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PROJUDI - Processo: 0045929-37.2016.8.16.0014 - Ref. mov. 809.

1 - Assinado digitalmente por Elisabeth Khater:6636


26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA - FORO CENTRAL DE
LONDRINA
VARA SUMARIANTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DE LONDRINA (1ª VARA
CRIMINAL) - PROJUDI

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Av. Duque de Caxias, 689 - Prédio Principal - Centro - Londrina/PR - CEP:
86.015-902 - Fone: (43)3572-3201 - E-mail: lon-11vj-s@tjpr.jus.br

Autos nº. 0045929-37.2016.8.16.0014

Processo: 0045929-37.2016.8.16.0014
Classe Processual: Ação Penal de Competência do Júri
Assunto Principal: Homicídio Qualificado
Data da Infração: 12/03/2016
Autor(s): Ministério Público do Estado do Paraná
Vítima(s): PEDRO MELO DOMINGOS (ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO DO(A) Ministério
Público do Estado do Paraná)
Réu(s): FABIO ANTONIO LUCENA
JEFFERSON JOSE DE OLIVEIRA
JOÃO PAULO ROESNER
JULIO CESAR DA SILVA
THIAGO MORALES

Vistos e examinados estes autos de Ação Penal Pública


sob nº 0045929-37.2016.8.16.0014, em que é autor o
MINISTÉRIO PÚBLICO e réus JEFFERSON JOSÉ DE
OLIVEIRA, JOÃO PAULO ROESNER, JÚLIO CÉSAR DA
SILVA e THIAGO MORALES.

JEFFERSON JOSÉ DE OLIVEIRA, JOÃO PAULO ROESNER, JÚLIO CÉSAR DA SILVA


e THIAGO MORALES, qualificados nos autos, estão sendo processados como incursos nas
sanções penais do artigo 121, parágrafo segundo, inciso IV, combinado com o artigo 29 e do
artigo 347, “caput”, combinado com o artigo 29, todos do Código Penal, observadas as
disposições da Lei de Crimes Hediondos, e FÁBIO ANTÔNIO LUCENA, qualificado nos autos,
está sendo processado como incurso nas sanções penais do artigo 347, “caput”, combinado com
o artigo 29, ambos do Código Penal e do artigo 16, “caput”, da Lei 10.826/03, pela prática dos
seguintes fatos delituosos descritos na denúncia "in verbis":

“FATO 01 - No dia 12 de março de 2016, por volta das 13h, em via pública, na Rua
Joubet de Carvalho, próximo à Estrada Velha da Warta, nas imediações do “Condomínio Portal
do Sol”, na Zonal Rural deste município de Londrina/PR, JOÃO PAULO ROESNER, THIAGO
MORALES, JEFFERSON JOSÉ DE OLIVEIRA, JÚLIO CÉSAR DA SILVA, com intenção de matar,
efetuaram disparos de arma de fogo contra Pedro de Melo Domingos. A vítima foi atingida na
cabeça e no tórax, sofrendo ferimentos causaram sua morte em decorrência de “lesões
encefálicas, hemorragia interna aguda, lesão de vasos e órgãos torácicos, feridas pérfuro
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contusas penetrante no crânio e tórax”. O delito foi praticado mediante recurso que dificultou a
defesa do ofendido, uma vez que os quatro denunciados acima mencionados, utilizando armas
de fogo, enquanto a vítima estava sozinha e desarmada. FATO 02 - No local descrito no item
anterior, pouco depois de consumado o homicídio (FATO 01), DANILO ALEXANDRE MORI
AZOLINI, FÁBIO ANTONIO LUCENA, JEFFERSON JOSÉ DE OLIVEIRA, JOÃO PAULO ROESNER,

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JÚLIO CÉSAR DA SILVA e THIAGO MORALES, livres e conscientes da ilicitude de suas condutas,
ajustados entre si, inovaram artificiosamente o local do crime narrado no item anterior (FATO
1). Para tanto, DANILO ALEXANDRE MORI AZOLINI e FÁBIO ANTONIO LUCENA levaram uma
arma de fogo de uso permitido, tipo pistola, marca Taurus, modelo PT 58 HCPLUS, calibre 380,
número de série KAS-44757, ao local dos fatos, agindo por determinação dos demais
denunciados, JEFFERSON JOSÉ DE OLIVEIRA, JOÃO PAULO ROESNER, JÚLIO CÉSAR DA SILVA e
THIAGO MORALES, os quais deixaram a arma no local, simulando que pertencesse e estivesse
sendo utilizada pela vítima fatal Pedro de Melo Domingos. Desse modo, pretenderam configurar
de modo fraudulento a incidência de circunstância excludente de ilicitude (legítima defesa),
produzindo prova falsa a ser utilizada em processo criminal. FATO 03 - No dia 13 de maio de
2016, o denunciado FÁBIO ANTONIO LUCENA, ciente da ilicitude e reprovabilidade de sua
conduta, possuía, sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar, as
armas de fogo e munições, de uso restrito e de uso permitido, descritas no auto de exibição e
apreensão de seq. 4.21, quais sejam: 158 (cento e cinquenta e oito) estojos aparentemente de
calibre nominal .40; 03 (três) munições intactas aguila aparentemente de calibre nominal .38;
01 (um) estojo marca aguila aparentemente de calibre nominal 380; 01 (uma) munição intacta
aparentemente de calibre nominal .32; 03 (três) estojos (sendo dois da marca aguila e um da
marca CBC) aparentemente de calibre nominal .38; 32 (trinta e duas) munições aparentemente
de calibre nominal .32; 12 (doze) munições intactas aparentemente de calibre nominal .32; 01
(uma) pistola contendo 03 (três) carregadores, marca Bereta, 9mm, série aparente D60746Y;
01 (uma) espingarda cabo de madeira com ferrugem, calibre .28, sem marca aparente, número
de série ilegível; 01 (uma) espingarda calibre nominal .44, sem marca aparente, numeração
ilegível; 01 (uma) espingarda cabo de madeira marca Rossi, calibre nominal 4.5., sem
numeração; 01 (um) revólver marca Taurus, calibre .38, número de série 35414 ; 01 (um)
revólver marca Taurus, prata, cabo danificado, número de série 488386.”

Instaurou-se o Inquérito Policial mediante Portaria de seq. 4.1.

O Ministério Público ofereceu denúncia (seq. 7.1), pugnou por diligências, pela
decretação da prisão preventiva dos réus, pelo arquivamento do feito com relação ao
investigado Danilo Alexandre Mori Azolini no tocante ao crime de homicídio qualificado, propôs a
suspensão condicional do processo com relação ao delito de fraude processual cometido por
este, e arrolou (07) sete testemunhas, na seq. 7.4.

Recebida a denúncia, foi deferida a cota ministerial e decretada a prisão preventiva dos
acusados na seq. 12.1.

O réu Fábio Antônio Lucena constituiu defensor juntando instrumento procuratório na


seq. 18.2.

A Douta Defesa do acusado Fábio Antônio Lucena ofereceu resposta à acusação


discordando dos termos da exordial acusatória e arrolou (08) oito testemunhas na seq. 52.1.

Os réus João Paulo, Jefferson, Júlio César e Thiago foram devidamente citados na seq.
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56.1.

Os acusados João Paulo, Jefferson, Júlio César e Thiago constituíram defensor juntando
instrumentos procuratórios nas seqs. 64.2/5, oportunidade em que apresentaram resposta à
acusação discordando dos termos da exordial acusatória, pugnaram por diligências e arrolaram,

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ao todo, (62) sessenta e duas testemunhas, na seq. 64.1.

A prisão preventiva dos acusados João Paulo, Jefferson, Júlio César e Thiago foi revogada
por força de Habeas Corpus na seq. 67.1, tendo sido aplicadas em substituição medidas
cautelares diversas da prisão.

O réu Danilo Alexandre Mori Azolini foi devidamente citado na seq. 90.1.

A Ilustre Defesa do acusado Danilo ofertou resposta à acusação discordando dos termos
da exordial acusatória, pugnou por diligências, pela rejeição da denúncia por falta de justa
causa e, subsidiariamente, pela nulidade de provas obtidas por meio ilegal, arrolando, na
oportunidade, (08) oito testemunhas, na seq. 92.1.

A Douta Defesa do acusado Danilo opôs Embargos de Declaração em face da decisão de


seq. 108.1, na seq. 129.1.

Ante a interposição de Embargos de Declaração pela Douta Defesa do réu Danilo, foi
determinado o desmembramento do feito com relação aos demais réus na seq. 199.1.

A genitora da cônjuge, menor incapaz, da vítima, foi habilitada como assistente de


acusação nos autos, na seq. 219.1.

Durante a instrução criminal foram inquiridas (48) quarenta e oito testemunhas arroladas
pelas partes nas seqs. 230.2/7, 297.10/47, 311.7, 330.2, 378.3 e 378.4.

Os réus foram devidamente interrogados por meio digital de som e imagem nas seqs.
378.5/9.

As partes apresentaram as alegações derradeiras, em forma de memoriais.

O Ministério Público, após analisar as provas dos autos, requereu pela pronúncia dos
réus, nos moldes da exordial acusatória, na seq. 400.1.

O Ilustre Defensor do réu Fábio Antônio Lucena pugnou pela absolvição sumária, na seq.
418.1.

A assistente de acusação ratificou o pleito do Ministério Público, pugnando pela pronúncia


dos réus nos moldes da exordial acusatória, na seq. 460.1.

Tendo em vista o surgimento de novas testemunhas nos autos, foi determinada a


inquirição destas, na seq. 502.1.

Foram inquiridas (02) duas testemunhas arroladas pela acusação nas seqs. 526.2/3.

Foi determinada a reunificação do feito que tramitava exclusivamente em relação ao réu


Danilo com o presente processo, na seq. 170.1 dos autos sob nº 0067301-42.2016.8.16.0014.
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A Ilustre Defesa do acusado Danilo interpôs Embargos de Declaração na seq. 704.1
alegando omissão em relação seu petitório de seq. 677.1, os quais foram rejeitados na seq.
706.1.

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A Douta Defesa do réu Danilo interpôs novos Embargos de Declaração na seq. 718.1, os
quais foram rejeitados na seq. 720.1.

Foi concedido aos réus Jefferson, João Paulo e Thiago o direito de retornarem às
atividades administrativas da corporação de que fazem parte, na seq. 727.1.

O Douto Defensor do acusado Danilo interpôs Embargos de Declaração na seq. 730.1,


tendo estes sido acolhidos na seq. 736.1, ocasião em que também foi determinado novo
desmembramento do feito com relação ao referido réu.

Em sede de alegações finais, as Doutas Defesas dos réus Jefferson, Júlio César, Thiago e
João Paulo requereram pela impronúncia, na seq. 802.1.

Tornaram-me os autos conclusos para sentença.

É a síntese do essencial.

Decido.

Versam os autos sobre os delitos de homicídio qualificado, fraude processual e posse


ilegal de arma de fogo, previstos no artigo 121, parágrafo segundo, incisos IV, e artigo 347,
“caput”, combinados com o artigo 29, todos do Código Penal, observadas as disposições da Lei
de Crimes Hediondos, e artigo 16, da Lei nº 10.826/03, consoante relato inserto na exordial
acusatória e atribuído aos réus.

A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida é do Tribunal do Júri,
conforme o artigo 5o, inciso XXXVIII, da Constituição Federal.

A decisão de pronúncia, portanto, é a regra.

Como exceção, no entanto, a decisão proferida pelo Juízo Singular poderá ser de
impronúncia, desclassificação ou de absolvição sumária.

E isto ocorrerá quando não houver prova alguma da existência de crime ou indícios da
autoria imputada (impronúncia - artigo 414 do Código do Processo Penal com alteração dada
pela Lei nº. 11.689/2008), quando houver prova cabal de que não foi cometido um crime
doloso contra vida (desclassificação - artigo 419 do Código de Processo Penal com alteração
dada pela Lei nº. 11.689/2008), ou ainda, quando houver prova segura de ter o réu agido sob
uma excludente de ilicitude ou de culpabilidade (absolvição sumária - artigo 415, do Código do
Processo Penal com alteração dada pela Lei nº. 11.689/2008).

Mas tais situações devem estar claramente configuradas, isto porque, em havendo
dúvidas, a pronúncia se impõe.

Conforme preleciona Tourinho Filho “in Código de Processo Penal Comentado”, “para
que o Juiz possa subtrair do Tribunal Popular o seu julgamento, é preciso que as provas sejam
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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estremes de quaisquer dúvidas”. (2a. ed., volume II, pág. 32).

A materialidade delitiva se encontra provada pelos Boletins de Ocorrência de seq.


4.3/4.8, 4.27/4.28, Laudo de Exame de Arma de Fogo e de Munição e Confronto Balístico
Aditado de seq. 4.37/4.39, Certidão de Óbito de seq. 7.3, Laudo de Exame de Local de Crime

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de seq. 57.1/57.3, Laudo de Exame de Munição de seq. 57.4/57/6, pelo Laudo de Necropsia de
seq. 66.1/66.4 e 91.1, e pelos depoimentos das testemunhas que atestam sua existência.

Inegável, pois, é a existência das lesões causadas na vítima, conforme se pode observar
do Laudo de Necropsia, através do qual ficou atestado que: “(...) o corpo de PEDRO DE MELO
DOMINGOS deu entrada neste Instituto às dezesseis horas do dia doze de março de dois mil e
dezesseis. Das informações colhidas consta atingido por disparos de arma de fogo durante
confronto com a Polícia Militar por volta das 13:30 horas do dia 12/03/2016, na Estrada Velha
da Warta, no fundo de vale do Paris, em Londrina, com óbito no local. (...)”

Tais fatos somados aos depoimentos das testemunhas colhidos sob o crivo do
contraditório deixam induvidosa a materialidade delitiva, amparada em provas suficientes e
harmônicas.

“Materialidade do fato: é a prova da existência do fato, que serve de base à tipificação,


necessitando ser certa e precisa.”[1]

Diante da comprovação da materialidade delitiva mister se faz a análise quanto aos


indícios de autoria.

O réu Fábio Lucena, em seu interrogatório, disse que: “(...) M- Fábio, segundo consta
aqui, você teria (...) o senhor e o Azolini, o Danilo Alexandre Azolini, levado uma arma de fogo
de uso permitido, tipo Pistola, para que os demais corréus praticassem o delito. Eu gostaria que
o senhor me dissesse o que efetivamente aconteceu. O senhor participou desses fatos? R- Não,
senhora. M- Na sua casa foram encontradas armas, munições? R- Sim, na minha casa foram
encontradas armas e munição. M- E por que o senhor tinha essas armas, essas munições? R-
Primeiramente, duas das armas que foram apreendidas são armas legalizadas com registro, e
duas armas foi que eu comprei, minhas, que não eram legalizadas. Primeiramente, eu moro em
uma casa ao lado da casa do meu pai, e alguns anos atrás houve uma tentativa de assalto
contra ele, quase o mataram, e eu tive a... M- O senhor precisa de quatro armas para defender
seu pai? R- Não, mas... olha, primeiramente, uma das armas não estava nem em condições de
funcionamento. E a outra arma ficava na casa dele. M- Essas duas outras armas que o senhor
comprou, o senhor não tinha...? R- Não tinha registro. M- O senhor não participou dos fatos,
levando com o Azolini os revólveres para serem utilizados? R- Não, senhora. M- O senhor
conhecia os demais corréus? R- Conhecia. M- Todos eles? R- O Júlio César, o Jefferson, o João
Paulo e o Thiago. M- Então o senhor conhecia todos? R- Conheço. M- E o Danilo Alexandre Mori
Azolini? R- Já conversei poucas vezes. M- O senhor mantinha um laço, saía junto com eles,
como era? R- Com o Júlio César, nós nos conhecemos há muito tempo, saíamos, tomávamos
cerveja, almoçávamos, era uma relação de muita amizade. M- E o Pedro de Melo Domingos, o
senhor conhecia? R- Nunca ouvi falar. M- Eles chegaram a relatar para o senhor porque teriam
efetuado disparos contra o Pedro? R- Não, eu fiquei sabendo através de mídia. M- Qual mídia?
R- Televisão, passaram várias. M- Qual programa? R- Olha, passou no programa do Camargo,
do Barbosa. Eu trabalho com mídia, então tenho que ficar atento à mídia, diariamente estou
dentro dos estúdios. M- Foram encontrados na sua casa três estojos, sendo dois de marca Adila
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e um da marca CBC, é isso? R- Foram encontrados, tiveram munições que estavam em casa.
M- Então o senhor confessa que foram encontradas as armas? R- Sim, estava na minha casa.
Foram apreendidas lá. M- E eram de propriedade do senhor, o senhor falou? R- Sim. Minha. M-
Uma pistola contendo três carregadores. Tudo o que está descrito na denúncia era do senhor?
R- Uma pistola, um revólver calibre 38, um revólver calibre 32, uma espingarda Puma 44, uma

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cartucheira e uma “espingardinha” de pressão. O revólver 32 com registro, a espingarda Puma
com registro. M- Quanto o senhor pagou por todas essas armas? R- Na época, faz bastante
tempo, em torno de dois mil e quinhentos reais, três mil reais. M- Cada uma? R- É. M- O senhor
comprou de quem? R- Ah senhora, a gente sabe que na rua a gente encontra arma, então não
é tão difícil você poder... M- Então você comprou porque a casa do seu pai... R- Foi vítima de
ladrões, daí eu fiquei na insegurança. M- Foi feito o registro desse? R- Foi feito B.O., tudo
certinho. Assim, quase meu pai foi vítima, levou uma coronhada na orelha. M- (...) para que
tanta arma para uma só pessoa? R- Mas é, primeiramente, tanta arma não, são duas armas,
somente duas armas. M- Com duas que o seu pai tinha. R- Nós moramos em casas separadas.
Se acontecer alguma coisa eu tenho que correr para a casa dele para buscar outra arma? M- O
senhor então nega todos os demais fatos, a participação nos demais fatos? R- Sim. M- O senhor
é casado, solteiro ou amasiado? R- Sou amasiado. M- Há quanto tempo? R- Faz de sete a oito
anos. M- Com a mesma pessoa? Qual o nome dela? R- Com a mesma pessoa. Flávia. M- E com
a Flávia o senhor teve algum filho? R- Tenho um filho de 7 anos. M- O senhor estudou até que
ano? R- Eu estava terminando o Ensino Superior, faltava um mês quando aconteceu o fato. M-
Qual faculdade o senhor fazia? R- Faculdade Unopar. M- Mas qual curso? R- Administração. M-
Então faltava um mês para o senhor se reformar? R- Faltava um mês. M- O senhor não voltou
agora? R- Sim, voltou. M- O senhor trabalha com o que mesmo? R- Eu trabalho com
publicidade. M- O senhor tem uma empresa? R- Isso, meu pai tem uma empresa, ele trabalhou
30 anos no grupo Paulo Pimentel, depois Rede Massa e em torno de 9 anos mais ou menos ele
abriu essa empresa e tal, e eu fui trabalhar com ele. M- Quanto o senhor tira por mês mais ou
menos? R- Ah senhora, em torno de 3 mil reais. M- O senhor é registrado? R- Autônomo. M- O
senhor já cometeu algum crime na vida? R- Nenhum. M- E quando menor? R- Nenhum. M- É
viciado em drogas? R- Nada. M- Mas é viciado em armas? R- Não, não viciado, é um hobby, a
gente gosta. MP- Se na data dos fatos, na data que ocorreu a morte do Pedro Domingos, ele
recebeu ligação de algum dos réus? R- Sim, senhor. MP- O que foi tratado nessa ligação? R-
Primeiramente um churrasco. Ele me ligou, o Soldado Jefferson, para conversarmos a respeito
de um churrasco, que no sábado anterior nós tínhamos feito um churrasco e tinha sobrado
carne, aí “vamos fazer alguma coisa hoje?” “vamos”, então ele me ligou, falei “precisa comprar
isso, isso” e ele encerrou a ligação, ponto. MP- Foi tratado a respeito de convites? Convite para
quê? R- Isso. Depois de, não sei exatamente, quarenta minutos, não sei, eu recebi novamente
uma ligação. Eu estava em casa com minha esposa, estava lavando a calçada e recebi uma
ligação e o Jefferson falou “Fábio, preciso que você me traga os dois convites que o Soldado
Júlio deixou com você”. MP- Convite para quê? R- No momento eu não me lembrava, porque eu
tinha ido na semana dos fatos na casa do Soldado Júlio César e ele me chamou para ir na casa
de um amigo, onde ele ia buscar os convites. Fui com ele com meu carro até a casa dessa
pessoa, ele desceu, conversou e tal e voltamos para a casa dele. E aí o Jefferson me ligou a
respeito dos convites e eu me recordei que eu tinha saído com o Soldado Júlio César e fui até
meu carro e me deparei com o envelope no console lateral do carro. MP- E para quê? O senhor
abriu os convites? R- Não abri, estava em um envelope. MP- E tinha sido deixado lá por quê? R-
Pelo Soldado, ele esqueceu no meu carro. MP- E era convite do que, ele chegou a comentar
com o senhor? R- Não lembrava. MP- Que horas foi essa ligação? R- Exatamente eu não
lembro. MP- É interessante, porque por volta das 13 horas é o horário em que a vítima morreu,
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então... (...) Eles ligaram para o senhor na mesma hora em que aconteceu essa morte aqui da
vítima pedindo convite? R- Doutor, primeiramente, eu não sei o que eles estavam fazendo. MP-
O senhor sabia que essa arma que foi encontrada com o carroceiro foi usada naquele dia da
“Chacina do Terror” ou em datas anteriores? R- Não tenho nenhuma informação. ADV- Fábio,
sobre a Pistola 9mm, é restrito ou não o uso? Como funciona essa história dos 9mm? R-

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Doutor, primeiramente, a pistola é importada, então somente no Brasil existe o calibre 380, nos
países de fora são chamadas de pistola 9mm curta. Então, quando ela vem para o Brasil, a
munição que é usada nessa pistola é uma munição 380, então não é nenhuma arma restrita.
ADV- Então essa arma que foi apreendida com você não é restrita? R- De forma alguma. ADV-
Não é 9mm? R- Não é 9mm, 380. ADV- O senhor faz referência quando indagado pelo promotor
de uma primeira ligação que trata de um churrasco. Essa ligação, não sei se o senhor já teve
acesso aos autos, ela se encontra nos autos? R- Não se encontra nos autos. (...)”.

O réu Jefferson José de Oliveira asseverou: “(...) M- Sobre o fato da morte de Pedro
de Melo Domingues o que o senhor poderia me contar? R- No dia dos fatos, a nossa equipe é da
ROTAN, equipe especializada, assumimos o serviço por volta de 11 horas da manhã lá na 4ª
Companhia independente. M- Quem assumiu juntamente com o senhor? R- Eu sendo o
comandante, o soldado Morales era o motorista da minha equipe, o soldado Roesner era o
terceiro homem, sendo que este trabalha com uma arma longa, e o soldado Júlio Cesar era
componente da equipe. Assumimos o serviço, colocamos todos os armamentos que nossa
viatura utiliza, pois era especializada e tinha que dar apoio para outras viaturas em ocorrência
de grande (...). Armamos ela com as armas. M- Com quais armas vocês saíram para trabalhar?
R- Na viatura, além das 4 pistolas da corporação, nós trabalhamos com: um fuzil 5.56, uma
carabina Taurus .40, granada, escudo balístico, entre outros apetrechos. M- Tudo isso durante o
dia? R- Durante o turno de serviço. Nós abastecemos tudo a viatura e saímos em
patrulhamento. Por volta de meio-dia nós deslocamos até à Warta para fazermos uma refeição.
M- Vocês comem na Warta? R- Sim, senhora, porque também é área da 4ª Cia e nós fazemos
patrulhamento lá também. Por volta de meio-dia e meia a Central de Operações por meio do
Sargento Braga, para ser mais preciso, ele estava no rádio e chamou a nossa viatura
informando que na estrada velha da Warta em um condomínio de chácaras, ele não soube
precisar se estava havendo um furto qualificado ou um assalto em andamento, onde três
elementos em uma carroça adentraram ao condomínio de chácaras e saíram com ela
abarrotado de mercadoria (utensílios domésticos da residência). Diante dos fatos, saímos em
patrulhamento e adentramos em 3 ou 4 condomínios de chácaras e perguntamos para alguns
moradores, mas ninguém soube falar nada. Nós continuamos em patrulhamento. Quase no final
dessa estrada – essa estrada corta da Warta até o final dos 5 conjuntos – no fundo do Jardim
Paris, avistamos uma carroça com as mesmas características passada pela Central. Quando os
elementos avistaram nós, eles desembarcaram da carroça efetuando disparos contra a nossa
guarnição. M- Eles que efetuaram os disparos? R- Sim, eles viram a viatura. M- Três
elementos? R- Três elementos efetuaram o disparo, mas nós não vimos quem efetuou os
disparos. M- Mas por que eles disparam contra vocês? R- Não tem como saber. Diante de tal
situação nós desembarcamos da viatura e revidamos esses disparos e eles se embrenharam em
uma mata ciliar ali no fundo de vale. Nessa mata, dois elementos correram para um lado e o
outro correu para o outro lado. Eu e soldado Morales acompanhamos o elemento que correu
sozinho. Como ele sumiu mata adentro, nós não tivemos mais contato visual com ele, nós
retornamos para viatura. Como a viatura ficou desguarnecida e tinha armamentos dentro da
viatura, tinha fuzil e outros armamentos, portanto, nós ficamos ali. Os soldados Roesner e Júlio
César foram atrás dos outros dois elementos. Logo em seguida nós ouvimos mais disparos de
arma. Eu falei para o soldado Morales permanecer na viatura para cuidar dela e eu desci
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acompanhando a mata até o fundo de vale, aproximadamente uns 200 metros de onde estava a
viatura. Chegando lá, o soldado Júlio Cesar e o Roesner estavam no local. Perguntei se eles
tinham sido atingidos por disparos de arma, mas falaram que estavam bem. Quando olhei a
frente, avistei um elemento caído ao solo. Um elemento moreno e de cabelo rastafári. Fui até
ele e vi que tinha uma arma ao lado dele e já presenciei que esse elemento já não tinha vida.

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Vendo que o indivíduo estava sem vida, tentei ligar no 193 e acionar o SIATE lá de baixo, pois é
o protocolo, porém não consegui. Logo em seguida, eu estava demorando lá embaixo, o
soldado Morales estava descendo morro abaixo e eu falei: Olha, volta para viatura, pega o Mike
e aciona o 193, e também pede apoio porque tem dois elementos no meio da mata se
evadindo. Assim, ele subiu para viatura e eu continuei ali. Como o Júlio César e o Roesner
tinham congelado o local, eu subi para viatura. Nisso o soldado Júlio César pediu para eu fazer
uma ligação, foi feita. M- O senhor ligou para quem? R- Liguei para o tenente Azolini,
comandante da ROTAN, e posteriormente liguei para o Fábio Lucena. M- O que o senhor falou
com o Fábio Lucena? R- Por orientação do nosso advogado eu não vou entrar no mérito da
questão. M- O que o senhor falou para ele? R- O conteúdo eu não vou (...). M- O senhor pediu
alguns convites para ele? R- Não está na integra as gravações que o delegado pôs, então eu
não vou comentar a respeito. M- Por que o senhor telefonou para o Fábio mesmo vivendo essa
problemática tão grande? R- Eu liguei para o Fábio e o Danilo. M- O Danilo pediu o quê? R- O
Danilo é comandante da ROTAN e tem uma diretriz, uma NGA (Normas Gerais das Ações), que
fala que qualquer confronto de grande vulto deve entrar em contato com o comandante da
ROTAN, e assim foi feito. Chegando em cima na viatura, eu perguntei para o soldado Morales se
ele teria acionado o 193 e pedido apoio. Ele falou: Olha, eu não entendi o que você falou por ter
grande espaço, eu não entendi. De imediato eu fui para o rádio, pedi apoio, pedi o SIATE com
prioridade e na sequência, depois do apoio, a viatura que estava chegando foi alvo de disparos
de arma de fogo. M- Quem disparou nela? R- Provavelmente os outros dois que fugiram. M-
Mas por que vocês não foram atrás do dois sabendo a direção em que os projéteis eram
provenientes? R- Porque a nossa equipe é indivisível. Duas pessoas estavam em cima na
viatura e o soldado Roesner e Júlio César estavam lá embaixo. Isso é uma diretriz, uma NGA,
da Polícia Militar. M- Por que o senhor não pediu mais gente? R- Foi pedido. Quando eles
chegaram já foram recebidos a bala. Aí eles fizeram o cerco e chegou mais viatura, adentraram
ao fundo de vale, mas não foi localizado mais ninguém. Posteriormente chegou o SIATE e
constatou que o indivíduo estava em óbito. Chamamos a criminalística, a Polícia Civil e foram
feitos os procedimentos. M- E a arma que foi encontrada do lado do corpo dele? De quem era?
R- A arma dele. M- O senhor tem certeza que a arma era dele? R- Absoluta. M- Como o senhor
tem essa certeza? R- Porque ele atirou em nós. M- O senhor sofreu alguma lesão? R- Graças a
Deus não. M- Alguém de vocês? R- Não. M- Nenhum? R- Não, senhora. M- O senhor falou que o
acontecimento em si foi muito grande. R- Foi uma ocorrência de vulto. M- Essa era uma
ocorrência de alto vulto? R- Com certeza. M- A carroça tinha alguma coisa em cima? R- A
carroça estava abarrotada de utensílios domésticos da residência. M- Quais? R- Tinha
bebedouro, tinha micro-ondas, tinha cadeira de área, botijão de gás, entre outros objetos que
estão relacionados no BO e foi restituído ao legítimo proprietário. M- O senhor atirou também?
R –No primeiro confronto sim. M- O primeiro confronto foi com os três? R- Os quatro. É, os três
da carroça e nós quatro de policias. M- E qual arma o senhor usou? R- Eu usei a minha pistola
.40. Taurus .40. M- Essa é do trabalho? R- Da Polícia Militar. M- Uma outra pessoa teria matado
ele e o senhor não sabe quem? R- Matado o Pedro? M- Sim. R- Teve o confronto lá embaixo
com o soldado Júlio César e o soldado Roesner entraram em confronto com eles e vieram a
ceifar a vida deles. M- Então foi o Júlio César e o Roesner? R- Está no papel que os dois
atiraram. No primeiro confronto eles saíram atirando e se embrenharam no mato e nós
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atiramos para sanar a injusta agressão. M- O senhor é casado, solteiro, amasiado? R- E sou
casado há 26 anos. M- Como é o nome da sua esposa? R- Márcia. M- Quantos filhos o senhor
tem? R- Eu tenho um e o meu filho é policial também. M- O senhor está na ativa ainda? R- Sim,
eu tenho 24 anos de polícia. M- O senhor estudou até que ano? R- Eu tenho o segundo grau
completo. M- Trabalha de policial militar, né? R- Sim, senhora. M- É concursado? R- Sim,

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senhora. M- Ganha quantos por mês? R- R$ 4.000,00 (quatro mil reais). M- Alguma vez
cometeu algum crime? R- Não, senhora. M- Nunca respondeu por crime? R- Não, senhora. M-
Nem quando menor? R- Não, senhora. M- É viciado em drogas? R- Não, nem bebo álcool. M-
Fuma? R- Não senhora. M- Qual arma que o senhor usou mesmo? R- Pistola Taurus .40 da
Polícia Militar. M- Na hora do confronto o senhor telefonou para duas pessoas? R- Eu liguei para
mais. M- O senhor citou duas. R- Duas. O aspirante Azolini e o Fábio Lucena. M- O Tenente
Azolini juntamente com o Fábio entregaram uma arma para o senhor? R- Não, senhora. O Fábio
não compareceu no local e o tenente Azolini, depois que o SIATE estava lá o tenente Azolini
chegou. O SIATE e a perícia criminalística. M- Ele chegou depois que já tinha achado o cadáver
e tudo? R- Sim, senhora. MP- Foi uma situação de stress elevado? R- Sem dúvida. MP- Durou
quanto tempo essa situação? Entre o primeiro contato visual do senhor com os elementos da
carroça e depois com a pessoa morta. É possível dizer se foi mais de 15 minutos, menos ou se
foi questão de segundos. R- Não dá para precisar. ADV- Há 24 anos na corporação? R- Sim,
senhor. ADV- Sem nunca ter respondido nenhum processo criminal? R- Excepcional conduta.
ADV- Nunca ter respondido processo administrativo? R- Não, senhor. ADV- Já recebeu tiros de
marginais? R- Já fui alvejado. ADV- Seu filho é policial militar? R- Sim, senhor. ADV- Na região
que os senhores estavam patrulhando o que o senhor pode nos dizer? É uma região conflituosa?
É uma região tranquila? R- Doutor, a região dos 5 conjuntos por si só é uma região bem
complicada pelos crimes. M- Mas vocês não estavam nos 5 conjuntos, né? R- Nós estávamos
nos 5 conjuntos. M- Mas o senhor não tinha ido para Warta almoçar? R- Pertence aos 5
conjuntos. Onde foi o confronto é no final do Jardim Paris, ali é 5 conjuntos. Foi para baixo do
terminal do Vivi Xavier. ADV- O senhor está falando que ali é uma região conflituosa? R- Bem
complicada. ADV- Aquele dia vocês estavam em uma escala ordinária, escala normal? R- Escala
normal de patrulhamento. ADV- Estavam todos fardados? R- Sim, senhor. ADV- Estavam todos
exercendo a atividade policial? R- Sim, senhor. ADV- Estavam todos preparados para atividade
policial? R- Para o que der e vier. ADV- Os senhores foram chamados especialmente para essa
missão ou copiaram a mensagem no rádio e atenderam a ocorrência? R- A Central determinou
que a nossa viatura fosse averiguar essa situação. Porque a pessoa que ligou lá não sabia se
era um furto qualificado ou um roubo em andamento. ADV- Há uma diferença bastante grande
entre um furto e um roubo? R- Sim, o furto é quando uma pessoa entre em uma casa e pega
alguma coisa sem ninguém perceber. ADV- No momento em que vocês foram atender a
ocorrência vocês não tinham ciência se teria ocorrido um furto ou um roubo? R- Não tinha
conhecimento. ADV- Quando vocês se depararam com o indivíduo em cima do veículo, o qual
estava cheio de pertences furtados ou roubados, o senhor afirmou que de pronto disparam
contra a viatura. A Ilustre Magistrada perguntou por que disparam e eu lhe indago: Será que
pelo fato de que os senhores eram policiais e iriam efetuar a prisão deles? Por que os senhores
poderiam cessar aquele crime? Ou eles pararam por outro motivo? R- Por estar fazendo algo
errado e ele notar a presença da viatura, e sabendo que nós iriamos impedir eles de cometerem
o crime. Se não tivesse ocorrido o disparo, nós iriamos aborda-los e levar para a delegacia.
ADV- Eles estavam em flagrante de delito? R- Estavam em flagrante de delito. ADV- Eles
enfrentaram a viatura? R- Eles enfrentaram a viatura. ADV- Eles enfrentaram a força pública?
R- Sim. ADV- Eles não respeitaram a polícia? R- De jeito nenhum. ADV- Só em razão disso os
senhores foram obrigados a disparar? R- Eles usaram arma de fogo e nós fomos obrigados a
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revidar a injusta agressão. ADV- O senhor saiu com desiderato de matar alguém na rua? R-
Jamais. O nosso serviço é preservar a ordem pública e a partir do momento que a pessoa não
reagiu o serviço da polícia é: chegar, abordar, qualificar e se tiver fazendo algo ilícito conduzir
até a delegacia e o delegado irá tomar as providências cabíveis. ADV- Naqueles primeiros
disparos que foram efetuados, o senhor se recorda de ter atingido algum dos indivíduos. R-

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Não. ADV- Dois desses indivíduos enfrentaram ainda outra viatura da polícia, correto? R- Isso. A
viatura chegando ao local foi recebida a tiros porque é um local de fundo de vale lá, dá acesso
ao fundo de vale, é cercado de mato nos dois lados. Onde a viatura chegou e foi recebida a
tiros, mas os policiais não viram de onde vieram os tiros. ADV- Mas os policiais noticiaram isso
para o COPOM? Informaram que efetivamente haviam sido alvejados por disparos? R-
Informaram e até pediram mais apoio porque eles estavam sendo alvos de disparos de arma de
fogo. ADV- O interrogado Fábio disse que recebeu uma ligação do senhor no dia para tratar a
questão de um churrasco ou algo do gênero. O senhor se recorda disso? R- Sim. ADV- O senhor
se recorda de ter encontrado isso nos autos? R- Não, os autos estão incompletos. M- Se era
uma ação vultuosa, como o senhor conseguiu fazer uma ligação no meio da operação? R- A
situação de falar do churrasco com o Fábio foi antes do confronto. M- Que horas mais ou
menos? R- Antes do confronto foi falado com o Fábio de uma ligação. M- Mas houve uma
segunda? R- E depois do confronto, depois que já estava o cidadão caído, eu presenciei e vi a
pupila dilatada, ele não tinha respiração. M- E depois o senhor ligou para o Fábio para falar do
convite? R- Eu liguei para o tenente Azolini como é praxe e depois o Júlio César pediu para eu
ligar para o Fábio. M- Quem é o Júlio César? R- O Júlio César é um outro parceiro meu. M- Para
qual finalidade? R- Isso ele vai explicar certinho para senhora o que aconteceu. (...)”

O réu João Paulo Roesner aduziu: “(...) M- Sobre os fatos narrados na denúncia o que
o senhor poderia me contar? R- Sobre o dia da ocorrência? M- É, o senhor participou? R-
Participei. M- Do que o senhor participou? R- Nós estávamos em uma equipe, assumimos
serviço umas duas horas antes do ocorrido, um pouco antes do almoço, a equipe composta pelo
Soldado Jefferson, Morales, eu de terceiro homem e Júlio César, fizemos um patrulhamento
inicial ali um pouco antes do almoço. M- Vocês estavam em quantos? R- Quatro. M- Quem
estava mesmo? Desculpa. R- Jefferson, Morales, Roesner, que sou eu, e Júlio César. Isso foi um
pouco antes do almoço, por volta das 11 horas mais ou menos que assumimos o serviço,
fizemos um patrulhamento inicial e nos deslocamos para o almoço, nas proximidades da Warta
ali tem um restaurante. E de lá foi passado para nós pelo Soldado Pimenta se não me engano,
que passou para nossa viatura um possível furto ou roubo em andamento em um condomínio
de chácaras ali na estrada velha da Warta. Mas é uma extensão muito grande e tem diversos
condomínios, então nós deixamos nosso almoço de lado e fomos, entramos na estrada velha da
Warta, entramos em um condomínio estava tudo tranquilo, entramos em outro, paramos alguns
moradores ali da região, ninguém tinha ciência de nada, já praticamente dando a ocorrência
como encerrada porque a extensão é grande e estava difícil de achar, em um tópico da estrada
nós avistamos essa... M- Quer dizer que vocês não chegaram a ir em um terceiro condomínio?
R- Nós não achamos onde foi o feito, nem a vítima, não achamos nada, então iríamos passar a
ocorrência como se não tivesse acontecido para a Central. E chegando próximo ao Paris, São
Jorge, nas proximidades ali do fundo, avistamos a uma distância de uns 40, 50 metros mais ou
menos da viatura, a carroça cheia de equipamentos de casa, dava para ver bastante coisa em
cima da carroça, bem cheio, e três elementos, já quando eles viram a viatura praticamente
saíram para dentro do mato correndo e atiraram na gente nessa distância. Já desembarcamos
taticamente, eu como terceiro homem tenho a obrigação de defender a equipe, desembarquei,
atirei, revidei contra a agressão deles, só que eles adentraram o mato, foram dois para um
lado, um para o outro, e a gente fez a progressão tática atrás deles. Soldado Jefferson com
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Morales desceram para um lado atrás de um elemento que desceu sozinho, depois desceram
dois elementos para um outro lado, margeando outro lado do mato, eles se separaram ali. Eu e
o Júlio César fomos com esses outros dois aí, fizemos toda a progressão do mato, ali tem uma
plantação que tinha acabado de ser colhida e tinha tipo uma reserva, que era uma mata
preservada, e os elementos adentraram aquela mata ali, muito densa, nós resolvemos não

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entrar e ficamos ali do lado de fora, passou-se uns minutos, alguma coisa assim, esse elemento
resolveu sair de dentro do mato com a arma em punho, foi dada a voz de abordagem para ele
para largar a arma “Larga a arma, larga a arma”, ele continuou correndo e “Vamos atirar”, ele
virou com a arma em punho e a gente desferiu os disparos contra ele, neutralizando a possível
a agressão dele. M- Desculpa, mas quem atirou? R- Eu atirei e o Júlio César atirou. M- Os dois?
R- Sim, senhora. M- Com qual arma o senhor estava? R- Eu estava com uma carabina, que é
uma espécie de metralhadora só que ela não dispara sozinha, é um a um o tiro dela, e eu
estava com ela, ela deu “pane”, eu tive que fazer a transição dela, nós tivemos um confronto
inicial lá em cima e depois tivemos um segundo confronto lá embaixo. M- Lá em cima ele
conseguiu fugir? R- Todos fugiram. Todo mundo fugiu, pela distância que a gente estava,
compromete tiro, compromete um monte de coisa. M- Qual a distância que vocês estavam mais
ou menos? R- Uns quarenta metros, eu falei cinquenta, mas acho que quarenta seria mais ideal
ali de onde eles estavam. M- E em cima da carroça tinha muita coisa? R- Microondas,
ventilador, colchão, panela, tudo que tem dentro de uma casa que a senhora possa imaginar
estava dentro da carroça, ela estava assim, da base da carroça até o topo dela dava em torno
de uns dois metros. M- Quando o Pedro veio a óbito, os senhores fizeram o que? R- A gente
neutralizou haja vista que havia mais dois, um que a princípio eu não sabia o que tinha dado de
sequência, que o Jefferson e o Morales tinham acompanhado, o outro que tinha fugido junto
com o Pedro estava dentro do mato ainda, então a gente ficou apreensivo no primeiro momento
porque haja vista os disparos, não sabíamos quem eram, podia acontecer algum disparo contra
a gente ali ainda, naquele momento, naquele local, então reservamos isso aí. O Jefferson já
tinha voltado do acompanhamento dele, ouviu os nossos disparos e resolveu olhar a gente,
como era comandante da equipe, para ver se estava tudo certo, como a ocorrência tinha
acontecido. M- Vocês chamaram o SIATE, pediram mais policiais, mais apoio? R- Sim, tanto que
uma viatura que foi dar apoio para nós foi vítima de disparos, não chegou a acertar na viatura,
mas consta até em áudio do rádio, tudo, os policiais pedindo apoio. M- O senhor já teve durante
esse tempo que trabalha na Polícia Militar, teve outras situações identificas? R- A senhora fala
confronto? M- É. R- Sim. M- E o senhor também teve que atirar? R- Sim, senhora. M- E acertou
as pessoas? R- Acertei. M- Então o senhor já matou? R- Sim, senhora. M- Quantas pessoas
mais ou menos? R- Aproximadamente uns cinco homicídios. M- O senhor respondeu os cinco?
R- Sim. M- Respondeu cinco homicídios? R- Sim. M- Aqui em Londrina? R- Sim, senhora. M- O
senhor é casado, solteiro, amasiado? R- Sou divorciado. M- Esqueci de perguntar, a arma que
foi encontrada ao lado da vítima, do Pedro, de quem era? R- Era dele. M- Não foi o policial
Danilo Azolini e o Fábio Antônio que foram levar essa arma lá a pedido de vocês? R- Não,
nunca, de forma alguma. Tanto é que eu só disparei contra ele mesmo por conta da presença
dessa arma com ele. Já fiz diversas prisões sem ter que atirar no indivíduo. M- Porque aqui
consta que por determinação do Jefferson, do senhor, do Júlio César da Silva e do Thiago
Morales. R- Determinação para que? M- Que o senhor pediu para eles a arma. R- De forma
alguma, doutora. M- Estou lendo a denúncia: “Levaram uma arma de fogo de uso permitido tipo
Pistola, marca tal, tal, tal, até o local dos fatos, agindo por determinação dos demais
denunciados, Jefferson José de Oliveira, João Paulo Roesner, Júlio César da Silva e Thiago
Morales”. R- Eu acredito até, doutora, que seria infundado porque o Azolini chegou lá já tinha
sido atendido pelos bombeiros, SAMU já tinha ido, já tinham diversos policiais ali, por eles não,
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Fábio nem chegou no local também. M- Quem? R- O Fábio nem foi ao local. M- O senhor então
é divorciado, tem filhos? R- Duas filhas, de doze e dez anos. M- Moram com o senhor? R-
Infelizmente não, doutora. M- Moram com a esposa? R- Moram com a ex-esposa. M- Quantos
anos elas têm? R- Doze e dez, coisa mais linda. M- O senhor paga pensão alimentícia? R- Sim
senhora, descontado em folha. M- O senhor ganha quanto, desculpa? Mais ou menos? R- Uns

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três mil e quinhentos. “Vixe”, se eu contar a verdade a senhora chora. Acho que uns três mil e
quinhentos reais. M- O senhor trabalha na Polícia Militar e é concursado? R- Sou concursado. M-
Quer dizer que o senhor já respondeu por cinco homicídios e quando menor o senhor praticou
algum delito? R- Graças a Deus não, sempre uma boa conduta. M- Outro tipo de delito o senhor
não respondeu, né? Só homicídio. R- Sim, eu tenho, teve uma audiência, parece que a senhora
pediu para suspender uma transação penal que eu tive que tinha sido denunciado por abuso de
autoridade, parece que vai dar sequência no processo. M- Então o senhor tem um abuso de
autoridade? R- É, vou ter que responder ainda, está marcado para mais para frente. M- E mais
nada? R- Não, senhora. M- É viciado em alguma droga? R- Fumo cigarro, gosto de uma
cervejinha também. MP- Então estavam no efetivo confronto, nesse confronto final em que
morreu o Pedro Domingos, estava o senhor e mais quem? R- Soldado Júlio César. MP- O Pedro
Domingos estava em que posição em relação aos senhores, estava de frente aos senhores, ao
lado? R- Era uma posição meio inclinada, não era de frente nem de lado, era tipo como eu
estou com o senhor aqui mais ou menos. MP- E o senhor em relação ao seu parceiro, estavam
um ao lado do outro ou estavam cercando? R- Não, nós estávamos próximos um do outro. MP-
E como foi no momento do disparo, o que motivou, qual foi a movimentação, a atitude do Pedro
Domingos que motivou os senhores a realizar o disparo, óbvio que o senhor menciona que foi
uma agressão dele, mas dá para descrever como ele reagiu, o que ele fez? R- A arma estava
em punho. MP- Apontada para os senhores? R- Foi pedido para largar, eu acredito que no
momento que ele se virou para nós com a arma em punho foi um movimento muito brusco, deu
a entender que iria atirar na gente. MP- Então quando os senhores deram voz de abordagem
ele estava virado de costas e virou para os senhores, é isso? R- Não, ele estava mais ou menos
em uma posição assim, sempre estava assim. MP- E em que posição estava a arma quando os
senhores chegaram até ele? R- Quando ele caiu? MP- Não, quando vocês chegaram nele. R-
Não chegamos nele, foi de longe, não foi muito perto o confronto. MP- Os disparos foram a que
distância então? R- Ah, doutor... MP- Esses que motivaram a morte dele. R- A gente até correu
atrás dele, eu acredito que a gente ficou a uma distância de cinco, sete metros para mais. MP-
Ele chegou a cair no mesmo lugar em que foi abatido ou ele ainda correu? R- O senhor fala na
hora em que ele foi alvejado? MP- É, exatamente. R- Eu não sei nem se ele não foi alvejado lá
em cima na primeira vez, pode ser que ele tenha sido alvejado lá também, mas não sei a hora
que ele recebeu o tiro, porque eu acabei dando acho que uns sete disparos, o Júlio mais uns
sete também, salvo engano. MP- Então o senhor não tinha contato visual perfeito com ele nessa
última troca de tiros quando ele morreu? R- A gente estava nessa distância de sete metros,
mais ou menos uns sete metros. MP- E havia algum obstáculo entre vocês, vegetação? R- Não,
era uma recente colheita ali, tinha acabado de colher ali, a terra estava virada. MP- Quando os
senhores visualizaram o Pedro nesse momento, ele estava de costas para vocês ou de frente
para vocês? R- Ele estava nessa posição que eu disse para o senhor, mais ou menos isso. MP-
Assim como nós estamos? R- Nunca foi de costas e nem de frente absolutamente. MP- Estava
com a arma em punho, com a arma na cintura? R- Desde o momento que eu vi ele estava com
a arma em punho. MP- Certo. Ele chegou a erguer e apontar na direção do senhor? R- Ele fez
esse movimento brusco que eu falei para o senhor. MP- O senhor pode mostrar no vídeo, é
possível o senhor dizer mais ou menos como ele fez? R- Ah, doutor, é uma atitude normal,
aquela reação de surpresa, né? MP- A questão do circuitou? R- Se fosse para falar assim, acho
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que seria a linguagem corriqueira, é. ADV- Você que estava utilizando a carabina? R- Sim,
senhor. ADV- No primeiro confronto você utilizou ela? R- Sim, senhor. ADV- Quantos disparos
você deu com ela? R- Não sei, senhor. ADV- E após, quando vocês adentraram a mata, você
também utilizou a carabina? R- Eu não sei se eu cheguei a dar algum disparo lá embaixo
porque houve a “pane” dela, eu tive que fazer a transição e utilizar a pistola, não me recordo se

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cheguei a dar mais um disparo lá, ela deu “pane”, ou se ela já estava em “pane” e eu não tinha
percebido, eu sei que usei nesse período, o primeiro é certeza lá em cima, lá embaixo não me
recordo se cheguei a dar um disparo com ela. ADV- E nessa ocorrência toda, após o Pedro Melo
vir a óbito, o senhor ficou todo esse momento ali na ocorrência? R- É, isso é obrigação de
praxe, quando acontece uma neutralização você tem que ficar cuidando da vítima. ADV- E
quanto tempo demorou para vocês finalizarem todo esse procedimento de relatar o óbito
juntamente com o IML, com a autoridade policial que foi até o local, que horas vocês saíram
dali do local? R- Umas duas, três horas depois, para mais. ADV- Em torno de umas 15 horas?
R- Ah, não vou falar para o senhor, mas foi um tempo bem longo. ADV- Eu queria confirmar,
por acaso o senhor entrou em contato com a pessoa que fez a ligação via COPOM, foi o senhor
que foi até o local falar com o René? R- Não, não, parece que foi outra viatura. ADV- Foi outra
viatura? R- Viatura de área, se não me engano. ADV- O senhor é Policial Militar há quantos
anos? R- Vai fazer oito anos, doutor. ADV- Nesses oito anos o senhor sempre foi um policial de
frente, de ação, operacional, ou um policial que trabalhou administrativamente, em alguma
repartição? R- Sempre na fronte de batalha. ADV- Nesses oito anos, o senhor respondeu à
Meritíssima Juíza que teve que responder injustas agressão e acabou por ceifar a vida de cinco
indivíduos. R- Infelizmente. ADV- O senhor chegou a responder algum processo criminal por
conta disso? R- Não, sempre na legalidade. ADV- Isso sempre foi na atuação policial e de
maneira adequada, inclusive o Ministério Público chancelando isso? R- Positivo, senhor. Sempre
foi. ADV- O senhor nunca respondeu a nenhum processo por homicídio? R- Não, senhor. ADV-
Só para esclarecer, porque talvez tenha havido esse... M- Para mim ele respondeu que sim.
ADV- É, porque na verdade acho que ele não compreendeu a indagação, Excelência, mas de
fato ele nunca respondeu por nenhum homicídio, em que pese administrativamente gerar todo
um procedimento, mas os procedimentos foram todos arquivados. ADV- Nesses oito anos de
atuação, foram diversos os confrontos com marginais que também não tiveram óbito, mas que
houve confronto? R- Umas quatro, cinco vezes ou mais. ADV- O senhor já chegou a ser
atingido, o senhor ou a viatura do senhor? R- Já, a viatura. ADV- Aquele dia o senhor saiu de
casa para matar alguém, o senhor teve esse desiderato? R- Nunca é assim, doutor. ADV-
Aquele dia o senhor estava roubando ou furtando alguma residência? R- Negativo, doutor. ADV-
O senhor estava em missão na viatura junto com a equipe, dos demais colegas? R- Sim. ADV-
O chamado, a ocorrência, foi voluntário ou efetivamente houve uma determinação para que os
senhores atendessem a ocorrência? R- Não, houve um despacho da Central para a nossa
viatura. ADV- Assim que os senhores chegaram e abordaram esses indivíduos, os senhores
também receberam disparos? R- Sim, senhor. ADV- O senhor tinha algum motivo para matar
esse sujeito, o conhecia, tinha algum problema com ele? R- Não, nunca ouvi falar, nem por
nome, imagem, por nada. ADV- O senhor tem algum problema em prender indivíduos que
cometem crimes e o senhor prefere mata-los ao invés de prendê-los? R- Não, até o testemunho
do Policial Civil que esteve anteriormente aí disse que nós muito mais prendíamos que acabava
em confronto. ADV- O senhor atua na região há um certo tempo? R- Faz cinco anos mais ou
menos ali na Zona Norte. ADV- É correto afirmar que é uma região um pouco complicada, com
uma criminalidade um pouco delicada? R- É, se for comparar com determinadas regiões da
cidade, ela é diferenciada mesmo. (...)”

O réu Júlio Cesar da Silva expôs: “(...) M- Policial Júlio, o que o senhor poderia me
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contar sobre os fatos narrados na denúncia? R- No dia do referido fato estávamos em serviço,
assumimos por volta de 11 horas, como já estava próximo do almoço nos deslocamos até a
Warta, um distrito próximo, estávamos almoçando quando o COPOM fez uma chamada para a
nossa viatura, o soldado Jefferson respondeu, e informaram que estava havendo um possível
roubo ou furto em andamento na estrada velha da Warta, em um condomínio. De imediato nos

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deslocamos até a referida denúncia, fizemos algum patrulhamento pelos condomínios, não
achamos nada, e continuamos no patrulhamento ordinário. Passados alguns minutos, nos
deparamos com os indivíduos próximos a uma carroça que, ao avistarem a viatura, efetuaram
disparos de arma de fogo contra nossa equipe, desembarcamos, revidamos, um dos elementos
adentrou uma mata, os outros dois elementos também, o primeiro elemento sendo
acompanhando pelo Soldado Jefferson e o Soldado Morales e os outros dois indivíduos por mim
e pelo Soldado Roesner. Percorremos cerca de uns duzentos metros no fundo de vale e,
chegando até esse final, quando nós íamos começar o adentramento até essa mata ciliar, um
dos indivíduos saiu de dentro do mato com a arma em punho, sendo dada voz de abordagem
para que ele largasse a arma, no entanto o indivíduo apontou a arma para a guarnição, a
guarnição efetuou disparo de arma de fogo, o mesmo caiu, fizemos a aproximação até ele,
constatamos que ele estava em óbito, ficamos atento porque ainda tinha dois indivíduos no
meio do mato, momento esse em que o Soldado Jefferson desceu, perguntou se a gente estava
ferido, se havia acontecido algo de mais grave com a gente, relatamos que não, ele foi até o
indivíduo, viu que ele já estava sem... M- Quer dizer que àquela altura só estava o senhor e o
Roesner? R- E o Soldado Roesner. M- João Paulo, né? R- Sim, senhora. M- Então só o senhor e
ele? R- Sim, senhora. M- Vocês dois atiraram? R- Sim, senhora. M- Aí quando vocês viram que
ele estava em óbito? R- Fizemos a aproximação até ele, constatamos que ele estava caído sem
movimento nenhum, passado algum tempo o Soldado Jefferson desceu correndo, perguntou se
a gente estava bem, se tínhamos sido feridos, que não, ele alertou “Olha, vou acionar o
protocolo agora, que é acionamento do SIATE, pedir reforço” e foi o que ele fez, se deslocou até
a viatura para pedir apoio. M- Quantos tiros o senhor teve que efetuar? R- Eu não me recordo
com precisão, porque foram duas situações, o primeiro confronto na hora da abordagem e o
demais... M- Quando vocês acharam os três? R- Isso, o primeiro confronto e posteriormente o
segundo confronto. Após feito o Boletim de Ocorrência, a contagem das munições, foi
constatado que eu tinha efetuado sete disparos. M- O senhor? R- Sim, senhora, nas duas
ocasiões. M- Qual revólver o senhor usava no dia? R- No dia eu usava uma pistola calibre .40.
M- É da Polícia Militar? R- Da Polícia Militar do Estado do Paraná. M- Essa arma foi periciada? R-
Sim, senhora. M- Está apreendida? R- Sim, senhora. M- O senhor e o Soldado João Paulo
estavam a qual distância da vítima? R- Eu não sei precisar exatamente qual a distância que nós
nos encontrávamos do meliante, mas eu acredito que de 10 a 15 metros, pouco mais ou pouco
menos que isso. M-Vocês acertaram onde nele? R- Eu não sei precisar, mas acredito que no
tórax. M- Não foi na cabeça não? R- Não sei precisar, senhora. (...) M- A arma que estava do
lado, o senhor viu, chegou a prestar atenção nisso, quando ele caiu tinha uma arma do lado
dele, ou o senhor não prestou atenção? R- Tinha uma arma do lado dele. M- Ele caiu de barriga
para cima ou barriga para baixo? R- Não me recordo, senhora. M- Mas o senhor viu a arma? R-
Sim, senhora. M- Aquela arma era de quem? R- A arma era do meliante. M- Não foi o Danilo
Azolini e o Fábio Antônio Lucena que foram levar essas armas? R- De forma nenhuma, senhora.
M- O senhor quando saiu de casa não tinha intenção de mata-lo, né? R- De forma nenhuma. Eu
estava trabalhando, fardado, defendendo a sociedade. M- Então quem começou a atirar
primeiro foram eles? R- Sim, senhora. Os indivíduos. M- Os outros dois vocês não acharam até
hoje? R- Não, senhora. M- E a carroça ficou onde? R- A carroça foi apreendida juntamente com
os objetos que haviam sido furtados da tal residência. M- E foi devolvida? R- Todos tomaram o
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devido encaminhamento, objetos na Delegacia, juntamente com a carroça, posteriormente
recolhidos pela vítima do furto. M- Foi um furto então? R- Sim, senhora. M- O senhor é casado,
solteiro, amasiado? R- Sou amasiado, senhora. M- Há quanto tempo? R- Há cinco anos. M- Qual
o nome da sua amásia? R- Márcia Cris. M- O senhor tem filhos com ela? R- Ainda não, senhora.
Pretendo ter. M- Tem outros filhos? R- Sim, senhora. M- Qual o nome da mãe deles? R- Fabiana

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Custódio Inocência. M- É uma só? R- Sim, senhora. M- Quantos filhos o senhor teve com a
Fabiana? R- Um filho. M- Ele mora com o senhor? R- Não, senhora. M- O senhor paga pensão?
R- Com certeza, senhora. M- Como é o nome do seu filho? R- João Miguel. M- O senhor estudou
até que ano? R- Até o Ensino Médio, concluí em 2007, cursei Direito até o segundo ano,
infelizmente não pude concluir. M- Que pena. R- Mas voltarei, se Deus quiser. M- Volta sim. O
senhor já respondeu processo-crime? R- Não, senhora. M- Nunca? R- Não, senhora. M- E
processo administrativo? R- Não, senhora. M- Também não? R- Não, senhora. M- Quando
menor por atos infracionais? R- Nenhum, senhora. M- O senhor é viciado em alguma droga? R-
Não, senhora. MP- No momento em que houve esses últimos disparos em que a vítima caiu,
que ela foi alvejada e caiu, ele estava de frente aos senhores ou estava virado de costas? R- De
frente para nós, senhor. MP- E os senhores estavam cercando ele ou o senhor estava ao lado do
seu parceiro? A sua posição em relação ao seu parceiro? R- Estávamos lado a lado, abrimos o
leque como diz a técnica, pedimos para que o indivíduo largasse a arma, não acatada a ordem
efetuamos os disparos para guardar nossa vida. MP- O senhor menciona que ele estava com a
arma em mãos, mas a posição das mãos dele, ele estava com a mão abaixada perto da cintura,
estava com a arma assim como eu estou fazendo, apontando, ou para cima, o senhor se
recorda? R- Senhor, não me recordo da posição das mãos dele, me recordo que foi pedido para
que ele largasse a arma e o mesmo não acatou a ordem policial. MP- Ele fez menção a disparar
em algum momento? R- Sim, senhor, apontou em nossa direção a arma de fogo. MP- Então ela
estava apontada em direção aos senhores nesse momento do tiro. R- Sim senhor, não me
recordo a mão dele, qual das duas mãos que estava. MP- Talvez o senhor não compreendeu a
pergunta, se ele estava com qualquer que seja as mãos em riste, com o cano da arma em
direção aos senhores? R- Sim, senhor, agora sim. MP- Ele estava nessa posição apontando? R-
Sim, senhor. MP- Ele estava nessa posição apontando? R- Sim, senhor. ADV- O senhor é Policial
Militar há quantos anos? R- Cinco anos em maio agora. ADV- O senhor disse que nesses cinco
anos nunca respondeu processo criminal, administrativo e quando menor também não. Eu te
indago, as perguntas do promotor bem adequadas, sobre a posição tanto do senhor e do seu
colega, quanto da vítima, até para que Sua Excelência Magistrada compreenda e o próprio
Ministério Público também, esses momentos são momentos em que há uma dinâmica de
movimentação constante ou os sujeitos ativos e passivos permanecem estáticos? R- São
totalmente dinâmicos. ADV- E isso em fração de segundos? R- Em fração de segundos, muito
rápido. ADV- Então não existe uma posição objetiva, absolutamente estanque em cada ator
desses fatos? R- Não senhor, cada situação é uma situação diferente, nós temos que agir...
ADV- E a cada segundo a dinâmica se altera? R- Muda, sim senhor. (...)”

O réu Thiago Morales argumentou: “(...) M- Sobre os fatos que envolveram o senhor
nessa denúncia, o que o senhor poderia me falar? R- Bom Doutora, na data do fato a gente
iniciou o serviço por volta das 11 horas da manhã, a nossa equipe composta pelo Soldado
Jefferson como Comandante, eu como motorista, o Soldado Roesner como terceiro homem e o
Júlio César como quarto homem. Armamos a viatura como de praxe, saímos em patrulhamento.
M- Esse armar a viatura como de praxe quer dizer que puseram revólver... R- Armamento,
balístico, isso tudo que a viatura constituiu para o emprego. Como estava próximo ao horário de
almoço, nós deslocamos para próximo ao Distrito da Warta para almoçar, e quando estávamos
almoçando, pelo COPOM foi chamada a viatura, o Sargento Braga na época solicitou falando
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que estava acontecendo um furto ou roubo em andamento, ele não sabia precisamente o que
era, na estrada da Warta. De imediato a gente terminou nosso almoço ali rápido e nos
deslocamos para o local, até porque era uma área conhecida como meio perigosa ali, perto do
São Jorge ali, e deslocamos, eu como motorista adentrei cerca de dois, três condomínios, que
eu não me lembro exatamente, não encontramos nada. No caminho, próximo ao fundo do

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Jardim Paris, nós nos deparamos com três elementos, de acordo com as características que o
Sargento nos tinha repassado, em uma carroça abarrotada de objetos com utensílios
domésticos. Na hora em que eu parei a viatura cerca de trinta metros deles, eles já pularam da
carroça atirando na gente, nisso a gente desembarcou e revidou a injusta agressão. Eles
correram para uma plantação e essa plantação tinha uma mata no meio, dois correram para um
lado e um correu pelo outro, o que correu pelo lado esquerdo, eu e o Soldado Jefferson
acompanhamos, mas cerca de vinte metros, até porque nós não poderíamos deixar a viatura
sozinha. M- Então o senhor e o policial Jefferson foram atrás dos dois? R- Não, senhora, atrás
de um, os outros dois foram acompanhados pelo Roesner e pelo Júlio César. M- Todo mundo foi
atrás desse um? R- Não, de um não. M- Do Pedro? R- Não, do Pedro não, foi o Soldado Roesner
e o Soldado Júlio César. M- E o senhor foi atrás de quem? R- Do outro elemento, eles estavam
em três. Era uma mata como eu disse para a senhora, eles estavam em três. Um correu pelo
lado esquerdo e os outros dois pelo lado direito. M- Então o senhor foi atrás desse lado direito?
R- Cerca de poucos metros, Doutora, até porque eu não podia deixar a viatura sozinha. M- Mas
foi atrás dos dois então? R- Atrás de um, de um só. Então corri atrás de um, mas cerca de
poucos metros, até para a gente não perder a viatura de vista, porque tem armamento, coisa e
tal, aí a gente voltou. Na hora em que a gente voltou eu puxei a carroça para perto da viatura,
até porque ela estava saindo para a estrada abarrotada de objeto e nisso a gente ouviu um
disparo de arma de fogo, e o Soldado Jefferson como comandante falou assim “Morales,
aguarda na viatura que eu vou descer lá verificar o que está acontecendo”. Nisso ele desceu
para verificar o que estava acontecendo, só que até então eu não sabia o que estava
acontecendo porque eu fiquei na viatura, fiquei na viatura, passou-se alguns minutos, eu andei
cerca de 5, 10 metros à frente e olhei na ribanceira lá embaixo, era uma ribanceira cerca de
200 metros para baixo, e nisso ele acenou para mim, gritou, falou alguma coisa, só que eu não
entendi o que ele falou, eu voltei para a viatura e fiquei cuidando da viatura, normal. Aí nisso
ele subiu e falou “Você acionou o SIATE?”, eu falei “Não, não entendi o que você falou, fiquei
cuidando da viatura”, aí ele acionou o SIATE como todo protocolo, o Sargento Braga solicitou,
desculpa, não era mais o Sargento Braga, o Soldado Pimenta que estava no rádio, ele solicitou
o apoio de outras viaturas e SIATE, tudo mais. Na hora em que a primeira viatura de apoio
chegou a gente ouviu uns disparos de arma de fogo, na hora em que ela saiu do Paris e entrou
na estrada de terra, e nisso eles comunicaram no rádio que eram os Soldados Caetano e
Machado, que estavam sendo atingidos só que não sabia de onde que era, porque estava no
meio do matagal. Aí passou-se alguns minutos, eles chegaram perto da viatura, perguntaram o
que tinha acontecido, nós explicamos que os elementos tinham se evadido e se eles foram
recebidos a tiros possivelmente os elementos tinham corrido para o meio do mato. Aí ele falou
“Então nós vamos fazer o patrulhamento aqui em volta”, aí nisso eles foram fazer o
patrulhamento e depois chegou o SIATE, chegou criminalística, chegou outras viaturas de apoio,
enfim. M- Quer dizer que ele atirou também? R- Eles atiraram. M- Algum tiro acertou algum
policial? R- Não, senhora. M- O senhor sabe me dizer a distância na hora em que o Pedro
morreu - Pedro é a vítima – Qual a distância de quem atirou, segundo confessou hoje foi o
Júlio!? R- Roesner? M- É. R- Sim. Eles participaram do confronto, doutora, eu não sei dizer. M-
O senhor não sabe? R- Eu não sei dizer, eu fiquei dentro da viatura. M- O senhor sabe me dizer
onde atingiu a vítima? R- Também não. M- O senhor disse que puxou a carroça porque ele
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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começou a andar. R- É, porque ela estava com o burro, estava com um animal semovente,
então começou a andar porque estava sem ninguém, eu só puxei para não atrapalhar o
trânsito. M- O senhor chegou a ver a vítima caída? R- Não. M- Nem isso o senhor chegou a ver?
R- Não vi porque estava muito longe, eu nem desci lá. Eu fiquei cuidando da viatura e dos
pertences do ilícito. M- Era um dia normal, estava chovendo? R- Muito sol. Era no horário do

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almoço, e estava muito quente naquele dia. M- E mesmo assim o senhor não conseguiu
enxergar nada? R- Eu não vi porque era muito longe. Até porque como era uma área de
isolamento, eu fiquei ali em cima porque, às vezes, passavam curiosos e perguntavam, e nós
tínhamos que isolar o local para ninguém descer e para ninguém ver. M- Quanto tem de
distância do local que ficou a viatura? R- Cerca de 220 a 230 metros, doutora. M- O senhor é
casado, solteiro? R- Sou amasiado. M- Há quanto tempo? R- Fazem cerca de 2 anos, doutora.
Eu também tenho uma filhinha. M- Tem filhos? R- Uma filha que vai fazer 2 anos agora. M- O
senhor estudou até que ano? R- Eu tenho curso superior, formado em administração. M- O
senhor tem curso superior? R- Sim, senhora. M- O senhor já respondeu algum processo crime?
R- Não. M- Ou processo administrativo ou disciplinar? R- Não, é que a gente está respondendo
processo disciplinar por essa situação, mas fora isso não. M- Só desse processo? R- Sim. M-
Quando menor respondeu algum ato infracional? R- Também não. M- O senhor é viciado em
alguma droga? R- Não, de maneira alguma. M- Ganha quantos por mês? R- O salário líquido dá
certa de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). M- O senhor é concursado? R- Sim, senhora.
MP- Quando os senhores visualizaram a carroça, o senhor mencionou eles já desceram
atirando? R- Sim, senhor. MP- Algum tiro foi feito com eles em cima da carroça? R- Não, eles
pularam atirando na gente. MP- O senhor pode visualizar se era mais de uma ou apenas uma
arma na situação? R- Não consegui visualizar, doutor, por causa do calor da emoção. Foi só o
tempo de se abrigar mesmo. MP- Mais algum detalhe em relação a esse momento que eles
desceram? O senhor percebeu que eles atiraram já quando tinham descido ou começaram a
atiram em cima da carroça? R- Não, na hora que eles visualizaram a gente, eles já desceram
atirando na gente e correram para o mato atirando tudo ao mesmo tempo. (...)”

Denota-se que os réus João Paulo Roesner e Julio César da Silva confessaram a autoria
delitiva, oportunidade em que alegaram agir amparados pela excludente de ilicitude da legítima
defesa. Os réus Jefferson José de Oliveira, Thiago Morales e Fábio Antônio Lucena, por sua vez,
negaram a autoria delitiva.

Vejamos:

A testemunha Almir Batista de Oliveira Filho relatou que: “(...) ADV- O senhor é
policial civil há quanto tempo? T- Há 7 anos. ADV- Sempre na região? T- Sempre em Londrina.
ADV- Conhece os policiais que estão aqui presentes? T- Sim. ADV- Em que circunstâncias o
senhor os conheceu? T- Como policial civil eu recebi por inúmeras vezes os trabalhos que eles
realizavam na zona norte da cidade, como: apreensão de armas, drogas e prendendo meliantes
envolvidos com crime. ADV- Ou seja, eles prendiam em flagrante aqueles sujeitos e levavam
até a delegacia que o senhor estava? T- Sim. ADV- O senhor é investigador de polícia? T- Sim.
ADV- Qual a forma de abordagem e de contato desses policias com os presos pelo que o senhor
assistiu e testemunhou? T- Eu passei três anos na furto e roubos aqui em Londrina; depois mais
algum tempo na delegacia do adolescente; e a equipe deles era uma das que mais prendiam e
apreendiam. Sempre dentro da legalidade e com uma atuação que chamava atenção da polícia
judiciária, visto que eles eram impressionantes. ADV- Quando eles estavam na rua eram
policiais operacionais ou policiais de repartição? De confronto direto com a criminalidade? O que
o senhor pode testemunhar? T- Como investigador da polícia eu afirmo, sem dúvida alguma,
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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afirmo que é muito operacional. Sem emitir juízo, já que não é minha função aqui, mas para
colaborar com o juízo eu posso afirmar que eles faziam um trabalho de muita importância para
zona norte da cidade. M- Quem? T- Essa equipe de policiais. Já que como investigador da
polícia civil nós tínhamos acesso direto aos inquéritos que eles realizavam o flagrante. Eles
eram de longe uma das equipes que mais prendiam. ADV- O senhor também pode transmitir ao

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juízo que essa era a visão que as autoridades policiais têm dessa equipe? Em algum momento
os delegados de polícia teceram algum comentário com o senhor? T- É evidente que sim. Era
uma das equipes que mais atuavam diretamente contra a criminalidade, recordistas de
apreensão de armas, de drogas. Eu me recordo de uma apreensão que o policial Jefferson
desenterrou uma quantia grande de drogas no São Jorge, nós até tiramos sarro que ele era o
recordista de apreensão. Toda semana tinha apreensões. Aliás, todo o plantão deles, a gente
até esperava. Falava, poxa, vocês de novo aqui? De longe uma das equipes que mais atuava
contra a criminalidade na zona norte. M- O senhor teve oportunidade de conversar com o
delegado sobre a conduta deles? T- Isso é o contato que nós temos no dia-a-dia. M- Com qual
delegado? T- Doutor Willian Douglas Soares é o delegado que eu trabalho diariamente. M- Qual
deles? T- Willian Douglas Soares. (...)”

A testemunha Ana Maria Pucci aduziu que: “(...) ADV- Dona Ana Maria, o senhor
conhece o Thiago Morales há quanto tempo? T- Aproximadamente 18 Anos. ADV- A senhora o
conheceu antes de ingressar na polícia militar? T- Sim, ele era adolescente. ADV- Depois que
ele ingressou a senhora chegou a ter contato com ele? T- Sim, só que mais com a mãe. ADV-
Depois que ele ingressou na polícia militar, pelo que a senhora tem de conhecimento e convívio
com a família, ele é uma pessoa truculenta e agressiva ou é um policial tranquilo, sereno? T-
Nunca soube nada. Sempre tranquilo, eu tenho muita amizade com a mãe, eu nunca soube de
nada. ADV- A senhora soube que ele ficou preso por um certo tempo? T- Sim. ADV- A senhora
acompanhou a aflição da família no momento em que esteve preso. T- Sim, como amiga sim.
ADV- E o que a mãe dele dizia para senhora? T- Muito nervoso, muita preocupação como é
normal de uma mãe, e a gente também como amiga da mãe também tinha muita preocupação
com os acontecimentos. E nesse tempo que a senhora conviveu, a senhora presenciou algum
momento que ele tenha se utilizado da função policial militar para ter algum tipo de vantagem
ou ainda para sobrepor sobre alguma condição ou de maneira arbitrária ou abusiva? T- Não,
nunca. (...)”

A testemunha Anderson Cleiton de Souza disse: “(...) ADV- Senhor Anderson, o


senhor disse que já passou em frente à casa dele, é isso? T- Eu já fui na casa dele. ADV- O
senhor é policial civil e investigador da polícia civil? T- Sim. ADV- Já teve uma atuação em
conjunto com o soldado Júlio ou não? T- Não, nunca tive. ADV- Sua relação é só pessoal e não
profissional? T- Isso, exatamente. ADV- O que o senhor pode dizer do perfil do soldado Júlio? É
uma pessoa truculenta e agressiva ou uma pessoa serena e pacífica? T- O Júlio eu conheço
antes de entrar na Polícia. Nós fizemos um cursinho juntos no centro; ele trabalhava no
comércio e eu também trabalhava no comércio e nós tínhamos esse sonho de ajudar a
sociedade como policial. Ele entrou e eu juntamente entrei na Polícia Militar, onde permaneci
por três anos e atualmente sou policial civil. ADV- O senhor conhece a família do Júlio? T- Eu
conheço amigos, a família em si é de São Paulo. ADV- Ele é alguém que reside a bastante
tempo em Londrina? Tem uma composição sólida aqui em Londrina? T- Sim. Ele morava no
centro, eu sempre falava com ele. Nós sempre treinamos juntos. Treinamos o TAF que é a
atividade física. O Júlio sempre foi uma pessoa calma no tempo em que convivemos. Nunca
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entramos em conflito ou discussão. ADV- O soldado Júlio é uma pessoa respeitada pela polícia
civil? T- Sim, ele é uma pessoa bem atuante, sempre gostou de trabalhar, sempre gostou do
que faz. (...)”

A testemunha Angelo Farias Martins asseverou: “(...) ADV- Soldado Ângelo, conhece

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todos os acusados aqui presentes? T- Sim, senhor. ADV- Já trabalhou com todos eles? T- Só
com o Soldado Jefferson. ADV- Em que situação o senhor trabalhou com ele, qual era a
circunstância? T- Nós fomos parceiros de viatura. ADV- Isso há quanto tempo
aproximadamente, Soldado? T- Tem mais de oito anos já. ADV- O que o senhor pode
testemunhar ao Juízo sobre a conduta do Soldado Jefferson na viatura, que era com quem o
senhor lidava no dia a dia da sua atuação profissional. T- É um policial sério, de
responsabilidade, nunca teve problemas de serviço, não há nada que desabone a profissão do
mesmo. ADV- Nesse tempo que o senhor trabalhou com ele, ele era um policial truculento, um
policial que chamava atenção ou sempre teve uma atuação absolutamente serena? T- Não,
sempre teve uma atuação certa e correta para o serviço. (...)”

A testemunha Antônio Carlos Campos Junior argumentou: “(...) ADV- O senhor


conhece os quatro policiais aqui presentes? T- Conheço os quatros e trabalhei com um
diretamente. ADV- Que seria? T- O Jefferson. ADV- Hoje sargento? T- Isso. ADV- O senhor se
recorda quanto tempo trabalhou com ele? T- Mais ou menos uns 20 anos. ADV- O senhor
acompanhou praticamente toda carreira do sargento Jefferson? T- Sim. ADV- Soldado Jefferson,
perdão, eu me equivoquei. Nesses 20 anos do soldado Jefferson o que o senhor pode dizer da
conduta dele? É um policial de frente? Um policial de ação, um policial burocrata, de gabinete,
de repartição? O que o senhor pode testemunhar ao juízo, por gentileza? T- Ele trabalhou
comigo no comando de rádio patrulha, durante uns 12 ou 13 anos, compondo equipe e também
trabalhou comigo em outras seções, mas todas elas na área operacional. Do que eu tenho
conhecimento da conduta dele e da época que eu o conheço, eu nunca tive problema
administrativo, disciplinar ou conduta irregular que tivesse sido praticada por ele. ADV- Major, o
senhor é oficial da PM há quanto tempo? T- Estou fechando 30 anos de serviço. ADV- Nesses 30
anos de serviço quantas vezes o senhor veio em juízo prestar depoimento sobre a conduta de
um policial militar? T- Essa é a primeira vez que eu estou vindo. ADV- Ou seja, o senhor
efetivamente coloca o seu nome à juíza para categoricamente afirmar sobre a conduta do
policial Jefferson? T- Sim. Da época que ele trabalhou comigo e da época que eu tenho
conhecimento dele, eu não tenho nada a dizer que desabone a conduta dele. ADV- O senhor já
comandou quantos praças nesses anos de polícia militar? T- Hoje eu tenho 1.300 policiais sob o
meu comando. ADV- O senhor sabe onde se deram os fatos? Na estrada da Warta? O senhor
conhece a região? T- A estrada da Warta eu conheço, mas os fatos do processo eu desconheço.
ADV- O senhor conhece a favela do São Jorge? T- Não conheço. ADV- E nesses anos de atuação
que o senhor teve o soldado Jefferson sempre teve uma relação positiva nos demais policiais
por conta da intimidade? T- Sim, pode-se dizer que sim. Se eu não me engano ele era até
motorista da viatura na época que eu trabalhava na rádio patrulha e ele gozava de bom
conceito com todos os policias da companhia. MP- Eu queria que o senhor esclarece para nós o
procedimento que deve ser utilizado quando ocorre uma morte em confronto. T- Via de regra a
polícia checa a situação do elemento que foi baleado, caso ele apresente sinais de que esteja
com vida ou sinais de reação, faz-se o isolamento do local, retira a arma. Se constatar que a
morte já ocorreu faz isolamento do local, aciona o oficial CPU, o delegado de plantão, a
criminalística para que venham até o local, e chamam o SIATE para confirmação do óbito. MP-
Constatando sinais vitais qual é o procedimento a ser realizado? T- Se a pessoa estiver com
sinal vital antes de vir a óbito, nós fazemos o isolamento do local e tiramos a arma de próximo
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dele para evitar que tenha uma possibilidade de reação e já aciona o SIATE para dar
atendimento. MP- O senhor tomou conhecimento do fato que motivou esse processo? T- Eu
fiquei sabendo em um momento posterior, mas eu não tive acesso a esse processo. MP- Há três
questões na apuração desse fato que divergem dessa informação de procedimento que o senhor
esclareceu. Primeiro, havia constatação de sinais vitais e nós temos gravações de interceptação

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telefônica que mencionam para postergar o acionamento do SIATE. Uma outra questão é que a
arma estava do lado do corpo conforme constata o Laudo de Local do Crime, embora tenha
constatado esses sinais vitais. E por fim, logo na sequência há uma interceptação telefônica em
que os policiais telefonam para um terceiro que não estava no local e pedem para trazer
“convites”. Existe alguma explicação para essa situação? Utiliza algum tipo de código? T- Essa
questão de convites eu desconheço, eu nem sei o que significa. (...)”

A testemunha Carlos Eduardo Maistro expôs que: “(...) ADV- Carlos Eduardo, há
quanto tempo você conhece o Fábio Lucena? T- Aproximadamente uns 5 a 6 anos. ADV- o que
o senhor pode disser do conceito dele? T- Eu conheço o Fábio porque eu trabalho no ramo
jornalístico e publicidade. Ele atende alguns clientes que também são clientes da folha e,
portanto, eu tive bastante contato com o pai dele e ele. Eu nunca vi nada que desabonasse a
conduta dele, muito pelo contrário, todos os nossos compromissos, as nossas negociações, os
nossos envolvimentos profissionais sempre foram de acordo e nunca teve nada que
comprometesse a conduta dele. ADV- É uma pessoa honesta? T- Desde que eu conheço sim.
ADV- Confiável? T- Sim. MP- O senhor tomou conhecimento de uma apreensão de armas na
casa dele? T- Sim. MP- Ele tinha costume de andar armado ou utilizar armas? T- Não, eu nunca
vi. MP- O senhor sabe se ele tinha amizade com policiais ou frequentava os mesmos locais? O
senhor tem conhecimento? T- Eu não tinha conhecimento desse lado. (...)”

A testemunha Cláudia Adriana Siqueira narrou: “(...) ADV- Qual é a sua atividade
profissional? T- Eu sou agente de cadeia. ADV- Em razão dessa atuação a senhora já teve
algum contato profissional com o soldado Júlio? T- Não, nenhum. ADV- A sua relação com o
Soldado Júlio é ele fora da Polícia Militar? É conduta pessoal dele fora do trabalho, é isso? T- É
isso. ADV- Ele é uma pessoa tranquila e serena no convívio com a comunidade? T- Sim. ADV- É
alguém truculento e agressivo? T- Não, o contrário. ADV- O policial Júlio é bem visto perante os
amigos e conhecidos dele? T- Com certeza. Tanto que ele não é mais casado com a minha
prima e o relacionamento continua o mesmo. ADV- É um daqueles amigos e conhecidos que
quando precisam de uma situação emergencial ele pode ser chamado e ele dará atenção? T-
Olha, tudo que a gente precisa dele ele está disposto. O Júlio é um bom menino. (...)”

A testemunha Dayane Crepaldi Barosso disse: “(...) ADV- A senhora trabalha? T-


Trabalho. ADV- Qual a atividade da senhora? T- Sou bancária e professora. ADV- Conhece o
acusado João Paulo há quanto tempo? T- Há seis anos. ADV- Quando conheceu ele já era
Policial Militar? T- Já. ADV- O que a senhora pode dizer do dia a dia do policial João Paulo,
alguém que atua de maneira tranquila, serena, perante a comunidade, os amigos, os colegas?
T- Uma pessoa tranquila, respeitoso, uma pessoa de moral, que não faria mal a ninguém. ADV-
Nesses seis anos que a senhora conviveu com ele, assistiu à alguma atitude perante os amigos,
perante a comunidade, de ter sido truculento, agressivo, ou é alguém pacífico, tranquilo? T-
Nenhuma visualização de brutalidade, nada. Bem pelo contrário, uma pessoa serena, tranquila,
amoroso com a família, com os filhos, uma pessoa exemplar. ADV- No meio dos amigos, como
o João Paulo é visto, como a senhora descreveria o João Paulo perante os amigos em comum?
T- As pessoas do convívio dele também são tranquilas, é uma pessoa bem amável, eu tenho
muito carinho por ele então não falaria mal de forma alguma, até porque nenhuma atitude
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nesse estilo. MP- A senhora tem conhecimento que ele responde processo por abuso de
autoridade? T- Abuso de autoridade não. MP- Tem conhecimento que ele responde por algum
outro processo? T- Por este processo. M- A senhora vive o dia a dia com ele? (...) T- Ele é meu
cliente, além de ser meu amigo pessoal. (...) Eu já participei de churrascos junto com ele, com
os amigos dele, conheço a esposa, conheço as filhas. M- Como é o nome da esposa dele? T- Ela

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acabou de sair daqui agora, desculpa. (...)”

A testemunha Elias José Amaral relatou que: “(...) ADV- O que o senhor pode dizer da
conduta do Thiago perante a sociedade e perante os colegas, amigos e comunidade local? T- A
melhor possível. Ele é uma pessoa de muito boa índole, até onde eu conheço. A gente sabe com
quem a gente anda, então eu sei da forma pessoal dele tratar e de trabalhar, da fidelidade com
a profissão e com as pessoas, mas, enfim, só tenho coisas boas para falar, não tenho coisas
contrárias. ADV- O senhor notou em algum momento ele tendo uma conduta que se prevalecia
do cargo de policial militar, tendo algum tipo de vantagem ou agindo de maneira truculenta? T-
Eu nunca vi, nunca vi ele nervoso na verdade. MP- O senhor ficou sabendo do caso da morte do
carroceiro? Que depois motivou a prisão e o processo do senhor Morales? O senhor tomou
conhecimento desse fato? T- Tomei conhecimento. MP- Sabe se nesse dia o Thiago Morales ia
para alguma festa? T- Na verdade eu fiquei sabendo sem querer, porque próximo de casa eu
estava indo jogar e eu vi o guincho subindo com a carroça lá e à noite eu comentei com ele,
porque a gente era muito próximo. Falei que tinha visto um guincho subindo com bastante
coisas, mas apenas tomei conhecimento depois. MP- Tinha alguma festa nesse dia? T- Só falei
com ele quando estava indo jogar bola. MP- É porque tinha a comunicação da equipe dele com
outras pessoas pedindo uns convites logo depois que teve esse fato. T- Não, não, eu não falei
disso. (...)”

A testemunha Erivelton Antunes Afonso aduziu que: “(...) ADV- Senhor Erivelton, o
senhor conhece o soldado Roesner há quanto tempo? T- 26 anos. ADV- O senhor conviveu com
ele antes de ele ingressar na Polícia Militar? T- Perfeitamente. ADV- E continuou o convívio após
o ingresso na Polícia Militar? T- Sim, também. ADV- O senhor notou alguma mudança de
comportamento após ele ingressar na Polícia Militar? Se tornou alguém mais truculento, mais
raivoso, com postura mais combativa? T- Não, negativo. ADV- O senhor é funcionário público?
T- Não funcionário público, mas, sim, contrato pelo cartório diretamente. ADV- Depois que ele
assumiu a função de policial militar, o que o senhor pode relatar? O senhor já o viu obtendo
uma vantagem por conta da atuação policial? Se sobressaindo por conta de ser soldado da
Polícia Militar? T- Não, nada nesse sentido. ADV- O senhor conhece a família dele? T- Conheço.
ADV- É uma família de Londrina e sólida na região? T- Perfeitamente. ADV- O senhor sabe se
ele é casado e tem filhos? T- É divorciado e tem duas filhas. ADV- Sabe se ele contribui com as
filhas apesar de ser divorciado? T- Sim, toda vez que ele tem oportunidade de ver as filhas ele
vai, ele nunca faltou com a obrigação de ser pai. ADV- Depois desses fatos que geraram a
prisão do soldado Roesner, o senhor teve contato com ele após a saída da prisão? T- Sim, tive.
ADV- Ele te relatou algo sobre os fatos? T- Não. ADV- O senhor tem convívio com as pessoas
que fazer parte do círculo de amizade dele ou outras pessoas que também são amigos dele? Ou
pessoas daqui de Londrina que tem relação com o soldado Roesner? T- Sim, eu tenho. ADV- O
que o senhor pode informar ao juízo acerca da conduta do soldado perante à comunidade local?
T- Um ótimo pai, um ótimo amigo e um ótimo funcionário pelo que eu vejo, e vejo que ele
cumpre com as obrigações. MP- O senhor tomou conhecimento desse caso que teve a morte do
carroceiro? T- Tive através de noticiário. MP- Teve alguma festa que o senhor teria ido com o
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Roesner ou com algum outro colega? T- Que dia? MP- No dia da morte do carroceiro. T- Não.
MP- É que tem uma ligação deles pedindo convite após esse fato, você sabe de alguma coisa?
T- Não sei. (...)”

A testemunha Eurival Carlos do Nascimento FIlho discorreu: “(...) ADV- O soldado

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Morales era um policial truculento, agressivo ou era um policial pacifico e tranquilo? T- Pacífico
e tranquilo, sempre fez o serviço correto. (...) ADV- No tempo que o senhor atuou com ele a
região da estrada Warta era uma área que vocês atuavam ou patrulhavam? T- Era a nossa área
de serviço. ADV- Essa área de serviço fica próximo à favela do São Jorge? T- Fica próximo.
ADV- Essa favela do São Jorge é uma região conhecida da polícia militar por conta do tráfico de
drogas, roubos de veículos ou furtos? T- Sim. ADV- É uma região um pouco distante do centro,
portanto, de difícil acesso as forças públicas? T- Fica distante do centro. ADV- É correto afirmar
que existe muitos roubos e furtos nos condomínios na região? T- Na Warta não. ADV- Nesses
patrulhamentos que o senhor faz, qual é o crime com maior incidência na região? T- Furto à
residência, roubo, roubo de veículo. ADV- Ali é rota para favela do São Jorge ou para saída do
tráfico? T- Sim. ADV- No tempo que o senhor trabalhou em companhia do soldado Morales, o
que o senhor pode dizer quanto a relação dele com a companhia ou com os superiores ou
oficias? Era uma relação respeitosa e de obediência? T- Obediente, amigo, parceiro. (...)”

A testemunha Fátima Cassola dos Reis argumentou que: “(...) ADV- Senhora Fátima,
a senhora conhece o Thiago Morales há quanto tempo? T- Vai fazer mais ou menos 10 anos em
março de 2017. ADV- A senhora sabe a profissão dele? T- Ele é policial. ADV- Nessa condição
de policial, algum dia ele se prevaleceu dessa condição para levar algum tipo de vantagem,
para se impor perante a senhora, perante os seus colegas, perante a sociedade? T- Não. ADV-
Quanto à forma de agir: ele é uma pessoa calma e tranquila ou é uma pessoa truculenta e
agressiva? T- Muito calmo e tranquilo. ADV- Nesses 10 anos que a senhora conhece ele, o
padrão de vida é compatível com o de um policial? Ou algo que chamasse a atenção da
senhora? T- Compatível. ADV- A senhora está aposentada ou a senhora trabalha? T- Eu sou do
lar. ADV- Ele é alguém que se preocupa com os familiares, com os amigos, tenta sempre de
alguma forma contribuir para que a família tenha uma boa situação? T- Sim, ele se preocupa
muito. (...)”

A testemunha Fernando Pereira Pechin declarou que: “(...) ADV- Soldado Fernando, o
senhor atua em Cambé? T- Exatamente. ADV- O senhor já atuou aqui em Londrina? T- Sim, já
atuei aqui em Londrina. ADV- Por quanto tempo? T- Por três anos em Londrina e por
consequência para Cambé. ADV- Faz quanto tempo que o senhor está em Cambé? T- Faz três
anos que eu estou em Cambé. ADV- O senhor trabalhou com o senhor João Paulo Roesner? T-
Sim. ADV- O senhor participou de algum tipo de curso com ele? T- Sim. O curso de formação de
soldado eu participei com o João Paulo Roesner. ADV- Quantos anos os senhores trabalharam
juntos? T- Aproximadamente dois anos. ADV- Nesse tempo que o senhor trabalhou com ele, o
que o senhor pode relatar sobre o comportamento dele enquanto policial militar? Já que os
fatos trazidos nesse caso tratam da atuação de policial militar. T- Embora a gente tenha se
formado juntos, para mim a conduta dele foi sempre um exemplo. Sempre procurei me
espelhar no jeito de trabalhar do João Paulo Roesner. Embora a gente tenha se formado juntos,
ele me ensinou muita coisa, me ensinou a trabalhar, me ensinou a ter respeito com as pessoas
as quais a gente trabalhou com ela. Então no tempo que a gente trabalhou junto foi sempre um
exemplo. ADV- O senhor conhece os demais policias militares? T- Conheço de vista. ADV-
Nunca trabalhou com eles? T- Não. ADV- É correto afirmar, o senhor como policial da 4ª
Companhia, que esses policias aqui presentes são policiais respeitados pela região? T- Sem
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dúvida. ADV- O senhor já presenciou alguma atitude truculenta e agressiva por parte do policial
Roesner? T- Não, nunca. (...)”

A testemunha Gabriel dos Santos contou: “(...) A- Você sabe por que foi chamado
aqui? T- Sim, falar sobre o assunto do Pedro? A- Que assunto do Pedro? T- Que ele morreu. A-

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Agora é o momento de você contar o que você se lembra do que aconteceu. T- Eu lembro
quando a polícia ia atirar nele, ele falou: “pelo amor de Deus, não me mata”, daí um deles me
deu um tapa na cara, um na nuca. A- Quem deu um tapa em você? T- Os policiais. A- Você
estava aonde? Você falou que estava com o Pedro nesse dia? T- Sim. A- E estavam na estrada
da Warta, foi isso? T- Sim. A- E vocês tinham ido fazer o que? T- Fazer um frete, aí a gente foi
lá na chácara e eles entraram na chácara e começaram a pegar as coisas. A- Quem entrou na
chácara? T- O Pedro e mais dois ‘caras’ que eu não conheço. A- Essas coisas que eles
começaram a pegar, como foi isso? T- Daí a gente estava indo embora, e o carro da polícia veio
e começou a atirar, aí desceram do carro, me bateram e queriam me algemar, e falaram para
eu ir embora, mas eu não sabia ir embora, aí o Pedro gritou: “pelo amor de Deus, não me
mata, por favor”. A- E o que aconteceu depois? T- Eu saí correndo, saí na Saul Elkind, e fui
embora. A- Quando a polícia chegou, eles falaram alguma coisa? Para o Pedro ou para você? T-
Não, eu lembro só que perguntaram meu nome. A- E depois o que falaram? T- Falaram que iam
me algemar. A- Além de você e do Pedro, tinha mais gente? T- Sim, mas não sei o nome. A- E
você tinha falado que alguém bateu em você. Quem bateu em você? T- Um ‘cara’ magrelo alto,
um deu um tapa na nuca, e um gordinho me deu um tapa na cara. A- Aí você falou que não
sabia ir embora, ficou escondido onde estava o Pedro? T- É, tipo indo lá para o São Jorge. A- E
você viu o que aconteceu com o Pedro? T- Não, ver eu não vi, eu só ouvi o Pedro gritando e os
policias atirando. A- Você viu eles atirando? T- Sim. MP- O que mais você se lembra? T- Só isso.
A- Agora eu vou ver se na sala de audiência se alguém tem alguma pergunta. Eu vou ouvir no
meu fone e perguntar para você, está bem? T- Tá. M- Nesse dia o Pedro tinha uma arma? T-
Não. M- Tinha alguma arma na carroça? T- Não. M- Quando o Pedro saiu correndo, ele mostrou
que tinha algum tipo de arma? T- Não. M- Você falou que ouviu os tiros né, você sabe quantos
mais ou menos? T- 15. M- 15? Como você sabe que eram 15? T- Porque eu vi tudo. ADV- Eram
vizinhos dele que estavam na carroça? A- Eram seus vizinhos que estavam na carroça? T- Não.
A- Essas pessoas foram pegas depois que você saiu com o Pedro e você sabe onde elas foram
pegas? T- Mais ou menos no Maria Celina. ADV- Quando você saiu do local, foi até um outro
bairro, e quem você encontrou primeiro? T- Eu estava muito cansado, pedi ajuda para um
gordinho que estava trabalhando lá na construção. ADV- Mas de conhecido seu, quem você
encontrou primeiro? T- Minha prima, Aline. ADV- Ela é prima da sua mãe ou sua prima? T- Acho
que é minha prima, da minha mãe, não sei. ADV- Você sabe se a Aline já é adulta, se ela é
menor de idade? T- Acho que ela é adulta. ADV- E quando você encontrou ela, você contou o
que tinha acontecido? T- Sim, fui contando. ADV- Que bairro mesmo que você chegou quando
saiu de lá? Você falou que andou, andou, andou e chegou em um bairro. T- Era lá perto do
Muffato. ADV- Quando as pessoas que estavam na carroça foram na chácara, você entrou
junto, ajudou a pegar alguma coisa? T- Não, fiquei na carroça. ADV- Dali daquela árvore que
pararam para foram fazer xixi, você subiu ou desceu? T- Não, eu subi. ADV- E quando o policial
mandou você andar, você subiu ou desceu? T- Subi. ADV- Você ficou perto de alguma árvore
quando você subiu ou não? T- Sim. ADV- E dessa árvore você conseguia ver ou só ouvir? T-
Dava para ver um pouco e a maioria eu ouvi. ADV- E desse pouco que você viu, você chegou a
ver o Pedro? T- Eu só vi ele caindo no chão. ADV- Viu algum policial se aproximar e atirar nele?
T- Sim. ADV- Você sabe que distância mais ou menos você estava? Quantos passos? T- Não sei.
ADV- Como era a arma do policial? T- Eu vi uma grandona e uma pistola. ADV- Você conseguia
ver dois policiais atirando? T- É, eu não vi se eram três ou dois. ADV- Alguém te ameaçou
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depois do que aconteceu? T- Não. ADV- Alguém procurou você ou sua mãe? Amigo, parente?
Para falar sobre esse assunto? T- Não. ADV- O advogado da mulher do Pedro conversou com
você sobre esse depoimento? T- Não, só na hora que eu fui falar com o promotor. ADV- Foi ele
que levou você até o promotor? T- Sim. (...)”

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A testemunha Gustavo Crivari relatou que: “(...) ADV- O senhor é investigador de
polícia? T- Sim, sou investigador de polícia. ADV- Há quanto tempo? T- 16 Anos. ADV- Sempre
atuando na região? T- Sempre em Londrina. ADV- Conhece os policiais militares da atuação
profissional ou por alguma outra circunstância? T- Da atuação profissional. ADV- O senhor disse
que hoje está lotado na Central de Flagrantes? T- Isso. ADV- Há bastante tempo? T- Três
meses. ADV- Antes disso onde o senhor esteve? T- Eu sempre estive em Londrina.
Desempenhei funções na 10ª Subdivisão, no 4ª Distrito quando era no mesmo local, 2º Distrito
e 5º Distrito Policial. ADV- A relação que o senhor tem com esses policias militares foi de
situação de flagrantes que levaram os presos até o senhor ou foi de alguma investigação
específica? T- Foi do dia-a-dia nas delegacias onde eu trabalhei, mais pormenorizadamente no
5º Distrito Policial, uma área que é a mesma da 4ª Companhia. ADV- Ali existe uma atuação
constante junto a 4ª Companhia? T- Sim. ADV- São policiais de linha de frente pelo que o
senhor testemunhou nesses anos que atuou? T- Sem dúvida. ADV- Ou são burocratas? Policias
de gabinete? T- Não, policias de rua, linha de frete. ADV- Nos anos que o senhor teve convívio
profissional com o acusado, o que o senhor pode testemunhar quanto à forma de agir? São
policias truculentos ou agressivos? Ou são policias serenos e cumpridores de sua obrigação. T-
Eu os vi desempenhando as funções da maneira como elas são desempenhadas normalmente,
as vezes com contundência, firme, mas não vi nenhum tipo de truculência ou qualquer
amabilidade que pudesse pairar alguma dúvida sobre eles. Sempre foram normais. Aliás, se me
for permitido, eu posso fazer o registro que por várias vezes na minha atuação no 5º Distrito
Policial eu pedi auxilio para Polícia Militar, pois na época do fato, todos devem estar cientes, os
trabalhos no 5º Distrito eram desempenhados principalmente à noite por um investigador de
polícia e um agente de cadeia pública, de forma que a quem nós podíamos pedir apoio em uma
hora de necessidade era para Polícia Militar, e quem nos atendia era a 4ª Companhia, mas
especificamente a equipe dos policias que estão aqui hoje me atenderam por várias vezes.
Muito em casos de invasão do Distrito para jogar drogas, celulares e etc. eles se colocavam à
disposição, inclusive, por inúmeras vezes. ADV- Não era só a população que ligava para o 190
quando precisava, mas também a Polícia Civil. T- Sim, nós trabalhamos muito tempo ali. ADV-
A 4ª Companhia sempre esteve presente, com mais ênfase nos policias que estão aqui. T-
Sempre. Eu estou aqui hoje porque eles me conheceram de plantões no 5º Distrito Policial.
Quanto eu fui intimado para estar aqui hoje e fui nomeado para ser testemunha, eu falei, poxa,
o que eu posso falar? Eu posso falar do que aconteceu lá. As vezes que eu precisei e foram
inúmeras, eu quero deixar registrado aqui, solicitei apoio pelo telefone da 4ª Companhia, não
diretamente a eles, mas pelo 190 que era o telefone central. E na maioria das vezes o plantão
coincidia com a escala deles, sendo que em 90% dos casos foram eles que me atenderam.
ADV- O senhor conhece a região da estrada da Warta? Estrada Velha da Warta? T- Não
conheço. ADV- Conhece a região da favela do São Jorge? T- Sim. ADV- É uma região conhecida
e de alto índice de criminalidade? T- Sim, sem dúvida. ADV- Atendeu situações de crime na
região? T- Nós investigamos e eu atendi alguns locais de morte durante os meus plantões. ADV-
É uma região da 4ª Companhia? T- 4ª Companhia. ADV- O senhor relatou que em muitos
plantões havia o senhor e mais um ou só o senhor. T- Eu e uma pessoa desarmada, que era o
carcereiro. ADV- Quando o senhor recebia os presos, via de regra, era da Polícia Militar ou
poderia receber da Polícia Militar. T- Poderia, durante o expediente sim. ADV- Em razão disso é
o primeiro funcionário público, policial civil, se fazendo naquele momento de autoridade porque
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recebia os presos. O senhor já teve algum problema no recebimento de presos, como por
exemplo: presos agredidos, presos se queixando de algum tipo de truculência por parte dos
acusados? T- Por parte dos acusados não. MP- Há quanto tempo o senhor é policial civil? T- 16
anos. MP- Já acompanhou muitas investigações telefônicas? T- Por muito pouco e durante
alguns meses, quando o DENARC foi instituído em Londrina. MP- É comum que use códigos os

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pseudônimos para acobertar práticas ilícitas ou eles conversam abertamente? T- Por parte dos
criminosos? MP- Ou o senhor não sabe dizer? T- Usavam apelido, mas eu tive pouco tempo de
experiência nessa área. M- Quantos dias o senhor ficava de plantão? T- A nossa escala era 24
por 72 horas. M- E justamente nas suas 24 horas de trabalho esses policias estavam
trabalhando? T- Não justamente, mas 90% dos casos eles atenderam. (...)”

A testemunha Gustavo Rodrigo Rodrigues da Costa Silva aduziu que: “(...) ADV- Os
policias aqui presentes atuavam na 4ª Companhia, correto? T- Correto. ADV- O senhor chegou
a comanda-los diretamente? T- Diretamente não, porque eu estou na 4ª Companhia desde
2014 e sempre eles foram da ROTAN, sendo que na 4ª Companhia as minhas atribuições era
comandante de Rádio Patrulha até março de 2015, e de lá para cá são atribuições que a função
de comandante da ROTAN é exercida por tenente. Então como capitão eu nunca exerci
diretamente a função de comandante da ROTAN.ADV- Não houve nenhuma testemunha que
explicasse o que é ROTAN e qual é a atividade que esse grupo especializado atua, por
gentileza? T- ROTAN é ronda ostensiva tático de natureza especiais. É motorizada. E ela é o
terceiro esforço na Companhia e é um policiamento do qual é desempenhado, e no qual o
comandante da unidade necessita desse tipo de policiamento para situações em que a demanda
de ocorrência faz-se necessário. Porque muitas vezes no dia-dia de serviço os policias de
ROTAN realizam policiamento/patrulhamento em local de risco dando um apoio para viaturas de
Rádio Patrulha. ADV- No caso em tela houve o chamado 190, via COPOM, e o COPOM
despachou a ocorrência para equipe que estava de plantão na região. A pergunta parece um
pouco óbvia, mas eu preciso fazer provas nesse sentido. Existe alguma hipótese de não aceitar
esse despacho ou de se furtar de atender o chamamento do COPOM? T- Não, o COPOM é
central de operações, então quando ele despacha, em termos, ele está determinando para
viatura deslocar para esse local e dar atendimento dessa ocorrência. Portanto, não tem como se
eximir de dar atendimento, e se caso não for, tem que reportar ao COPOM o motivo do não
atendimento. ADV- Capitão, esses policias que estão aqui presentes são policiais conhecidos na
corporação, na 4ª Companhia, são policiais de frente, de operação, que estão sempre dispostos
a defender a cidade de Londrina? Ou são aqueles policias que ficam no administrativo e que se
furtam de suas obrigações? O que o senhor pode nos testemunhar? T- Como o serviço da
ROTAN é um serviço diferenciado, então o comandante da unidade, assim como os policias da
P2, são policias de confiança da qual desempenham um papel fundamental. Eu tinha mais
contato com o policial Jeferson, haja vista ele ser o mais antigo da equipe, e em relação a
minha posição, quanto eu tinha contato com o mesmo e tinha algumas situações de ordem de
serviço, era tratado com o comandante de equipe para que nem todos tivessem a situação da
informação muitas vezes do cumprimento de missão. Mas os policias sempre foram assíduos e
profissionais, nunca teve qualquer situação diversa ou diferente em relação a esses policias,
como também aos demais policias da ROTAN. ADV- O senhor conhece a favela do São Jorge? T-
Conheço. ADV- Sabe onde os fatos se deram, Capitão? T- Sim. ADV- Há uma proximidade da
favela do São Jorge com a região dos fatos? T- Há uma proximidade. Tem uma via que liga no
fundo da Joubert de Carvalho com a Estrada Velha do acesso ao fundo do São Jorge, mesmo
porque naquela região é via de acesso de transporte de drogas, assim como veículos furtados
ou roubados passam por aquele local, pois dá acesso à cidade de Sertanópolis, Bela Vista. ADV-
É correto afirmar que as viaturas, os policias militares que patrulham a região estão sempre
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mais alertas por conta de ser uma região conflituosa nesse sentido? T- Com certeza. Como eu
mencionei é um local onde existe essa situação de transporte de drogas, de furto e roubo de
veículos. Então é uma via de passagem ali, e quando os policias que fazem patrulhamento
naquela localidade devem estar mais atentos do que em outros locais. ADV- Capitão, no dia do
fato e junto com essa operação, houve outra operação em que foi apreendida arma na casa do

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Fábio. O senhor sabe disso? T- Não, no dia do fato, 12 de março, eu desconheço que foi
apreendido arma. ADV- Sabe se foi apreendida armas na casa do Fábio? T- No dia 12 de março
não. ADV- Outro dia? T- Foi apreendido no dia 13 de maio, quando teve operação. ADV- Quais
armas foram apreendidas? T- Eu desconheço. Não me recordo, não posso precisar quais armas
foram apreendidas lá. MP- Eu queria que o senhor esclarecesse para nós qual o procedimento
que deve ser realizado após um confronto em eu houve a neutralização do alvo que foi atingido
por disparos de arma de fogo? Qual é o procedimento subsequente? T- Tem a diretriz
003/2014, diretriz do comando geral, que estabelece quais os pré-requisitos, quais são as
situações a serem desencadeadas após a situação de um confronto armado. Deve ser acionado
SAMU/SIATE para atendimento da pessoa que no caso foi baleada, é feito o acionamento da
COGER, também o acionamento da perícia para se deslocar até o local e também da Polícia
Civil, através de delegado e investigador. Todas as situações de repasse são feitas pela Central
de Operações, a Central de Operações toma conhecimento para que também auxiliem as
pessoas que estão no local para esse acionamento. E também na 4ª Companhia, diferente do
5º Batalhão, pois no 5º Batalhão tem o oficial CPU, oficial que fica diuturnamente de serviço. Lá
é oficial supervisor. Então foi feito contato com o oficial supervisor, o aspirante Francischeti,
para que ele fizesse a documentação proveniente da situação. Como na época era o Major J.
Carlos comandante da unidade, estava em um processo de alteração/atualização em relação a
NGA, Normas Gerais de Ação da ROTAN. Quem estava à frente da ROTAN era o Tenente (...) e
subcomandante era o aspirante Azolini. E lá teria uma situação de demanda que o comandante
da ROTAN faria essas frentes e daria apoio aos policias, e no dia dos fatos o Aspirante
Francischeti que era supervisor fez o contato comigo por duas vezes. Uma primeira situação ele
passou informações do fato em si e depois ele ficou de fazer uma outra ligação para mim. Ele
fez essa ligação novamente em razão de uma dúvida que tinha em relação a uma arma que
teria sido apreendida no local. MP- Tem duas situações que causam estranheza nesse fato e são
necessários esclarecimentos. A primeira delas é que tem uma ligação pedindo para que atrase o
acionamento do SIATE. E há uma outra ligação na qual se liga para uma pessoa que não estava
no local dos fatos pedindo para que se fosse trazido convites. Essa situação não consegue se
esclarecer nesse fato. Existe algum código que usa para esse tipo de operação? T- Desconheço,
doutor. MP- Esse termo do “convite”? T- As situações de contato que fizeram comigo foi através
do oficial supervisor. MP- Não foi especificamente com o senhor. O senhor deu até uma
orientação interessante para o encaminhamento das armas. E falando das armas, capitão, qual
o procedimento em relação a armas na sequência da neutralização do indivíduo? T- Quando se
verifica que a pessoa está com sinais vitais é primordial para seja tirado essa arma da pessoa
porque muitas vezes ela pode utilizar essa arma contra os policias. Caso contrário, deve deixar
o local isolado para que a perícia possa fazer o seu serviço e depois liberar para polícia civil,
para o delegado de polícia fazer a liberação, porque quem apresenta essa arma para a polícia
civil é a polícia militar. MP- No Laudo de Exame de Local desse crime a arma está do lado do
corpo, ao contrário dessa orientação que o senhor mencionou. T- Como eu não estava no local,
eu não me recordo se foi constatado no local que a pessoa já não se encontrava com vida. MP-
Teve também a questão do acionamento do SIATE, inclusive os socorristas foram indagados.
ADV- Eu gostaria de saber o que é a COGER? T- É a Corregedoria Geral da Polícia do Estado do
Paraná. ADV- Após o fato de ocorrer a neutralização do indivíduo, diretamente o COPOM solicita
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a COGER? Faz essa requisição para COGER ou os policiais que estavam ali já comunicam o
COPOM e a COGER de todos os fatos? T- Não, não são os policias que se encontram no local
que fazem esse acionamento da COGER. Quem faz o acionamento da COGER são policias do
COPOM ou oficial supervisor que está no local, mas não são os policias em si que fazem o
acionamento da COGER. Os policias que estão ali podem fazer o acionamento do SIATE, mas da

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COGER não. ADV- Como que deve ser feito a comunicação aos superiores no local do fato? T- É
feito por telefone. Porque muitas vezes o acionamento por rádio, via COPOM, o COPOM não faz
esse contato com o oficial supervisor. O que tem de diferente na 4ª Companhia é o CPA, é um
sargento que está, ele acompanha, mas muitas vezes esses policias que estão ali ou esse
sargento que faz o contato com esse oficial supervisor. O oficial supervisor que vai fazer contato
com o comandante da unidade ou subcomandante que irão passar para outro oficial. (...)”

A testemunha Isabel Cristiane de Vito asseverou: “(...) ADV- Dona Isabel, a senhora
estava dizendo que foi vizinha do Thiago Morales. T- Eu fui logo que eu me mudei para cidade
de Londrina em 98, nós moramos e fomos vizinhos na rua Hélio Cortez onde ele morou um
tempo. E eu conheço a família, a gente se conhece e tem amizade por sermos vizinhos durante
aqueles anos que eles viveram ali. ADV- A senhora trabalha? T- Sim. ADV- Qual atividade a
senhora exerce? T- Eu trabalho com uma corretora de seguros. ADV- Nesse tempo que a
senhora conhece o Thiago e a composição familiar dele, a senhora acompanhou o ingresso dele
na Polícia Militar? Soube que ele trabalhava em uma empresa e depois ingressou na Polícia
Militar? T- Sim, tivemos conhecimento. ADV- A senhora percebeu alguma alteração de
comportamento nele no tempo de alteração de trabalho? Se ele saindo da empresa e
ingressando na PM se tornou alguém mais agressivo? Mais truculento? Ou permaneceu sendo
da mesma forma? T- De forma alguma, sempre da mesma forma. ADV- Nesse convívio que a
senhora teve com ele e tem com a família dele, a senhora alguma vez o viu prevalecendo da
condição de policial militar para atingir algum objetivo ou para obter alguma vantagem? T- De
forma alguma, ele sempre foi uma pessoa muito humilde, muito amoroso com todos, muito
educado. Até quando aconteceu esse fato foi uma surpresa para todos porque não é imaginável
uma conduta dessa de uma pessoa que a gente teve conhecimento e que é tão amorosa quanto
ele. ADV- É alguém respeitado na comunidade? É alguém que tem a família respeitado na
comunidade? T- Com certeza. ADV- A senhora sabe se ele é casado e se ele tem filhos? T- Ele é
casado e tem uma filha. ADV- Ele tem uma constituição familiar sólida? T- Sim. MP- O Fábio
Lucena a senhora conhece? T- Não, sei que é companheiro de trabalho, mas eu não conheço.
MP- Companheiro de trabalho de quem? T- Do Thiago. MP- Como a senhora sabe disso? T- Eu
posso estar enganada, mas diante dos fatos que aconteceram eu imagino isso, imagino que eles
sejam conhecidos. MP- Mas a senhora disse companheiro de trabalho. Ele andava ou
frequentava o meio policial? T- Eu vou reformular, desculpa. Eu não tenho certeza. MP- Sabe se
nesse dia o Morales iria participar de alguma festa? T- Não sei. (...)”

A testemunha Jean Carlos Val Carnieri disse: “(...) ADV- Há quanto tempo o senhor
conhece o Fábio? T- Por volta de uns 20 anos, quando eles mudaram para perto de casa. ADV-
Também conhece a família? T- Sim. ADV- Conceito dele na sociedade, o que o senhor pode
dizer para nós? R- Até onde eu conheço são pessoas de bom relacionamento com a vizinhança,
trabalhadores, estudante, até onde eu sei. ADV- São pessoas corretas? T- Sim. ADV- São bem
quistos na sociedade? T- Creio que são bem quisto sim. ADV- O Fábio estuda? T- Fiquei
sabendo nos últimos meses que ele estava fazendo faculdade. ADV- O senhor sabe se é
envolvido com alguma coisa ilícita? T- De meu conhecimento não. ADV- É uma pessoa
confiável? T- Eu creio que sim. MP- O senhor tomou conhecimento dessa apreensão de armas
de fogos ilegais na residência do Fábio? T- No dia que o mandado de prisão/de busca/de
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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apreensão, eu não sei, eu estava de plantão na delegacia de polícia, porque eu sou escrivão de
polícia e eu só fiquei sabendo por vizinhos que ele teria sido conduzido e alguma coisa teria sido
presa. MP- Os demais réus aqui presentes frequentavam a casa do Fábio? Eles eram amigos? O
senhor tem essa informação. T- Eu não tenho essa informação. MP- O Danilo Azolini, o Jeferson
José de Oliveira, João Paulo Roesner, Júlio César da Silva e o Thiago Morales, o senhor tem

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amizade ou convivência com algum deles? T- Não. Uma ou duas vezes eu trabalhei com eles,
no sentido de eu estar de plantão e eles levarem algum preso para ser autuado. MP- O senhor
tem conhecimento se essas pessoas frequentavam a casa do Fábio? T- Não. MP- Não ou não
sabe dizer? T- Não sei dizer. (...)”

A testemunha Jean Kleber Botino narrou que: “(...) ADV- O senhor é policial militar há
quanto tempo? T- 19 anos. ADV- Conhece o soldado Jefferson há quanto tempo? T- Do tempo
em que eu estou na Polícia, cerca de 19 anos. ADV- Já foi colega de viatura? Já trabalharam
juntos? T- Eu já trabalhei no mesmo batalhão que ele, mas junto na mesma viatura eu não
trabalhei. ADV- Qual o conceito do soldado Jefferson no Batalhão em que os senhores
trabalharam? T- Aprendi bastante com ele, é um policial de conduta ilibada e acredito que não
tenho nada de mal para falar dele, só a favor. ADV- É um policial bem quisto pela corporação?
T- Acho que pela corporação inteira. ADV- É um dos policias mais antigos aqui na cidade? T- Eu
creio que sim, inclusive já presenciei várias vezes ele recebendo elogios no batalhão. (...)”

A testemunha Jonas Ambrozio da Silva expôs: “(...) ADV- Jonas, há quanto tempo o
senhor conhece o Fábio? T- Desde 2013. ADV- De acordo com o conhecimento que o senhor
tem, qual é o conceito do Fábio na sociedade? T- Na realidade o Fábio sempre me pareceu uma
boa pessoa, ele sempre nos atendeu bem, assim, o nosso convívio é excelente. ADV- Alguma
coisa que desabone a conduta dele? T- Nenhuma. ADV- Algum envolvimento com crime? T- Eu
nunca tive ciência não. ADV- É uma pessoa confiável e bem quista na sociedade? T- Confiável.
MP- O senhor tomou conhecimento dessa apreensão de armas na casa dele? T- Fiquei sabendo
pela mídia. MP- Ele tinha costume de andar armado? T- Não. MP- Utilizar essas armas para
caçar ou algum tipo de esporte? T- Eu nunca vi. MP- Sabe me dizer se ele tinha amizade com
esses policias que estão sendo acusados? T- Eu não tenho conhecimento. MP- Esse contato que
o senhor tinha com o Fábio era apenas profissional? T- Profissional, mas ele passa na nossa
empresa a cada dois ou três dias ele está com a gente. MP- Mas quem frequentava a casa dele
ou faz parte do convívio dele o senhor não conhece? T- Não. (...)”

A testemunha José Roberto Ferreira discorreu: “(...) ADV- Qual sua atividade
profissional? T- Agente Penitenciário. ADV- O senhor conhece o Soldado Júlio há quanto tempo?
T- Aproximadamente uns cinco, seis anos. ADV- O que o senhor pode dizer da conduta
profissional do Soldado Júlio César? T- Sempre foi uma pessoa honesta, trabalhadora, não
tenho nada para falar contra ele. ADV- O senhor por ser funcionário público, tem contato com
presos, o considera um policial agressivo, truculento ou sereno e respeitoso? T- É um policial
exemplar, sempre cumpriu suas obrigações, honesto, não tem nada que macule a conduta dele.
ADV- Ele tem contato com seus colegas de trabalho, as pessoas que trabalham com o senhor
têm conhecimento dessa forma de agir do Soldado Júlio César? T- Tem alguns amigos que
conhecem ele também. ADV- E ele tem o mesmo conceito na comunidade do senhor? T- Com
certeza. (...)”

A testemunha José Roberto Rosalini relatou que: “(...) ADV- O senhor foi Policial
Militar por quantos anos? T- Vinte e cinco anos. ADV- Trabalhou em companhia do Soldado
Jefferson? T- Sim. ADV- Por quanto tempo aproximadamente? T- (...) mais ou menos uns 20
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anos. ADV- Trabalharam juntos em alguma Rádio Patrulha? T- Rádio Patrulha não. ADV- Na
mesma viatura? T- Também não. ADV- Na atuação profissional, o que o senhor pode dizer da
conduta do Soldado Jefferson? T- Para mim sempre foi um ótimo profissional, nunca deu
alteração, sempre foi prestador do seu serviço à comunidade, não tem nada contra sua
conduta. (...)”

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A testemunha Julio Antonio dos Reis argumentou: “(...) ADV- O senhor sabe qual a
profissão do Thiago? T- Sei sim, ele é policial militar. ADV- Além de policial militar, o senhor
sabe que atividade ele exerceu? T- Sim, ele trabalhava junto comigo em um laboratório aqui
em Londrina. ADV- Como chamava o laboratório? T- Laboratório Lab Imagem, localizado na
Avenida Bandeirantes. ADV- O senhor sabe quanto tempo ele trabalhou nesse laboratório? T-
Por volta de uns 4 anos mais ou menos, talvez um pouco menos. ADV- Nesse tempo que
trabalharam juntos na mesma atividade e na mesma empresa, como era o comportamento
dele, como era o perfil dele, a conduta dele? T- Uma pessoa extremamente correta, sempre
tentando ajudar as pessoas no cargo que era compatível a ele e sempre um companheiro de
todos. ADV- Trabalhou uns 4 anos lá e depois ingressou na polícia militar correto? T- Correto.
ADV- Houve alguma alteração de comportamento? Uma alteração patrimonial ou algo que
chamasse a atenção do senhor? T- Para comigo e para as outras pessoas que eu conheço era
sempre a mesma pessoa. ADV- Perfil tranquilo? Truculento? Agressivo? Pacifico? T- Sempre
tranquilo. ADV- Já que o senhor é amigo próximo, soube do desenvolvimento de atividades
perante a polícia militar? Em que área ele trabalhava? Como ele combatia o crime organizado?
T- Sim, devido o contato que eu tenho com ele, eu tenho informações da profissão dele. ADV- O
senhor é daqui de Londrina? T- Sou de Londrina mesmo. ADV- O que o senhor pode nos
testemunhar qual a sensação do povo de Londrina quanto aos policiais militares que estão aqui
presentes? T- 100% consideradas e bem vistas por todas as pessoas que eu conheço. MP- O
senhor conhece o Fábio Lucena? T- Eu conheço só de vista. O Thiago Morales eu conheço
perfeitamente já faz uns 10 anos. MP- O Fábio tinha algum contato com o Thiago? T- Não sei te
dizer sobre isso. MP- O senhor tomou conhecimento da morte do carroceiro Pedro de Melo? T-
Fiquei sabendo através da mídia. MP- Teve alguma festa nesse dia? T- Olha, eu trabalho com
carreta e viajo bastante, fico uns 30 a 40 dias fora. Quando eu estou em Londrina eu tenho
bastante contato com o Thiago, mas eu não sei o que aconteceu nesse dia. (...)”

A testemunha Laércio Felício Corbeta asseverou: “(...) M- O senhor faz o que? T- Sou
empresário em Londrina. (...) Sou amigo do Jefferson Oliveira. (...) ADV- O senhor frequenta a
casa do Soldado Jefferson? T- Olha, muito poucas vezes, mas já frequentei. ADV- Apesar de
não ter prestado o compromisso legal, o senhor presta o compromisso moral de dizer a verdade
aqui? T- Sim. ADV- Nesse tempo que o senhor tem de convívio com o Soldado Jefferson... o
senhor é empresário, né? T- Sim. ADV- De que ramo? T- Ramo de transporte. ADV- O senhor
pode testemunhar a conduta do policial Jefferson no meio comercial, ele é conhecido dos
empresários como atuante, ativo, que atende à comunidade local? T- Sim, pelo tempo que eu
conheço ele, pela amizade, eu testemunho em favor dele. ADV- Nesses anos de atuação como
Policial Militar, assistiu à alguma conduta truculenta por parte dele, agressiva, ou é um policial
sereno e tranquilo? T- Nunca presenciei e nunca fiquei sabendo de algo que viesse dessa forma
prejudica-lo. ADV- É alguém respeitado na comunidade local? T- Sim, com certeza. (...)”

A testemunha Leandro Caetano Pinto discorreu: “(...) ADV- O que o senhor pode
relatar sobre esses fatos? (...) T- Eu estava de serviço no dia do confronto. (...) Estava eu e
meu parceiro em patrulhamento na Avenida Henrique Mansano, quando ouvimos pelo rádio o
pedido de apoio e o pedido para acionar os órgãos competentes, SIATE, para atendimento em
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local de confronto. Nos deslocamos até o local. Descendo a rua Joubert de Carvalho, há uma
intersecção de terra para sair na estrada antiga da Warta, eu diminuí a velocidade da viatura
para começar a fazer o patrulhamento já naquela área. Quando a gente adentrou essa
intersecção, eu escutei um disparo de arma de fogo, aí eu parei a viatura, eu e meu parceiro
desembarcamos. ADV- O nome do seu parceiro? T- Soldado Machado. Desembarcamos da

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viatura e escutamos mais disparos. O meu parceiro correu até o rádio, pediu apoio, falou que
estavam efetuando disparos contra a gente, e o local era de mato alto dos dois lados e não
conseguimos identificar de onde vinham os disparos. Entramos na viatura e fomos até o local da
ocorrência, estrada antiga da Warta, chegando lá encontramos os Soldados Jefferson e Morales,
passamos a situação para eles, que tinham efetuado disparo perto da viatura, eles nos
passaram que tinham fugido dois indivíduos que poderiam estar ali próximos ao local e eu e
meu parceiro fomos fazer patrulhamento. Passamos pela estrada antiga da Warta, não
encontramos ninguém, voltamos ao local, quando a gente voltou já estavam ali os órgãos
competentes e outras viaturas de apoio e o Sargento que era o CPA do dia pediu para
aguardamos ali, como era nossa área, para ajudarmos a fazer os papeis ou algum apoio. ADV-
Soldado, primeiro o chamado do COPOM, o despacho da ocorrência para a sua viatura, como se
procedeu? T- Nós ouvimos o pedido, não lembro se foi direto para nossa viatura, só lembro do
pedido de apoio. ADV- Esse pedido falava em disparo e em código 4? T- Pedia apoio do SIATE.
ADV- A existência de um código 4 o senhor teve ciência quando chegou ao local dos fatos, é
isso? T- Isso. Nós passamos por dois momentos no local, no primeiro nós paramos,
conversamos com os Soldados Jefferson e Morales e fomos fazer patrulhamento. Aí no segundo
momento que nós retornamos, fomos até o local lá, mas já tinha tido o atendimento e sido
constatado o código 4. ADV- Quando o senhor vai à região em apoio à viatura da área, a sua
viatura também era da área? T- Sim. ADV- Vocês estavam em patrulhamento, era uma rádio
patrulha? T- Isso. Rádio patrulha. ADV- Quando se busca, se pede apoio por conta de
confronto, isso gera uma tensão na equipe, é algo que gera uma tensão excessiva da equipe?
T- Sim, nos deslocamos o mais rápido possível com a sirene ligada para chegar no lugar do
apoio o mais rápido possível. ADV- O senhor se recorda quando ouviu esse pedido de apoio por
conta de confronto? T- Nós estávamos na Avenida Henrique Mansano. ADV- É próximo do local
onde o senhor depois esteve e estava a vítima tombada morta? T- Não é tão perto, mas
também não é tão distante, e como a gente já trabalhava na área há algum tempo, a gente
tem conhecimento do caminho mais rápido. ADV- Então primeiro o senhor recebe um tiro,
desembarca e recebe mais tiros, é isso? T- Isso. ADV- O senhor e seu colega que estavam na
viatura? T- Isso mesmo. ADV- O senhor registrou isso às autoridades, informou aos seus
superiores? T- Sim, quando encontramos o Sargento, que é o responsável, falamos para ele que
tinha havido o disparo contra nossa viatura. ADV- O senhor informou isso? T- Sim, e o meu
parceiro, logo após os outros disparos, pega o rádio e passa para a rede. ADV- Então só não
informou formalmente através da documentação, mas imediatamente via rádio o senhor
noticiou os fatos, é isso? T- Sim. ADV- O que o senhor noticia, aliás, o que o senhor noticia via
COPOM? T- Ele... ADV- Por rádio ou por telefone? T- Por rádio. (...) Ele estava bem, a gente
estava meio afobado, só me lembro dele pedindo apoio e falando que estava tendo disparo
contra a viatura. ADV- Depois que o senhor chega no local dos fatos, também ajudou na busca
dos fugitivos, buscou também esses que haviam fugido? T- Sim. ADV- Localizaram algo? T-
Não. ADV- A equipe do senhor se voltou à essa busca após ter recebido os disparos? T- Sim,
continuamos nos deslocando pela estrada para ver se encontrávamos alguém para fazer a
abordagem. ADV- A região ali é delicada, belicosa, de conflito, onde tem muito furto e roubo
pelo que o senhor conhece (...)? T- Sim, ali para baixo do Terminal do Vivi tem alguns bairros
mais pobres, onde o pessoal comete bastante delito. MP- Como foi o primeiro acionamento que
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vocês receberam? Qual era a descrição da ocorrência? T- A gente estava na Avenida Henrique
Mansano, houve o confronto e estava pedindo o apoio do SIATE. MP- Por que o apoio do SIATE?
Era ferimento constatado? T- Foi pedido o apoio do SIATE provavelmente porque estava ferido.
MP- Esse momento em que houve disparos contra a viatura onde o senhor estava, eles foram
posteriores à localização dessa pessoa que havia sido baleada ou foi antes de o senhor ter esse

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contato com os seus colegas? T- Foi antes, quando estávamos chegando no local. MP- Vocês
fizeram uma perseguição depois, uma procura depois que tiveram esse contato e viram uma
pessoa que havia sido baleada e saíram ainda depois desse contato para tentarem localizar os
demais? T- Sim, nós fizemos o contato com o Soldado Jefferson e o Soldado Morales, nos
informaram que havia mais dois indivíduos e a gente saiu em patrulhamento para ver se
encontrava. MP- Nesse patrulhamento houve algum disparo novamente contra vocês? T- Não.
(...)

A testemunha Lídia da Conceição Lucas Loback disse que: “(...) M- Qual o abrigo em
que a senhora trabalha? T- Nuselon. Núcleo Social Evangélico de Londrina. ADV- A senhora
disse que trabalha em um orfanato, correto? T- Não é orfanato, é um abrigo. ADV- Um abrigo
que recebe que tipo de pessoas? T- Crianças e adolescentes encaminhados pela Vara da
Infância e Juventude. ADV- A senhora também já afirmou que conhece o acusado João Paulo
Roesner. T- Sim. ADV- Em que condição a senhora o conheceu? T- Eu o conheci faz mais ou
menos um ano, quando ele ligou lá no abrigo e disse que gostaria de ajudar com algumas
ações, como por exemplo festa de fim de ano, nos ajudando a buscar donativos, fazendo alguns
eventos de promoção do acolhimento. ADV- Depois dessa ligação ele passou para o segundo
passo e começou a agir efetivamente? T- Sim, ele fez um evento em dezembro do ano passado
em que ele juntou padrinhos para presentear as crianças e adolescentes e fez uma tarde festiva
em uma chácara que tinha piscina, essas coisas. ADV- A senhora percebeu, por ser uma pessoa
experiente, que ele buscava algum tipo recompensa, de autopromoção agindo dessa forma ou
foi algo absolutamente voluntário? T- Eu não percebi que ele quisesse alguma promoção. ADV-
Nesse convívio esporádico e de poucas oportunidades que a senhora teve, o que pode dizer
quanto ao comportamento do acusado João Paulo? T- Dentro do serviço que eu executo, o
comportamento normal, de cidadão, de pessoa de bem. ADV- É comum pessoas se
voluntariarem e irem até a entidade da senhora e praticarem esse tipo de voluntariado? T- No
caso de fazerem só uma ação como por exemplo final de ano é bem comum, mas ele tem ficado
durante o ano também como o mediador entre pessoas e instituições para ajudar o abrigo, e
isso não é comum. ADV- É algo importante para a instituição da senhora? T- Sim, é importante.
MP- A senhora tem conhecimento de que o João Paulo responde processo por abuso de
autoridade? T- Não, eu nunca conversei com ele sobre isso. M- Então a senhora trabalha para a
Infância e Juventude? T- Sim. (...) Eu não trabalho para a Vara da Infância, mas em uma ONG
que recebe crianças encaminhadas pela Vara da Infância e Juventude. (...)”.

A testemunha Luis Claudio Andrade Neves declarou: “(...) ADV- O senhor conhece o
Soldado Júlio há quanto tempo? T- Aproximadamente uns quatro ou cinco anos. ADV- O que o
senhor pode testemunhar ao Juízo sobre a conduta do policial Júlio César? T- Eu o conheço
porque ele estudou com meu filho alguns anos atrás, fazia curso de Direito na PUC, e ele foi
algumas vezes na minha casa. O que eu posso dizer é que sempre me pareceu ser uma pessoa
honesta, equilibrada, enfim, que eu não tenho nada que desabone. ADV- Pelo que o senhor
assistiu, é uma pessoa truculenta, agressiva ou serena, tranquila? T- Jamais. Muito serena,
muito tranquila, muito educada, inclusive. ADV- O senhor, certamente, após os fatos que
geraram a prisão do Soldado Júlio, o senhor é daqui de Londrina, o que pode relatar sobre as
informações que chegaram até o senhor após os fatos, tomou conhecimento de mais algum
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fato? T- Através da imprensa eu tive, foi de surpresa, por conhece-lo e por uma pessoa como
ele é estar envolvida em uma situação dessa. Eu me surpreendi pela imprensa. ADV- Pelo que o
senhor tem conhecimento, é um policial respeitado na comunidade local, bem quisto? T-
Respeitadíssimo, bem quisto, enfim, nunca soube de nada que o desabonasse. (...)”.

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A testemunha Luiz Fernando Ribeiro de Souza expôs: “(...) M- Trabalha na mesma
corporação que eles? T- Trabalho sim, senhora. (...) ADV- Vejo que o senhor está no Comando
Regional. T- Estou. ADV- O que significa o Comando Regional, para que o Juízo esteja
informado? T- A Polícia Militar tem uma estrutura central, o Comando Geral, e nós temos
também, no interior do estado, o estado do Paraná é dividido em seis regiões e cada uma
dessas regiões corresponde a um Comando Regional. A região norte do Paraná é o 2º Comando
Regional. ADV- O senhor tem alguma ascensão direta sobre os policiais que estão acusados
aqui? T- Sim, sou sim. ADV- Nessa atribuição do senhor como Oficial da Polícia Militar, o senhor
teve algum contato profissional com os acusados, em que razão e com quais dos acusados? T-
Tive. Eu sou Policial Militar há dezenove anos, entrei na PM em 1997 como Soldado, trabalhei
na rua por muitos anos, inclusive trabalhei com o Soldado Jefferson na mesma Companhia (...)
Depois me formei Oficial em 2011 e em 2012 eu tive inclusive o aluno Morales que está aí
durante o período de formação dele, então em razão da nossa profissão e da nossa atividade já
tive contato com todos. ADV- O que o senhor pode testemunhar desses policiais, são policiais
operacionais, de frente, principalmente o Soldado Jefferson? T- Se eu tivesse que resumir em
razão do nosso tempo, são policiais nos quais eu confio a minha segurança e a segurança da
minha família. Eu não tenho dúvida nenhuma, Excelência, de que esses policiais, quando vão
para as ruas, dão sua vida para a sociedade e eles trabalham com afinco, sempre procurando o
bem-estar comum. ADV- O que significa Código 4 quando afirmado no COPOM? T- Significa
morte. (...)”.

A testemunha Marcelo Ferreira explanou: “(...) ADV- O senhor conhece o soldado Júlio
há quanto tempo? T- Desde 2009. ADV- Em que circunstância o senhor o conheceu? T- Na
ocasião ele era civil assim como eu e nós trabalhamos juntos em uma mesma empresa. ADV-
Trabalharam por quanto tempo? T- Não sei precisar quanto tempo. ADV- Aproximadamente? T-
Talvez uns 10 ou 11 meses. ADV- Depois que ele ingressou na Polícia Militar o senhor continuou
a ter contato com ele? T- Sim. ADV- Houve alteração de comportamento? Se tornou uma
pessoa mais truculenta, mais agressiva ou era o mesmo perfil? T- Mesmo perfil de quando eu o
conheci. Sempre dedicado aos estudos e nenhum tipo de desvio. ADV- O senhor conhece a
família dele? T- Conheço. ADV- Sabe se ele tem uma constituição familiar sólida? T- Sólida.
(...)”

A testemunha Marcelo Israel da Costa Vieira informou que: “(...) ADV- Pelo que eu
tenho de informação o senhor foi instrutor do soldado Morales? T- Sim. ADV- Nesse tempo de
instrução qual é a avaliação técnica e pessoal de quem está sendo instruído. O que o senhor
pode testemunhar com relação ao soldado Morales. T- O soldado Morales sempre foi um aluno
excepcional, tanto na questão de disciplina quanto na questão técnica. Nunca me deu problema
em questão de disciplina e muito menos em questão técnica. Ele era um dos melhores da turma
em questão de armamento, tiro e tática que era o que eu dava para eles. ADV- Em relação aos
demais policiais militares, o senhor chegou a dar instrução para eles? T- Já trabalhei e fui
instrutor de tiro do Jeferson. (...) ADV- São policiais respeitados dentro da corporação ou são
policias que sempre estão criando algum tipo de problema? T- São todos bem respeitados.
Nunca vi eles com problemas de ordem disciplinar e nem administrativo. Todos eles sempre
trabalhando bem, sendo elogiados e sempre dando produção para polícia. (...)MP- O senhor
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disse que é instrutor de tiro, correto? T- Sim. MP- Qual é o procedimento a ser tomado
imediatamente após a constatação de morte em confronto? T- Eu desconheço que exista algum
estudo, isso é mais baseado em relação a experiência mesmo. Em relação ao quesito de morte
em confronto, primeiramente será chamado o SIATE para constatação do óbito; retirar o
armamento daquele individuo, pois, a gente não tem certeza se está em óbito ou não, isso é

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feito por questão de segurança; chegando e constatando o óbito o local será isolado e será
acionado os órgãos competentes. No caso da polícia militar, os militares terão que acionar o
superior imediato, o comandante, comunicar o que está acontecendo, do que aconteceu, para
que se tome as medidas administrativas cabíveis em relação ao fato. MP- Nós temos uma
ligação logo em sequência dessa ocorrência, que ligaram para terceiros, pessoas que não eram
do quadro militar, pedindo convites. Falando que tinha uma situação e precisava de uns
convites. Essa ligação logo depois de uma ocorrência de morte que eu não consegui entender o
objetivo dela nesse fato. T- Olha, doutor, pelo que eu sei é ligado para o comandante ou chefe
imediato para relatar o fato. MP- Tem algum código mencionando “convite” ou alguma coisa
que se usa? T- Eu desconheço. MP- O senhor mencionou que precisa recolher o armamento
depois que constata o abatimento do indivíduo que entrou em confronto? T- Neutralização do
indivíduo? MP- Sim. T- Em um primeiro momento é retirado o armamento, doutor, porque a
gente não sabe se está em óbito ou não. A partir do momento em que chega um técnico que diz
que está em óbito, não tem mais sentido colocar o armamento ali porque o armamento já foi
pego. Depois o armamento será passado para polícia técnica. MP- É porque nessa foto o
armamento está do lado do corpo. T- Onde? MP- No Laudo de Exame de Local do Delito. T-
Talvez o policial depois que soube do fato do óbito pode ter colocado o armamento lá para
deixar para perícia. MP- Tem outra ligação, não recordo o nome agora, mas ela está dizendo:
“olha, não liga para o SIATE ainda não”. Então está fazendo um procedimento ao contrário do
que o senhor acaba de mencionar. T- Esses fatos eu desconheço, doutor. (...)”

A testemunha Marcio Antonio Tavares relatou: “(...) ADV- Soldado Márcio, é Policial
Militar há quantos anos? T- Vai fazer seis anos em abril. ADV- O senhor já trabalhou na
Companhia dos policiais aqui presentes? T- Ainda trabalho na Companhia. ADV- Mas trabalhou
come eles? T- Sim, senhor. ADV- Com quais deles? T- Com o Júlio César. ADV- Nesse tempo
que o senhor trabalhou com o Soldado Júlio César, o que pode dizer sobre o comportamento
dele na viatura, no trabalho do dia a dia? T- Não tenho do que reclamar, sempre foi um policial
padrão, sempre fez o serviço correto de Policial Militar. ADV- É um policial sereno, tranquilo, ou
um policial truculento, agressivo? T- Policial tranquilo, sereno. ADV- Alguém respeitado ali na 4ª
Companhia? T- Não só ele como todos, senhor. (...)”

A testemunha Marcos Paulo Epiphaneo Vieira asseverou: “(...) ADV- O senhor


percebeu alguma alteração de comportamento do soldado Thiago Morales após o ingresso na
Polícia Militar? Se tornou mais truculento, mais raivoso, vingativo ou permaneceu sendo aquela
pessoa tranquila e serena que era quando o senhor o conheceu? T- Eu não senti nenhuma
mudança, talvez até pelo fato de trabalhar na rua, eu trabalho no campo na Sanepar, eu
encontrava eles fazendo patrulhamento e gente se cumprimentava, mas eu não notei mudança
nenhuma. (...) MP- O senhor soube do caso do carroceiro? T- Soube pela televisão. MP- O
senhor sabe se no dia o Morales ia para alguma festa? T- Eu não sei, doutor. MP- Porque após o
tiroteio teve umas ligações pedindo uns convites. O senhor soube de alguma coisa? T- Não.
(...)”

A testemunha Marcos Roberto Hidalgo disse: “(...) ADV- O senhor conhece o policial
Jefferson há quanto tempo? T- Já faz vinte anos. ADV- Em que circunstâncias o senhor o
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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conheceu? T- De infância, a gente se conhece há muito tempo e depois ele passou a ser policial.
ADV- Depois que se tornou policial, o Soldado Jefferson em algum momento utilizou da sua
função para se sobressair, ter algum tipo de benefício, agir de maneira truculenta? T- Não, no
caso, sempre que ele precisava de alguma coisa na loja ele passava lá. ADV- Ele tinha uma
atuação efetiva como Policial Militar, pelo que o senhor tem conhecimento? T- Comigo não,

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sempre ele passava, a gente se conhecia. ADV- Ele frequentava a loja do senhor? T- É, quando
estava na rota às vezes ele passava para ver como estava, tudo. ADV- Dava uma atenção para
o senhor? T- Uma boa atenção. ADV- No meio do comércio, ele é um policial conhecido, bem
quisto de maneira geral? T- Bastante conhecido. ADV- É um policial truculento, agressivo ou
tranquilo? T- Não, é bem tranquilo, sossegado. (...)”

A testemunha Melissa Volpe da Silva contou: “(...) ADV- A senhora foi casada com o
senhor João Paulo, correto? T- Sim, correto. ADV- Conviveu com ele aproximadamente quanto
tempo entre casamento, namoro, de convívio, quanto foi? T- Nove anos. ADV- Deste convívio
se gerou duas filhas? T- Sim. ADV- Qual a idade delas? T- A Ester de 12 anos e Isabelle de 10.
ADV- Está separada dele há quanto tempo? T- Seis anos. ADV- A senhora acompanhou o
ingresso dele na Polícia Militar, correto? T- Correto. ADV- Testemunhas já foram ouvidas aqui
em Juízo e relataram o desejo como vocação de ser Policial Militar. É correta essa afirmação? T-
Sim. ADV- Sempre desejou, era algo que ele buscava incessantemente? T- Sim. ADV- Quando
ingresso na Polícia Militar, houve alguma alteração de comportamento do senhor João Paulo? T-
Não, o João Paulo como pai, marido, hoje ex-marido e amigo, a gente convive muito bem, não
houve nenhuma alteração, tanto no comportamento, sempre bem apoiado, cuida muito bem
das filhas, carinhoso, amoroso, mesmo estando no trabalho ou não, mesmo antes de entrar na
Polícia. ADV- Ele não se tornou alguém truculento, agressivo, algo que chamasse a atenção da
senhora? T- Não. Não mesmo. ADV- Com relação às filhas, foi alguém que sempre se
preocupou com as filhas, sempre cuidou, deu atenção naquilo que era possível? T- Sim, como
eu já falei aqui agora pouco, ele sempre foi um bom pai, antes da polícia, durante a nossa
separação e agora que nós já estamos divorciados, ele sempre deu toda a assistência. Ele que
vê todos os médicos, ele que leva para fazer exame na escola, inclusive ele faz parte de um
Conselho de Pais e Mestres da escola da nossa menor, que todos os pais sempre veem ele lá
apoiando, ele consegue verbas para a escola das meninas, então ele participa mais do que eu
que sou a mãe delas. MP- O João respondeu por alguns crimes aqui, lesão corporal, a senhora
tem algum conhecimento disso? T- Sim. MP- Quem foi vítima a senhora sabe? T- Só o que eu vi
no comercial, nos jornais, televisão. MP- Isso foi em serviço? T- Não sei. Eu sei que o saiu nos
jornais. (...)”

A testemunha Pedro Jocenir Domingues Ramos argumentou: “(...) ADV- Há quanto


tempo você conhece a família do Fábio? T- Há mais de 20 anos. Eu estou na TV há 24, conheço
a família desde essa época. ADV- A família sempre trabalhou com a TV também? R- O Nelson
sim. ADV- E o filho. R- O filho posteriormente com ele. ADV- Conceito do Fábio e da família para
você? T- Uma família muito tranquila, honesta, decente. Enquanto gestor da Rede Massa eu
nunca tive problema com o Nelson e nem com Fábio, acerca de questões de qualquer natureza
e que pudessem desabonar a conduta deles. ADV- Algum envolvimento com o crime de algum
deles? T- Nenhum, nunca. ADV- O senhor ficou sabendo desse fato? T- Fiquei sabendo no dia
seguinte. ADV- Através de onde? T- Através de comentários, porque repercutiu e como eles são
prestadores de serviço para empresa, teve uma repercussão dentro da empresa. ADV- O Fábio
é uma pessoa honesta e confiável? T- Muito honesta e muito confiável. Em razão do pai, eu o
conheço desde muito pequeno. (...)”
PROJUDI - Processo: 0045929-37.2016.8.16.0014 - Ref. mov. 809.1 - Assinado digitalmente por Elisabeth Khater:6636
26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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A testemunha Roberto Kaskanlian aduziu: “(...) M- O senhor é o que do João Paulo? T-
Ele foi meu funcionário. (...) trabalhou comigo durante dois anos. (...) ADV- O senhor disse que
foi patrão, chefe do João Paulo por dois anos. O que o senhor pode me dizer sobre o
comportamento dele nesses dois anos que vocês tiveram um contato mais próximo? T- O João
Paulo trabalhou comigo durante dois anos, ele foi praticamente o braço direito da empresa, tem

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uma conduta muito boa, nunca teve problema nenhum, é uma pessoa extremamente proativa,
ele praticamente tomava conta da locadora porque éramos só nós dois, era gerente de locação
e fazia a manutenção de veículos. Eventualmente, quando eu me ausentava, ele lidava com
dinheiro, com recebimento, cartão de crédito, dinheiro, cheque (...) nunca tive problema
nenhum que eu possa dizer que desabonasse o João Paulo. (...) ADV- Depois que ele ingressou
na Polícia Militar o senhor teve mais algum contato com ele? T- Eu encontrei com ele algumas
vezes, conversamos algumas vezes, ele passou na empresa uma vez, tomamos café juntos,
conversamos, mas somente isso. ADV- O senhor pode dizer ao Juízo se algum dia depois, na
função militar, o senhor testemunhou ele se prevalecendo da condição de policial, agindo de
maneira truculenta, algo que chamasse a atenção do senhor? T- Não, pelo contrário, para mim
continuava sendo a mesma pessoa, sempre alegre, comunicativo, de boa índole, nunca tive
nenhuma impressão diferente do João Paulo. (...)”

A testemunha Rodrigo Scapk Geara expôs: “(...) ADV- Há quanto tempo o senhor
conhece o Fábio e o que você pode dizer do conceito dele? Da família? Do trabalho? Como ele
era? T- Eu conheço o Fábio há pouco mais de três anos, que é o tempo que eu estou na cidade
de Londrina, em uma relação estritamente profissional. Em virtude da minha posição de diretor
da emissora de TV, eu me relaciono com muitas agências de publicidade e muitos empresários
aqui da região. O Fábio ao longo desses três anos foi um de nossos clientes, um dos parceiros
da televisão. Não tenho nada que desabone a pessoa dele no sentido profissional, no sentido
pessoal dentro da esfera que me cabe. No trabalho ele sempre se mostrou um rapaz dedicado,
comprometido, trabalhando em conjunto com o pai dele em uma agência de publicidade,
prospectando clientes, e sempre foi um grande parceiro ao longo desses três anos que eu estive
na direção da emissora. Sem citar números específicos, daria para dizer que a empresa que ele
e o pai dele respondem é a maior agência de publicidade ou a que tem maior volumes de
negócio com a TV atualmente. Portanto, ao longo desse tempo foi um parceiro e um profissional
muito correto nessa relação comercial. ADV- Pessoa idônea? T- Sim, nunca identifiquei nenhum
tipo de conduta irregular no nosso trato profissional. ADV- Confiável? T- Sim, sem dúvida. M-
Qual empresa que ele é proprietário? T- Eles têm uma agência chamada “De Lucena”, é o
sobrenome da família. M- Qual a finalidade dessa empresa? T- É uma agência de publicidade
que agencia mídia e propaganda para empresas e veículos. Ele representava a RICTV. M- O
senhor sabia que ele era policial militar? T- Não sabia. (...)”

A testemunha Rosana Magro explanou: “(...) M: Fatos que aconteceram, o que a


senhora sabe para me contar. T: eu sei contar que eles, ele e o garoto, Pedro e Gabriel, saíram
de carroça. M: Fazer o que? T: Na verdade eles falaram para mim que iam trabalhar, mas pelo
caso, não sei o que aconteceu parece que teve um monte de coisa em cima da carroça. M: um
furto? T: isso, não sei se foi um furto, ninguém sabe falar o que foi aí chegando em casa vieram
me falar assim: ‘’o Pedro e o seu filho estão lá em baixo, perto do Seu Jorge porque eu passei
por lá e vi, um monte de siati’’, eu saí correndo fui até lá, e quando cheguei vi um policial na
frente e falei vocês mataram meu filho, o policial disse que não matou e eu disse que tinham
matado sim. Eu estava de capacete e na hora que eu tirei o policial falou para eu sair que eu
não tinha filho barbado, então eu perguntei quem estava ali, fui para a frente e vi o Pedro
estava morto coberto de lona. M: A senhora ficou sabendo, ainda pelo seu filho as
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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circunstancias que o Pedro morreu? T: sim, o meu filho chegou em casa com uma marca de
mão na cara, de alguma polícia que bateu nele, não sei quem foi, com um chute na bunda que
ficou a marca do coturno da polícia, e falou para mim assim: ‘’eles mataram o Pedrinho’’, então
eu perguntei quem matou o Pedrinho e ele disse que foi a polícia, e ele não sabia o por que. O
Pedrinho saiu correndo a hora que viu a polícia, e a hora que ele caiu a polícia deu um monte

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de tiro nele, o Gabriel me disse que foram 15 tiros, ele não sabia me dizer a onde foi, só sabia
dizer para não matarem ele. M: o Pedro estava junto com seu filho na carroça? T: estava. M:
em cima da carroça? T: não, quando a polícia veio o Pedro saiu correndo e meu filho ficou na
carroça e a polícia abordou ele, deu um tapa e um chute nele. M: Qual policial que deu o chute
nele? T: qual policial ele não sabe dizer qual, mas sabe que foi um dos que abordou ele, e que
bateu nele, mandou ele sair correndo, não sabia onde estava, se escondeu em uma mata, uma
moita, não sei dizer como é que é certinho e viu a hora que o policial atirou. M: seu filho chegou
a dizer para senhora que o Pedro estava com uma arma? T: não, ele não estava armado porque
a hora que ele saiu de casa eu vi que ele só estava com uma inchada e uma pá. M: quem? T: o
Pedro. M: e o seu filho chegou a dizer para a senhora que eles foram furtar um... T: ele disse
que o Pedro chegou em uma casa e que saiu com umas coisas, foi isso que ele falou. M: mas
foram furtadas? T: eu acho que sim, para ele ter saído (..) na carroça. M: seu filho ficou
tomando conta da carroça, no tempo em que o Pedro entrou para furtar. T: isso. M: tinha
alguém dentro da casa? T: eu acho que não, porque isso eu também não perguntei porque
fiquei muito apavorada na hora que ele chegou e começou a chorar, tanto que ele não consegue
falar totalmente sobre, ele tem muito medo, a hora que a gente estava lá embaixo, ele ficou
com muito medo, não sei se ele reconheceu o policial, ele não queria mais ficar lá, queria ir
embora, ele tem muito medo porque os policiais bateram nele. M: ele é capaz de descrever o
policial que bateu nele e o policial que atirou no Pedro? T: como já faz um tempo eu acho que
não, se você mostrar um pouquinho assim, ele sabe ver quem é e quem não é. Ele reconheceu
quem era os policiais que estavam juntos, já tínhamos conversado com o promotor, e foi até
muito difícil para ele falar porque ele tem muito medo, ele chora muito. M: ele era amigo do
Pedro? T: era, o Pedro era nosso vizinho. M: tinha a mesma idade? T: não, o Pedro é mais
velho, mas o Pedro era muito brincalhão com ele, jogava bola, comprava doce, ele tinha um
neném. M: quem tinha? T: o Pedro tem um filho de 1 ano. M: o seu filho tem quantos anos? T:
meu filho tem 11. MP: ele comentou se tinha mais alguém com eles na carroça, além do Pedro?
T: não comentou ninguém, só disse que estava ele e o Pedro. MP: a senhora encontrou o
Gabriel aonde? T: eu não encontrei, eu fui a procura dele e não achei, quando estava chegando
em casa, a minha família procurando ele, ele estava em uma esquina perto de casa vindo
correndo. ADV: (em defesa dos policiais) o seu menino chegou em casa dizendo isso? T: sim.
ADV: a senhora não encontrou ele em outro lugar? T: não porque a hora que mataram o Pedro
ele saiu correndo e veio até em casa. ADV: isso era que horas? ADV: já era umas duas, três da
tarde. ADV: a senhora também afirma aqui perante a Juíza que a senhora não teria, não
saberia onde é que é o local. T: não. ADV: e como a senhora pegou a motocicleta e foi até o
local? T: porque uma outra pessoa passou lá e viu. ADV: viu o que? T: um monte de
ambulância. ADV: a senhora disse que ele não estava armado porque a senhora não viu a
arma. T: não, não tinha arma nenhuma, meu filho falou. ADV: a senhora revistou a carroça? T:
sim, meu filho estava junto, não tinha arma. ADV: no primeiro depoimento para o ministério
público a senhora fala que ele levantou a camisa antes de mostrar uma pá e uma inchada por
isso que não viu ele armado. T: com certeza, porque eu não deixaria ele sair com meu filho se
ele estivesse armado. ADV: a senhora disse que morava muito próximo, a senhora conhecia o
Saulo? T: Saulo não, ele está preso eu acho, não sei. ADV: Pâmela? T: também não. ADV:
quem é Pâmela? T: eu acho que é a irmã. ADV: também está presa? T: não sei. ADV: aqui
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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consta uma informação que ela estaria presa por tráfico de drogas. T: não sei, não conheço ela
nem o Saulo, nem o outro que morreu também não conheço. ADV: ele morreu do que? T: não
sei te informar. ADV: a senhora tomou conhecimento de que ele foi preso por tentativa de
homicídio? T: não. ADV: Tomou conhecimento que ele foi preso por furto? T: não. M: Doutor,
gostaria que a gente ficasse restringido a causa em si. ADV: mas eu preciso senhora excelência,

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indagar se ele tinha conhecimento, porque ela confiou o filho menor dela a uma pessoa que... a
senhora ainda perguntou a ele se ele tinha intenção de fazer alguma coisa errada? T: perguntei,
porque ele já tinha falado para a gente que ele tinha passagem pela polícia. ADV: a senhora
não comentou por ocasião na sua inquirição lá no ministério público dessa marca de tapa no
rosto, também não comentou sobre essa marca de chute que a senhora está comentando aqui,
por qual razão? T: porque eu não lembrei na hora e agora que ele falou para mim de novo, pois
eu vim perguntando para ele no carro me falar certinho o que havia acontecido. ADV: a senhora
menciona pessoas que estavam lá na ocasião e que viram, a senhora sabe nominar as pessoas?
T: eu sei quem é, mas eu não vou falar. ADV: e por que a senhora não vai falar? T: porque a
pessoa pediu para eu falar, porque ela tem medo. Não estava na carroça, essa pessoa estava
passando de moto, reconheceu meu filho, nem conhecia Pedrinho. ADV: você lembra onde seu
filho ficou amoitado, escondido? T: não, porque eu não estava no local. ADV: mas ele não te
contou? T: contou. ADV: e aonde ele estava? T: ali perto. ADV: ele viu essa cena? T: viu. ADV:
e a senhora acompanhou toda a repercussão desse fato na imprensa? A prisão dos policiais? T:
não, não sou de ficar assistindo televisão. ADV: e esse desespero que a senhora falou, esse
medo todo a senhora nunca teve coragem de procurar as autoridades constituídas para isso? T:
não, porque eu não queria nem que ele visse a falar, eu trouxe ele para falar de tanto que me
pediram ajuda. ADV: essa ajuda quem pediu foi o advogado? T: não, foi a mulher do Pedro.
ADV: mas essa ajuda foi em razão da ação de indenização que ela está promovendo contra o
Estado? T: não sei. ADV: a senhora teve contado com o advogado dela? T: não, eu vi o
advogado dela no dia que eu vim conversar com o promotor. ADV: ele acompanhou o ato? T:
acompanhou não, ele ficou para fora eu acho, nem sei quem estava ali, tinha tanta gente que
eu nem sei quem era. ADV: a senhora pediu segredo do seu depoimento? T: segredo do meu
depoimento? ADV: para manter sigilo do seu depoimento no ministério público? T: sim, com
certeza, eu também tenho família, tenho 3 filhos, eu não sei o que pode acontecer. ADV: a
senhora não acompanhou a notícia que passou na rede Globo para o Estado inteiro? T: não.
ADV: não acompanhou, ninguém lhe falou isso? A senhora forneceu para a rede Globo o teu
outro depoimento? T: não. ADV: a senhora autorizou alguém a fazer isso? T: não. ADV: a
senhora prestou depoimento para o promotor, e ele perguntou para senhora o seguinte: ‘’por
que a senhora achou que seu filho teria sido morto naquela circunstância? ’’. A senhora
respondeu: ‘’porque a pessoa que viu, uma pessoa vítima que viu e conhecia e que estava ali
perto chegou até mim e falou que era meu filho que estava morto. ’’ T: uma pessoa que passou
de moto e venho até mim e falou. ADV: (...) T: olha não quero mais responder, não vou
responder mais nada. ADV: a senhora tem que responder a menos que a juíza determina que a
senhora não o faça. M: (...) ADV: está aqui excelência, depoimento prestado no gabinete do
promotor, não tem equivoco nenhum. M: nem eu não conhecia esse depoimento, eu não tenho
acesso a esse documento. ADV: excelência a rede Globo divulgou em alto e bom som, para
quem se interessasse. M: tudo bem, depois a gente conversa. ADV: então é público, notório e
de domínio público. T: eu não sabia disso que tinha divulgado na rede globo, porque
simplesmente foi falado para mim que não ia ser divulgado nada, que ia ser sigilo, se eu
soubesse nem tinha vindo, porque o meu filho tem medo. ADV: é não me parece. T: é não
parece porque não foi seu filho. ADV: é, meu filho não estava lá na carroça, não estava com o
Pedro. Seu filho estudava na época dos fatos? T: com certeza, estuda até hoje. ADV: era férias
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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dele? T: nem lembro quando que foi, eu só lembro que era em um sábado. ADV: a senhora
chegou a ver o que tinha dentro da carroça ne? T: eu vi que tinha um monte de coisa na hora
que eu cheguei, só isso. ADV: a senhora fala no seu depoimento para o promotor de justiça...
T: que tinha cadeira? ADV: muamba a senhora fala. T: para mim é muamba, um monte de
cadeira e de coisa velha. ADV: Quando a senhora advertiu o Pedro dizendo para ele não fazer

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coisa erra, dizendo nesse sentido, é por que a senhora sabia que ele era ladrão ou não? T:
porque ele tem passagem pela polícia e quando a pessoa tem passagem pela polícia você não
confia, só sei que ele tinha passagem pela polícia, mas pelo que eu não sei. ADV: mas confiou a
criança mesmo assim, é isso? T: porque até então ele não estava mexendo com nada errado.
ADV: ele não estava usando a sua criança também para cometer crime ne? T: não, ele é louco.
ADV: quem que indicou o gabinete do promoter para a senhora ser ouvida? T: não sei. ADV: a
senhora veio como? A senhora adivinhou que o promotor, um gabinete. T: isso eu não vou
responder. ADV: a senhora tem que responder. M: se ela não quiser ela não precisa responder.
ADV: mas ela não é uma acusada excelência, ela é uma informante. (...)”

A testemunha Rosângela Pereira dos Santos discorreu: “(...) ADV- A senhora prestou
um depoimento no dia 02 de março de 2016 no 5º Distrito Policial. A senhora se recorda desse
fato? T- Sim. ADV- lá na autoridade policial a senhora declarou que é proprietária da chácara
“Guelba Jacutinga”, lote 2, quadra 4, do Condomínio Portal do Sol. Isso é correto? T- É correto.
ADV- Diz também que no dia anterior a senhora teria ficado alguns dias sem ir até chácara e
quando foi percebeu que a grade estava cortada e de lá haviam furtado vários objetos. T- Sim.
ADV- E que esses objetos estariam avaliados, aproximadamente, em 3 mil reais. T- Sim. ADV-
Então a senhora efetivamente foi vítima de um furto e na sequência a senhora restituiu alguns
bens apreendidos. É correto isso? T- Sim. ADV- A senhora conseguiu recuperar esses
pertences? T- Correto. ADV- Dentre eles um armário, um compressor, um ventilador, cadeiras,
botijões, bebedouros, piscina, barraca, micro-ondas, mangueira, espelho, entre outros. Esses
objetos eram da senhora? T- Sim. ADV- A senhora conheceu o autor desse furto? T- Não. ADV-
A senhora ainda mantém essa propriedade? T- Tenho. ADV- A senhora tem essa propriedade há
um certo tempo? T- Um ano e pouco a dois anos. ADV- Foi a primeira vez que a senhora foi
vítima de um crime? T- Sim. ADV- Pelo que a senhora conversou com os vizinhos ou moradores
da região, a senhora tomou conhecimento de outros furtos ou roubos que tenham ocorridos? T-
Não. ADV- Além da grade cortada, a senhora se recorda de alguma outra barreira que foi
rompida para que pudessem adentrar ao seu imóvel? T- A grade de proteção e o muro que a
gente fez, uma tela. ADV- Ele rompeu o muro, rompeu a grade e adentrou? T- Isso, isso. ADV-
A senhora conhece os policias militares que estão aqui presentes? T- Não. ADV- Esse
depoimento que a senhor prestou em março de 2016, mais precisamente no dia 02 de março,
aqui diz na presença de um escrivão de polícia. A senhora se recorda desse depoimento? A
senhora recebeu algum tipo de pressão ou sugestão, ou a senhora teve total liberdade para
prestar esse depoimento? T- Total liberdade. MP- Estiveram peritos na sua propriedade para
constatar se a grade foi rompida ou como foi realizado essa entrada lá na chácara? T- Não me
recordo. MP- A senhora lembra o dia que aconteceu? Que a senhora constatou? T- Que eu sei
foi em um sábado. MP- De qual mês? T- Março. MP- Quanto tempo depois a senhora foi à
delegacia? T- Foi no outro dia. MP- A senhora ligou para o 190 no dia? Quando constatou esse
suposto arrombamento na sua casa? Essa subtração dos objetos. T- Acho que foi no outro dia,
porque eu fui direto lá. MP- Para a polícia a senhora foi na delegacia, né? T- É. MP- Para Polícia
Militar a senhora ligou? T- Não. (...)”

A testemunha Satiko Shiono informou: “(...) ADV- A senhora conhece o policial João
Paulo há quanto tempo aproximadamente? T- Faz uns 14 anos mais ou menos. (...) Ele tinha
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uns 15 anos, 16 anos. ADV- Ele já exercia alguma atividade profissional com a senhora? T- Já.
ADV- Qual atividade, o que ele fez? T- Trabalhou como office boy. ADV- Isso no início da
juventude dele? T- Isso. ADV- Por quanto tempo, senhora Satiko? T- Três anos e pouco. ADV-
Nessa atividade como office boy, depois ele galgou algum posto superior? T- Depois ele voltou
em 2004 e ficou três meses mais ou menos como balconista. ADV- O que a senhora pode

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testemunhar ao Juízo sobre a conduta nesse tempo que ele trabalhou com a senhora (...)? T-
Ele sempre me respeitou muito bem e os funcionários também, os colegas de trabalho. ADV- É
correto afirmar que era alguém cordial, cortês, que tinha uma boa educação? T- Sim. ADV- Agia
de maneira truculenta? T- Não. ADV- A senhora teve contato com ele depois que ele ingressou
na Polícia Militar? T- Sim. ADV- Algum dia a senhora testemunhou ele se prevalecendo da
condição de policial para ter algum tipo de benefício, de vantagem? T- Não. ADV- A senhora é
do comércio, né? T- Sim. (...) ADV- É correto afirmar que o policial João Paulo é alguém
respeitado no meio do comércio? T- Sim. (...)”

A testemunha Sidnei Roberto de Oliveira Conceição narrou: “(...) ADV- Senhor


Sidnei, o senhor estava relatando à juíza que o senhor passava pelo local dos fatos no dia dos
fatos. O que o senhor tem de conhecimento sobre isso? T- Eu cheguei no local e o mesmo já
estava fechado com fita zebrada, tinha uma viatura a uns 200 metros da estrada com o policial
e tinha um policial em cima onde eu parei. Foi comentado que tinha uma vítima alvejada no
local, sendo que já estava morto. Tinha uma carroça parada e com alguns objetos em cima,
tais como: televisão, micro-ondas, algumas cadeiras, coisa desse tipo em cima, coisas que a
gente usa em casa mesmo. Naquele momento eu vi a carroça e falei: Eu conheço essa carroça.
Eu tenho uma cunhada que mora no Vista Bela e sempre via essa carroça estacionada na região
onde ele mora e foi o que eu comentei ali. ADV- O senhor disse que conhecia essa carroça; que
conhecia essa carroça de alguma outra circunstância. O senhor chegou a ver o sujeito que tinha
sido baleado? T- Como eu tenho uma chácara, uns 5 dias a mais ou menos, eu não me recordo,
estiveram dois indivíduos na porta da minha chácara pedindo água e eu lá da porta observei o
cara com um cabelo rastafári. Era um senhor de cor negra e um branco, e um com mochila nas
costas. Eles pediram água, eu não saí da porta da minha casa, até porque eram pessoas
estranhas, e como sempre tem roubos na região eu fiquei meio assustado. Observei que a
camisa tinha um volume, não sei se era bolsa ou sei lá o que, não quis ver, fiquei dentro da
minha casa. Estava eu e minha esposa dentro da casa, eu não saí e não dei água. ADV- O
senhor relacionou esse indivíduo negro de cabelo rastafári, com a mochila e com o volume na
frente com o sujeito que havia sido baleado no dia e que estava próximo à carroça. T- Sim.
ADV- O senhor identificou que se tratava da mesma pessoa. T- Sim. ADV- Nesse dia que ele foi
até a sua chácara pedir água? T- Sim. ADV- Ele estava sozinho ou se fazia acompanhado de
outra pessoa? T- Ele estava acompanhado de uma outra pessoa. Uma pessoa de cor branca. Eu
já visto eles andando na estrada de carroça e a pé nas redondezas. ADV- O senhor consegue
descrever à Meritíssima Juíza, aproximadamente, a idade desse sujeito que estava junto com o
elemento de cabelo rastafári? T- Olha, o cara do cabelo me chamou mais atenção. No outro
nem tanto, mas acredito que tinha uns 20 a 22 anos, não mais que isso. ADV- Nesse dia que
ele pediu água ele falou algo? Teve um comportamento tranquilo e sereno? Ou um
comportamento agressivo e mais truculento? T- Não, a princípio, quando eles pediram a água e
eu falei que não ia dar e que não ia sair, ele falou: Não, nós somos gente de bem. Eu falei:
“Está cheio de gente de bem no mundo. Eu não vou sair. “ Eu peguei e fechei a porta e virei as
costas, não dei muita atenção. ADV- O senhor disse também que já havia visto esse sujeito na
estrada ou em algumas outras localidades. Ele sempre se fazia acompanhado de alguém ou
não? T- Sempre. Na carroça sempre estava ele e mais um ou três nessa carroça. ADV- No dia
dos fatos que o senhor cruzou com a carroça e depois viu o sujeito morto, tal carroça era a
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mesma que o senhor viu anteriormente nos demais dias? T- Correto. ADV- Essa carroça
costumeiramente andava com pertences daquela maneira? Com produtos, tais como:
micro-ondas, geladeira, televisão, enfim, objetos em seu interior? Essa carroça geralmente
estava com produtos? T- Não. Eu só via essa carroça indo de sentido Londrina para Warta, mas
nunca vi carregando objetos. ADV- Só dessa vez? T- Sim. Sempre com uma lona em cima

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também. ADV- Seu Sidnei, aquela região é correta afirmar que tem bastante roubo, bastante
furto, e que preocupa a população da região? T- Muito roubo de fio, de coisas de casa, mas
agora deu uma acalmada lá. ADV- Depois do fato deu uma acalmada? T- Acalmou. ADV- A
Polícia Militar tem uma atuação efetiva na região? As patrulhas dão uma certa segurança para
região pelo que o senhor tem testemunhado? T- Com certeza. ADV- E depois do fato isso se
intensificou ou começou a ter um cuidado maior na região? T- Sim, passam com mais
frequência ali. MP- Como que chama a sua chácara? T- Chácara Vale Verde. MP- Qual a
distância até o local dos fatos? T- 4km (quatro quilômetros) é do Jardim Paris até a minha
chácara. MP- O senhor estava de serviço nesse dia? T- Eu entrei às sete da manhã e entrei às
treze horas. MP- Quando o senhor chegou ao local estava isolado? T- Estava isolado. MP- O
senhor estava lotado em qual delegacia? T- Não, eu trabalho no SAMU. MP- O senhor atendeu
essa ocorrência? T- Não. MP- Prestou algum atendimento para essa pessoa? T- Não. MP-
Quando o senhor chegou o SAMU já tinha ido embora ou estava lá? T- Já tinha ido embora. MP-
Se o local estava isolado, por que permitiram o senhor entrar? T- Eu não entrei no local, eu
fiquei a 40 ou 50 metros do local. MP- E como a 40 metros o senhor reconhece a pessoa que
estava morta como a mesma que esteve em sua residência? T- Depois eu vi por foto em jornal,
em televisão. MP- Que roupa ele estava usando no momento em que morreu? T- Eu não me
recordo. MP- Que cor era a carroça? T- A carroça é de madeira antiga, tinha umas cores verdes
e tinha um filete azul. MP- Que cor era o cavalo? T- O cavalo era marrom, não me recordo
direito. MP- Como o senhor pode dizer que é a mesma carroça e o mesmo cavalo? T- A carroça
é a mesma. MP- Mais algum detalhe dessa carroça que possa destacar ela de outras? T- Por ser
uma estrada rural a gente vê várias carroças andando, mas essa ficou marcada em função de
ser verde e eu ter visto ela em outro local; além de ter essa fita azul. MP- Quando essas
pessoas passaram para pedir água elas estavam de carroça ou a pé? T- Não, estavam a pé. A
entrada da minha chácara não tem acesso a estrada, tem que entrar e fazer uma volta lá em
(...). M- O senhor trabalhava no SAMU e o senhor não me informou? T- Me perdoe, mas eu não
devo ter entendido. M- O senhor está ligando esse senhor de cor negra ao carroceiro? T- Sim.
M- E o senhor disse que foi pedir água? T- Sim. M- É a mesma pessoa? T- Olha, de onde eu
estava eu acredito que era a mesma pessoa. M- Como o senhor relacionou o negro da carroça
com o negro que foi pedir água na casa do senhor? M- Qual a distância do senhor até a pessoa
que foi pedir água? T- Da minha casa até o portão tinha no máximo 15 metros. M- E como o
senhor relacionou o negro que foi pedir água na sua casa com o carroceiro que faleceu? T- O
mesmo que eu vi na porta da minha casa era o mesmo que estava na estrada, mesma pessoa,
e depois eu vi em jornal e televisão. M- Quantos metros o senhor ficou e distância do local que
ele estava morto? T- 40 a 50 metros mais ou menos. M- Dá quase meio quarteirão e o senhor
conseguiu identificar que era a mesma pessoa? T- Não, até porque a polícia tinha fechado e não
tinha acesso para gente ver. (...)”

A testemunha André Luiz Franco de Lima aduziu: “(...) MP- O senhor é membro do
Siate, é socorrista, não? T- A minha função naquele dia, era a função de socorrista, mas como o
senhor perguntou, eu não tenho o curso de socorrista. MP- Nesse local que os senhores foram
prestar atendimento, o que o senhor pode nos descrever ao chegar lá? T- Nós chegamos no
local, era uma espécie de plantação, longe do local onde nós estacionamos a viatura,
imediatamente, descendo da viatura, nós já sabíamos que se tratava de um ferimento com
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26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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arma de fogo, já desci com uma lanterna, utilizada para a verificação de pupilas, descemos, era
um local um pouco longe de onde estava estacionada a viatura, chegamos e constatei que a
vítima estava sem pulso e a pupila estava em midríase paralitica, aí já é constatado o óbito no
local. MP- Constatou aonde foram os ferimentos sofridos? T- Como se tratava de uma
ocorrência policial, nós evitamos de movimentar a vítima muito, eu vi que haviam ferimentos

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no tórax e na região pélvica mais muito sangue no local, evitamos de movimentá-la, fiz o
mínimo possível ali. MP- Algum ferimento na região da cabeça? T- Não constatei se tinha
ferimento na cabeça, mas havia sangue no local. MP- Esse sangue estava concentrado perto do
cadáver ou havia rastro? T- Estava concentrado perto da vítima sim. MP- Viu se tinha alguma
arma perto do cadáver? T- No momento que a gente chegou ali havia algum tipo de arma sim,
colocamos uma manta térmica para não deixar a vítima em exposição, e logo depois vi que
tinha uma arma sim. MP- Onde estava essa arma? T- Estava próxima ao cadáver, pelo meu
conhecimento, a única identificação que posso ter é que acho que era uma pistola. MP- Tinha
uma carroça ali nas proximidades? T- Exato, nós chegamos, estacionamos próximos dessa
carroça, e o que eu vi foi que ela estava cheia de equipamentos, micro-ondas, mas não
verifiquei exatamente o que era. MP- Quando o senhor chegou ao local, além de militares, havia
peritos ou outras autoridades da polícia civil ou curiosos ali? T- Começou a chegar os curiosos
né, no momento que nós chegamos, mas não havia outras pessoas. MP- O senhor viu se junto
aos militares tinha algum civil? T- Depois que cobrimos a vítima, não sei dizer, mas acho que
chegou um investigador, mas no momento em que chegamos, não. MP- O período de
deslocamento dos senhores da base até o local dos fatos, aproximadamente, o senhor pode
dizer? T- Como recebemos informações de que eram ferimentos graves, por arma de fogo,
imediatamente nós já nos deslocamos em código um, que significa sinais luminosos e sonoros
acesos, então no máximo 5 minutos. MP- No local, você ouviu algum comentário de como
ocorreram os fatos? T- Não ouvi. MP- Mas algum detalhe que o senhor possa esclarecer e que
eu não tenha perguntado? T- Acredito que não, pois nós teríamos uma função maior se a vítima
estivesse com vida. (...)”

A testemunha Gustavo Augusto Gomes disse: “(...) MP- O senhor prestou algum
atendimento nessa investigação envolvendo a morte do Pedro Melo Domingos e os réus aqui
presentes? T- Na realidade, doutor, até desconheço os fatos, nós só fomos chamados e tão
somente para prestarmos apoio à uma equipe que veio de fora, nós não tínhamos ciência do
que se tratavam os fatos. MP- Apoio a qual diligência? T- A diligência de mandado de busca e
apreensão e de prisão temporária do Fábio Lucena. MP- O senhor cumpriu essa diligência na
casa do Fábio? T- Um dos integrantes. MP- O que o senhor constatou lá na residência? T- Como
dito, nossa autoridade policial solicitou apoio na data anterior, nós só fomos informados do
atendimento na madrugada do dia dos fatos, que seria para cumprir um mandado de busca e
apreensão em uma casa que teria armas de fogo e armas que poderiam estar conexas a algum
tipo de ilegalidade. Chegamos na casa, o Fábio franqueou nossa entrada após perceber que
eram policiais, entramos, ele foi solícito, atendeu às ordens da autoridade policial, perguntado
se havia armas ele indicou que sim e mostrou onde estavam as armas e tudo transcorreu
normalmente. MP- Onde as armas estavam? T- Estavam no quarto do casal. É que na realidade
o que eu presenciei foram duas armas que ele mesmo indicou para a autoridade policial, duas
armas que ele mostrou onde estavam, embaixo de um armário na frente da cama do casal. MP-
Que tipos de armas foram encontradas? T- Foi encontrada uma Beretta 9mm curto, que é a
380. MP- Uma pistola, né? T- Uma pistola. E um revólver 38. Na sequência, o Delegado
perguntando, ele também indicou que teria uma arma na casa conexa que seria um revólver de
calibre 32, e ele também indicou onde tinha uma espingarda de pressão e outras coisas que
estavam ali. ADV- Tomou parte de qualquer outra circunstância que não seja essa de apoio aos
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policiais do Tigre de Curitiba? T- Doutor, como policial eu posso falar que eu desconheço
totalmente o caso. Fui tão somente como apoio, a gente na realidade nem sabia direito do que
se tratavam os fatos ali no momento do apoio, só que teria a possibilidade de ter armas de fogo
com uso em crime, algum crime. ADV- Também complementando o que o senhor falou, e eu
verifiquei ali 9 milímetros, era uma 380? T- Isso, porque na verdade, doutor, nós fomos

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verificar posteriormente que existe a denominação “9 milímetros curto”, mas não é a 9mm, é a
mesma coisa que a 380, então é uma pistola de calibre totalmente permitido. ADV- E também
quando falam em uma espingarda 4.5 não é uma arma de fogo, mas sim uma arma de ar
comprimido? T- Que eu me recordo teve uma pistola, perdão, uma espingarda de ar
comprimido 4.5mm que é uma espingarda de pressão que vende em qualquer lugar. M- Ele
chegou a explicar para o senhor por que mantinha tanta arma na casa dele? T- Não, a única
coisa que ele falou é que tinha muita empatia pela questão policial, nada fora isso. M- Mas o
porquê de tanta arma em casa não? T- Na realidade, doutora, quem conversou mais com ele
foram as autoridades policiais presentes, nós não acompanhamos. (...)”

A testemunha Iria Carina Sodre expôs: “(...) MP- A senhora é Policial Civil, correto? T-
Isso. MP- Prestou atendimento em relação a esse homicídio? T- Nenhum. MP- Trabalhou nas
investigações? T- Não. MP- O que a senhora tomou conhecimento a respeito desses fatos? Qual
foi o seu papel nesse trabalho? T- Nenhum. MP- A senhora não fez a busca na casa de um dos
acusados? T- Só fiz a busca dando apoio ao grupo de Curitiba, nós demos apoio no
cumprimento do mandado de busca na casa do Fábio. MP- O que foi encontrado lá? T- Armas.
MP- A senhora lembra de que tipo? T- Acho que uma pistola, dois revólveres e duas
espingardas ou três. MP- A respeito da propriedade dessas armas, o que o Fábio alegou para a
senhora e seus colegas? T- Para mim nada, ele conversou com o delegado. MP- A senhora teve
algum contato com o Fábio? T- Só no momento do cumprimento do mandado de busca. MP- O
local onde as armas estavam, vocês descobriram vasculhando ou o Fábio indicou? T- O Fábio
indicou todos. MP- E onde estavam? T- No quarto deles. MP- Todas juntas? Todas no quarto? T-
Todas no quarto em locais separados, as espingardas em um local e a pistola e o revólver em
outro. MP- Essas armas estavam municiadas? T- Não me recordo. MP- O Fábio prestou algum
esclarecimento para a senhora ali no momento? T- Para mim não, para o delegado. ADV- Iria, o
Fábio espontaneamente mostrou as armas? T- Sim. ADV- Ele teve qualquer restrição com
vocês? Se opôs a alguma coisa? T- Não. ADV- Colaborou sempre? T- Colaborou. ADV- Ele
estava tranquilo? T- Estava tranquilo. (...)”

A testemunha Larissa Cardoso Richert asseverou: “(...) MP- Você é uma das peritas
que atendeu essa ocorrência envolvendo a morte do senhor Pedro Domingos (...) quando a
senhora chegou ao local, esse local de cena de crime estava devidamente isolado? T- Olha, a
característica do local era de um campo aberto, bastante grande, não havia faixas de
isolamento, então na hora acabou que o isolamento era o próprio local em si, não havia pessoas
que a gente chama de “curiosos” no local, por exemplo. MP- O que a senhora pode nos dizer
sobre a cena do crime que encontrou lá? T- Bom, quando tem a continuação da Rua Joubert de
Carvalho que eles chamam de Estrada Velha da Warta, lá havia uma carroça com diversos
objetos, essa foi a primeira coisa que eu observei no local, aí a vítima fatal estava bem para
dentro desse campo aberto, mais ou menos 160 metros. MP- Esse campo era transitável pela
própria carroça ou a pessoa teria que descer e correr a pé? Havia algum obstáculo de
vegetação? T- Não, vegetação baixa. MP- A carroça poderia seguir por ali também? T- Poderia.
(...) então, aí tinha essa vítima fatal, havia alguns policiais militares na ocorrência, a Polícia
Civil também estava lá, e eu fiz o exame do local, da vítima, das suas lesões. MP- O que a
senhora constatou? T- Eu constatei diversas perfurações de arma de fogo, no local havia
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também uma arma ao lado da vítima, uma pistola, havia algumas pedrinhas e alguns objetos
de uso pessoal no bolso da vítima também, além da carroça que estava mais distante da
posição final da vítima. MP- O sangramento do cadáver estava concentrado próximo ao local
onde o corpo foi encontrado ou havia rastro? T- Não havia rastro. Quando eu cheguei a vítima
também estava embrulhada em uma espécie de papel laminado, mas não havia rastro, estavam

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concentrados nas próprias lesões os sangramentos. MP- Algum detalhe particular lá dos fatos
que a senhora teria a acrescentar? T- Não, era um local bastante isolado, não havia muitos
objetos a constar, exceto justamente pela arma de fogo, pelos objetos e pela carroça. Em
termos de objeto, era o que tinha no local, e também a própria vítima fatal. MP- Da forma que
estava a posição do cadáver, é possível dizer se essa pessoa foi alvejada correndo ou parada?
T- Não consegui detectar isso no local. MP- Distância do tiro foi possível aferir? T- Também não.
MP- Havia ferimento de entrada na região das costas ou apenas do tórax? T- É, que eu
constatei no local tinham duas perfurações no tórax. MP- Lesão na cabeça? T- Também na
cabeça, sim. MP- A que distância estava essa carroça do cadáver? T- Aproximadamente 160
metros. MP- Na perinecroscopia, ali próximo a arma, onde foram encontrados os cartuchos
dessa arma? T- Estavam dentro do carregador, que por sua vez estava dentro da arma. MP- E
os deflagrados, havia? T- Não havia. MP- Eu sei que é um detalhe bastante específico, não sei
se a senhora chegou a constatar isso, se a pistola estava travada ou destravada, se ela tinha
alguma trava? T- Não me lembro. MP- A senhora manuseou essa arma? T- Eu manuseei para
tirar a fotografia, a parte de tirar o próprio carregador não fui eu que fiz. MP- A senhora não
desmuniciou? T- Não. MP- Lembra quem foi que desmuniciou? T- Não lembro quem foi. MP-
Pode dizer se tinha já a bala carregada na agulha? T- Não sei. ASS. AC.- Os objetos que
estavam no bolso da vítima, a senhora retirou ou já tinham sido retirados? T- Eu mesma retirei,
ainda estavam no bolso quando eu cheguei no local. Não lembro se fui eu ou o pessoal do
Instituto Médico Legal porque às vezes nós fazemos juntos essa parte de olhar os bolsos da
vítima. ADV- Na mesma consideração do assistente de acusação, a senhora se recorda do que
tinha nos bolsos do cadáver? T- Olha, o que mais chamou atenção foram pequenas pedras.
ADV- Pedras do que, drogas, entorpecentes? T- Não não, pedras mesmo, não eram drogas não.
ADV- Pedras, isqueiro? T- É que eu não tenho acesso aqui ao laudo, mas tudo que tinha lá eu
constei no laudo. ADV- Você se recorda se ele tinha tatuagem no corpo? T- Sim, várias
tatuagens. ADV- Eram tatuagens bem elaboradas ou aquelas “de cadeia”? T- Variava. Tinha
uma tatuagem bastante grande na região das costas um pouco mais elaborada, na minha
opinião. ADV- Recorda uma tatuagem que tinha os dizeres “vida louca 88”? T- Sim, exato. ADV-
Sabe o que significa? T- Não sei. ADV- Quando a senhora faz a perinecroscopia, o que é correto
nos termos como convicção, que a senhora examinou um raio de quanto? T- É variável essa
distância, mas como me falaram que essa distância tinha relação com o fato, então eu parti ali
de onde estava a carroça, que era na própria via, até a vítima fatal e em volta da vítima. ADV-
A senhora fez uma varredura em todo o campo? A senhora saiu procurando cartucho deflagrado
ou não? T- Eu procurei na distância que eu andei da carroça até a vítima, mas não usei nenhum
equipamento, detector de metais, esse tipo de coisa. ADV- Não usou nenhum equipamento
auxiliar para a procura? T- Não. ADV- Não peneirou também ou rastelou o capim? T- Não, era
uma área bastante grande, acho que seria até inviável. ADV- É de fácil localização ou por ser
mato, por ser pasto ali? T- O que de fácil localização? ADV- Um projétil deflagrado. T- Não, de
difícil localização pelo tamanho da área e pelas características. ADV- Caberia uma diligência
auxiliar para se verificar os cartuchos deflagrados, se fosse o caso? T- Eu não sei se cabe a mim
dizer isso, não sei, não saberia responder. ADV- A carroça, a senhora constata a existência de
uma carroça com vários objetos, por que não descreveu os objetos? T- Porque eram objetos...
nada que tenha me chamado a atenção. Havia cadeiras, alguns móveis, eu não achei pertinente
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ao fato descrever todos os objetos presentes na carroça. ADV- É correto afirmar que existiam
objetos de dentro de uma casa, de uso? T- Sim, sim. Poderia ser. ADV- Quanto tempo a
senhora permaneceu na ocorrência, vistoriando e periciando? T- Aproximadamente uns 40
minutos. ADV- Quando a senhora começa a fazer o seu lado daquilo que examinou e constatou,
no histórico a senhora relata aqui 14 horas em ponto, redondo, nós podemos nos fiar esse

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horário? T- 14 horas o horário em que eu fui chamada, correto? Sim, sim, esse é o horário
exato. ADV- E a senhora é acionada via? T- Via telefone, via delegacia, de plantão. ADV-
Sempre pela delegacia? T- Exato. ADV- Só fazendo o caminho de volta, então seria o COPOM da
PM, Delegacia e Instituto de Criminalística? T- Correto. ADV- E a senhora foi acionada, esses
“14 horas” é 14 horas mesmo? T- É 14 horas mesmo. ADV- Estando lá às 14:28 do mesmo dia.
T- Exato. ADV- Me perdoe, a senhora permaneceu quanto tempo lá? T- 40 minutos
aproximadamente. ADV- Enxergou qualquer alteração ou qualquer movimentação suspeita ou
estranha por parte dos Policiais Militares? T- No momento em que eu estava no local não
verifiquei nada disso. ADV- O Promotor perguntou sobre algum sinal de arrastamento, de
esfregaço de sangue, também não? T- Não, não havia. (...)”

A testemunha Rene Felix Decol relatou: “(...) MP – Sobre os fatos o que o senhor
poderia relatar a respeito? T – Eu poderia relatar que eu estava na minha chácara e eu
presenciei um possível ato de furto em uma das chácaras vizinhas. MP – Onde que era a
chácara? T – Em Londrina, em uma chácara que eu tenho em Londrina. Eu morava lá nessa
época da ocorrência e aí eu constatei que poderia ser uma cena de furto. MP – Do vizinho? T –
Isso. MP – Furto de que? T – Furto de objetos de dentro da casa, de cadeiras de descanso, de
móveis, de micro-ondas, de móveis eletrodomésticos. MP – O senhor viu o rapaz? T –
Carregando. MP – Era um só? T – Não, eram quatro. Um que aparentemente era maior de
idade, aparentemente 30, 40 anos e três crianças, uma com 7 anos no máximo e duas
próximas de 15, 16 anos. Estavam os quatro tirando as coisas da casa e passando para a
“carrocinha”. Uma “carrocinha” que eles passaram em frente à minha chácara. MP – Não tinha
ninguém na propriedade? T – Não tinha ninguém na propriedade. MP – E só o senhor que viu? T
– Eu e meu pai. Nós dois estávamos roçando a nossa chácara e nós dois presenciamos. MP –
Vocês viram a ação e ligaram? T – Ligamos para o 190. Só que nós deixamos para ligar para o
190 quando os indivíduos já tinham se evadido, eles já não estavam mais lá, já tinham ido
embora. A hora que eles saíram nós nos vimos na segurança de ligar e fazermos a denúncia.
Fizemos a denúncia e eu fui para a minha casa em Londrina. Eu tenho a chácara que é na área
rural e eu fui para a minha casa em Londrina. Chegando na minha casa eu recebi uma ligação
da Polícia Militar perguntando se poderia colher o meu depoimento, aí dois policiais foram até a
minha residência e colheram o meu depoimento exatamente como eu estou passando aqui para
o senhor, e me relataram que quando foram fazer a abordagem dessa “carrocinha” dos
indivíduos já dentro de Londrina, dentro da cidade, saindo da área rural para a área urbana, um
deles, que era esse maior de idade, abriu fogo contra a viatura da ROTAM. Aí eles acabaram
matando o indivíduo e as crianças correram para o mato, isso é o que eu sei do fato. MP – Eram
três crianças? T – Três aparentemente crianças, um próximo dos cinco a oito anos, dois
adolescentes e um maior de idade, com idade próxima já dos trinta anos. MP – Aí o senhor
ligou no 190 e foi embora para a sua casa? T – Eu fui embora para a minha casa. MP – E seu
pai? T – Meu pai também, fomos embora para a minha casa eu e o meu pai. MP – Não ficou
mais ninguém lá? T – Não, não ficou mais ninguém lá. MP – Aí a polícia ligou para vocês? T –
Ligou para o meu celular e perguntou se poderia. MP – O senhor tinha ligado pelo seu celular
lá? T – Liguei do meu celular. MP – Então eles tinham registrado lá? T – Provavelmente. MP – E
pediram para ir até a sua casa? T – Pediram para ir até a minha residência colher o
depoimento. MP – Foram dois policiais? T – Foram dois policiais. MP – Lembra o nome deles? T
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– Não lembro, sei que um deles era de Ibaiti, a gente até teve uma proximidade quando ele viu
meu sobrenome, é um sobrenome que é um pouco conhecido na região. MP – Como era o
sobrenome? T – Não, o meu. Ele viu o meu sobrenome e perguntou de onde eu era, aí eu falei
que era de Pinhalão e ele falou que era de Ibaiti. MP – Não lembra o nome ou apelido? T – Não,
de nenhum. MP – E como eles eram fisicamente? T – Um moreno alto e esse de Ibaiti era um

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claro alto também. Dois altos, um moreno forte e o outro mais magro e claro. MP – Que idade
eles tinham mais ou menos? T – Em torno de 30 anos. MP – E aí os dois foram até a sua casa?
T- Os dois foram até a minha residência. MP – Que horas que era isso? T – Aproximadamente
umas duas e meia da tarde. MP – E como é que eles te ouviram na sua casa? Foi informal? T –
Foi informal, eles chagaram e pediram para entrar para dentro do portão, entraram, falaram
que estavam lá para pegar o relato do que eu tinha visto e eu relatei o que eu tinha visto. Eu
relatei o que tinha visto e eu perguntei o que aconteceu, qual foi o decorrer da ocorrência e eles
me relataram que foi feita a abordagem e o indivíduo abriu fogo contra eles e a viatura da
ROTAM que foi fazer essa abordagem, acabou matando o meliante que abriu disparo contra a
viatura. MP – E esse depoimento que eles colheram de vocês eles anotaram a mão? T – Eles
anotaram em um papel e eu assinei embaixo. MP – Escrito a mão? T – Isso. MP – Depois disso
você foi chamado na Delegacia? T – Não, depois disso não. MP – E seu pai? T – Também não.
Na verdade meu pai ficou neutro na história porque ele não participou de nada. MP – Eles
estavam carregando as coisas em uma “carrocinha”? T – Isso, numa charrete. MP –
Aparentavam ser pessoas pobres? T – Quem? MP – Os ladrões da chácara vizinha. T –
Aparentavam ser bandidos. MP – Eram um e três crianças? T – Um e três crianças, três com
bastante características de pessoas que fazem coisas erradas. A gente não pode colocar nossa
opinião, a gente não pode rotular a pessoa, mas o ato que eles estavam fazendo de entrar para
dentro da casa da pessoa. MP – Não do ato em si, da aparência. T – Da aparência? Fisicamente,
aparentemente eram pessoas pobres sim. Aparentemente eram pessoas pobres porque
estavam com uma “carrocinha”, um “cavalinho” magro, os três com roupas... MP – O senhor
chegou a ver alguma arma na mão dele? T – Não. MP – E eles ficaram quanto tempo na casa
pegando as coisas mais ou menos? T – Uma hora, uma hora e meia mais ou menos. MP – Tudo
isso? T – É. MP – Vocês ficaram com medo de ligar enquanto eles estavam lá? T – Sim. MP –
Apesar de que eram crianças e só um maior. T – E só um maior, isso. Tinha um maior e três
crianças. A gente ficou com receio, falou vamos ligar, até meu pai cogitou ser alguém que
estava fazendo algum tipo de frete para a pessoa da residência. Pensou que as vezes eles
estavam buscando alguma coisa, estivessem entrando só para pegar algumas coisas, mas por
via das dúvidas fizemos a denúncia para a Polícia Militar que é o órgão competente para
verificar o que estava acontecendo e fazer a verificação. MP – Eles te apresentaram alguma
arma? A arma que teria sido utilizada? T – Não, em momento algum. MP – Eles estavam
fardados os policiais que foram até a sua residência? T – Sim, todos fardados. MP – Observou
se eles estavam nervosos, alguma coisa diferente? T – Não, o de Ibaiti estava extremamente
calmo o outro que era o moreno, estava mais sério, não conversou muito comigo, quem pegou
o meu depoimento foi o de Ibaiti. MP – E você em algum momento, por alguma ciosa que eles
te falaram, você duvidou da narrativa deles? T – Não, em momento algum. Eles tiveram
bastante posicionamento, foram bem concretos no que falaram. MP – E eles especificaram onde
que houve essa troca de tiros? T – Especificaram. Não específico mas deram uma relação.
Falaram que foi na saída de estrada de chão, entrando para dentro de Londrina. Já saindo da
área rural e entrando para a área urbana. MP – Que ali foi a troca de tiros? T – Isso. MP – E
eles mencionaram se foram apreendidos os bens que foram subtraídos e devolvidos? T – Não.
MP – Depois você conversou com o seu vizinho? T – Depois eu conversei. MP – Ele recuperou? T
– O que aconteceu foi que a gente ficou com medo de expor para a vizinhança que tinha sido a
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gente que tinha feito a denúncia, então a gente ficou sabendo que tinha sido roubado mesmo e
que esses bens ele não sei se recuperou ou não. Não entrei em detalhe para não me expor
também, não fiquei questionando. MP – Não tinha muita ligação com esse vizinho? T – Não, é
um vizinho de umas cinco chácaras para cima, então não tenho ligação nenhuma. Até porque a
nossa chácara não é residencial, a nossa chácara ainda está toda em área de terra, não está

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construído nada, não tem construção nenhuma. A gente não está muito lá, só final de semana
para limpar. ADV – O senhor relatou que não viu a vítima portando arma de fogo. T – Não, não
vi em momento algum. ADV – Posteriormente à esses fatos, você voltou na região? E houve
confirmação pela comunidade ou por alguém que você conversou que realmente houve troca de
tiros? Que a vítima disparou contra os policiais. T – O que aconteceu foi o seguinte, eu tive essa
confirmação por sites noticiários, por sites policiais, que saiu exatamente que o que foi colocado
acredito no Boletim de Ocorrência do que aconteceu: que a vítima abriu fogo contra a Polícia
Militar. Por esse meio eu tive essa confirmação, pela população não. MP – Você não conhecia
então o vizinho da residência que foi furtado? T – Conhecia porque ele é o síndico do nosso
condomínio, mas muito pouco contato. MP – Então foi confirmado que houve realmente o furto?
T – Houve, houve o furto. MP – Por esse senhor que acabou registrando o Boletim de
Ocorrência, um terceiro Boletim de Ocorrência como ele tinha sido furtado. (...)”

A testemunha Eduardo Granado Ferreira argumentou: “(...) MP- O senhor é


socorrista? T- Sou socorrista do SIATE, Corpo de Bombeiros. MP- Esse processo é referente à
morte do senhor Pedro de Melo Domingos e aos acusados já nomeados, e pelo que consta das
informações processuais o senhor fez parte de uma equipe que deu atendimento no local desse
fato. Eu queria que o senhor descrevesse o que encontrou ao chegar. T- Primeiro, nós fomos
acionados pela Central de Telefones nossa, a COPOM. MP- O senhor pode se recordar que horas
foi isso? T- Foi no período da tarde, não sei se logo depois do almoço, a hora eu não vou me
recordar exatamente, acredito que foi logo depois do almoço. Nós fomos acionados, nos
deslocamos até o Vivi Xavier se não me engano (...) para atender uma vítima de arma de fogo.
Chegando no local, ela estava em uma área de vegetação, acredito que seja uma fazenda, um
sítio, alguma coisa assim. Estava bem no centro da vegetação, tivemos que parar nossa viatura
até em um local distante, uns 800, 900 metros da onde estava essa vítima, chegamos
diretamente para abordar a vítima, como de fato nós fazemos em todas as ocorrências do
Corpo de Bombeiros que tem uma vítima de arma de fogo, de acidente, fomos abordar a vítima.
O que foi possível ver na vítima foi que ela tinha um ferimento em tórax com bastante
sangramento e um ferimento na região abdominal e suas pupilas já estavam em midríase, que
é a pupila dilatada que não era foto reagente, não reagia à luz, infelizmente a guarnição não
pôde fazer nada para reverter o caso. MP- Havia algum sinal ali de arrastamento, modificação
ou deslocamento do cadáver? T- Eu não vi isso. MP- O senhor não viu ou não pode afirmar nem
que sim e nem que não? T- Não posso afirmar, porque como eu disse a nossa função é só a
vítima, eu não reparo em outras coisas. MP- Quando o senhor chegou ao local, além dos
membros da Polícia Militar, que outras autoridades estavam no local? T- Quando eu cheguei, só
estavam os Policiais Militares, que já estavam fazendo a segurança do local. MP- A Polícia
Científica já havia chegado? T- Não. MP- Havia isolamento da cena? T- Sim, isolaram. Só
estavam no local os Policiais Militares e nós da Corporação do Bombeiro. MP- O senhor teve a
oportunidade de conversar com os réus ou com outras pessoas que estavam naquele momento
ali no entorno sobre como se deu essa ocorrência que acabou com a morte dessa pessoa que o
senhor atendeu? T- A gente conversa coisas básicas, eu não cheguei a perguntar “Como foi? Por
que vocês fizeram? Por que fizeram isso? O que aconteceu?”, porque a função do Corpo de
Bombeiros e do socorrista é a vítima, como já estava isolado, já estava com os Policiais fazendo
a segurança do local, eu fui atender a vítima que era de princípio. Como ela já estava em
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código 4, em óbito, nós voltamos à nossa viatura para pegar o saco para colocar o corpo. MP- O
senhor que entende dessa questão da medicina, era possível dizer há quanto tempo estaria
morta a vítima? T- Isso não era possível dizer, e até nossos socorristas são tidos como leigos,
teria que ser um médico para fazer algum exame para dizer se estava há mais de 10 minutos,
20 minutos. MP- A sua formação qual é? T- Eu sou formado em Educação Física e socorrista do

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Corpo de Bombeiros. MP- O senhor não é médico então? T- Não, não sou médico. MP- Havia um
médico na equipe também que foi deslocada? T- Sempre quando existe um ferimento de arma
de fogo ou qualquer outro tipo de ocorrência grave, é acionado um médico do SAMU junto. Nós
saímos, a nossa viatura, algumas vezes nós chegamos primeiro, porque o SAMU é sabido que
trabalha muito e por coisas às vezes sem necessidade. Foi acionado junto, eles até foram ao
local, nós chegamos um pouco antes e informamos à médica que não foi possível, chegamos
uns cinco minutos antes, de cinco a oito minutos antes da viatura do médico e informamos que
ele já estava com pupila em midríase, não estava foto reagindo, não tinha sinais vitais e que
provavelmente estava em código 4. MP- O senhor viu alguma arma de fogo na proximidade do
cadáver ou já havia sido recolhida? T- Na hora em que eu cheguei tinha uma arma próxima ao
corpo, mas como dito, eu chego e me preocupo somente com a vítima. MP- Perfeitamente. É só
que, como o senhor disse que foi um dos primeiros a chegar ao local, exatamente, embora não
seja sua função primordial essa, como o senhor esteve no local é importante perguntar caso o
senhor saiba algum detalhe, para esclarecer. A que distância estava essa arma do corpo? T-
Não reparei, doutor. Não reparei distância, não me atentei a isso. MP- Algum outro detalhe,
policial, o senhor teria para esclarecer? T- Não. MP- Quanto tempo aproximadamente levou o
deslocamento dos senhores do local em que os senhores foram acionados até onde estava o
corpo? T- Em média 10 minutos, para precisar eu teria que ver no nosso documento, em média
10 minutos saindo da Rua Tietê onde é nossa Central do Corpo de Bombeiros a quase todas as
regiões da cidade, exceto a Zona Sul, é em média 10 minutos. ADV- Você disse que quando
chegou viu um sangramento no tórax. Você chegou a ver sair sangue ou tinha parado de sair
sangue? T- Quando nós chegamos tinha o sangramento, eu não olho se está sangrando,
normalmente o ferimento de arma de fogo, porque o projétil é quente, normalmente ele chega
e esteriliza o local, então dificilmente vai ficar jorrando sangue, a não ser que ele atinja alguma
artéria que provoque um extravasamento de sangue muito grande. ADV- Então o senhor não
notou nenhum vazamento, o sangue estava parado? T- Como dito, eu vi que teve hemorragia,
vi que teve sangue, ele levou um ferimento em tórax, mas como eu disse, eu não fico
reparando se tem muito sangramento ou não, vou verificar se há sinais vitais e se há
possibilidade de ter uma sobrevida. M- Então o senhor não pode informar se estava sangrando
ou não? T- Sangrando estava, ele teve um ferimento de arma de fogo e estava sangrando.
ADV- O senhor relatou que levou 10 minutos para levar na ocorrência. R- Em média. ADV- Se
recorda de quanto tempo permaneceu ali no atendimento? R- Permanecemos por volta de uns
cinco minutos até a gente chegar no local, era um local não vou dizer inóspito, mas difícil de
chegar, porque era uma área de vegetação, em média de 5 a 10 minutos também, porque nós
verificamos pulso, se a vítima está consciente pulso radial, fomos verificar pulso carotídeo que é
na região do pescoço, não havia, nisso pegamos nossa lanterna para verificar se a pupila reagia
à luz (...) mas em média de 5 a 10 minutos também. ADV- E daí o senhor saiu antes de chegar
a equipe do Instituto de Criminalística ou aguardou eles chegarem? T- Não, nós saímos antes
de chegar o Instituto de Criminalística, porque nosso trabalho a prioridade é a vítima, tanto é
que mexemos pouco na vítima visto que ela já estava em óbito para que não alterássemos o
local de sinistro (...) ADV- O senhor já disse que foi acionado via COBOM. (...) E o COBOM foi
acionado via COPOM? T- Acredito que sim, porque nós não ficamos no mesmo local. Tem a
Central de Telefones, nós ficamos ou no nosso alojamento ou na nossa recreação onde fica a
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sala de televisão. ADV- Os senhores lavram ali um boletim de atendimento? T- Temos sim,
temos o RGO, só não vou me recordar do número. ADV- E possivelmente isso está encartado no
Inquérito Policial? T- Isso, o documento não fala quanto tempo nós ficamos atendendo a vítima,
mas fala tudo o que aconteceu, a questão do ferimento em tórax, ferimento em região de
abdômen, está descrito lá. ADV- A equipe dos senhores se desloca com quantos (...)? T- Dois.

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Um condutor socorrista e outro socorrista. M- (...) O senhor falou para o doutor que tinha uma
médica. T- Foi acionado o SAMU. (...) A médica não desceu no local. M- Chega o Corpo de
Bombeiros (...) a médica chegou no local? T- Chegou, mas até o momento em que nós
estávamos ela não desceu até a vítima. M- Então o senhor que repassou para ela o que havia
acontecido com a vítima? T- Repassamos os sinais vitais. M- O senhor falou que não mexeu no
local para não alterar o local do crime, mas o senhor acabou de falar para o promotor que
pegou o saco preto para colocar a vítima. T- Não, para cobrir o corpo, não colocamos ela
dentro, cobrimos o corpo. (...) tanto é que eu não sei se teve mais ferimentos (...). M- O senhor
falou que viu uma arma ao lado da vítima? T- Isso, próxima à vítima. M- Qual tipo de arma? T-
Doutora, eu desconheço de arma, tanto é que eu não uso arma, mas aparentemente uma
pistola, agora não sei dizer calibre... (...) Eu não necessariamente preciso ter arma. (...)
Aparentemente era uma pistola, não sei dizer o calibre, se era uma .40, uma 380, se é uma
9mm eu não vou saber dizer. (...)”

A testemunha Valmir Vaz de Souza informou: “(...) MP: O senhor é policial civil,
correto? T: sim. MP: prestou atendimento no local desse fato em que foi localizado o cadáver do
Pedro de Melo Domingos? T: sim. MP: o que pode nos relatar por favor, o senhor trabalhou
nessa investigação? T: não, não trabalhei. MP: no local do crime o que o senhor constatou? T:
então, tinha um jovem que estava alvejado, em óbito, no terreno baldio, não tinha identificação
dele. Então só colhi os dados dos policiais, o número da viatura, a arma do local do fato. Porque
o procedimento quando ocorre confronto em bandido e polícia é levado tudo para a delegacia e
o delegado é quem ouve os policiais. MP: o senhor disse que havia uma arma no local, foi o
senhor quem a recolheu? T: não. MP: quem recolheu? T: então eu cheguei após a perita então
já havia sido feita a perícia no local. MP: quando o senhor chegou a arma já havia sido retirada
de perto do cadáver ou ela ainda estava no chão? T: sim, tinha sido retirada. MP: ficou sabendo
quem pegou? T: eu não sei dizer, a perita já tinha feito todo o trabalho, normalmente em
situações assim, eles recolhem a arma para que apresente para o delegado. ADV: Seu Valmir o
senhor teve uma ordem de serviço para comparecer ao local para investigar os fatos correto? T:
é normalmente em confrontos, a polícia militar liga, e a gente se desloca para o local para
colher os dados. ADV: então a sua missão enquanto investigador de polícia é apurar fatos ali. T:
coreto, sou investigador plantonista daquele momento, eu não investigo posteriormente. ADV:
então lá chegando o senhor constatou que foi um confronto. T: isso, exatamente ADV: viu
alguma anormalidade? T: não, situação de local de morte normal. ADV: anormalidade das
quais, vestígios de arrastamento de corpo, pessoas estranhas no serviço policial próximo. T:
não, na verdade ali foi isolado o local e o elemento estava caído na terra, que era um terro
baldio. ADV: o senhor verificou o rapaz ali que confrontou com o policias, tinha muitas
tatuagens? T: sim, tinha umas tatuagens nas costas, um cabelo diferenciado. ADV: ele conta
com várias passagens na polícia, ele era um conhecido na polícia de Londrina? T: então,
naquele momento a gente não tinha identificado não, não era conhecido. ADV: (...) veio ou
tomou parte em algum momento da investigação que era um habitue aqui nas delegacias, um
sujeito... T: eu não tomei mais, não soube mais nada sobre ele não, parece que já era
envolvido no crime, tinha passagem. ADV: a carroça, o senhor verificou? T: eles estavam
colocando no guincho a carroça para levar para a delegacia. ADV: o senhor tomou
conhecimento que essa carroça tinha produtos oriundos de um crime? T: sim, eram objetos de
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um furto de uma residência próxima que eles estavam levando para a delegacia. M: como o
senhor tomou conhecimento que eram objetos furtados? T: os policiais disseram que eles
estavam em perseguição de elementos que haviam feito furto de objetos. (...)”

A testemunha Thiago Tomio Pezzoto declarou: “(...) ADV- O senhor conhece os

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policias que estão aqui presentes? T- Sim, conheço todos. ADV- O senhor exerce qual atividade
dentro da Polícia Militar? T- Eu sou comandante de policiamento de área. Eu coordeno todo o
policiamento da zona norte quando eu estou de serviço. ADV- O senhor conhece bem a região
dos fatos, a região da Estrada Velha da Warta? T- Conheço um pouco. ADV- Conhece a favela
do São Jorge? T- Sim. ADV- É correto afirmar que é uma região belicosa, uma região de
bastante conflito e índice alto de criminalidade? T- Sim, é uma região bem violenta. ADV- Os
policias que estão aqui presentes, pelo que o senhor tem conhecimento, são policiais de frente,
operacionais, de combate à criminalidade ou são policiais mais burocratas e de gabinete? T- Eu
acho que pelo histórico deles são policiais que faziam a diferença na segurança ´pública, tendo
apreendido vários tipos de armas, metralhadoras, tráfico de drogas e dava uma contribuição
grande para segurança pública que qualquer um dessa sala. ADV- O senhor está há quanto
tempo na polícia militar? T- 12 anos. ADV- O que tatuagem de palhaço significa? T- Assassino
de policial. ADV- O senhor tem conhecimento que a vítima tinha uma tatuagem de palhaço em
seu corpo? T- Não, eu não tenho conhecimento da vítima. Me falaram que era um assaltante
que trocou tiro com a Polícia e veio a óbito, mas eu não conhecia a vítima. ADV- O senhor tem
conhecimento que o irmão da vítima tinha um mandado de prisão em aberto expedido por esse
juízo, inclusive? T- Não tinha conhecimento. ADV- O senhor tem conhecimento que a irmã da
vítima estava presa por tráfico de drogas? T- Também não tinha conhecimento. ADV- O senhor
tem conhecimento que a sedizente vítima havia sido presa recentemente também, salvo
engano por roubo? T- O que eu ouvi dizer no meio policial é que ele era um rapaz bastante
violento no meio criminoso e que praticava bastante roubos, assaltos e outros crimes afins.
ADV- Ele tinha uma tatuagem, segundo a descrição da Polícia Civil, dizia: Homem sentado com
uma arma e dizia miséria. O que o senhor pode testemunhar sobre uma tatuagem de um
indivíduo que tinha um palhaço, uma folha de maconha com rosto do Bob Marley e também
uma tatuagem com um homem sentado e a frase escrito “miséria”? T- Olha, eu acho que tem
um vínculo com a violência e com o uso de drogas. ADV- Dentro da sua experiência como
policial militar o que o senhor já assistiu? O que o senhor já verificou? O que o senhor já
presenciou nesses tantos anos de policial militar, é correto afirmar que, via de regra, essas
tatuagens são grafadas em sujeitos com antecedentes criminais ou problemas com a justiça? T-
Com certeza. ADV- Os policias fizeram o que tinha que fazer nesse fato? T- Conforme foi
relatado, se houve a resistência, eles fizeram isso para não morrer. MP- O senhor acredita que
quem responde processo não deve ter o mesmo tratamento de quem responde? T- Eu acho que
responder processo não muita coisa a ver, pois muitas pessoas respondem processos
injustamente, principalmente, os policias militares aqui de Londrina que vivem sendo acusados
injustamente. MP- E a pessoa que não possui nenhum indicativo ou nenhuma denúncia de
homicídio contra ela, como é possível afirmar que ele é matador de polícia se não tem nenhum
registro de homicídio? T- Eu tenho certeza que ele tem uma tendência se ele fez uma tatuagem
de matador de polícia. MP- O termo “convite” no meio policial é usado para qual finalidade? T-
Eu não conheço esse termo no meio policial. MP- Porque logo depois dessa ocorrência tem uma
gravação que ligam para algumas pessoas, que inclusive não tinham nada a ver com o
confronto e se pede para levar convites ao local do fato. T- Convite eu só conheço o termo de
acordo com a língua portuguesa. MP- Foi feito o convite para uma festa logo após um
confronto? Porque tem uma gravação nesse sentido, é por isso que eu perguntei. Porque tem
uma gravação para levar convites ao local desse confronto, por isso que eu perguntei se é
PROJUDI - Processo: 0045929-37.2016.8.16.0014 - Ref. mov. 809.1 - Assinado digitalmente por Elisabeth Khater:6636
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algum código ou algum termo para qualquer tipo de ocorrência. T- Eu desconheço a gravação e
desconheço se tem alguma situação especial em que use o termo “convite”. (...)”

A testemunha Ricardo Aurélio Seco aduziu: “(...) ADV- O senhor já informou para nós,
mas não gravou, que na época o senhor estava de plantão? T- Isso. ADV- Se o senhor puder

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descrever o que eu já perguntei, se senhor puder relatar para ficar gravado, por gentileza. T-
Sim. ADV- Se o senhor esquecer de alguma coisa eu vou questionar. T- Na data do fato eu
trabalhava na sede da 4ª Companhia independente, localizada na Avenida Saul Elkind, eu
desempenhava a função de plantonista e estava não função quando se deram os fatos. ADV- O
senhor estava de plantão e o senhor copiava no rádio a comunicação daquele dia, correto? T-
Sim, senhor. ADV- A comunicação do COPOM se dá a partir do chamado do 190? T- Na maioria
das vezes sim, salvo em algumas exceções. ADV- Naquele dia o senhor se recorda de ter um
chamamento no 190? Ou o senhor tem conhecimento que o COPOM despachou uma ocorrência
de furto na região da estrada Velha da Warta? T- Então, o local que ele passou eu não me
lembro, mas eu lembro que foi repassado um suposto furto que estava em andamento,
designaram para uma equipe da ROTAM, sendo que eles se deslocaram para o local para
atender. ADV- Despachado a ocorrência a ROTAM foi até o local? T- Exato. ADV- E partir daí o
que o senhor pode descrever, sobre o que o senhor já falou, na questão da comunicação, os
fatos que foram relatados via rádio, por favor. T- Eu me lembro que teve essa comunicação da
Central falando para ROTAM se deslocar até um determinado local, pois teria um furto em
andamento. Depois de um tempo a viatura solicitou com prioridade um apoio, e então uma
outra viatura que não estava na responsabilidade daquela área se deslocou para prestar apoio
para equipe da ROTAM. Em determinado momento houve uma comunicação dizendo que estava
ocorrendo disparos contra a viatura, e momentos depois houve uma outra comunicação
solicitando com prioridade uma viatura SIATE. ADV- Vamos por partes, prioridade é apoio. O
que significa? Em quais situações se pede apoio com prioridade? Situações extrema de stress?
De confronto? O que o senhor pode nos testemunhar sobre isso? T- É exatamente isso. Nós
solicitamos apoio com prioridade quando existe uma situação que coloca em risco a guarnição,
uma situação extrema mesmo. ADV- Situação limite? T- Sim. ADV- Quem pediu essa
prioridade? A viatura ROTAM ou a viatura que foi dar apoio? T- Foi solicitado pela viatura
ROTAM. ADV- A viatura ROTAM pede apoio com prioridade e na sequência é despachado a
ocorrência? T- Não, aí uma outra viatura que escutou a localização pela central se deslocou
para o local. ADV- Deslocou até o local dos fatos? T- Isso. ADV- Quando chegaram ao local dos
fatos qual é a próxima comunicação. T- Eu não sei se chegou, pois eu não acompanhei. A
próxima comunicação que chegou é que estava ocorrendo disparos contra a viatura. ADV- A
viatura que foi dar apoio? T- Eu não tenho como afirmar isso para o senhor com certeza, porque
essa comunicação eu não sei quem fez. ADV- Comunica-se os disparos, pede prioridade, pede
apoio, esclarece esses fatos, manifesta essa situação em estado de stress ou em estado de
tranquilidade? Como o senhor pode testemunhar o que o senhor ouviu naquele momento? T- O
senhor se refere à conversação na fonia do rádio? ADV- Sim. T- Situação de stress extremo.
ADV- Isso era perceptível pela voz ou como o senhor pode (...)? T- Era perceptível. Situações
em que se pede prioridade ou apoio, normalmente é quando alguém da viatura possa ter sido
agredido ou alvejado em algum confronto armado em andamento ou alguma coisa assim. Então
é uma situação que a pessoa está em stress, está ofegante. Tudo isso você percebe na hora
que é feito a comunicação. A pessoa comunica prioridade ou apoio com tipo uma falta de ar.
ADV- Na sequência houve mais comunicação. T- Nós estávamos em qual parte? ADV- Nos
disparos. A viatura foi alvejada por disparos ou recebeu disparos. T- Sim, foi algo assim, e
momentos após foi pedido, eu me recordo quem era salvo engano era o soldado Jefferson da
viatura ROTAM que solicitou com prioridade o apoio de uma viatura SIATE no local. ADV- Ele
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pede com prioridade a viatura do SIATE. Isso o senhor pode me dizer se foi em um período de
tempo próximo? Foi uma sequência dos chamados via rádio? T- Dessa parte final foi uma
sequência. ADV- Não passou muito tempo? T- Não, não, era um pequeno lapso de tempo. ADV-
Pede prioridade e pede SIATE? Essa foi a última comunicação que o senhor copiou no rádio? T-
Não, teve outras. O pessoal da Central perguntando se depois pediram o apoio da viatura do

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SIATE e depois o pessoal comunicou perguntando se estava tudo bem com a equipe, toda
aquela situação de praxe. ADV- O senhor disse que conhece os policiais aqui presentes. Eles são
policiais operacionais de frente, de ação, de combate à criminalidade, que colocam o peito à
frente das operações ou são policiais de gabinete, de repartição? O que o senhor pode dizer? T-
Os policiais aqui na época trabalhavam na equipe ROTAM, que é uma viatura que normalmente
fica empregada em operações e em batidas policiais, e quando não empregadas nesse tipo de
trabalho, fazem o patrulhamento normal abordando e ficam à disposição para prestar apoio a
outras viaturas do atendimento 190, como a Rádio Patrulha, caso esta precise de algum apoio.
ADV- Além de atenderem as ocorrências ordinárias, eles também são aqueles que dão apoio a
situações de prioridade das Rádios Patrulhas, ou seja, não só quando os cidadãos precisam da
polícia, mas quando os colegas precisam da polícia são esses homens que são chamados? T-
Exato, são viaturas que estão designadas para prestar esse tipo de apoio. (...)”

Os depoimentos acima mencionados aliados às provas juntadas ao presente feito


apontam os acusados, em tese, como autores dos delitos em apreço.

Compulsando os autos, verifica-se que no dia dos fatos os acusados João Paulo Roesner,
Thiago Morales, Jefferson José de Oliveira e Júlio César da Silva, supostamente, praticaram os
delitos narrados na exordial acusatória.

Nota-se que os réus afirmam que no dia em que se deram os episódios, foram acionados,
via COPOM, para atender uma suspeita de furto ou roubo em um condomínio de chácara na
Estrada Velha da Warta.

Posteriormente, segundo consta dos interrogatórios dos acusados, os mesmos teriam se


deslocado até o local supramencionado, oportunidade em que realizaram o patrulhamento e,
por não terem encontrado nada, foram embora. Enquanto voltavam avistaram uma carroça com
três elementos.

Informaram que os indivíduos que estavam na carroça, ao avistarem a viatura, correram


em sentido a mata e efetuaram disparos de arma de fogo contra a guarnição, oportunidade em
que os acusados revidaram os disparos, tendo sido iniciado o confronto.

Após, os réus afirmaram que se dividiram na mata, sendo que o acusado Jefferson José
de Oliveira alegou ter ouvido disparos e foi verificar o que teria acontecido, acrescentando que
quando chegou ao local a vítima Pedro de Melo Domingos estava em óbito, com uma arma de
fogo ao lado do corpo.

Por sua vez, João Paulo Roesner e Júlio César da Silva, em seus interrogatórios,
relataram que um dos elementos saiu da mata com a arma de fogo na mão, tendo sido dado
voz de abordagem para que o mesmo deixasse a arma, sem êxito, motivo pelo qual os réus
efetuaram disparos de arma de fogo, alvejando a vítima.

Compulsando-se os autos, há nítida divergência quanto aos fatos trazidos pelos


acusados, quando comparados aos depoimentos prestados por diversas testemunhas, bem
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como, com as provas documentais acostadas.

Note-se que, da análise das interceptações telefônicas realizadas, os réus João Paulo
Roesner, Thiago Morales, Jefferson José de Oliveira e Júlio César da Silva, teriam entrado em
contato com as pessoas de Danilo Alexandre Mori Azolini e Fabio Antônio Lucena para que estes

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últimos levassem a arma até o local dos fatos, a fim de criar uma situação que justificasse os
disparos efetuados contra Pedro.

Ademais, conforme consta das investigações, o réu Fábio Antônio Lucena, supostamente,
foi responsável pela guarda das armas utilizadas para o deslinde do episódio supracitado, o que
se reforçou com o cumprimento do mandado de busca e apreensão, momento no qual foram
encontradas diversas armas e acessórios de armamento.

Ressalte-se que, ao que tudo indica, os acusados teriam, ainda, telefonado para a pessoa
de Danilo Alexandre Mori Azolini, tendo este último determinado o retardamento da solicitação
de atendimento médico à vítima.

Outrossim, a criança Gabriel dos Santos Daniel, que estava na carroça, juntamente com
a vítima Pedro de Melo Domingos, informou que os policiais os abordaram e efetuaram disparos
de arma de fogo, enquanto a vítima pedia para que não o matassem.

O menor acima mencionado, acrescentou que estava com a pessoa da vítima em virtude
de que o ofendido teria o convidado para fazer um frete, sendo que quando estavam indo
embora a viatura se aproximou, sendo desferidos disparos contra a carroça, momento em que
afirma que os policiais o agrediram e queriam algemá-lo.

Há que se ressaltar que Gabriel afirma que não havia nenhuma arma de fogo na carroça
em que se encontravam.

Considerando todo o exposto quanto aos depoimentos prestados e as provas produzidas


durante a instrução criminal, tem-se que, aparentemente, a vítima se encontrava desarmada e
teve a arma que portava consigo implantada na cena do crime para que fosse justificado os
disparos efetuados contra a mesma.

Ponderando todas as provas produzidas no desenrolar do processo, denota-se a


existência da materialidade delitiva, bem como, os indícios de autoria recaindo sobre as pessoas
dos réus, sendo o suficiente para pronunciá-los e levá-los a julgamento perante o Tribunal do
Júri.

Nessa conjuntura, verifica-se que em nenhum momento do vertente caderno processual


aflorou qualquer elemento que autorize a impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária
dos denunciados.

Leciona o doutrinador Guilherme de Souza Nucci: “Absolvição sumária é a decisão de


mérito, que coloca fim ao processo, julgando improcedente a pretensão punitiva do Estado” (in
Código de Processo Penal Comentado – Guilherme de Souza Nucci – 8a. edição rev. atual. e
ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 746)

Vale dizer, que a absolvição sumária somente será decretada se restar nitidamente
demonstrada pelas provas colhidas, à inexistência do fato, não ficar provado ser o acusado o
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autor ou partícipe do fato, provar-se que o fato não constitui infração penal ou quando o
Magistrado reconhece alguma excludente de ilicitude ou de culpabilidade. Caso contrário, em
havendo dúvida razoável, deve-se pronunciar o réu.

Com efeito, existindo indícios suficientes a incriminar o réu, mostra-se inaceitável,

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também, a sua impronúncia. Portanto, não se pode afastar o julgamento pelo Colendo Tribunal
do Júri, juiz natural da causa (artigo 5º. Inciso XXXVIII, alínea “d”, da Constituição Federal), a
quem competirá conferir à prova o valor que possa merecer.

Caso o Juiz se convença da existência do crime e de indícios suficientes da autoria deve


esse proferir sentença de pronúncia, fundamentando os motivos do seu convencimento, não
havendo necessidade de prova plena da autoria, bastando, tão somente, meros indícios. Ou
seja, deve existir apenas a probabilidade de que o réu tenha sido o autor do delito, não sendo
permitido um exame mais aprofundado do mérito, sob pena de subtrair a competência do Júri.

“Somente quando evidente a inexistência de crime ou a ausência de indícios de autoria,


em decorrência de circunstancias demonstradas de plano e estreme de dúvidas, tão-somente
assim, o Julgador pode deixar de pronunciar o acusado”. (STJ: HC nº. 70.016/DF, 5a Turma,
Relator: Min. GILSON DIPP, DJU 12.03.2007, p. 302).

Registre-se, que a sentença de pronúncia trata-se de uma sentença em sentido formal e


não substancial, sendo “a pronúncia sentença processual de conteúdo declaratório, em que o
juiz proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida em Plenário do Júri. Ela exige
apenas, a convicção sobre a existência do crime e indícios da autoria. É o quanto basta para
sujeitar o réu ao julgamento pelo Júri” (relator Des. Renato Talli, RJTJESP 114/539-541).

Entende o Supremo Tribunal Federal:

STF -“Por ser a pronúncia mero juízo de admissibilidade da acusação, não é necessária
prova incontroversa do crime, para que o réu seja pronunciado. As dúvidas quanto à certeza do
crime e da autoria deverão ser dirimidas durante o julgamento pelo Tribunal do Júri” (RT
730/463).

A sentença de pronúncia não depende de um juízo exauriente de provas, posto que diz
respeito a um juízo de admissão, bastando, nesta fase processual, tão somente a análise da
materialidade e indícios de autoria recaindo sobre a pessoa do acusado, podendo ser afastada
somente quando restar comprovado, sem sombra de dúvidas, de que tenha o mesmo cometido
delito diverso do doloso contra a vida, ou ainda, quando provar a presença da excludente de
ilicitude.

Sustentaram ainda os acusados que agiram amparados pela excludente de ilicitude de


legítima defesa pelo fato de que os indivíduos que se encontravam na carroça, ao avistarem a
viatura, empreenderam fuga e efetuaram disparos de arma de fogo contra a guarnição,
momento em que os réus teriam desembarcado do veículo e revidado os disparos. Entretanto,
não há no presente caderno processual prova firme e concreta que demonstre a existência de
qualquer agressão ou ameaça de lesão sofrida pelos réus ou terceiro.

Conforme preleciona Guilherme de Souza Nucci:

“Moderação é a razoável proporção entre a defesa empreendida e o ataque sofrido, que


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merece ser apreciada no caso concreto, de modo relativo, consistindo na medida dos meios
necessários”.[2]

Forçoso é convir que a excludente de ilicitude de legítima defesa alegada pelos réus,
deve ser observada com cautela, uma vez que deve ser apreciada a proporção entre a defesa

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empreendida e o ataque sofrido, bem como, a utilização dos meios necessários eficazes e
suficientes para repelir direito seu ou de terceiro, causando o menor dano possível ao atacante.

Ademais, a versão apresentada pelos acusados se encontra em divergência com as


provas produzidas no desenrolar do processo, bem como, com os depoimentos prestados pelas
testemunhas, as quais afirmam que a vítima não estava armada.

Vem decidindo nossos Tribunais:

“Para que a excludente da legítima defesa se verifique, há necessidade de preenchimento


de todos os requisitos configuradores de situação que afasta a ocorrência do crime, pois causa
que elimina a ilicitude” (TJSP. AC 110.820-3/0 – Rel. Renato Nalini).

“Há excesso de legítima defesa quando o agredido podia ter escolhido um meio menos
prejudicial ou usou imoderadamente do meio a que teve de recorrer” (TJSP – AC – Rel.
Humberto da Nova – RJTJSP 3/414).

“A legítima defesa, causa excludente que é da criminalidade, para ser conhecida, deve
apresentar-se clara e precisa, sem qualquer eiva de dúvida. Assim, quando é invocada, a
primeira palavra que salta aos olhos do julgador é a do réu, que deve ser convincente, porque,
afinal, é pela sua palavra, pela descrição do fato da sua conduta que se irá afirmar se agiu ou
não em legítima defesa. Assim, o réu que a invoca jamais procura negar o fato que é
fundamental para a defesa porque, afinal, é desse fato, do seu comportamento que se poderá
inferir se a sua ação comportou-se ‘secundum jus’”. (TJSP. RT 424/346).

“A legítima defesa somente se justifica as ações defensivas necessárias para afastar uma
agressão antijurídica, da forma menos lesiva possível para o agressor. A necessariedade deve
ser considerada de acordo com as circunstâncias fáticas em que a ação e a reação se
desenvolvem (TJBA – AC – Rel. Gérson Pereira – Bahia Forense 23/248).

Portanto, a tese esposada pelos réus não pode ser acatada de plano, uma vez que,
analisando o caderno processual não existe prova cabal de que a excludente de ilicitude de
legítima defesa estaria presente, ficando afastada, portanto, a absolvição sumária dos
acusados, devendo a tese ser levada a plenário, por ocasião do Tribunal do Júri.

No tocante às qualificadoras estas “devem ser afastadas quando manifestamente


improcedentes e descabidas (RT 421/310 e 424/357). Somente quando impertinentes devem
ser subtraídas ao Júri, que é o juiz natural da causa (RT 366/119, 393/123, 438/386)” (In
Adriano Marrey e outros, Teoria e Prática do Júri, 6a. ed., 1997, pág. 229).

Insta esclarecer que a qualificadora prevista no artigo 121, inciso IV, parágrafo segundo,
do Código Penal, restou, em tese, comprovada, uma vez que os acusados, supostamente,
efetuaram disparos de arma de fogo enquanto a vítima estava sozinha e desarmada. Assim, o
ofendido não poderia esperar o ataque ou esboçar qualquer reação defensiva eficaz.
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Dessa forma, os denunciados incidiram, “a priori”, na qualificadora prevista no inciso IV,
do parágrafo segundo, do artigo 121, do Código Penal.

Nesse sentido, a jurisprudência: “Se o gesto do acusado foi tão repentino que não deu à
vítima a oportunidade de esboçar um gesto de defesa sequer, o homicídio se qualifica em razão

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de recurso que impossibilitou qualquer defesa do ofendido” (TJSP- AC- Rel. Hoppner Dutra – RT
438/376).

Ainda: TJSP - “A dificuldade ou impossibilidade de defesa da vítima há de resultar do


modo por que o agente atua e não dê condições do sujeito” (TJSP – Rec. – Rel. Cavalcanti Silva
– RT 437/341).

De acordo com o entendimento do Colendo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:


“PRONÚNCIA - HOMICÍDIO - QUALIFICADORAS: MOTIVO TORPE E USO DE RECURSO QUE
DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA - INDÍCIOS - MANUTENÇÃO. As circunstâncias qualificadoras
do homicídio só podem ser afastadas da pronúncia quando claramente inexistentes;
encontrando suporte mínimo probatório, devem ser levadas à apreciação do Conselho de
Sentença. RECURSO DESPROVIDO. Assim sendo, hei por bem em manter as qualificadoras
nesta fase processual, uma vez que inexistem provas que autorize a exclusão das mesmas,
devendo ser levada para análise por ocasião do Tribunal do Júri”.

Portanto, hei por bem em manter a qualificadora nesta fase processual, não podendo
excluí-la de plano, posto que não foi eliminada pelas provas produzidas no curso da instrução,
devendo a mesma ser levada para apreciação do Colendo Conselho de Sentença.

Dos Crimes Conexos:

Do crime de fraude processual

No que se refere ao delito de fraude processual, previsto no artigo 347, parágrafo único,
do Código Penal, vislumbra-se do presente processo que, aparentemente, os denunciados
inovaram artificiosamente o local de crime, simulando que os fatos se tratavam de um suicídio
por enforcamento, com o fim de induzir o perito e este Juízo a erro e, consequentemente, se
esquivarem de suas possíveis responsabilidades penais.

É este o entendimento de nossos Tribunais:

“(...) HOMICÍDIO - TRIBUNAL DO JÚRI - Decisão que pronunciou o recorrente para ser
submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, como incurso nas penas do art. 121 § 2º, III e IV
e art. 347, parágrafo único, ambos do CP. RSE pleiteando a reforma da decisão que o
pronunciou, posto que estão ausentes indícios de autoria. Narra a denúncia que o recorrente,
no período da madrugada, no interior da cela 5, do Presídio Carlos Tinoco, estrangulou a vítima,
utilizando uma corda artesanal, causando-lhes lesões que foram a causa de sua morte. Após o
crime, o recorrente pendurou o corpo da vítima na grade da cela, para simular um suicídio e se
livrar de sua responsabilidade penal, o que restou descartado após a confecção do laudo de
local. Sem razão a Defesa: Materialidade positivada através do AECD, acompanhado do
esquema de lesões e demais laudos. A prova pericial concluiu que a vítima teria falecido em
decorrência de asfixia mecânica por estrangulamento e o recorrente apresentava marcas no
dorso de suas mãos com características por fricção por corda. Prova oral inconteste. As
testemunhas de acusação apontaram o recorrente como autor do homicídio qualificado em face
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da vítima. Presença de indícios veementes de autoria, logo, outro não poderia ser o desfecho
que não a pronúncia. Existência de elementos probatórios suficientes para a submissão do
recorrente a julgamento pelo Tribunal do Júri. Por ora, bastam os indícios e a materialidade,
inclusive no que tange as qualificadoras. As qualificadoras referentes à utilização de meio cruel
e à utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima não devem ser afastadas, diante

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dos indícios de suas ocorrências. Nesta fase não cabe análise aprofundada da prova, eis que
competente constitucionalmente para tal é o Tribunal do Júri. Aplicação do artigo 413 do CPP.
Princípio in dubio pro societate. Quanto ao crime de fraude processual: Havendo infração
conexa, incluída na denúncia, devidamente recebida, pronunciando o recorrente pelo delito
doloso contra a vida, deve o juiz remeter a julgamento pelo Tribunal Popular os conexos, sem
proceder a qualquer análise de mérito ou de admissibilidade quanto a eles. Decisão mantida.
DESPROVIMENTO DO RECURSO DEFENSIVO. (TJ-RJ - RSE: 00008295120118190014 RIO DE
JANEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES 1 VARA CRIMINAL, Relator: GIZELDA LEITÃO TEIXEIRA,
Data de Julgamento: 29/11/2016, QUARTA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
05/12/2016).”

Diante do fato narrado, o delito supracitado deve ser, obrigatoriamente, levado a


julgamento perante o Júri, visto que se trata de crime conexo ao delito doloso contra a vida,
supostamente, cometido pelos denunciados.

Do delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo:

Sobreleva-se que o acusado Fábio Antônio Lucena tenha, “a priori”, incidido no exposto
no artigo 16 da Lei nº 10.826/03, uma vez que o mesmo possuía armas de fogo e munições,
conforme descritas no Auto de Exibição e Apreensão de seq. 4.21.

Ressalte-se que o acusado Fábio, supostamente, seria o responsável pela guarda das
armas utilizadas e que, ainda, durante o cumprimento do mandado de busca apreensão em sua
residência, foram encontradas diversas armas, coletes e acessórios de armamento.

É o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO E DISPARO DE ARMA DE FOGO. TIPO
PENAL DO ART. 16, CAPUT, DA LEI 10.826/03. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 83/STJ. RECURSO ESPECIAL FUNDADO NA ALÍNEA C DO PERMISSIVO
CONSTITUCIONAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. I. Segundo o
entendimento deste eg. Superior Tribunal de Justiça, os crimes previstos nos arts. 14 e 16 da
Lei n. 10.826/2003 são de perigo abstrato, suficiente, portanto, a prática do núcleo do tipo "ter
em posse" ou "portar", sem autorização legal, para a caracterização da infração penal, pois são
condutas que colocam em risco a incolumidade pública, independentemente de a munição vir
ou não acompanhada de arma de fogo. Incidência da Súmula 83/STJ. II. O recurso especial
interposto com fulcro no art. 105, inciso III, alínea c, da Constituição Federal exige a
demonstração do dissídio jurisprudencial, através da realização do indispensável cotejo
analítico, para demonstrar a similitude fática entre o v. acórdão recorrido e o eventual
paradigma (arts. 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 2º, do RISTJ), o que não ocorreu na
espécie. Agravo regimental desprovido.(STJ - AgRg no AREsp: 577169 SC 2014/0229838-1,
Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 17/03/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJe 23/03/2015).”
PROJUDI - Processo: 0045929-37.2016.8.16.0014 - Ref. mov. 809.1 - Assinado digitalmente por Elisabeth Khater:6636
26/04/2018: PROFERIDA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. Arq: Sentença

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Assim sendo, por tratar-se de crime conexo ao doloso contra a vida, praticado em
desfavor de Pedro de Melo Domingos, deve ser o mesmo levado a julgamento perante o
Tribunal do Júri.

Convém citar a respeito da competência do Tribunal do Júri para o julgamento dos

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crimes conexos, a doutrina de Guilherme de Souza Nucci: “(...) o Código de Processo Penal
considera, nitidamente, o Tribunal do Júri como órgão do Poder Judiciário, pois menciona que,
havendo concordância entre a sua competência e a de outro órgão da jurisdição comum,
prevalecerá a do júri. (...). Tal dispositivo é correto e está de acordo com o estipulado na
Constituição Federal. Se o Júri tem competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a
vida (art. 5º., XXXVIII, d), constituindo o devido processo legal para levar à punição o
homicida, havendo conexão ou continência é natural que atraia para si o julgamento de outras
infrações penais. A lei processual, ao ampliar a competência do júri para julgar as infrações
conexas e originárias da continência, não está ferindo dispositivo constitucional, que prevê
somente a competência mínima do Tribunal Popular, nada impedindo que seja ela aumentada
(...)” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 8a. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 233-234).

Considerando que os réus respondem ao processo em liberdade assim deverão


permanecer até que sejam levados a Julgamento por ocasião do Tribunal do Júri, uma vez que
inexistem motivos que justifiquem a medida cautelar privativa de liberdade.

Pelo exposto e o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a denúncia de seq.
7.1, para o fim de PRONUNCIAR os réus JOÃO PAULO ROESNER, THIAGO MORALES,
JEFFERSON JOSÉ DE OLIVEIRA e JÚLIO CÉSAR DA SILVA, qualificados nos autos, como
incursos nas sanções penais do artigo 121, parágrafo segundo, inciso IV, e artigo 347, "caput",
combinados com o artigo 29, todos do Código Penal, observadas as disposições da Lei de
Crimes Hediondos; FÁBIO ANTÔNIO LUCENA, qualificado nos autos, como incurso nos artigos
347, "caput", combinado com o artigo 29, do Código Penal e artigo 16 da Lei nº 10.826/03, a
fim de submetê-los a julgamento perante o Egrégio Tribunal do Júri desta Comarca.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Londrina, 26 de abril de 2018.

Elisabeth Khater

Juíza de Direito da 1ª Vara Criminal e Presidente do Tribunal do Júri

[1] NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 8. ed. rev., atual.
e ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais: 2008. p. 744.

[2] NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 9. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo.

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