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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA

Prof: Regina mucy CN 1º Ano - 2° BIMESTRE

Disciplina : F.T.M. da Ludopedagogia e a Ed. Infantil

TEXTO 1

OS PRIMEIROS PASSOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

A história da educação infantil em nosso país tem, de certa forma, acompanhado a história dessa área
no mundo, havendo, é claro, características que lhe são próprias. Até meados do século XIX, o
atendimento de crianças pequenas longe da mãe em instituições como creches ou parques infantis
praticamente não existia no Brasil. No meio rural, onde residia a maior parte da população do país na
época, famílias de fazendeiros assumiram o cuidado das inúmeras crianças órfãs ou abandonadas,
geralmente frutos da exploração sexual da mulher negra e índia pelo senhor branco. Já na zona urbana,
bebês abandonados pelas mães, por vezes filhos ilegítimos de moças pertencentes a famílias com
prestígio social, eram recolhidos nas “rodas dos expostos” existentes em algumas cidades desde o início
do século XVIII.

Essa situação vai se modificar um pouco a partir da segunda metade do século XIX, período da abolição
da escravatura no país, quando se acentua a migração para a zona urbana das grandes cidades surgem
condições para certo desenvolvimento cultural e tecnológico e para a Proclamação da República como
forma de governo.

No período precedente à Proclamação da República, observam-se iniciativas isoladas ao combate das


altas taxas de mortalidade infantil da época, com a criação de identidades de amparo. Ademais, a
abolição da escravatura no brasil suscitou, de um lado, novos problemas concernentes ao destino dos
filhos de escravos, que já não iriam assumir a condição de seus pais, e, de outro, concorreu para o
aumento do abandono de crianças e para buscas de novas soluções foram criadas creches, asilos e
internatos, vistos na época como instituições assemelhadas e destinadas a cuidar das crianças pobres.

O projeto social de uma nação moderna, parte do ideário liberal presente do século XIX, reunia
condições que fossem assimilados, pelas elites do país, os preceitos educacionais do Movimento das
Escolas Novas, elaborado no centro de transformações sociais ocorridas na Europa e trazidos ao Brasil
pela influência americana e europeia, O Jardim de Infância, um desses “produtos” estrangeiros, foi
recebido com entusiasmo por alguns setores sociais.

A ideia de Jardim da Infância, todavia gerou críticas, entendidas como locais de mera guarda de
crianças. Outros a defendiam por acreditarem em vantagens para o desenvolvimento infantil. O cerne da
polêmica era a argumentação de que, se os jardins de infância tinham objetivos de caridade e
destinavam-se aos pobres, não deveriam ser mantidos pelo poder público.

Enquanto a questão era debatida, foram criados em 1875 no Rio de Janeiro e em 1877 em São Paulo,
os primeiros Jardins de Infâncias sob os cuidados de entidades privadas com atendimentos para as
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crianças dos extratos sociais mais elevados, com desenvolvimento de programação pedagógica
inspirada em Froebel.

Na exposição Pedagógica, realizada em 1885, no Rio de Janeiro, os jardins de infância, ora foram
confundidos com as salas de asilo francesas, ora entendidos como início (perigoso) de escolaridade
precoce. Eram considerados prejudiciais à unidade familiar por tirarem desde cedo a criança de seu
ambiente doméstico, sendo admitidos apenas no caso de proteção aos filhos de mães trabalhadoras.

Nesse momento já aparecem algumas posições históricas em face da educação infantil que iram se
arrastar : o assistencialismo e uma educação compensatória aos desafortunados socialmente.

A Proclamação da República no país, ocorrida em 1889 dentro de um cenário de renovação ideológica,


trouxe modificações também para o entendimento de questões sociais, que continuaram a ser tratadas
conforme a camada social.

Particulares fundaram em 1899 o Instituto de Proteção e Assistência à Infância, que precedeu a criação
em 1919, do Departamento da Criança, iniciativa governamental decorrente de uma preocupação com a
saúde pública que acabou por suscitar a ideia de assistência científica à infância, ao lado disso surgiu
uma série de escolas infantis e jardins de infância, alguns deles criados por imigrantes europeus para o
atendimento de seus filhos. Em 1908, instituiu-se a primeira escola infantil de Belo Horizonte e, em 1909,
o primeiro jardim de infância municipal do Rio de Janeiro. O grande investimento da época , todavia
estava concentrado no ensino primário, que atendia apenas parte da população escolar.

Enquanto isso, a urbanização e a industrialização nos centros urbanos maiores, intensificadas no início
do século XX, produziram um conjunto de efeitos que modificaram a estrutura familiar tradicional no que
refer ao cuidado dos filhos pequenos. A consolidação da atividade industrial acelerou a transformação de
uma estrutura econômica agrária, na qual o trabalho podia ser realizado pelo conjunto de familiares, em
outra estrutura, que passou a incluir a separação física entre local de moradia e local de trabalho e na
qual cada trabalhador é considerado uma unidade produtiva.

Como a maioria da mão de obra estava na lavoura, as fábricas criadas na época, tiveram que admitir
grande número de mulheres no trabalho. Com isso, levaram as mães operárias a encontrar soluções
emergenciais nos próprios grupos familiares ou em outras mulheres, que se propunham cuidar de
crianças em troca de dinheiro. As “criadeiras”, como eram chamadas, foram estigmatizadas com
“fazendeiras de anjos”, em consequência da alta mortalidade das crianças por elas atendidas.

Tanto na Europa quanto no Brasil, as primeiras tentativas de organização das instituições para atender
crianças pequenas , surgem para suprir a necessidade de acolher crianças de mulheres que entraram no
mercado de trabalho, decorrentes dos fatores econômicos, como o sistema capitalista, a urbanização e o
processo de industrialização

No Brasil, a educação pública só teve início no século XX. Durante várias décadas, houve diversas
transformações: a pré-escola não tinha caráter formal, não havia professores qualificados e a mão de
obra era muita das vezes formada por voluntários, que rapidamente desistiram desse trabalho. Através
da Constituição de 1988, a criança foi colocada no lugar de sujeito de direitos e a educação infantil foi
incluída no sistema educacional.

Na década de 80, com a abertura política, houve pressão por parte das camadas populares para a
ampliação do acesso à escola. A educação da criança pequena passa a ser reivindicada como um dever
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do Estado, que até então não havia se comprometido legalmente com essa função. Em 1888, devido à
grande pressão dos movimentos feministas e dos movimentos sociais, a Constituição reconhece a
educação em creches e pré-escolas como um direito da criança e um dever do Estado.

Em meados dos anos 90, ocorreu uma ampliação sobre a concepção de criança. Agora se procura
entender a criança como um ser sócio-histórico, onde a aprendizagem se dá pelas interações entre a
criança. Então passa a existir um fortalecimento da nova concepção de infância, garantindo em lei os
direitos da criança enquanto cidadã. Cria-se o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) em 1990,
que concretiza as conquistas dos direitos da criança promulgados pela Constituição.

Em 1996, foi aprovada a nova LDB —Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional–, que
estabelece a educação infantil como a primeira etapa da educação básica , conquista histórica que tira
as crianças pequenas pobres do seu confinamento em instituições vinculadas a órgãos de assistência
social. A nova LDB, Lei nº9394/96, e formaliza a municipalização dessa etapa de ensino. A LDB foi
criada para definir e regularizar o sistema de educação brasileira com bases na Constituição.

.Em 1998, é criado RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil), um documento
que procura nortear o trabalho realizado com crianças de 0 à 6 anos de idade. Ele representa um avanço
na busca de se estruturar melhor o papel da Educação Infantil, trazendo uma proposta que integra o
cuidar e o educar, o que é hoje um dos maiores desafios da Educação Infantil.

Em 2009 , as Diretrizes curriculares para a Educação Infantil (DICNEI)reforçou a proposta


pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo principal promover o
desenvolvimento integral das crianças de zero a 5 anos de idade.garantindo a cada uma delas o acesso
a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o
direito à proteção à saude, à liberdade , ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e interação
com outras crianças.

É bom lembrar que a educação voltada para os mais novos só se tornou possível por causa da mudança
na abordagem da sociedade que a valoriza, se não existisse, a educação infantil não mudaria o ensino. ,
e um novo perfil como formador não seria criado para estas etapas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

OLIVEIRA. Zilma de Oliveira Ramos de. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos –7.ed. São Paulo:
Cortez, 2011.

Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.08. ago. 2022
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TEXTO 2:

HISTÓRIA DA ORIGEM DAS CRECHES–IMPORTÂNCIA POLÍTICA

A fase inicial das creches caracterizou-se pela prevalência da iniciativa privada, de caráter
assistencial-filantrópico. As primeiras creches surgiram no século XIX na Europa e no início do século
XX no Brasil, precedidas pela estruturação do capitalismo, a crescente urbanização e a necessidade de
reprodução da força de trabalho composta por seres capazes, nutridos, higiênicos e sem doenças.
Foram criadas por associações ou organizações sociais, religiosas ou filantrópicas compostas por grupos
femininos. Até meados do século XIX, o atendimento de crianças pequenas em creches não era comum
no Brasil.

A creche é uma instituição em expansão desde a década de 1970 no Brasil, mas o histórico de sua
implantação é marcado por omissão Estatal, filantropia, ausência de orientação pedagógica, entre tantos
outros problemas que contribuíram para que as creches fossem vistas como locais de acolhimento –
guarda e proteção – das crianças carentes, cujas mães eram absorvidas pelo mercado de trabalho e,
portanto, não poderiam assumir a responsabilidade pelos cuidados com a criança.

Ao mesmo tempo em que surgiu para atender à necessidade da mulher-operária por não ter esta outra
alternativa quanto ao lugar para deixar os seus filhos, a creche surgiu também para atender os filhos das
“mães incompetentes”, assim consideradas por não serem boas donas-de-casa e não cuidarem
adequadamente de seus filhos, não evitando os perigos que pudessem levá-los à vagabundagem e à
morte. Desta forma, caracterizou-se como uma relação de favor entre as associações provedoras e as
famílias..

Enquanto esteve vinculada à idéia de falta da família, a creche seguiu modelos de funcionamento de
acordo com padrões de família e maternidade que foram sendo propostos por especialistas (das áreas
de medicina higienista, serviço social, psicologia, psiquiatria e pedagogia, entre outros) e que foram
dando novos contornos a sua prática institucional. Nessa linha, além das carências econômicas, morais
e higiênicas, novas carências infantis foram sendo descobertas, como por exemplo, as carências
afetivas, nutricionais, culturais e cognitivas, as quais impulsionaram a introdução de sucessivas
mudanças no funcionamento das creches.

Somente a partir dos anos oitenta é que tiveram início no Brasil debates sobre a função da creche na
sociedade, momento no qual, a creche passa a ser pensada e reivindicada como um lugar de educação
coletiva para as crianças, verificando-se, assim, a busca pela superação da visão do papel
assistencialista com o qual sempre foi identificada.

No início da década de 80, o Brasil vive um período pré-eleitoral. Os partidos políticos incluem em seus
projetos a expansão da rede de creches. Nesta década também o Movimento de Luta por Creches,
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criado oficialmente em 1979 como resolução do primeiro congresso da Mulher Paulista, cresce e se
desenvolve.

As consequências desses movimentos foram um acréscimo do número de creches organizadas,


sustentadas e administradas diretamente pelo Poder Público e um acréscimo da participação das mães
no trabalho realizado pelas creches. Neste contexto, é possível constatar que o papel dos movimentos
sociais foi fundamental na luta e na conquista de novas creches , pois como foi observado, o Estado
durante anos se sentiu desobrigado para com a sociedade de implantar creches.

A conquista desse movimento, exigindo do Estado nova postura, deveu-se a consciência política do
referido movimento ou seja, a concepção da creche como direito do trabalhador e sobretudo como direito
da criança, concepção essa que não só cobrou respostas do Estado a questão como também agilizou o
processo de se pensar a creche sob uma nova ótica, a saber, como um espaço educacional ao
adequado às crianças pequenas.

A pressão articulada desses setores junto à Assembléia Constituinte culminou num marco
importantíssimo na história da creche brasileira: a aprovação das principais reivindicações na
Constituição de 1988. Entre os mais importantes artigos figuram os referentes à inclusão da creche no
sistema escolar e à educação da criança de zero a seis anos através dessas instituições e da pré-escola.

A Constituição Federal de 1988 traz mudanças significativas em relação à concepção do que é e de


como deve ser o atendimento educacional oferecido à criança. A Constituição de 1988 dá o primeiro
passo rumo à superação do caráter assistencialista que predominava no atendimento à infância. A
Constituição Federal atribuiu ao Estado o dever de garantir o atendimento às crianças de zero a seis
anos em creches e pré-escolas, especificando que cabe à União prestar assistência técnica e financeira
aos estados e ao Distrito Federal.

A inclusão da creche na sociedade proporcionou a vantagem da obrigatoriedade das instituições


oferecerem atendimento às crianças de zero a três anos de idade, com objetivo educacional. A creche,
portanto, passa a configurar-se não mais como uma agência de guarda e assistência e sim como uma
instituição educacional, criando-se novas responsabilidades para o sistema escolar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

https://portal.fslf.edu.br/A CRECHE ONTEM E HOJE (fslf.edu.br)

PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS CRECHES BRASILEIRAS | PDF (slideshare.net)

ttps://www.unifafibe.com.br/revista online/arquivos/revista fafibe online/sumário/9/18052011155146


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