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Gestão Educacional
Gestão Educacional
Gestão Educacional:
direção, coordenação e supervisão
2.ª edição
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
O46g
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3037-8
1. Escolas - Organização e administração. I. Lima, Elma Correa de, 1941-. II. Sá, Már-
cia Souto Maior Mourão. III. Título.
Teorias da Administração
aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)................................... 29
Teorias modernas de gestão.................................................................................................. 29
Teorias emergentes de gestão.............................................................................................. 35
Mudança institucional............................................................. 51
Formação do educador/
Formação do gestor (parte 1).............................................175
Quem educa o educador?.....................................................................................................175
Breve histórico da formação do educador......................................................................177
Abordagens teóricas significativas sobre a formação do professor......................179
Formação do educador/
Formação do gestor (parte 2).............................................191
António Nóvoa e os 3 As da Formação Identitária do Professor.............................191
Paulo Freire e o sonho possível da formação do educador......................................193
A importância da formação continuada..........................................................................195
Sobre a formação do gestor escolar..................................................................................197
Ação gestora na Educação Infantil e
Ensino Fundamental..............................................................207
Fundamentos norteadores (princípios)...........................................................................209
Para a superação das dificuldades cotidianas, o gestor escolar deve estar pre-
parado para assumir com consciência as diretrizes educacionais de seu contexto,
promovendo a mobilização e articulação de todas as condições sociais e mate-
riais para que sua gestão e medidas sejam efetivas quanto aos resultados. Esse
profissional deve destinar atenção especial aos alunos, visando, primordialmente,
tornar o educando capaz de vencer os desafios da sociedade atual, globalizada,
cuja economia tem como base o conhecimento.
Diante desse desafio, ganha corpo e importância todo o subsídio que, tal
como este livro, busca elucidar ao gestor educacional as responsabilidades que
seu papel lhe traz. Ao longo desta disciplina, você terá acesso aos fundamentos
teóricos da gestão de pessoas, que teve seu início no contexto empresarial do final
século XIX. Você compreenderá as relações sobre o comportamento humano no
ambiente organizacional e/ou corporativo, para poder entender o modo como as
relações humanas ocorrem no ambiente escolar, com seus funcionários, alunos e
a comunidade participativa. Além desse enfoque, a obra busca trazer à discussão
aspectos específicos da área educacional próprios da responsabilidade de seu
gestor, tais como: a formação da equipe político pedagógica, a elaboração de seu
projeto e diretrizes, perspectivas da gestão democrática, autonomia escolar, entre
outros.
Teorias da Administração
aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Teorias da Administração –
evolução histórica e características
A feição do nosso curso pede que, em vez de apresentarmos uma sucessão
de teorias, com seus vários autores de destaque, falemos de grandes paradig-
mas que dominaram o cenário da Administração, em ordem cronológica, discu-
tindo-os brevemente e verificando, na próxima aula, alguns dos seus impactos
no cenário da escola.
Kuhn (1992, p. 29) afirmou que paradigmas são “realizações reconhecidas du-
rante algum tempo por uma comunidade científica específica, proporcionando
os fundamentos para sua prática posterior”. Não é, portanto, um simples modelo,
mas uma explicação da realidade em constante reformulação, buscando fazê-lo
de forma cada vez mais clara e completa. É a evolução histórica de paradigmas
que faz a Ciência evoluir.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Divisão do trabalho: cada tarefa deve ser dividida no maior número pos-
sível de subtarefas, pois assim o trabalhador se especializará ao máximo,
aumentando a eficiência da sua produção.
Padronização das tarefas, com ênfase na eficiência: existe uma única ma-
neira de executar uma tarefa (the best way) e ela deve ser descoberta e
imposta aos trabalhadores.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Fica claro perceber que esta abordagem, embora revolucionária, sofreu inú-
meras críticas. Procuramos sintetizá-las no quadro a seguir:
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Remuneração de pessoal: deve ser justa, para garantir a satisfação dos em-
pregados e da organização.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Comandar – fazer com que as pessoas executem as tarefas que lhes são
atribuídas, respeitando a hierarquia existente.
Henri Fayol também teve seguidores, como Elton Mayo, Argirys e Likert.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Excesso de ênfase nos grupos informais – este enfoque trata como ilimita-
da a influência dos grupos, supervalorizando-as.
As Teorias X e Y de McGregor
Chegamos, nesta viagem cronológica, à década de 1930. Douglas McGregor,
insatisfeito com a inadequação do modelo de relações humanas à realidade em-
presarial e influenciado pela Teoria Comportamental – ou Behaviorismo – focou
seus estudos na relação entre o sucesso de uma organização e a capacidade que
ela tem para prever e controlar o comportamento.
TEORIA X TEORIA Y
Concepção tradicional de Integração entre os objetivos pessoais
direção e controle e organizacionais
As pessoas são preguiçosas e indolentes, têm As pessoas são esforçadas e gostam de ter o
aversão natural ao trabalho. que fazer.
O trabalho é uma atividade tão natural quanto
As pessoas evitam o trabalho.
brincar ou descansar.
As pessoas evitam a responsabilidade a fim de As pessoas procuram e aceitam responsabili-
se sentirem mais seguras. dades e desafios.
As pessoas podem ser automotivadas e auto-
As pessoas precisam ser controladas e dirigi-
dirigidas, em relação aos objetivos que preten-
das, coagidas, para que trabalhem.
dem.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
TEORIA X TEORIA Y
Concepção tradicional de Integração entre os objetivos pessoais
direção e controle e organizacionais
Ampliação das funções inerentes a cada cargo, para atribuir maior signifi-
cado ao trabalho.
Teoria Sistêmica
Não poderíamos encerrar esta nossa aula, sobre as Teorias Tradicionais da
Gestão, sem falar da Teoria Sistêmica.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas, não so-
mente em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque do
todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da integração
interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia. Esta visão gestáltica
e global das coisas privilegia a totalidade e as suas partes componentes, sem
desprezar o que chamamos de emergente sistêmico (as propriedades do todo
que não aparecem em nenhuma de suas partes).
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
O que é burocracia?
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Atividades
1. Vocês viram as Teorias X e Y das organizações, elaboradas por Mc Gregor.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
Referências
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1998.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos
nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São
Paulo: Pioneira, 1997.
FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos
nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São
Paulo: Pioneira, 2000.
FERREIRA, Naura S. C.; AGUIAR, Márcia, A. de. (Orgs). Gestão da Educação, Im-
passes, Perspectivas e Compromissos. São Paulo: Cortez, 2000.
______. Field theory and experiment in social psycholgy: concept and methods.
American Journal of Psychology, v. 44, p. 868-896, 1939.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1)
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Vídeo
Teorias da Administração
aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Na aula anterior, conversamos sobre três teorias pertencentes ao pri-
meiro paradigma: as Teorias Tradicionais de Gestão. Estão lembrados?
Apresentamos a vocês a Administração Científica, de Frederick Winslow
Taylor, a Teoria Clássica da Administração, de Henri Fayol, a Escola de Re-
lações Humanas, de Elton Mayo, as Teorias X e Y de Mc Gregor e a Teoria
Sistêmica. Conversamos, ainda, sobre a burocracia, e sobre o fato do seu
sentido inicial ter sido muito modificado ao longo do tempo.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Embora bastante rica, a Administração por Objetivos foi muito criticada pela
falta de embasamento experimental e por desconsiderar que existe um conflito
fundamental entre os objetivos do trabalhador e da organização.
Administração contingencial
Surgiu como um aprofundamento dos estudos sobre a Teoria Sistêmica, que
vimos na aula anterior. A palavra contingência significa algo incerto ou even-
tual, que pode suceder ou não. A abordagem contingencial enfatiza que não é
possível atingir a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo
organizacional, ou seja, não existe uma forma única para alcançar os objetivos
altamente variados das organizações, inseridas em um ambiente também alta-
mente variado.
condições tecnológicas;
condições econômicas;
condições políticas;
condições legais;
condições demográficas;
condições ecológicas;
condições culturais.
fornecedores de entradas;
clientes ou usuários;
concorrentes;
entidades reguladoras.
Talvez o seu maior mérito seja tratar-se de uma abordagem eclética e integra-
tiva, absorvendo conceitos das diversas teorias administrativas, ampliando hori-
zontes e mostrando que nada é absoluto. Alguns a criticam por não ter atingido
um desenvolvimento que a diferencie verdadeiramente da Teoria Sistêmica.
Administração estratégica
Quem de nós nunca ouviu falar em planejamento estratégico? Ele surgiu na
década de 1960, e tomou de assalto o cenário da administração na década de
1980. É um processo de planejamento de longo alcance, formalizado, próprio
para a definição e a consecução dos objetivos organizacionais.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
análise do ambiente;
implantação da estratégia;
Administração participativa
A participação dos trabalhadores nas decisões da empresa vem sendo um
ponto extremamente discutido nas últimas duas décadas. Este modelo de ad-
ministração consolidou-se como um catalisador da produtividade e do avanço
tecnológico de alguns países orientais.
Uma boa definição deste tipo de administração é dada por Maximiano (1995,
p. 19-20):
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
reduzir a alienação;
Administração japonesa
Fortemente alicerçada na participação direta dos trabalhadores, esse modelo
tomou conta do cenário da administração na década de 1970. A preocupação com
a qualidade fez com que os programas e iniciativas que visavam a busca da “quali-
dade total” virassem moda, muitas vezes sem o cuidado da adaptação necessária,
pois haviam sido gerados em um contexto cultural bastante diferente do nosso.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
a visão sistêmica;
a sofisticação tecnológica;
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Reengenharia
A velocidade com que as tecnologias de informação se desenvolveram, pro-
vocou a necessidade de adaptações aceleradas da empresa ao ambiente.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Administração virtual
Este modelo revolucionário está ligado à verdadeira “revolução da informa-
ção”, ocorrida nos anos 1990.
Não vamos fazer uma correspondência unívoca entre cada uma das doze es-
colas de Administração que apresentamos e a evolução da gestão na instituição
escolar. Podemos, no entanto, traçar algumas analogias entre os três grandes
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Devido à sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência
(tanto positiva como negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Infelizmente, isto não tornou a gestão escolar mais dinâmica, eficaz e demo-
crática. Ao contrário, o diretor tornou-se mais impessoal e friamente técnico, às
vezes, perdido em uma infinidade de fluxogramas e papéis que pouco aprimo-
raram a qualidade da educação no Brasil.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Silva (2001. 161-162), após constatar que “as teorias, com o passar do tempo,
vão cedendo lugar a novas teorias sempre que a realidade histórica exige [...]”,
afirma:
Dentro desta tendência de mudança nos padrões gerenciais, situa-se o esforço generalizado
de adoção de técnicas oriundas do chamado “modelo japonês”, no Brasil, com ênfase nos
programas de gerência da qualidade total. [...] A tentativa de implantar formas de gerenciamento
mais flexíveis no Brasil e, por decorrência, a adoção de técnicas que favoreçam a participação
na gestão tem sido feita pelos chamados programas de qualidade total. (p. 162)
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Isso nos permite ver, portanto, um entrelaçamento entre as duas últimas mo-
dalidades emergentes de gestão – a Administração Participativa e a Japonesa.
Esta última trouxe os já conhecidos Programas de Controle da Qualidade, com
ênfase na Qualidade Total.
Esperamos que vocês consigam agora detectar, na gestão das escolas que
conheceram até hoje, traços e características dos paradigmas de que falamos,
assumindo posicionamento crítico em relação a elas.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
Atividades
Agora, que a nossa aula terminou, é hora de enriquecer o que aprendemos.
Antes Depois
Ótica fragmentada. Ótica globalizadora.
Limitação de responsbilidade. Responsabilidade expandida.
Ação episódica. Processo contínuo.
Hierarquização e burocratização. Coordenação.
Ação individual. Ação coletiva.
Referências
ABREU, de S. Reengenharia: em busca de uma teoria. Revista de Administração
de Empresas, v. 34, n. 5, set./out. 1994.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos
nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São
Paulo: Pioneira, 1997.
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Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2)
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Vídeo
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
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A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação
Referências
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
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Vídeo
Mudança institucional
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Mudança institucional
Quero pedir a atenção especial de vocês para dois aspectos citados por
Schein: a quinta “competência” do gestor, focada na realização de mudanças ins-
titucionais, e o fato citado no último item, de que não ocorrem mudanças sem
algum “sofrimento”, ansiedade ou desconforto.
Podemos falar, então, de uma crise normativa, necessária para criar uma tensão
suficientemente forte para deflagrar o processo de mudança, mas impulsionadora
do alcance de estratos mais elevados de desenvolvimento e de “normalidade”.
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Mudança institucional
“Crise espiritual”
Relações
Ambientes
Sentimentos
Motivação Habilidades
Liderança sociais ou
Arte
Comunicação interpessoais
Excelência
Processos
Ciência
Fluxos de:
Material
Informação
Dinheiro
Documentos etc.
Habilidades
administrativas
“Crise de resultados”
Eficácia
Inovação/melhoria
Recursos
Prédios/
Instalações
Equipamentos Habilidades
Ferramentas técnicas
Eficiência
Dinheiro
Capital/Resultado
Manutenção
“Crise de liquidez”
Nível dos recursos – Inclui tudo que tem uma existência física, material (o
prédio, as instalações, equipamentos, recursos humanos e financeiros, por
exemplo). Consequentemente, tudo que pertence a este nível é palpável,
mensurável.
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Mudança institucional
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Mudança institucional
A partir disso, pode-se afirmar que a forma como é feita a gestão das mudan-
ças indica três modelos diferentes de escola:
A escola eficiente – dá atenção especial aos níveis dos recursos e dos proces-
sos, desenvolvendo mudanças no sentido da manutenção e da melhoria.
A escola eficaz – cuida dos recursos e dos processos, mas também está vol-
tada para as relações, desenvolvendo as pessoas e a própria instituição.
Este autor afirma, ainda, que o segredo para enfrentar com sucesso o proces-
so de mudança é o gerenciamento das pessoas (nível das relações), mantendo
elevado o nível de motivação e evitando frustrações e desapontamentos. Para
ele, grande desafio não é a mudança tecnológica, mas mudar as pessoas e a cul-
tura organizacional, renovando os valores e “oxigenando as atitudes”.
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Mudança institucional
a alta gerência deve dar todo o apoio ao processo de mudança, e ele deve
tornar-se contínuo;
A cada nível de mudança está associada uma crise que a deflagra. Assim, a
mudança no nível dos recursos é determinada por uma “crise de liquidez”, que
mostra à organização que os meios físicos de que dispõe estão defasados ou
insuficientes. Mudanças nos processos são antecedidas por uma “crise de resul-
tados”, no nível das relações, por uma “crise estratégica” e no nível da identidade
da organização, pela “crise espiritual”.
A existência dessas crises é explicada por Derrida (1999). Ele afirma que,
em período de crise “[...] a provocação para pensar reúne no mesmo instante o
desejo de memória e a exposição do futuro, a fidelidade de um guardião bas-
tante fiel para querer guardar até a sorte do futuro, em outros termos, a singular
responsabilidade pelo que ele não tem e que ainda não existe” (p. 156).
Penso ter ficado claro que mudanças institucionais mais profundas e dura-
douras, aquelas que ocorrem nos níveis das relações e da identidade da organi-
zação, obrigatoriamente alteram o que nós chamamos de “cultura institucional”.
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Mudança institucional
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Mudança institucional
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Mudança institucional
Inércia Inadequação
Adaptação Indecisão
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Mudança institucional
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Mudança institucional
A missão – de que forma a escola define o seu objetivo maior; o que ela
realmente quer; que serviços pretende prestar à comunidade e ao mundo
que a envolve.
Não devemos esquecer, portanto, que a escola não pode tornar-se estática e
cristalizada, perdendo o que possui de mais dinâmico e potencialmente revigo-
rador: o olhar para o futuro, já que acolhe as gerações jovens de um país.
Atividades
O exercício da nossa aula de hoje começa com uma lenda egípcia, que caiu
no domínio público, e por isso não lhe podemos referir o autor. É a Lenda do
Peixinho Vermelho:
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Mudança institucional
Chegou até o oceano e ficou fascinado com o que viu: a água era salgada e as
espécies animais totalmente diferentes das que ele conhecera.
Passou a viver nos corais, com muitos outros peixinhos amigos. Descobriu
algo, no entanto, que o deixou preocupado: quando a grande seca chegasse os
animais marinhos tinham a sua sobrevivência garantida, pois o mar não secaria.
Mas, o que seria dos seus antigos companheiros, do lago em que vivera tanto
tempo na infância?
Desta forma, fez a longa viagem de volta pelo mar, pelo rio, até o canal que o
levou novamente ao lago.
Tentou comunicar a todos o risco iminente, mas ninguém lhe deu ouvidos.
Nem o rei, imerso em sua soberba, quis ouvi-lo.
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Mudança institucional
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Mudança institucional
Referências
BOBOC, M. Content Management in the Classroom. s. n., 2000.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
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Teorias psicológicas aplicadas à Vídeo
Para criar uma cultura nova no cenário escolar, o primeiro passo é ter
um objetivo claro e aceitar a necessidade da escola ter que mudar. Embora
seja um “lugar-comum”, vale a pena lembrar que toda a transformação é
difícil e as pessoas precisam desejá-la, para que ela aconteça. Isso pode
ser traduzido, por exemplo, em um olhar crítico aos dados objetivos exis-
tentes (frequência, taxa de evasão, taxa de reprovação) e aos dados sub-
jetivos, como a representação que o aluno tem sobre o corpo docente, a
direção e os demais funcionários que trabalham na instituição, e a forma
como os pais veem a escola. Estes dados podem ser somados e comparti-
lhados por todas as pessoas envolvidas com a instituição – muitos devem
ser colecionados e compartilhados, para convencer até o mais cético de
que há necessidade de uma mudança significante.
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Skinner nos adverte que, em geral, os grupos não reservam nenhum tempo
para definir seus fins e objetivos. Apresentam um comportamento de resistên-
cia à mudança, expresso em frases, como por exemplo: “Não precisamos perder
tempo com objetivos, vamos trabalhar...” ou “bem, todos sabem o que queremos
fazer...”
Estrutura
Define-se pelo padrão de relacionamento interno do grupo e seu arranjo ou
desenho e representa a maneira pela qual as pessoas – e seus papéis – podem
estabelecer esse relacionamento no plano formal e informal.
Sabe-se que tanto o tamanho dos grupos organizacionais, bem como sua ri-
gidez hierárquica podem dificultar o relacionamento interno. Da mesma forma,
a ausência de uma estrutura interna, ou mesmo a total informalidade num grupo
podem atrapalhar a administração dos próprios limites pessoais.
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Composição do grupo
Uma vez observadas as características pessoais dos membros de um grupo,
outra variável decorrente desta é a de como se comporá este grupo. A composi-
ção está diretamente relacionada com as variáveis homogeneidade e hetero-
geneidade. A experiência mostra que grupos homogêneos apresentam maior
dificuldade de troca na inter-relação, enquanto os grupos mais heterogêneos,
pela própria diversidade, apresentam maior dificuldade em seu funcionamen-
to, porém o processo de crescimento torna-se mais eficaz em função das trocas
interpessoais.
Objetivos
A existência de um grupo ou de uma equipe deve ser fundamentada numa
razão de ser que justifique a sua própria existência. Essa razão de ser é deno-
minada: objetivos. A definição clara dos objetivos de um grupo, por si só, não
garante o seu sucesso. Ao trabalhar com o desenvolvimento de grupos, deve-se
ter o entendimento aprofundado de como os objetivos grupais estão em inte-
ração com os motivos e objetivos individuais dos membros de grupo. Quando
os motivos que levam os indivíduos a fazerem parte de um grupo são muito
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
discrepantes entre si, o campo de força grupal tende a assumir um vetor nega-
tivo, gerando insatisfações, angústias, possibilidades de estresse e, até mesmo,
estimulando o baixo comprometimento dos participantes. Por outro lado, os
objetivos individuais e grupais podem sofrer alterações ao longo do processo
do grupo. Dessa maneira, é necessária a revisão constante desses objetivos, por
meio de acompanhamento sistemático, no sentido de redirecionar os interesses
coletivos, de maneira a atender não só os motivos individuais, como também a
proposta coletiva.
Estilo de liderança
A liderança exerce papel fundamental no processo de produção do grupo
podendo ser de natureza formal ou informal. As equipes de trabalho apresen-
tam, inevitavelmente, lideranças formais, geralmente delegadas em função da
estrutura organizacional. O que se pretende, ao desenvolver grupos, é verificar
em que grau a efetividade da liderança impacta a tarefa do grupo e, quanto o
grupo absorve e aceita a liderança formal. Por outro lado, sabe-se que, durante
o seu processo, o grupo abre espaço para emergirem lideranças que terão um
papel de canalizador das tensões grupais. Estas lideranças podem estar voltadas
para o plano da tarefa ou da emoção. Ou seja, ao encontrar-se com dificuldades
de soluções de problemas ou de realizações de ações concretas, poderão emer-
gir, do grupo, pessoas com maior facilidade de lidar com esta área e que auxi-
liarão o grupo na transposição desta dificuldade. Da mesma forma, no plano da
emoção, o grupo apresenta o mesmo procedimento, autorizando em um plano
pré-consciente alguns membros a assumirem uma liderança momentânea, no
sentido de facilitar o processo de trocas emocionais dentro do grupo.
Rede de comunicações
O processo de comunicação reflete como o grupo está estruturado e como
os papéis, assumidos pelos participantes, atuam a serviço da manutenção ou da
mudança destes padrões. A meta final no desenvolvimento de grupos é propi-
ciar condições para que se atinja um nível de comunicação autêntica entre os
participantes e isso inclui lidar com diferenças e conflitos, até que se atinja um
nível de comunicação que atenda as expectativas do grupo.
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Papéis funcionais
Quintana (1988), expande a abordagem proposta por Lewin contribuindo
com a teoria dos papéis, acrescentando que “o homem é um ser social e por isso
atua em forma de conduta, na coletividade, desempenhando papéis impostos
e outros escolhidos que se acham limitados pelas normas de funcionamento de
um grupo”. Portanto, segundo Quintana, “um papel é uma exigência social de
conduta organizada”. Desta forma, ao trabalhar com grupos, deve-se conside-
rar fundamentalmente que papéis os participantes estão assumindo e como o
grupo lida com os papéis formais e informais na relação interpessoal. O que se
observa, no entanto, é que a saúde mental de um grupo reside no fato dele ser
capaz de intercambiar papéis entre os membros, tornando possível o fluxo de
experiências e trocas no interior do grupo. Portanto, um grupo onde as pessoas
assumem papéis rígidos, sejam eles formais ou informais, tende a ser um grupo
com alto nível de conflito e pouca troca. O trabalho com grupos auxilia os par-
ticipantes a exercitarem novos papéis e/ou reverem papéis atuais, no sentido
de avaliar o quanto estes papéis facilitam ou dificultam o desenvolvimento do
próprio grupo.
teger o grupo quanto às variáveis externas e internas que possam vir a ameaçar
o seu funcionamento, seja este funcionamento saudável ou não.
Cultura
Segundo Schein (1986), cultura é “um padrão de pressupostos básicos, inven-
tados, descobertos, ou desenvolvidos por um determinado grupo à medida que
ele aprende a lidar com seus problemas de adaptação externa e integração inter-
na”. Portanto, todo grupo formará, a partir dos códigos implícitos e explícitos, pa-
drões de comportamento que formarão e sustentarão sua cultura. Desta forma,
uma Organização conterá as diversas culturas dos grupos por ela formada.
Clima
Refere-se à atmosfera do espírito do grupo, resultante da cultura, e que
denota a maneira de sentir e de agir das pessoas. Mailhiot (1985) aponta que o
fator preponderante no processo de mudança grupal e organizacional, está rela-
cionado ao clima do grupo dominante. Considera, ainda, que os grupos podem
ser caracterizados, em função do seu clima, como grupos conformistas e grupos
não conformistas. Por conformistas, entende-se aqueles grupos que não acei-
tam qualquer tipo de mudança e que assumem atitudes contrárias às mesmas.
Isto pode ocorrer de maneira consciente ou inconsciente. Estes grupos oferecem
grande foco de resistência, que pode inviabilizar um processo de mudança, caso
haja um predomínio destes grupos nas organizações, ou ainda que não tenha o
predomínio, se for o grupo que concentre poder decisório.
O referencial psicanalítico
Os grupos ou equipes, ao interagirem, inserem em si uma ou várias razões
que justificam sua existência. Portanto, sempre haverá, no plano da ação dos
mesmos, atitudes relacionadas diretamente com o plano da tarefa para a qual o
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Depois que o objetivo particular do grupo tenha sido fixado, espera-se que os
membros “bons” trabalhem para a sua consecução, mesmo quando não tenham
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
sido aceitos aqueles que tinham preferido. São eles, em geral, influenciados de
diversas maneiras pelos objetivos do grupo. A intensidade desta influência varia
de membro para membro e de objetivo para objetivo. Quando todos, ou a maio-
ria, possuem os mesmos objetivos, é quase certo que estes se tornarão os do
grupo e que será feito um esforço conjunto para realizá-los. É evidente que os
objetivos grupais devem estar intimamente relacionados com os interesses e
necessidades dos membros. A mútua manifestação e a identificação dos interes-
ses e necessidades dos membros estabelece a base verdadeira para a formação
do grupo e a formulação de seus fins e objetivos.
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Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Tipos de objetivos
É útil conhecer a classificação dos objetivos em vários tipos. No ensino, têm
sido agrupados pela passagem dos anos letivos e a formatura. Ao considerarmos
os objetivos dos grupos e seus membros, é sempre bom classificá-los pela forma
agora estudada.
Papéis e lideranças
Qualquer grupo cria, desde o seu inconsciente grupal, um sistema de papéis.
Quando, por um exercício de memória, por exemplo, nos lembramos de qual-
quer de nossas diversas turmas de colegas de escola, sempre houve alunos que
assumiram e se destacaram ora no papel de “puxa-saco”, ora no de alvo de “goza-
ção”, ou no de “geniozinho”, ou de “burro”, ou de “líder”, e assim por diante, sendo
que a imagem que guardamos do grupo de professores também está pautada
nesse mesmo nível.
79
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Vestal: da mesma forma como é regra nas instituições, também nos pe-
quenos grupos é muito comum que alguém assuma o papel de zelar pela
manutenção da moral e dos bons costumes. A tão conhecida figura do “pa-
trulheiro ideológico” que obstrui qualquer movimento no sentido de uma
criatividade inovadora, é um bom exemplo desse papel. Há um sério risco,
bastante frequente, de que o papel seja assumido pelo próprio gestor.
80
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Atividade
Ao tomar posse dos conceitos psicológicos que compõem as teorias de gru-
pos, em qual desses modelos de organizações grupais você pode se identifi-
car? Por quê?
81
Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise
Referências
BION, W. R. Experiencias en Grupos. Buenos Aires: Paidós, 1974.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
SKINNER, B.F. Science and Human Behavior. Nova York: Macmillan, 1953.
82
Vídeo
Liderança, Recursos Humanos e
Gestão Escolar
[...] Do mesmo modo que um pintor que desenha uma paisagem, de baixo observa o
contorno das montanhas e de tudo o que está no alto, enquanto do alto observa tudo o
que está embaixo, da mesma forma, para conhecer bem a natureza do povo, é necessário
ser príncipe, para conhecer a natureza do príncipe, é necessário pertencer ao povo.
85
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Tipo de Poder
Caracterização Exemplo
Social
É a capacidade de reforçar positi- Este poder social é muito comum
vamente ou punir os membros do em instituições em que predomina
De recompensa e
grupo, de acordo com a desabilida- a liderança autoritária, e em que o
coação
de ou não do comportamento que gestor é tido como alguém acima
apresentem. dos demais membros do grupo.
86
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Tipo de Poder
Caracterização Exemplo
Social
É aquele que emana de valores in- Bastante validado em grupos mais
ternalizados pelo grupo (aceitação conservadores, ou onde a eleição
Legítimo
da hierarquia e da liderança por ela do diretor da escola é realizada e
determinada, por exemplo). bem aceita.
Acontece quando a liderança está
vinculada a um complexo de rela-
Vem da identificação de membros ções interpessoais (grupo informal
De referência do grupo com o líder, da interação da organizaçtão). É a situação do
entre pessoas. diretor “gostado” pela comunidade
escolar, que se identifica positiva-
mente com ele.
Marcante nas situações em que o
Fundamentado na percepção que
gestor é reconhecido, pelo grupo,
De especialista ou o grupo tem em relação ao conhe-
como um educador experiente e
de competência cimento, à competência, à perícia
competente, uma referência nesta
do líder.
área de conhecimento.
87
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Fromm não foi o único psicanalista preocupado com liderança. Freud, Bion e
Pichon-Rivière também desenvolveram estudos sobre o assunto.
Na Igreja temos uma liderança que se processa por meio do fenômeno in-
trojetivo, ou seja, todos os fiéis incorporam a figura de um mesmo líder abstra-
to, formando-se uma identificação generalizada. Isso mantém a unificação de
todos os fiéis. Quanto ao exército, Freud mostrou que a liderança se processa
por meio da projeção, na pessoa do comandante, das aspirações e ideais dos
comandados.
Outro psicanalista é o inglês Bion, que afirma que todo o grupo tem necessi-
dade implícita de uma liderança, que emerge do grupo. Ele descreve três tipos
de inconsciente grupal:
88
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
de luta e fuga, em que o grupo está reunido para lutar contra algo ou dele
fugir (líder terá características caudilhescas);
89
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Capacidades e Perícias
Tipos e processos Nível organizacio-
de liderança nal apropriado
Cognitivas Afetivas
Originação: mudança, Escalões da cúpula da Perspectivas de siste- Carisma.
criação e eliminação instituição. ma.
de estruturas, formu-
lação de políticas.
Interpolação: suple- Níveis intermediários Perspectivas de sub- Perícia de relações hu-
mentação e prolonga- da hierarquia. sistema (orientação manas.
mento da estrutura. de duas vias, entre o
nível superior da hie-
rarquia).
Administração: uso da Níveis mais baixos. Conhecimento técni- Interesse pela igual-
estrutura existente. co e compreensão de dade no uso de re-
sistema de regras. compensas e sanções.
Isso nos leva a aprofundar as funções do líder, e vamos buscar a mais completa
abordagem deste ponto, feita por Krech e Crutchfield (1961). Estes autores falam
de treze funções da liderança, que achamos importante que vocês conheçam:
Servir como exemplo do grupo, já que ele é tomado como modelo pelos
seus membros.
90
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
O quadro que se segue, adaptado por Aguiar (1989, p. 202), ilustra bem estas
três atmosferas ou climas de liderança.
91
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Uso de autoridade
pelo líder
Área de liberdade
dos subordinados
1 2 3 4 5 6 7
92
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
dos objetivos, de realização do que é melhor para o seu grupo. Eles exercem, de
forma rotativa, o papel de coach, mentor, treinador e quaisquer outros, que o
líder possa assumir.
Atividades
Observem estes três perfis de líderes, tomando como exemplo o treinador
de futebol, em um momento em que o jogo se apresenta muito difícil para
o seu time. Transfiram essa situação para a situação da gestão da escola, co-
mentem cada atuação e apontem qual dos três será mais bem-sucedido, jus-
tificando a resposta.
93
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
1.º treinador – Chama os jogadores, eles largam a bola e vão até a lateral do
campo, para falar com o treinador. Enquanto isso, o time adversário marca o
gol.
94
Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar
Referências
AGUIAR, Maria Aparecida F. Psicologia Aplicada à Administração: uma intro-
dução à psicologia organizacional. São Paulo: Atlas, 1989.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FREUD, S. Psicología de las Masas y Análisis del Yo. Madrid: Biblioteca Nueva,
1974. (En Obras Completas, v. 7).
GOLEMAN, D.; BOYATZIS, R.; McKEE, A. Primal Leadership: realizing the power of
emotional intelligence. Boston: Harvard Business, 2002.
KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia Social das Organizações. São Paulo:
Atlas, 1976.
WHITE, R.; LIPPITT, R. Autocracy and Democracy. Nova York: Harper & Row,
1960.
95
Vídeo
97
Motivação na instituição escolar
O que faz com que um local de trabalho seja um lugar estimulante onde se
aprende coisas novas, trabalha-se e o resultado aparece, enquanto o outro é o
purgatório por onde se tem que passar até chegar o bendito fim de semana?
98
Motivação na instituição escolar
Vamos observar agora algumas das principais abordagens teóricas sobre mo-
tivação, dando um suporte teórico à nossa discussão.
99
Motivação na instituição escolar
100
Motivação na instituição escolar
autorrealização
estima
social (afiliação)
segurança
fisiológicos
101
Motivação na instituição escolar
102
Motivação na instituição escolar
Shein (1982) destaca a importância da visão que o gestor tem, sobre a natu-
reza e as motivações do homem. Assim, fala de quatro formas de visão gestora
da motivação:
103
Motivação na instituição escolar
Embora este não seja o objetivo da nossa aula de hoje, as questões especí-
ficas da motivação do professor para o exercício do magistério são de enorme
importância. Como afirmam Telfer e Swan (1986, p. 42):
O problema da motivação do professor se situa no preenchimento de necessidades de alta
ordem em uma profissão onde os padrões de carreira podem ser limitados. O estabelecimento
de metas em termos de resultados quantificáveis é difícil e o grau de manutenção dos
procedimentos nas atividades rotineiras da escola podem ser uma verdadeira fonte de
frustração. O resultado, portanto, é que a natureza do trabalho do professor em si próprio
pode emergir como a principal fonte de satisfação no trabalho.
Ambas têm revelado que a motivação dos professores está sendo severa-
mente ameaçada nos últimos anos. Vejamos de que forma: a maioria das insa-
tisfações intrínsecas dos professores relacionam-se à indisciplina dos alunos e
ao fato deles não apresentarem motivação para a aprendizagem. Os fatores de
natureza extrínseca são: os baixos salários, o aumento do trabalho administrati-
vo, a queda do status da profissão etc.
104
Motivação na instituição escolar
Para concluir essas reflexões sobre a motivação do homem, nada melhor que
uma imagem que expressa de forma clara a perplexidade e o desinteresse viven-
ciado, quando as nossas motivações não são, minimamente, atendidas.
(TONUCCI, 1993)
Atividade
Leia com atenção a crônica de Rubem Alves, publicada no jornal A Folha de S.
Paulo.
A seguir, reflita sobre a nossa aula, cujo tema foi a Motivação, e tente estabe-
lecer relações entre elas.
A parábola que Rubem Alves conta sobre os macacos e as bananas faz refle-
xões apresentadas ao final, sobre a escola.
Vou contar para vocês uma estória. Não importa se verdadeira ou imagi-
nada. Por vezes, para ver a verdade, é preciso sair do mundo da realidade e
entrar no mundo da fantasia...
105
Motivação na instituição escolar
Como o medo da água fria era maior que o desejo de comer bananas,
resolveram que o macaco que tentasse subir na mesa levaria uma surra.
Quando um macaco subia na mesa, antes do banho de água fria, os outros
lhe aplicavam a surra merecida.
106
Motivação na instituição escolar
107
Motivação na instituição escolar
108
Motivação na instituição escolar
Referências
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FREUD, S. Psicología de las Masas y Análisis del Yo. Madrid: Biblioteca Nueva,
1974. (En Obras Completas, v. 7).
KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia Social das Organizações. São Paulo:
Atlas, 1976.
109
Vídeo
Tipo de Poder
Exemplo
Social
De recompensa e O gestor da instituição escolar, mesmo quando ela é pública e não
coação pode manipular recompensas financeiras, sempre detém um poder
social quanto a distribuição das recompensas (melhores horários,
acesso a oportunidades de capacitação, por exemplo) e à aplicação
de determinada sanções.
111
Autoridade e poder do gestor escolar
112
Autoridade e poder do gestor escolar
Vista por outro prisma, no entanto, essa crise de autoridade libertou as futu-
ras gerações de um destino pré-estabelecido por parâmetros rígidos e autoritá-
rios. Segundo a análise de Hannah Arendt sobre a autoridade, as mais recentes
e principais revoluções como a francesa, a independência americana ou a revo-
lução soviética não concederam rupturas radicais com a tradição. Em todas elas,
os homens se inspiraram na origem da tradição, terminando os seus processos
revolucionários em restauração ou tirania.
A autoridade tal como a conhecemos outrora, e que se desenvolveu a partir da experiência
romana e foi entendida à luz da filosofia política grega, não se restabeleceu em lugar nenhum,
quer por meio de revoluções ou pelos meios ainda menos promissores da restauração, e muito
menos através do clima e tendências conservadoras que vez por outra se apossam da opinião
pública. (ARENDT, 1997, p. 187)
A diferença entre
governo e governamento
Alguns autores sugerem que o termo governo seja substituído, quando fa-
lamos de Foucault, pela palavra governamento, quando estivermos falando da
ação ou ato de governar.
Justificam isto, por exemplo, pelo uso dos conceitos que Foucault faz, ao falar
da arte de governar:
[...] os governantes, as pessoas que governam, a prática de governo são, por um lado, práticas
múltiplas, na medida em que muita gente pode governar: o pai de família, o superior do
convento, o pedagogo e o professor em relação à criança e ao discípulo. Existem, portanto,
muitos governos, em relação aos quais o do príncipe governando seu Estado é apenas uma
modalidade. Por outro lado, todos esses governos estão dentro do Estado ou da sociedade.
(FOUCAULT, 1992, p. 280)
113
Autoridade e poder do gestor escolar
Poder e resistência
Foucault vê o poder não apenas como uma força negativa, mas também pro-
dutiva, e afirma que, quando há o exercício do poder, há resistência. Isso extrapola
a situação das prisões, embora Foucault tenha se debruçado muitas vezes sobre o
tema dos presos e dos loucos internados. Afirma que, mesmo nestas situações ex-
tremas, sempre somos “livres”, em virtude do exercício da resistência. Ela transcen-
de o ato de dizer não – forma primeira de resistência – mas constitui a manutenção
e o exercício do direito de dizê-lo. É a resistência que define a relação de poder,
rompendo com o continuum da obediência e mudando esta relação.
A importância da crítica
O pensamento recebe posição de destaque na abordagem de Foucault. É
algo que nem sempre está claramente presente, mas se desvela nos comporta-
mentos cotidianos.
114
Autoridade e poder do gestor escolar
115
Autoridade e poder do gestor escolar
Podemos concluir que realmente gestor escolar possui uma autoridade, ali-
cerçada em mais de uma forma de poder social. É importante, no entanto, que
ela não seja aplicada de forma arbitrária, como muitos indícios apontam nas es-
colas. O que sobressai deles são vícios (autoritarismo, burocracia, privatização do
cargo, cargo como fardo etc.) mais do que virtudes (paciência, tato no exercício
da autoridade, diálogo, distribuição de atribuições, partilha de autoridade etc.).
Não é este o gestor escolar que pretendemos formar, mas aquele que Paulo
Freire falou ao delinear um perfil voltado para a o incremento da autonomia e da
liberdade, nas escolas em que atua.
Atividade
Vocês encontram na internet vários links interessantes sobre Educação. Um
deles é o da Revista Nova Escola – <www.novaescola.abril.com.br>.
116
Autoridade e poder do gestor escolar
Comente cada uma delas, procurando ligá-la a algum conceito da nossa aula
de hoje.
O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar
e transformar.
117
Autoridade e poder do gestor escolar
O diretor-líder faz com que sua equipe sinta que tem poder para realizar
e transformar.
118
Autoridade e poder do gestor escolar
Referências
ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 1997.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1977.
FREIRE, P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
D’Água, 1993a.
119
Vídeo
Gestão Escolar: consenso e conflito – a
complexidade dos processos grupais
Começaremos esta aula com uma poesia extraída do livro de Moacir
Carneiro (2002), intitulada: O outro eu da escola.
121
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
Tais fatores organizativos devem ser considerados, mas como hipótese de tra-
balho que ajudam os professores em seu processo cooperativo de deliberação,
avaliação e tomada de decisões para cada contexto e cada situação particular. Por-
tanto, quando nos propomos a favorecer o enriquecimento da instituição escolar,
a ênfase não pode se situar exclusivamente na presença desses fatores, mas na fa-
cilitação do processo aberto de deliberação reflexiva entre docentes e no acesso
que consideraremos necessário em cada caso. Os fenômenos educativos pautam-
-se na qualidade dos processos de interação entre indivíduos, ideias, experiên-
cias e artefatos num contexto social e culturalmente facilitador e estimulante.
Por isso, sua natureza comporta, entre outras características, uma dimensão
aberta e criadora, significativa e relevante.
122
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
123
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
Vamos, agora, analisar o estudo de caso relatado por meio da Psicologia Social
criada por Pichon-Rivière. Comecemos por dois conceitos que tratam da ques-
tão da filiação e da pertença dos indivíduos aos grupos. Para Pichon, os grupos,
as organizações e as distintas formas da sociedade humana originam-se de uma
necessidade universal que leva os homens a se associarem. A importância para
124
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
Nesta complexa rede de filiações a grupos, que nós realizamos, é possível dis-
tinguir algumas que têm por meta um objeto determinado – uma associação ‘di-
recional’ – como é o caso, por exemplo, da filiação a um sindicato para conseguir
trabalho, entrar como sócio de um clube, porque isso confere prestígio, brilho
social e permite fazer bons contatos. Os grupos proporcionam a seus membros
prestígio e segurança, o que permite ao sujeito adquirir um sentimento de au-
toestima, “que é retransmitido como ‘boa imagem’ para aqueles que entram em
contato com ele. Em consequência deste tipo de filiação direcional, aparecem
nele novas pautas de conduta, como o afã do poder, a avidez de conhecimentos,
os impulsos solidários dirigidos ao próximo” (PICHON-RIVIÈRE, 1988a, p. 80).
125
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
Pichon contribuiu com uma proposta de Psicologia Social que nos permite
compreender o processo de elaboração do conhecimento no intercâmbio dia-
lético entre o sujeito e seus contextos. A dialética pichoniana é uma estratégia
destinada não só a transmitir conhecimento, mas a desenvolver e modificar ati-
tudes. A Psicologia Social investiga o sujeito e seu comportamento, a interação
entre o intrassubjetivo e o intersubjetivo; torna-se significativa, operativa, ao
orientar-se para uma prática.
O grupo operativo é um instrumento de intervenção nesta prática. É uma técnica para ajudar
os membros do grupo a enfrentar os conflitos e a resistência à mudança. A prática é uma
experiência crítica que se assemelha a uma espiral contínua, que permite realizar a mudança e
que consiste no desenvolvimento pleno da existência humana, através da modificação mútua
dos homens entre si e com a natureza. (GAYOTTO, 1991, p. 13)
126
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
O Grupo Operativo centra sua dinâmica no fazer dos sujeitos, nas tarefas que
os indivíduos realizam para atingir os objetivos comuns a que se propõem e
que constituem o projeto (político pedagógico) pelo qual estão interligados. Ao
centrar-se na tarefa do grupo, tal qual fez o diretor do estudo do caso apresen-
tado anteriormente, o Grupo Operativo leva as pessoas a pensarem a ação que
desenvolvem juntas e, com isso, a compreenderem os obstáculos que emergem
à luz do que cada um é e de como as pessoas se comprometem com a ação
coletiva – como elas se relacionam no grupo para satisfazer as necessidades das
pessoas, como as necessidades das pessoas se articulam e se constituem em
necessidades coletivas.
127
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
1
As dificuldades se constituem como verdadeiras barreiras para o relacionamento do grupo e para a realização das tarefas, ou seja barreiras para
a tranformação.
2
Entre o conjunto de contradições, a mais corriqueira é contar que, de um lado, a comunidade escolar deve compreender quais são as necessidades
comuns do grupo, e como elas devem ser trabalhadas de forma a levar o grupo a efetuar as mudanças necessárias para atingi-las; de outro lado,
a força de uma educação pautada em modelos autoritários e inibidores de uma participação efetiva e criativa engessa o processo de tomada de
decisões.
128
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
“Digo: o real não está nem na saída nem na chegada, ele se dispõe para a
gente é no meio da travessia.”
Atividades
A história de Ghani, narrada nesta aula, ilustra muito claramente quanto são
complexos os processo grupais, e o quanto o gestor precisa estar apto a ma-
nejar os conflitos que surgem no cotidiano da escola.
a) o próprio Ghani.
130
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
b) um professor da escola.
c) um funcionário.
131
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
Referências
CARR, W. Quality in Teaching. Londres: Falmer, 1990.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
132
Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais
ELLIOT, J. School effectiveness research and its critics: alternative visions of scho-
oling. Cambridge Journal of Education, v. 26, n. 2, p. 199-224, 1996.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1977.
FREIRE, P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
D’Água, 1993a.
133
Vídeo
136
Gestão e autonomia da escola
A qualidade das escolas não constitui uma definição única para todas as
escolas.
137
Gestão e autonomia da escola
139
Gestão e autonomia da escola
Para Gadotti (2002, p. 37) o êxito do projeto implica sobretudo uma noção de
tempo:
140
Gestão e autonomia da escola
É bom saber que a falta desses sete elementos dificulta a elaboração e im-
plantação de um projeto Político Pedagógico, novo para a escola.
Finalidade da escola;
Estrutura organizacional;
Currículo;
Processo decisório;
Relações de trabalho;
Avaliação.
Espero que vocês tenham tido, através da aula de hoje, uma compreensão
clara sobre gestão e autonomia da educação com ênfase no Projeto Político Pe-
dagógico, que é um organizador de todo o trabalho pedagógico da escola.
141
Gestão e autonomia da escola
Atividade
Então, gostaram da aula? Para a leitura complementar sugerimos o livro Pro-
fessores Reflexivos em uma Escola Reflexiva, Isabel Alarcão, Coleção Questões,
da Editora Nossa Época (2003).
Maria do Pilar
Fonte: O Projeto Político Pedagógico da escola a partir do saber/fazer dos seus educadores
Disponível em: <www.portalcpp.com.br>.
142
Gestão e autonomia da escola
Referências
BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei Federal 9.394). Brasília, 1996.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
143
Vídeo
145
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Neste sentido, concordo com Ferreira (2001) quando diz que gestão demo-
crática da educação constrói coletivamente, por meio da participação, a cidada-
nia da escola, de seus integrantes e de todos que dela, de alguma forma, parti-
cipam, possibilitando o desenvolvimento de uma consciência de participação
mais ampla do mundo.
Assim, por trás de um discurso que tem como objetivo a qualidade do ensino,
os neoliberais puderam formular propostas curriculares que vêm sendo utiliza-
das para associar a educação aos interesses do capital, onde a melhor propa-
ganda é a consolidação de um currículo comum para ser divulgado em âmbito
nacional.
E qual seria o propósito deste currículo? O seu propósito maior seria determi-
nar as diretrizes da educação nacional.
Observem este quadro em que a LDB 9.394/96 explicita, nos artigos 9.°,
26.°, 27.°, padrões curriculares, que devem ser seguidos em todo o território
nacional.
146
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Já no artigo 26,
147
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Falamos até agora, na primeira parte de nossa aula, das transformações polí-
ticas, sociais e econômicas que influenciam a educação. Falamos sobre transfor-
mações ocorridas no mundo moderno, conceituamos Globalização e Gestão, bem
como sinalizamos currículo como uma política educativa. A partir de agora vamos
visualizar currículo como estratégia nas mudanças do cenário educacional.
148
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Percebe-se, diante de tal quadro, que o currículo tem como principal parcei-
ro um sistema de avaliação que objetiva a eficiência na busca da hegemonia
ideológica.
Como podemos ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados?
149
Gestão Escolar e Políticas de Educação
150
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Com base nesse modelo, os PCN são norteados pelos objetivos gerais do ensino
fundamental, em consonância com as diretrizes gerais estabelecidas pela LDB:
Atividades
Para concluir a nossa aula, estamos colocando alguns pontos essenciais para
a sua reflexão.
Leia com atenção, reflita e procure redigir um pequeno texto sobre a gestão
escolar, no contexto delineado pelas afirmações apresentadas.
153
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Esperamos que possam refletir sobre tudo que foi dito na aula de hoje e, em
especial, sobre a importância da escola para uma efetiva mudança nesse pano-
rama e sobre a participação do gestor escolar neste processo.
154
Gestão Escolar e Políticas de Educação
Referências
BRASIL Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacio-
nais. Brasília: MEC/ SEF, 1997.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FERREIRA, Naura S. C.; AGUIAR, Márcia, A. de. (Org.). Gestão da Educação, Im-
passes, Perspectivas e Compromissos. São Paulo: Cortez, 2001.
SOARES, M.C.C. Banco mundial: políticas e reformas. In: TOMMASI, L.; WARDE,
M.J.; HADDADA, S. (Org.). O Banco Mundial e as Políticas Educacionais. São
Paulo: Cortez, 2000.
Esta aula tem como objetivo ver o professor como gestor não somente
do processo de ensino, o que pode parecer óbvio, mas que lamentavel-
mente não está ainda incorporado à tarefa, que este profissional da edu-
cação deve tomar para si, mas do ofício de administrar as relações que
estão embutidas no complexo microcosmo da escola e da sala de aula.
Vamos então empreender essa viagem teórica pela escola e analisar as
várias dimensões presentes nesse cenário educacional que se apresentará
aos nossos olhos curiosos.
158
A complexidade da gestão de sala de aula
159
A complexidade da gestão de sala de aula
160
A complexidade da gestão de sala de aula
161
A complexidade da gestão de sala de aula
1
A ecologia do desenvolvimento humano entende o meio ou contexto em que as pessoas se desenvolvem como uma série de sistemas funcionais
ou estruturas concêntricas e encaixadas, denominadas micro, meso e macrossistemas. Tais estruturas definem-se formalmente: um microssistema é
um padrão de atividades, papéis e relações inter-pessoais que a pessoa em desenvolvimento experimenta em um determinado meio, com caracte-
rísticas físicas e materiais particulares. Um mesossistema compreende as inter-relações de dois ou mais meios em que a pessoa em desenvolvimento
participa ativamente (por exemplo, para um menino, as relações entre o lar, a escola e o grupo do bairro; para um adulto, entre a família, o trabalho e
a vida social). Um sistema refere-se a um ou mais contextos que não incluem a pessoa em desenvolvimento como participante ativo, mas nos quais
são produzidos fatos que afetam o que ocorre no contexto em que ela se encontra, ou que se veem afetados pelo que ocorre nesse meio. Um ma-
crossistema refere-se às correspondências, em forma e conteúdo, dos sistemas de menor ordem (micro, meso e exo) que existem ou poderiam existir,
ao nível da subcultura ou da cultura em sua totalidade, junto com qualquer sistema de crenças ou ideologias que sustenta essas correspondências.
(BRONFENBRENNER, 1987, p. 41- 45).
162
A complexidade da gestão de sala de aula
2. Focar o Grupo:
gerenciar a atenção.
3. Evitar a saturação:
progresso.
variedade.
estimulação.
apresentar as tarefas/exercícios;
monitorar o desempenho;
selecionar as tarefas/exercícios;
avaliar as tarefas/exercícios.
163
A complexidade da gestão de sala de aula
atraso ou absenteísmo;
colando;
evitar lentidão:
h) dar motivos para elogios (“O meu professor vai me dizer porque
gosta do que eu faço em sala de aula”);
i) dar ouvidos ao que os alunos têm a dizer (“O meu professor está
realmente interessado no que eu tenho a dizer”);
165
A complexidade da gestão de sala de aula
k) estar próximo dos alunos (“O meu professor está perto e isso não
me perturba, gosto da sua presença”);
n) desistir (“O meu professor está chateado com o que eu estou fazen-
do, mas não comigo pessoalmente”).
166
A complexidade da gestão de sala de aula
168
A complexidade da gestão de sala de aula
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A complexidade da gestão de sala de aula
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A complexidade da gestão de sala de aula
A gestão da sala de aula pelos docentes está inserida nesse “todo” escolar, ou
no conceito de Bronfenbrenner, é um microssistema inserido dentro de outro
microssistema. A complexidade dessa gestão está diretamente vinculada à com-
plexidade do ofício de ser professor, um profissional que precisa atender simul-
taneamente o fluxo de intercâmbios e seus efeitos na construção de conheci-
mentos e significados pelos alunos, intervir para garantir a aprendizagem e a
vivência democrática nesse microespaço ecológico: a sala de aula.
Atividade
A nossa aula de hoje, ao falar sobre a gestão da sala de aula, apresentou di-
versas “habilidades de gestão instrucional”. Escolha três e elabore exemplos
de situações do cotidiano escolar para ilustrá-las.
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A complexidade da gestão de sala de aula
Referências
BRONFENBRENNER, U. La Ecología del Desarrollo Humano. Barcelona: Paidós,
1987.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FROYEN, L.; IVERSON, A.M. Schoolwide and Classroom Management: the re-
flective educatorleader. 3th. ed. Upper Saddle River, NJ: Prentice-Hall, 1999.
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Vídeo
Formação do educador/
Formação do gestor (parte 1)
Eu “brinquei” tanto de professor quando era adolescente que quando dei minha
primeira aula na Escola Oswaldo Cruz do Recife, nos anos 1940, tive dificuldade em distin-
guir entre o professor imaginário e o real e era feliz nos dois mundos.
Outra questão pertinente para esta introdução, e que merece uma re-
flexão por parte de vocês, é a dicotomia entre ciência e arte, no trabalho
do educador.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
Tardiff (2002, p. 206) faz eco ao que diz Teixeira, afirmando que os professo-
res, como profissionais que são, produzem saberes específicos em seu próprio
trabalho e são capazes de objetivar, aperfeiçoar e deliberar sobre as próprias
práticas, tornando-as algo mais que um mero campo de aplicação das teorias
elaboradas externamente a elas. A prática profissional do educador é, portanto,
“um espaço de produção de saberes e de práticas inovadoras pelos professores
experientes”.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
e mais as da situação concreta, com os seus contemporâneos e os seus pares, seu professor e
sua família. A prática educativa exige que o educador leve em conta um tão vasto e diverso
grupo de variáveis, que, provavelmente, nenhum procedimento científico poderá jamais ser
rigorosamente nela aplicado.
Ainda o mais perfeito método de aquisição, digamos, de uma habilidade, não poderá ser
aplicado rigidamente. O educador terá de levar em conta que o aluno não aprende nunca
uma habilidade isolada; que, simultaneamente, estará aprendendo outras coisas no gênero
de gostos, aversões, desejos, inibições, inabilidades, enfim que toda a situação é um complexo
de “radiações, expansões e contrações”, na linguagem de Dewey, não permitindo nem
comportamento uniforme nem rígido. (TEIXEIRA, 1957, p. 20)
Cabe a este educador, segundo Grossi (2000, p. 223), a sublime tarefa de “rein-
ventar a escola”. Esse processo, segundo a autora, “não será fruto de uma mera
introdução de novos métodos em questões didáticas ou mesmo pedagógicas.
Ela tem suas raízes numa revisão filosófica que abarca o homem, como sujeito
de sua identidade e das condições da existência coletiva. Ela também não será
fruto da militância nos movimentos sociais dissociados da revolução no âmago
da sala de aula”.
Breve histórico da
formação do educador
Vamos tomar como marco inicial a década de 1970, estendendo esta aborda-
gem até a atualidade. Acreditamos que o conhecimento destes momentos da
formação do educador será de grande valia para entender como este processo
evoluiu no nosso país, nos últimos anos.
Nos anos 1970, influenciada pela visão funcionalista da Educação, pela Psico-
logia comportamental e pela Tecnologia educacional, a ênfase na formação do
educador recaía sobre a dimensão técnica. A preocupação era com os melhores
métodos de treinamento. O professor era o organizador dos componentes do
processo ensino – aprendizagem (objetivos, conteúdos, estratégias de ensino,
avaliação, entre outros). A partir da metade desta década, severas críticas foram
impostas a este modelo, exigindo um maior envolvimento do educador com a
prática social.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
Conhecimento Reflexão
na ação na ação
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
Trabalhar em equipe.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
Bem, vamos encerrar essa nossa primeira aula sobre a formação do educador,
sabendo que, na próxima, trabalharemos as ideias de Nóvoa e de Paulo Freire
sobre esta formação, além de discutirmos a aplicação destes conceitos à forma-
ção do gestor escolar.
Atividade
Leia, com atenção, os dois a seguir abaixo. O primeiro foi escrito por Anísio
Teixeira, e pertence ao mesmo discurso que citamos no início da aula. O se-
gundo é de Paulo Freire. Os dois falam da formação do educador.
1.º texto
Como a medicina, a educação é uma arte. E arte é algo de muito mais com-
plexo e de muito mais completo que uma ciência. Convém, portanto, deixar
quanto possível claro de que modo as artes se podem fazer científicas.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
A educação pode, com alguns raros expoentes, atingir o nível das belas-artes,
mas, em sua generalidade, quase sempre, não chega a essa perfeição, con-
servando-se no nível das artes mecânicas ou práticas, entendidos os termos
no sentido humano e não no sentido de maquinal, restritivo apenas quanto
a belo e estético.
(TEIXEIRA, 1957, p. 1)
2.º texto
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
dos – acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim transferidos. Nesta
forma de compreender e de viver o processo formador, eu, objeto agora,
terei a possibilidade, amanhã, de me tornar o falso sujeito da “formação” do
futuro objeto de meu ato formador. É preciso que, pelo contrário, desde os
começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferen-
tes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado
forma–se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é trans-
ferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito
criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não
há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao apren-
der. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto de
vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que
pede um objeto direto – alguma coisa – e um objeto indireto – a alguém.
Do ponto de vista democrático em que me situo, mas também do ponto de
vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre minha
compreensão do homem e da mulher como seres históricos e inacabados e
sobre que se funda a minha inteligência do processo de conhecer, ensinar
é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender
e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e
homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente apren-
dendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que em
possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensi-
nar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na
experiência realmente fundante de aprender. Não temo dizer que inexiste
validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz
não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado
que não foi apreendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
que historicamenre descobrimos que era possível ensinar como tarefa não
apenas embutida no aprender, mas perfilada em si, com relação a aprender,
é um processo que pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescen-
te, que pode torná-lo mais e mais criador. O que quero dizer é o seguinte:
quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se
constrói e desenvolve o que venho chamando “curiosidade epistemológica”,
sem a qual não alcançamos o conhecimento cabal do objeto.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
Referências
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1977.
FREIRE, P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
D’Água, 1993a.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 1)
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Vídeo
Formação do educador/
Formação do gestor (parte 2)
António Nóvoa e os 3 As da
Formação Identitária do Professor
O conhecido educador português António Nóvoa vem alcançando
destaque no cenário atual, principalmente por sua abordagem da forma-
ção docente. Segundo ele, existe uma crise de identidade do professor,
acentuada pela maneira como a sua formação vem se desenvolvendo, ex-
pressa pela separação entre o eu pessoal e o eu profissional.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
[...] no professor, não é possível separar as dimensões pessoais e profissionais; a forma como
cada um vive a profissão de professor é tão (ou mais) importante do que as técnicas que aplica
ou os conhecimentos que transmite; os professores constróem a sua identidade por referência
a saberes (práticos e teóricos), mas também por adesão a um conjunto de valores etc. Donde a
afirmação radical de que não há dois professores iguais e de que a identidade que cada um de
nós constrói como educador baseia-se num equilíbrio único entre as características pessoais e
os percursos profissionais. E a conclusão de que é possível desvendar o universo da pessoa por
meio da análise da sua ação pedagógica. “Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és”. (NÓVOA,
2003, p. 33)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
Temos que mudar o nosso jeito de brigar, para ganhar “menos imoralmente
para viver menos imoralmente”; “lutar por um país menos feio”, porque ninguém
nasce para ser feio; a gente se torna feio ou bonito, na medida em que a gente
luta com alegria e esperança. E, por fim, o legado da esperança: o educador deve
arranjar um jeito de regar todos os dias sua esperança como se rega uma planti-
nha (trechos de uma das últimas entrevistas de Freire dada ao CENPEC-SP).
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
O autor fala que ela incide sobre quatro dimensões do eu, as mesmas sobre
as quais incide o processo de formação:
o “eu conhecido” (the open self) – o comportamento que é conhecido pelo pró-
prio gestor, conscientemente, e pelos demais atores da instituição escolar.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
o “eu desconhecido” (the blind self) – aqueles aspectos que as pessoas que
convivem com o gestor conhecem, mas dos quais ele não tem consciên-
cia.
Atividades
1. Comente a proposta de António Nóvoa, dos 3 As da formação identitária do
educador, especificando-a em relação ao gestor escolar.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
2. Leia o texto que se segue, reflita sobre ele à luz do que estudamos nestas
duas aulas sobre a formação do educador e discuta-o com os seus colegas
professores, sistematizando as conclusões em um pequeno texto.
A quem educa
Artur da Távola
Educa quem educará. E quem aprender a perder. Quem, ou cuja obra per-
manecer muito depois do momento de educar.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
Educo hoje, com valores adquiridos ontem, pessoas que são o amanhã. Os
valores de ontem, conheço-os. Os de hoje, percebo alguns. Dos de amanhã,
não sei. Educo com os de ontem (os de minha formação)?
“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com
mais razão não morre o educador que semeia a vida e escreve na alma”. (BER-
TOLD BRECHT)
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
Referências
CANDAU, V. M. Magistério: construção cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1997.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 7.ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1977.
FREIRE, P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
D’Água, 1993a.
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Formação do educador/Formação do gestor (parte 2)
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Vídeo
Ação gestora na Educação Infantil
e Ensino Fundamental
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
Assim, a educação infantil é a primeira etapa da educação básica e, por ter como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, demanda que, nesta área de formação do
curso de Pedagogia, haja a preocupação com um pedagogo-professor:
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
Concluindo essa reflexão sobre a educação infantil, eu diria que ela não pode
deixar de lado a preocupação com uma articulação com o ensino fundamental,
especialmente para as crianças mais velhas, que logo mais estarão na escola, e
que se interessam por aprender a ler, escrever e contar.
§2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino
fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de
ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
a saúde
a sexualidade
meio ambiente
trabalho
a ciência e a tecnologia
a cultura
as linguagens
As áreas de conhecimento:
Língua Portuguesa
Matemática
Ciências
Geografia
História
Língua Estrangeira
Educação Artística
Educação Física
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
É interessante notar que, nesta organização curricular, o fator tempo fica mais
flexível, possibilitando a elaboração de planejamentos/projetos/atividades que
anteriormente eram inviáveis.
E qual é o papel da escola neste processo? Ela deveria oferecer a todos a possi-
bilidade de efetivar a capacidade de aprendizagem que os indivíduos possuem.
Desse modo, a seriação inicial deu lugar ao ciclo básico com a duração de dois anos , tendo
como objetivo propiciar maiores oportunidades de escolarização voltada para a alfabetização
das crianças. As experiências, ainda que tenham apresentado problemas estruturais e
necessidades de ajustes da prática, acabaram por mostrar que a organização por ciclos
contribui efetivamente para a superação dos problemas do desenvolvimento escolar.
E mais, concordando com Leal (1998, p. 26), a escola deveria ser efetivamente
um local de construção de conhecimentos elaborados e acumulados historica-
mente pela humanidade, oportunizando um trabalho pedagógico menos frag-
mentado, respeitando as etapas de desenvolvimento de cada aluno e preten-
dendo superar os índices de evasão e repetência.
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
213
Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
Espero que vocês tenham tido, com a aula de hoje, uma compreensão clara
sobre gestão da educação infantil e ensino fundamental com ênfase nas Diretri-
zes Curriculares da educação infantil e na organização curricular em ciclos para
o ensino fundamental.
Atividades
1. Reflita sobre a Gestão Escolar na educação infantil e no ensino fundamental,
estudada na aula de hoje.
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
Centro de Educação
Infantil (CEI)
Escola de Ensino
Fundamental
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Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental
Referências
ALVES, N.; GARCIA, R. L. Atravessando fronteiras e descobrindo (mais uma vez)
a complexidade do mundo. In: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina L. O Sentido da
Escola. Rio de Janeiro: DP& A, 1999.
Brasil. MEC. Conselho Nacional de Educação. Parecer CEB 04/98. Brasília, 1998.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
Nossa aula de hoje será sobre Gestão e ação gestora no ensino médio.
Enfocaremos a Gestão Democrática como recurso importante de partici-
pação humana e de formação para a cidadania.
Isso não significa, no entanto, que a ação gestora no ensino médio seja
totalmente diferente do que vimos na aula anterior, que falava da ação
gestora na educação infantil e no ensino fundamental.
219
Ação gestora no Ensino Médio
Como já afirmamos em uma outra aula, o governo vem investindo, entre outras
demandas, em propostas curriculares e programas de avaliação, objetivando a
garantia de uma educação de qualidade. Assim, o seu propósito maior seria que
essas propostas curriculares determinassem as diretrizes da educação nacional.
220
Ação gestora no Ensino Médio
O ponto de partida para a formulação das Diretrizes para o ensino médio foi o
primeiro artigo da LDB – Lei 9.394/96. Esse artigo afirma que a “educação escolar
deverá estar vinculada ao trabalho e à prática social” (MELLO, 1999, p. 1).
221
Ação gestora no Ensino Médio
A Avaliação Nacional do
Ensino Médio – ENEM
Não se pode falar em gestão escolar do ensino médio, sem fazer referência ao
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), já que sobre a sua realização incidirão
algumas importantes ações gestoras.
Ele permite aos alunos realizar uma autoavaliação dos conhecimentos e das
habilidades adquiridas ao longo da educação básica, com o objetivo de saber
como está sua formação para integrar-se efetivamente à sociedade. Além disso,
serve para orientar as escolhas futuras em relação à continuidade dos estudos e
à participação no mercado de trabalho.
222
Ação gestora no Ensino Médio
Pode-se afirmar que a continuidade dos estudos implica num currículo que
não lide apenas com o conhecimento escolar mas que lide, sobretudo, com dife-
rentes aspectos da cultura, já que: “todo currículo é um processo de seleção, de
decisões acerca do que será e do que não será legitimado pela escola. A existên-
cia de um conjunto de culturas negadas pelo currículo cria nos alunos perten-
centes a essas culturas um sentimento de não pertencimento, de alijamento do
que é socialmente aceito.” (MACEDO; LIMA, 2001, p. 11).
223
Ação gestora no Ensino Médio
224
Ação gestora no Ensino Médio
Têm que gestar, criar e recriar relações com o contexto, com os outros e
consigo mesmo.
Pensar um novo currículo para o ensino médio coloca em presença estes dois
fatores: as mudanças estruturais que decorrem da chamada “revolução do co-
nhecimento”, alterando o modo de organização do trabalho e as relações sociais;
e a expansão crescente da rede pública, que deverá atender a padrões de quali-
dade que se coadunem com as exigências desta sociedade.
Espero que possam refletir sobre o que foi dito na aula de hoje, em especial
o papel do educador neste contexto, delineando uma ação gestora que alie três
grandes áreas de competências:
225
Ação gestora no Ensino Médio
Atividades
1. Leia com atenção o artigo da resolução CEB N.º 3, de 26 de junho de 1998,
que define as Diretrizes Nacionais para o ensino médio:
Art. 5º: Para cumprir as finalidades do ensino médio previstas pela lei, as escolas organizarão
seus currículos de modo a:
I – ter presente que os conteúdos curriculares não são fins em si mesmos, mas meios básicos
para constituir competências cognitivas ou sociais, priorizando-as sobre as informações;
Agora, defina algumas ações do gestor da escola de ensino médio, para al-
cançar estas finalidades.
226
Ação gestora no Ensino Médio
Os alunos da escola de ensino médio que você dirige vêm alcançando resul-
tados muito ruins no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e isso vem se
acentuando nos dois últimos anos. O deficit mais acentuado refere-se a duas
das competências avaliadas:
227
Ação gestora no Ensino Médio
228
Ação gestora no Ensino Médio
Referências
BRASIL. MEC. Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
Resolução 3, de 26 de junho de 1988. Institui as diretrizes nacionais para o
ensino médio. Brasília, 1988.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
FERREIRA, Naura S. C.; AGUIAR, Márcia, A. de. (Orgs). Gestão da Educação, Im-
passes, Perspectivas e Compromissos. São Paulo: Cortez, 2001.
MELLO, G. N. de. Diretrizes curriculares para o ensino médio: por uma escola vin-
culada à vida. Revista Iberoamericana de Educación, n. 20, maio/agosto 1999.
Disponível em: <www.campusoei.org/revista/rie20a06.htm>.
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Vídeo
Efeitos negativos da ação
gestora: estresse e burnout
Hoje vamos tratar de um tema muito atual, pois vamos discutir algumas
questões ligadas aos efeitos que a ação gestora pode causar nas pessoas.
É por todas estas razões que este tópico é o mote da nossa aula de hoje.
Espero que ela seja interessante e traga muitos ensinamentos para vocês.
O que é estresse?
São muitos os conceitos encontrados na literatura específica sobre o
tema. Escolhemos alguns para discutir com vocês.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
O estresse foi estudado pela primeira vez pelo médico austríaco Hans Selye,
na década de 1920. Comparando sintomas semelhantes, em paciente que so-
friam de doenças diferentes, concluiu que eles não estavam ligados diretamente
à doença, e chamou-os de “síndrome de estar apenas doente”, ou “síndrome de
adaptação geral”.
232
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Talvez o que tenha acontecido é que o homem mudou o ambiente com tal
velocidade, que não conseguiu mudar a si próprio para acompanhar estas mu-
danças. Estamos nos referindo às situações como violência e aglomeração ur-
banas, poluição de várias modalidades, mudanças de vida e de papéis sociais,
solidão, aumento do fluxo de informação e de responsabilidade, entre outras.
233
Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Programação para realizar várias coisas ao mesmo tempo, cada vez desti-
nando a isto menores intervalos de tempo.
É conveniente notar que, na vida real, não existem tipos A ou B “puros”. Todos
nós temos traços de cada tipo, mas com predominância de um dos dois, e isso
determina uma maior ou menor predisposição ao estresse e às suas consequên-
cias físicas e emocionais.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Alimentação.
Relaxamento.
Exercícios físicos.
Descanse.
Liberte-se da agressividade.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
PP – Partido Profissional
PI – Partido da Individualidade
PS – Partido Social
PC – Partido Cultural
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
1.º nível – Falta de vontade, ânimo ou prazer de trabalhar. Dores nas cos-
tas, pescoço e coluna. Diante da pergunta “O que você tem?”, normalmen-
te a resposta é “não sei, não me sinto muito bem”.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Atividades
1. Elabore uma situação da vivência escolar, facilmente identificável como cau-
sadora de estresse no gestor.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Resultado:
Se o seu resultado ficar entre 42 e 63, você está bem. A única sugestão que
fazemos é que volte a ver as suas respostas, para ter a certeza de que foi
sincero ao responder.
Se o seu resultado está entre 63 e 84 seria bom que examinasse a sua vida
de trabalho, avaliasse as suas prioridades e pensasse em fazer algumas
mudanças.
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Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout
Referências
BACCARO, A. Vencendo o Estresse: como detectá-lo e superá-lo. Petrópolis:
Vozes, 1990.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
LIPP, M. N.; NOVAES, L. E. Mitos & Verdades Sobre o Stress. São Paulo: Contexto,
1996.
PINES, A.; ARONSON, E. Why managers burn out. Sales & Marketing Manage-
ment, n. 4, Feb., 1989.
241
Vídeo
A gestão colegiada
e seus efeitos na escola
a) Iniciar
243
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Empenhar-se na ação.
b) Comunicar
Uma das tarefas do gestor é prover condições para que o fluxo comunica-
cional se realize de modo efetivo. A mensagem pode ser transmitida de
várias formas, como panfletos, circulares, sistema de som ou vídeo, con-
versa direta, avisos e cartazes etc. A efetividade dependerá muito mais do
conteúdo da mensagem e do modo como está sendo transmitida, do que
do meio utilizado.
c) Motivar
Cabe ao gestor motivar as pessoas que lidera para que sintam vontade de
fazer algo e de fazer bem feito. Trata-se do trabalho de inspirar e encorajar
estas pessoas a agirem e do uso correto e apropriado dos incentivos dis-
poníveis.
d) Desenvolver pessoas
e) Decidir
Uma verdadeira decisão torna-se necessária quando cada uma das alterna-
tivas que se apresenta envolvem um certo grau de incerteza, e é por isso
que poucas pessoas gostam de tomar decisões. Evitam decidir para não
assumir os riscos do caminho seguido, mas se esquecem que a omissão
também envolve riscos, muitas vezes maiores que o das alternativas.
Gestão cooperativada
Para formar uma cooperativa, devem existir, no mínimo, vinte pessoas inte-
ressadas. Após todos os esclarecimentos e uma decisão positiva, o grupo deve
eleger uma comissão responsável pelas providências necessárias, que redige
uma proposta, adequando-a às necessidades específicas do grupo. O estatuto
deve expressar os interesses e necessidades da sociedade, incluindo as regras de
funcionamento, podendo ser alterado quando a maioria julgar necessário. Ele é
a lei orgânica de uma cooperativa.
245
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Assembleia Geral:
Conselho Fiscal:
246
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
É fácil perceber, portanto, que as decisões tomadas pela Assembleia Geral são
superiores às de qualquer membro cooperativado, e que o processo de represen-
tatividade por meio de eleições é a que predomina na gestão cooperativada.
Não significa, no entanto, que não caiba ao gestor a liderança política, cultural e
pedagógica, no caso da instituição escolar. Nesta, existem diversas possibilidades
para a construção de uma administração participativa, como o Regimento escolar,
o Calendário escolar a própria Organização curricular e o Conselho da escola.
Faz-se necessária uma primeira reflexão, que diz respeito ao clima escolar que
dá suporte à gestão participativa. Segundo Sacristán (1999), ele tem que envol-
ver a crença no Estado democrático como aquele em que todos, sem discrimi-
nação, têm direito aos conhecimentos e aos valores sociais, como forma efetiva
de inserção ativa e transformadora na sociedade. O autor propõe que o ato de
educar requer um projeto guiado por uma racionalidade, por argumentos que
o tornem plausível perante seus atores, além de uma vontade pactuada que o
impulsione. Mostra a necessidade de tornar a educação transparente, de forma
que expresse a consciência e os desejos de uma sociedade.
247
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Todo o processo que tem como base uma filosofia participativa traz, como
consequência, a necessidade do exercício da negociação e administração de
conflitos, quer entre os líderes e colaboradores, quer seja entre os pares. Tal fi-
losofia mostra as relações de interdependência e sinergia, e os desafios de cada
componente do processo, ajudando no atendimento das necessidades de asso-
ciação, reconhecimento e autorrealização do ser humano.
Vocês devem estar lembrados que, em uma aula anterior, falamos do con-
fronto entre a escola como instituição tutelada e como instituição autorregula-
da, consequentemente, tanto quanto possível autônoma e apoiada na gestão
colegiada. Isto aumenta a responsabilidade de todos os integrantes da comuni-
dade escolar pelo funcionamento da mesma e amplia a participação de todos os
segmentos na gestão escolar. Decisões tomadas com a participação de todos os
segmentos são mais elaboradas, mais legítimas e possuem mais força, no senti-
do de provocar efeitos concretos.
248
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Autonomia e responsabilidade.
Avaliação e transparência.
249
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Atividades
Leia o texto Assembleia na carpintaria e redija um texto, relacionando as ques-
tões nele apresentadas com os pontos discutidos na nossa aula de hoje.
Assembleia na carpintaria
(Autor desconhecido)
251
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
nunciar. A causa? Fazia barulho demais e, além disso, passava todo o tempo
golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o pa-
rafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do
ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa.
Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando
sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o
metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fora o
único perfeito.
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A gestão colegiada e seus efeitos na escola
253
A gestão colegiada e seus efeitos na escola
Referências
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
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Vídeo
Formação e atuação da equipe
técnico-pedagógica da escola
257
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
A importância do trabalho em grupo pode ser ilustrada por uma antiga histó-
ria, de autor desconhecido, mas que corre de geração em geração:
Cada um teve uma chance, mas por mais que se esforçassem não conse-
guiram partir o feixe de lenha. Ficaram indignados e reclamaram com o pai,
pois esse havia proposto uma missão impossível.
O pai disse que ele mesmo iria realizar a tarefa e, diante dos filhos in-
crédulos, quebrou os gravetos um por um, até que todo o feixe estivesse
partido.
258
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Diretor
A atribuição primordial do gestor da escola talvez possa ser comparada à do
maestro em uma orquestra: imaginem uma orquestra com os músicos retirando
dos diversos instrumentos musicais melodias sonoras e belas. Sozinho, nenhum
deles consegue obter o som que se ouve; quando, juntos, fazem a leitura das
partituras e transformam sinais gráficos em sons harmoniosos, de intensidades e
ritmos que se completam na melodia. É a importância de um grupo na elabora-
ção de um processo e na produção de um produto final. Nessa metáfora falta, no
entanto, a presença do maestro, que coordena o grupo e garante que a melodia
seja produzida.
259
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
260
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Supervisor educacional
Este profissional recebe diversos nomes, dependendo do sistema e da escola
em que atua. Pode ser chamado de Supervisor Escolar, de Orientador Pedagó-
gico ou receber outras denominações. Geralmente é quem trabalha mais dire-
tamente com os professores e luta contra uma avalanche de tarefas rotineiras
e burocráticas que lhe são imputadas, como preencher intermináveis fichas e
planilhas, substituir professores em sala de aula, fiscalizar a realização de provas,
ministrar aulas de recuperação ou cuidar da disciplina na escola, entre outras.
261
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
A competência a ser construída pelos supervisores, em qualquer nível em que atuem, deve
se revelar primeiro na sua capacidade de visualizar claramente qual pode e deve ser o papel
da supervisão exercida por um educador. Essa competência compartilhada precisa, em cada
momento e espaço, assumir, na ação, a dimensão técnica e o compromisso político do saber-
-fazer.
O compromisso com a mudança para nós, define o olhar voltado para os fins da educação,
para o ensino, para o aluno e não a “fidelidade” ao sistema. A coerência com esse compromisso
impulsiona a ação para vivência de valores que rompam efetivamente com o vínculo de
submissão, com a relação estabelecida com a função reguladora e normativa, que impõe um
saber vindo de fora, em vez de auxiliar a construção de um saber coletivamente refletido e
autoconstruído.
Orientador educacional
O papel fundamental do Orientador Educacional é conhecer o sujeito com o
qual trabalha, interagindo com ele, objetivando facilitar o seu desenvolvimento
cognitivo, social e emocional. Ele é o mediador, quando necessário, da relação
entre o professor e o aluno, e das relações entre os alunos, auxiliando a superar as
divergências que acontecem durante os momentos de ensino e aprendizagem.
262
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
263
Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Coordenar a realização do
Planejamento Participativo da Escola
O Planejamento Participativo constituiu-se nos últimos anos, junto com o
Planejamento Estratégico e o Gerenciamento da Qualidade Total, em uma das
importantes ferramentas institucionais de intervenção na realidade. As três cor-
rentes incorporam ideias fundamentais do planejamento, entendido de forma
ampliada: participação, qualidade e missão. Em artigo publicado em 2001,
Danilo Gandin estabelece, por meio de exemplos, as características gerais e a
adequação de cada uma das três correntes.
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Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Elaboração
Implementação
Avaliação
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Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Participar da formação
continuada dos profissionais da escola
Trata-se da promoção do desenvolvimento profissional dos professores e
funcionários técnico-administrativos que transitam no espaço escolar. Esta for-
mação inclui duas ideias: a aquisição de saberes diretamente ligados à prática
profissional e ao desenvolvimento de atividades que conduzam a uma compre-
ensão nova da relação saber – fazer e do próprio contexto institucional.
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Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Atuação na construção do
sistema de avaliação da escola
A equipe técnico-pedagógica é responsável pela articulação do sistema de
avaliação, que engloba a avaliação da aprendizagem e a avaliação institucional
(interna e externa), e define o paradigma de avaliação adotado pela escola. O
pano de fundo desse sistema é constituído pela legislação e pelos projetos sistê-
micos de avaliação, desenvolvidos pelos órgãos governamentais.
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Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Atividade
1. Pesquise e faça uma análise comparativa das atribuições de cada membro
da equipe técnico-pedagógica da escola, discutindo as possibilidades de
interfaces entre eles, na instituição escolar.
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Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola
Referências
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2. ed. São Paulo: Papirus,
1996.
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A coordenação da avaliação institucional
Vídeo
da escola como atribuição do gestor
271
A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Esta ação formadora do gestor escolar deve efetivar-se segundo cinco prin
cípios básicos:
Enfoque no sujeito.
Problematização do saber.
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A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
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A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
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A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Belloni (1989) define esta avaliação como uma maneira de estimular o apri
moramento de uma atividade, evitando que a rotina descaracterize os objetivos
e as finalidades da mesma. É, portanto, um processo de tomada de consciência,
visando efetivar “correções de rumo”, sem qualquer intenção punitiva.
275
A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Uma forma mais geral, mas muito rica, de organizar os indicadores de avalia
ção institucional foi apresentada em documento aprovado pelo Comitê Asses
sor do PAIUB – Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras
– em 8 de novembro de 1999. Ele propõe três grandes grupos de indicadores de
avaliação:
Produção do conhecimento.
276
A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Não é perda de tempo recordar, embora este seja o objeto de outras aulas,
que a construção do Projeto Político Pedagógico de uma escola, segundo Veiga
(1995), passa pela autonomia da escola e pela sua capacidade de delinear sua
própria identidade. Ele organiza o trabalho pedagógico da escola como um todo
na busca de melhoria da qualidade do ensino. Essa organização se dá em em
dois níveis: o da escola como um todo, sem perder de vista sua relação com o
contexto social imediato; o nível da sala de aula, incluindo as ações do professor
na dinâmica do cotidiano escolar.
277
A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Etapas da avaliação
Ações do gestor escolar
institucional da escola
a) Criação de uma cultura Compete ao gestor estimular a criação de atitudes positivas
institucional avaliativa. frente à avaliação institucional, diminuindo medo e preconcei
tos, comuns nas escolas. Ele é um líder e, como tal, formador de
opiniões do grupo. O gestor escolar pode, por exemplo, divulgar
experiências bem-sucedidas em avaliação institucional, levando
o grupo a conhecê-las e discuti-las, participando, desta forma,
da rede de formação da equipe técnico-pedagógica da escola,
como dissemos no início da nossa aula.
b) Diagnóstico. O gestor escolar pode, por meio da sua competência de monito
ramento e controle, subsidiar o grupo com informações neces
sárias ao diagnóstico da instituição.
c) Análise dos dados obtidos O gestor exerce, nesta etapa, funções técnico-pedagógicas, ao
por meio do diagnóstico. coordenar a análise dos resultados do diagnóstico, garantindo a
participação e o envolvimento de representações – quando não
da totalidade – dos segmentos envolvidos, por meio de reuni
ões de grupos focais, por exemplo. Isto permite a identificação
dos pontos críticos e a indicação das medidas de correção dos
desvios percebidos ou de aprimoramento do Projeto Político Pe
dagógico da escola.
d) Tomada de decisão. Nesta etapa, exerce-se, mais efetivamente, a função de gestão
de recursos humanos (ou de grupo) do diretor da escola. Ele
deve liderar o amplo processo de realização de reuniões com os
membros dos setores envolvidos, buscando a solução para os
problemas apontados. Essas discussões devem ser objetivas e as
decisões precisam ser apresentadas de forma clara e exequível,
definindo os prazos de realização, responsabilidades e recursos
a serem empregados.
e) Divulgação. O gestor precisa comprometer-se com a ampla divulgação, entre
a comunidade institucional (interna e externa) dos resultados do
diagnóstico e das decisões tomadas na etapa anterior. Só assim
a comunidade escolar ficará envolvida com as mudanças institu
cionais desejadas. Nunca é demais lembrar que esta divulgação
tem função fortemente motivadora, em realção à continuidade
do processo.
f ) Meta-avaliação. É necessário que parta do gestor escolar a iniciativa de convocar
o grupo para analisar a própria avaliação institucional realizada,
as estratégias utilizadas, as etapas vencidas e a eficácia das ações
desenvolvidas. Isto garante a continuidade da avaliação institu
cional, talvez uma das questões mais complexas da mesma.
Atividades
Em conferência proferida em 2001, a professora Célia Maria Ribeiro compara
a avaliação institucional a vários bichos, desenvolvendo uma linha de racio
cínio profundamente interessante.
[...] a avaliação pode nos lembrar vários bichos. Ela é, muitas vezes, iden
tificada com uma fera ameaçadora, mortal, que, na espreita, espera o nosso
menor deslize para saltar sobre nós, dando-nos o golpe fatal. A avaliação
tem sido vista desse modo por alguns, que a definem como instrumento de
punição, de seleção para o covil. O cenário atual de crise, turbulências, priva
tizações, desemprego etc., reforça essa visão, marcada pela apreensão.
Nesse mesmo grupo podem ser enquadrados os que acham que toda
avaliação é coisa de inquisidores, de chefes autoritários, de invasores, de
neoliberais etc.
Outro bicho que pode ser lembrado num processo de avaliação é o bi
cho-preguiça. Aqui temos o caso daquelas pessoas para quem a avaliação
não é nem fera, nem bicho asqueroso, mas são elas próprias muito parecidas
com esse bichinho vagaroso. Estão sempre a dizer: “ah!, não! Tô no final de
carreira”.... “isso não leva a nada, é pura perda de tempo”... “meus colegas não
sabem avaliar, não têm objetividade, não usam métodos científicos”... “não
estão preparados para isso”..., ou qualquer outra frase de puro desânimo,
descrença, cansaço, descompromisso, desmotivação, falta de humildade,
medo, arrogância ou de puro comodismo.
Outras vezes a avaliação pode ser vista como um reles inseto, uma coisi
nha de nada (como a barata, por exemplo), mas que incomoda uns, enoja
outros, amedronta alguns. Por razões diversas e em diferentes graus, todo
esse grupo deseja o fim desse inseto.
Não importa tanto com qual dessas visões e/ou expressões nossa ins
tituição conviva, mais importante é que expressam resistência ao proces
so de avaliação e superar estas resistências é trabalho de toda equipe de
avaliação.
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A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Mas há aqueles que veem a avaliação como uma coruja, um bicho que
representa a capacidade de pensar, refletir, olhar para si e buscar o olhar do
outro, procurando encontrar a melhor explicação possível e o verdadeiro
sentido para o trabalho, para a vida, para o crescente desenvolvimento insti
tucional, profissional e pessoal.
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A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor
Referências
AQUILAR, J. M. et al. Avaliação de Serviços e Programas Sociais. Petrópolis:
Vozes, 1994.
DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus,
1996.
VEIGA, Ilma Passos; RESENDE, Lúcia Gonçalves de. Escola: espaço do projeto
político pedagógico. São Paulo: Papirus, 1998. (Coleção Magistério, Formação e
Trabalho Pedagógico).
281
Anotações
283
Código Logístico ISBN 978-85-387-3037-8