores favoreceram o desenvolvimento das TCCs:
1) No final da década de 60 verificou-se que a prática comportamental tradicional (restrita a
SÆ R) não era expansiva o suficiente para abranger todo o comportamento humano (Breger & Mc
Gaugh, 1965; Mahoney, 1974). A aprendizagem vicária de Bandura desafiou a explanação comportamental
tradicional, bem como o trabalho sobre demora de gratificação por Mischel (Mischel, Ebbensen & Zeiss,
1972).
Vygotsky (1962) também verificou que crianças estavam aprendendo regras gramaticais com
sucesso, independente da habilidade de pais e educadores usarem reforço discriminativamente. Além disso,
modelos comportamentais de aprendizagem da linguagem recebiam sérios ataques.
Outro sinal de insatisfação referia-se à tentativa de se expandir os modelos comportamentais
tradicionais no sentido de incorporá-los aos comportamentos “encobertos” (pensamentos) (Homme, 1965),
que foi combatida pelos críticos comportamentais com a alegação de que “expansões deste tipo não eram
consistentes com a ênfase comportamental em fenômenos encobertos”.
2) Além da insatisfação com o modelo não mediacional, havia uma rejeição ao modelo
psicodinâmico.
Beck (1967) e Ellis (1973; 1979a) rejeitavam sumariamente ênfases em processos inconscientes,
material histórico e a necessidade de uma terapia de longa duração que se baseava fortemente no
desenvolvimento de insight com relação à transferência.
Rachman e Wilson (1980) afirmaram ainda que “não existia evidência aceitável para sustentar a
visão de que a psicanálise seria um tratamento efetivo” (p.76).
3) Um outro fator de insatisfação referia-se aos alvos de tratamento das terapias não
mediacionais, onde apenas os sintomas eram focalizados para mudança (ex. Ferster, 1974).
Os terapeutas cognitivistas alegavam que o problema como um todo ou os principais componentes
do problema não estavam sendo tratados. O desenvolvimento de intervenções de tratamento cognitivo-
comportamental ajudaram a preencher o vácuo nas técnicas de tratamento.
4) As pesquisas realizadas no campo das cognições se desenvolviam de tal forma que
começaram a mobilizar os modelos comportamentais tradicionais. Lazzarus (1966); Lazarus & Alfert
(1964); Lazarus & Averill (1972); Monat, Averill & Lazarus (1972); Nomikos, Opton, Averill & Lazarus
(1968) documentaram dados mostrando que o processo de ansiedade também possuía componentes
cognitivos e que os modelos de etiologia da ansiedade requeriam atenção para este componente de
funcionamento.
Estas evidências levaram os teóricos comportamentais a redefinirem seus limites e a incorporarem
fenômenos cognitivos dentro dos modelos de mecanismo comportamental.
A literatura sobre auto-regulação e auto-monitoria, desenvolvida no início de 1970, corresponde aos
primeiros sinais desta incorporação (Cautela, 1969; Goldfried & Merbaum, 1973; Mahoney & Thorenson,
1974; Rachlin, 1974; Stuart, 1972). Todas estas várias tentativas de delinear perspectivas de auto-controle
na modificação do comportamento dividiram a idéia de que o indivíduo possui alguma capacidade de
monitorar seu comportamento, ajustar metas de comportamento geradas internamente e reger variáveis
pessoais e ambientais para conseguir alguma forma de regulação no comportamento de interesse.
5) O crescimento do número de terapeutas que se identificavam com os princípios cognitivo-
comportamentais (Beck, 1967, 1970; Cautela, 1967, 1969; Ellis, 1962, 1970; Mahoney, 1974; Mahoney &
Thorenson (1974) e Meichenbaum (1973, 1977) chamou atenção de outros profissionais para este campo.
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6) a publicação sistemática de estudos e pesquisas que mostram a efetividade dos tratamentos
cognitivo-comportamentais igual ou superior às aproximações comportamentais (especialmente no
campo da depressão).
Elkin, Parloft, Hadley & Autry (1985) publicaram os resultados de uma relativa efetividade de uma
terapia cognitivo-comportamental (Beck et al., 1979) versus uma terapia de curto tempo dinamicamente
orientada (Klerman, Weissman, Rounsaville & Chevron, 1984) e farmacoterapia.
O que emerge esperançosamente de continuadas pesquisas serão conclusões sobre não apenas a
eficácia relativa de diferentes tipos de terapias cognitivo-comportamentais com tipos específicos de
problemas clínicos.
TERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS CONTEMPORÂNEAS
As terapias cognitivo-comportamentais representam a mistura de estratégias comportamentais e
processos cognitivos com o objetivo de alcançar mudanças cognitivas e comportamentais.
O desenvolvimento e implementação da abordagem cognitivo-comportamental ocorreu de forma
diversificada, uma vez que os seus seguidores vêm de diferentes orientações teóricas. Por exemplo, Ellis e
Beck, autores da terapia racional emotiva e terapia cognitiva respectivamente, vêm de background
psicanalítico, enquanto Goldfried, Meichenbaum e Mahoney foram treinados originalmente dentro dos
princípios de modificação do comportamento.
Entretanto, os diversos procedimentos terapêuticos cognitivo-comportamentais apresentam muitos
aspectos comuns.
Mahoney e Arnkoff (1978) organizaram as terapias cognitivo-comportamentais dentro de três
principais divisões: terapias de reestruturação cognitiva, de treinamento de habilidades e de solução de
problemas.
1) TERAPIAS DE REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA
Assumem que o estresse emocional é a conseqüência de pensamentos mal adaptados. Portanto, a
meta destas intervenções clínicas é estabelecer mais padrões adaptativos de pensamento. A terapia racional
emotivo-comportamental (Ellis, 1962); a terapia cognitiva (Beck, 1963); o treinamento auto-instrucional
(Meichenbaum, 1971); a terapia de comportamento racional (Mautsby, 1975) e a psicoterapia estrutural
(Guidano & Liotti, 1983) constituem exemplos deste tipo de intervenção.
a) Terapia Racional Emotivo-comportamental (TREC):
Histórico: Considerada o primeiro exemplo de abordagem cognitivo-comportamental, a teoria e a
prática da TREC foi formulada por Albert Ellis, há mais de 30 anos, a partir de seus questionamentos à
eficácia dos métodos psicanalíticos clássicos.
Através de um processo de ensaio e erro, Ellis formulou gradativamente a teoria do distúrbio
emocional e uma série de métodos de tratamento que enfatizavam uma forma prática de lidar com os
problemas da vida. O nome original da abordagem era TRE, até 1993, quando foi mudado, em razão do
caráter comportamental do seu processo terapêutico.
Bases lógicas da teoria: Os pensamentos e as emoções humanas estão significativamente
interligados. De acordo com o modelo ABC de Ellis, os sintomas neuróticos ou conseqüências (C) são
determinados pelo sistema de crenças do indivíduo (B) frente às experiências ou eventos (A). A meta da
terapia é identificar e questionar as crenças irracionais que são a fonte do distúrbio emocional.
A TREC sustenta que os indivíduos possuem tendências inatas e adquiridas para pensar e agir
irracionalmente. De modo a manter um estado de saúde emocional, os indivíduos podem monitorar
constantemente e questionar o seu sistema de crenças básico.
Ellis (1970) identificou 11 crenças irracionais que tomam a forma de expectativas não realistas. A
substituição de necessidades irrealistas e supergeneralizadas por desejos, preferências ou expectativas
realistas, poderão gerar maiores mudanças nas emoções e comportamentos. Entretanto, se os indivíduos
tendem a preservar vigorosamente seus padrões irracionais de pensamento, os métodos de intervenção
devem ser vigorosos para que ocorra a mudança.
Técnicas: A TREC emprega uma abordagem multidimensional, que incorpora técnicas cognitivas,
emotivas e comportamentais. Entretanto, o mais importante instrumento terapêutico mantém um “método
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lógico-empírico de questionamento científico, questionamento e debate” (Ellis, 1979a, p. 20) destinado a
ajudar os indivíduos envolvidos em suas crenças irracionais.
Além disso, a TREC utiliza outras técnicas, tais como: desempenho de papéis, modelação, imagem
racional-emotiva, exercícios que provocam vergonha, métodos de relaxamento, condicionamento operante e
treinamento de habilidades (Ellis, 1979b).
As metas mais importantes da TREC são: auto-interesse, interesse social, auto-direção, tolerância
em relação a si e aos outros, flexibilidade, aceitação da incerteza, confiança em interesses vitais, auto-
aceitação, pensamento científico e uma perspectiva de vida não utópica. O indivíduo que adota este tipo de
filosofia racional experimentará um mínimum de distúrbio emocional.
Valor experimental: A TREC tem ocupado um vasto campo na literatura. Infelizmente, a maioria
dos artigos publicados têm sido autorados por advogados da teoria de Ellis, em vez de pesquisadores
preocupados em coletar dados objetivos relativos à validade e utilidade (Mahoney, 1979).
Publicações recentes sugerem que a TREC está começando a receber verificação empírica e
experimental (Kendall & Bemis, 1983).
Dryden (1990) relata a eficácia da TREC com pacientes com raiva e cólera. Ellis e Bernard (1990)
indicam a utilidade da TREC para problemas conjugais, sexualidade e abuso de drogas. Ellis e Dryden
(1987) apontam a eficácia da TREC em estratégias de grupo.
b) Terapia Cognitiva
Histórico: Aaron Beck desenvolveu a terapia cognitiva a partir de insatisfações com as formulações
psicanalíticas sobre as neuroses em em particular, sobre as depressões. Ciente da natureza longa do
tratamento psicanalítico e das freqüentes reações negativas de pacientes a métodos analíticos, Beck iniciou
uma investigação crítica da teoria psicanalítica (Beck, 1976).
No final da década de 50, começou um período de observação sistemática e pesquisa que levaram à
evolução da terapia cognitiva da depressão.
Bases lógicas da teoria: Estudando o conteúdo ideacional de pacientes neuróticos ansiosos e
depressivos, Beck encontrou que estes pacientes exibiam distorções sistemáticas em seus padrões de
pensamento. Conseqüentemente, Beck gerou uma tipologia de distorções cognitivas para descrever estes
erros sistemáticos, os quais incluíam conceitos de: inferência arbitrária, abstração seletiva,
supergeneralização, maximização e minimização. Beck também observou que estas cognições eram
automáticas, involuntárias e altamente aceitáveis pelo paciente.
De acordo com esse modelo, os transtornos emocionais são resultados de pensamentos distorcidos
ou avaliações cognitivas não realistas de eventos da vida. Portanto, o modo como um indivíduo estrutura a
realidade determina seu estado afetivo.
Os esquemas são estruturas cognitivas que organizam e processam a entrada de informação e
representam os padrões de pensamento adquiridos na infância no desenvolvimento de uma pessoa. Erros
lógicos adquiridos durante o período de desenvolvimento vão formar a substância do esquema e predispor o
indivíduo a ter problemas emocionais. Enquanto o esquema de um indivíduo bem ajustado faz concessões
para a avaliação realista de eventos da vida, o esquema de indivíduos mal ajustados resulta na distorção da
realidade e facilita o transtorno psicológico.
O esquema negativo é caracterizado por uma tríade negativista. Os indivíduos depressivos vêem a si
mesmos, seu mundo e seu futuro de forma negativa (Hollon & Beck, 1979). Quanto mais severa é a
depressão, mais este esquema domina os processos cognitivos.
Técnicas: A terapia cognitiva envolve a aplicação de procedimentos empíricos aos processos
cognitivos, comportamentais e afetivos do cliente e representa uma extensão lógica do modelo cognitivo de
Beck. A meta da terapia é substituir avaliações distorcidas dos eventos da vida por avaliações cognitivas
realistas.
O tratamento envolve um programa específico de experiências aprendidas, de modo a ensinar os
clientes:
1) a monitorar pensamentos automáticos.
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2) a reconhecer as relações entre cognição, emoção e comportamento
3) a testar a validade dos pensamentos automáticos
4) a substituir pensamentos distorcidos por cognições mais realistas
5) aprender a identificar e alterar crenças ou suposições subjacentes que predispõem o indivíduo a se
engajar em padrões de pensamentos disfuncionais (Kendall & Bemis, 1983)
Valor experimental: As técnicas de Beck têm sido dujeitas a um grau substancial de verificação
empírica. Estudos controlados têm constatado a eficácia desta abordagem na depressão maior (Beck e cols.,
1985), nos problemas conjugais (Padesky e Dattilio, 1990), nos transtornos de personalidade (Beck &
Freeman, 1990); na hipocondria (Channon & Wardle, 1989; Fairbum & Cooper, 1989); no alcoolismo
(Beck e cols., 1993); nos transtornos sexuais (Hawton e cols., 1989) e em pacientes suicidas (Beck e cols.,
1979).
c) Treinamento Auto-Instrucional
Histórico: Os estudos de Donald Meichenbaum se desenvolveram em um período em que florescia
a terapia comportamental, bem como as idéias de Ellis (1962) e Beck (1963).
Meichenbaum (1969) realizou sua pesquisa de doutoramento investigando os efeitos do
procedimento operante no tratamento de pacientes esquizofrênicos internos, treinados a emitir “conversas
saudáveis”. Ele observou que os pacientes que se engajavam em uma auto-instrução espontânea para
“conversar saudavelmente” eram menos perturbados e demonstravam performance de conversa superior em
uma variedade de medidas. Estes achados levaram-no a focalizar-se no papel dos fatores cognitivos na
modificação do comportamento.
Bases lógicas da teoria: Os estudos de Meichenbaum foram influenciados fortemente por
psicólogos soviéticos, tais como Luria (1961) e Vygotsky (1962), que estudaram a relação desenvolvimental
entre linguagem, pensamento e comportamento. Eles sugeriam que o desenvolvimento do controle
voluntário sobre o próprio comportamento envolve uma progressão gradual, desde regulação externa por
outros significantes (instruções parentais) à auto-regulação como um resultado da internalização dos
comandos verbais.
A partir daí, Meichenbaum propõe que os comportamentos cobertos operam de acordo com os
mesmos princípios dos comportamentos manifestos e que os comportamentos cobertos estão, portanto,
sujeitos a modificação, usando as mesmas estratégias comportamentais empregadas para modificar
comportamentos manifestos (Meichenbaum, 1973).
Técnicas: Meichenbaum tentou explorar o desenvolvimento de um programa auto-instrucional,
designado a tratar deficiências mediacionais de crianças impulsivas (Meichenbaum & Goodman, 1971). As
metas do programa de tratamento eram:
1) Treinar crianças impulsivas a produzir auto-comando e respondê-lo apropriadamente.
2) Fortalecer as propriedades mediacionais da fala interna das crianças, de modo a trazer seus
comportamentos sob seus próprios controles verbais.
3) Superar quaisquer deficiências mediacionais, de compreensão ou de produção.
4) Encorajar as crianças a auto-reforçar seus comportamentos apropriadamente (p. 116).
Os procedimentos específicos empregados foram designados a copiar a seqüência desenvolvimental
designada por Luria (1961) e Vygotsky (1962):
1) Um modelo executou uma tarefa conversando alto enquanto uma criança observava.
2) A criança realizou a mesma tarefa enquanto o modelo dava instruções verbais.
3) A criança realizou a tarefa dando instruções a si própria em voz alta.
4) A criança realizou a tarefa enquanto sussurrava as instruções
5) A criança realizou a tarefa em silêncio.
As auto-instruções empregadas no programa incluíam:
1) Questões sobre a natureza e demandas da tarefa.
2) Respostas a estas questões na forma de ensaios cognitivos
3) Auto-instruções na forma de auto-orientação enquanto realizavam a tarefa
4) Auto-reforçamento (p.117).
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Meichenbaum e Goldman encontraram que seu programa de treinamento auto-instrucional
aumentou significativamente o desempenho nas tarefas de crianças impulsivas através de um número de
medidas relativas aos grupos de controle.
O background comportamental de Meichenbaum é evidente na ênfase de procedimento da técnica de
treinamento auto-instrucional, no que respeita às tarefas graduais, modelação cognitiva, treinamento
mediacional direto e auto-reforçamento. Entretanto, o alvo desta abordagem não é significativamente
diferente das de Ellis (1962) ou Beck (1963).
O treinamento auto-intrucional provê um paradigma de tratamento básico que pode ser modificado
para se adequar às necessidades especiais de uma população clínica particular. Em geral, os clientes são
treinados em 6 habilidades globais relativas à auto-instrução:
1) Definição do problema
2) Aproximação do problema
3) Focalização da atenção
4) Estratégia de enfrentamento
5) Opções de correção de erros
6) Auto-reforçamento (Kendal & Bemis, 1983).
A flexibilidade dessa técnica é talvez um dos aspectos mais atraentes. Uma vasta literatura tem
acumulado a sua utilidade para uma variedade de transtornos psicológicos.
Valor experimental: A confiabilidade quanto ao método empírico é admirável e continua a ampliar
os estudos de estratégias de intervenção.
d) Terapia do Comportamento Racional
Histórico: Com treinamento em medicina familiar e psiquiatria, Maultsby (1984) reconhece as
contribuições de várias fontes na formulação da Terapia do Comportamento Racional, incluindo
neuropsicologia, teorias de aprendizagem clássica e operante, pesquisa psicossomática, e Terapia Racional
Emotivo-Comporamental. De todas essas influências, a mais importante foi a de Ellis.
Bases lógicas da teoria: Maultsby adere ao modelo ABC de Ellis, onde emparelhamentos repetidos
de uma percepção (A) com pensamentos avaliativos (B) levam a reações comportamentais e emotivas
racionais ou irracionais. A auto-conversação, que origina-se no hemisfério esquerdo do cérebro, dispara
correspondentes emocionais equivalentes do hemisfério direito. Portanto, de modo a manter um estado de
saúde psicológico, os indivíduos podem praticar auto-conversação, levando o cérebro direito a converter a
linguagem do cérebro esquerdo dentro de reações comportamentais e emocionais apropriadas. Em outras
palavras, “os seres humanos não são perturbados pelas coisas, mas pela visão que eles têm delas” (Ellis,
1962, p. 54).
Técnicas: A semelhança entre RET e RBT se estende além do domínio de técnicas de tratamento.
Ambas as terapias são ênfase em monitorar os pensamentos de modo a ficar atento ao ABC do transtorno
emocional.
Maultsby defende o uso de imagem racional-emotiva, prática comportamental e métodos de
relaxamento de modo a minimizar desgaste emocional e atingir um estado de saúde emocional e de auto-
controle comportamental.
Em vez de identificar uma série de crenças irracionais, Maustsby caracteriza um número de “hábitos
cognitivos de auto-derrota” que conduzem a notável semelhança com a noção de pensamento absolutista de
Ellis.
Valor experimental: A terapia de comportamento racional tem sido obscura na abordagem
cognitivo-comportamental. Há uma notável carência de atenção a esta abordagem na literatura, que parece
estar em nível secundário à terapia racional emotivo-comportamental de Ellis (1962).
e) Psicoterapia Estrutural
Histórico: Guidano e Liotti (1983) seguiram um extensivo estudo de numerosas literaturas,
incluindo terapia comportamental, teoria da aprendizagem social, epistemologia evolucionária, psicologia
cognitiva, teoria psicodinâmica e terapia cognitiva. Eles concluiram que, de modo a estender a total
complexidade do transtorno emocional e subseqüentemente, desenvolver um modelo adequado de
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psicoterapia, uma apreciação do desenvolvimento e papel ativo do conhecimento do indivíduo a respeito de
si e do mundo é crítico. “Somente uma consideração da estrutura dentro da qual os elementos singulares do
conhecimento de um indivíduo, leva-nos a entender como estes elementos jogam e a coordenar estas
emoções e ações individuais” (p. 34).
Base lógica da teoria: O modelo de Guidano e Liotti segue a teoria de ação de Bowlby (1977). Eles
sugerem que o relacionamento com outros significantes (parentes) determina o desenvolvimento da auto-
imagem da criança e provê confirmações contínuas e reforçamento desta auto-imagem. A definição de eu é
assumida para coordenar e integrar o crescimento cognitivo e a diferençiação emocional. Se o auto-conceito
é distorcido ou rígido, o indivíduo é incapaz de assimilar efetivamente as experiências de vida. Isto leva a
mal ajustamento e subsequente desgaste emocional. O produto final será disfunção cognitiva. Diferentes
padrões anormais de ação correspondem a diferentes síndromes clínicas.
Acredita-se que os comportamentos problemáticos são conseqüência da organização cognitiva do
indivíduo (ex.: teorias causais, suposições básicas e regras tácitas de inferência que determinam o conteúdo
do pensamento). O paciente é percebido como esforçando-se para manter uma organização cognitiva
disfuncional particular em face de contínua mudança ambiental. Portanto, a principal meta da terapia é
modificar estas estruturas cognitivas. De modo a terapia ser efetiva, Guidano e Liotti propõem que os
terapeutas comecem por identificar estruturas cognitivas superficiais que irão levar à identificação e
modificação de estruturas cognitivas mais profundas (teorias causais implícitas seguras para o paciente).
Esta estratégia terapêutica conduz à forte semelhança com a terapia cognitiva de Beck, que começa com a
avaliação de pensamentos automáticos do paciente e subseqüentemente, leva à especificação de suposições
básicas subjacentes a estes pensamentos.
Técnicas: “Os terapeutas deveriam ensinar os pacientes a se libertarem de certas crenças e
julgamentos arraigados e considerá-los como hipóteses e teorias, sujeitos a contestação, confirmação e
questionamento lógico” (p. 144). Existe uma variedade de experimentos comportamentais e técnicas
cognitivas que são selecionadas pelo terapeuta de acordo com a necessidade particular do paciente. Estas
incluem: flooding por imaginação, dessensibilização sistemática, treinamento assertivo, treinamento de
habilidades, procedimentos de solução de problema e reestruturação racional.
Valor experimental: A validade desta abordagem não tem sido testada.