O Telhamento e A Expressão Três Vezes - Viegas

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O Telhamento e a Expressão Três Vezes Três

Publicado em 19/05/15 por Luiz Marcelo Viegas

Segundo alguns autores essa declaração advém dos antigos canteiros medievais
da Franco-maçonaria que saudavam pelo Sinal o Mestre da Obra por nove vezes
– “Eu vos saúdo, eu vos saúdo, eu vos”… (repetia-se o procedimento por nove
vezes). O número nove associava-se à unidade de proporção do cubo poliédrico –
três partes para a largura somadas as três para a profundidade e ainda mais três
partes para a altura.
Três desses cubos compostos por três partes iguais na sua largura, profundidade
e altura quando sequencialmente unidos nessa proporção perfaziam geralmente
o volume do edifício ou o quadrilongo. Essa harmonia proporcional construtiva
mais tarde seria muito usada para determinar os limites simbólicos da Loja
(Oficina ou Canteiro) da Moderna Maçonaria – um cubo para o Oriente e dois
cubos para o Ocidente, ou ainda, um para o Oriente, um e meio para o Ocidente
e meio para o Átrio.

Outro provável aspecto originário do termo T∴VV∴T∴ está na saudação oriunda


das Lojas maçônicas inglesas no que se refere ao cumprimento às Três Luzes
Maiores, às Três Luzes Menores e aos três principais Oficiais, a saber: o Livro da
Lei, o Esquadro e o Compasso; O Sol, a Lua e o Venerável (o Sol para governar o
dia, a Lua para governar a noite e o Venerável para governar a Loja); os dois
Vigilantes e o Guarda do Templo. Assim, o termo T∴VV∴T∴ se reportava também
à saudação aos componentes de uma Oficina maçônica daquela época, anterior
ao século XVIII e da profusão e aparecimento de Ritos e Trabalhos maçônicos.

Cabe nesse particular uma importante observação: essa conduta não pode ser
tomada como exclusividade deste ou daquele Rito, já que a expressão comentada
antecede a existência desses na Maçonaria.

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Assim o termo T∴VV∴T∴ pela sua importância histórica e dos seus usos e
costumes ficaria fazendo parte do complexo ideário maçônico.
Ainda, em se tratando da vertente deísta da Moderna Maçonaria francesa, o
termo também se reporta à evolução e aperfeiçoamento da Natureza onde T∴
corresponde a cada ciclo natural (estação do ano) que somados por T∴VV∴
corresponde ao número nove (meses) – a primavera, o verão e o outono. Os três
meses de inverno não aparecem por se reportarem a estação em que a Terra fica
viúva da Luz. Daí o quadrado de T∴ ou T∴VV∴T∴.

Nesse sentido as tríades se apresentam na Maçonaria em vários aspectos


simbólicos, todavia apenas como tríades e não como origem da expressão usada
especificamente no telhamento maçônico.

No Real Arco, Arco Real, o Tríplice Tau, Selo de David, etc., são tríades que
revelam verdades e lições de ética e moral, entretanto nunca como origem
específica da declaração T∴VV∴T∴ no examinador maçônico.

Também nem mesmo Ramsay teria influenciado o REAA nesse particular. O


escocesismo simbólico somente tomaria forma a partir de 1804 na França por
influência das Lojas Azuis norte-americanas.

Embora essa influência anglo-saxônica no simbolismo do Rito Escocês, este pela


sua origem francesa adotaria em seu arcabouço doutrinário a alegoria da
evolução da Natureza acima mencionada – note as nove luzes dispostas em grupo
de três em três sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e as mesas dos
Vigilantes.

Concluindo, nunca é demais lembrar que entre as duas vertentes principais da


Maçonaria – a inglesa e a francesa – as práticas litúrgicas e ritualísticas dos Ritos
e Trabalhos (working do Craft) não raras vezes se diferenciam entre eles,
principalmente pelos seus costumes culturais, daí práticas como a do Tríplice
Abraço e do próprio Telhamento latino (questionário tal qual conhecemos no
Brasil) aplicado no REAA, por exemplo, não podem ser generalizados como
artifício único para toda a Maçonaria universal. Como dito, há entre eles práticas
diferenciadas e muitas vezes desconhecidas conforme a sua vertente maçônica –
anglo-saxônica ou latina.
Autor: Pedro Juk

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