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Maçonaria Egípcia

Peça de Arquitetura 3

Grau de Postulante
Digno Postulante saudações!

Se o Digno Postulante seguiu as instruções contidas na


Peça de Arquitetura 2, poderá realizar a Cerimônia de
Sagração do Sanctum Sanctorum. Entretanto deverá ler
esta Peça de Arquitetura 7 dias antes de realizar a
Cerimônia de Sagração.

Antes de iniciarmos a Cerimônia de Sagração, desejo fazer


mais algumas considerações sobre a importância do
Sanctum Sanctorum e da atitude que cada um de nós deve
ter para atingir os objetivos que o Antigo e Primitivo Rito
Oriental de Memphis Misraim adotou.

Como o período de sua preparação para a Iniciação ao


Grau de Aprendiz é de 12 meses, muito ainda pode e deve
ser feito para que possa estar consciente deste importante
passo em sua vida pessoal.

Sincera e fraternalmente,

Divinator – Grau 100 – Sumo Sacerdote Mundial


Saudações de abertura e encerramento

das

pranchas

Você deve ter observado na primeira página desta Peça de


Arquitetura a expressão: “Saudações sobre todas as
Pontas do Triângulo!” Esta é uma expressão antiga
utilizada pelo nosso Rito e é encontrada em nossos mais
antigos documentos. Portanto, a partir de hoje, quando
você endereçar qualquer correspondência para nós ou
para qualquer outro Irmão de nosso Rito, deverá utilizar
esta saudação.

Já no encerramento de nossas cartas, você deverá utilizar


a seguinte expressão:

“Com os melhores votos de Paz Profunda,

Fraternalmente,

A propósito, a palavra Prancha, utilizada acima, é o termo


que utilizamos para carta. Portanto, Prancha significa,
simplesmente, uma carta.
Os três pontos

Outro simbolismo que você deve observar refere-se aos


Três Pontos que você deverá, a partir de agora, utilizar
após a sua assinatura.

A partir de agora, quando você assinar qualquer


documento, você deverá colocar, após seu nome, os Três
Pontos.

Os Três Pontos após a assinatura possuem um simbolismo


antigo.

Conta-nos a história que houve um célebre filósofo


iniciado nos mistérios essênios, doutrinador emérito, de
grande fôlego e formação cristã, nascido em Tarso, na Ásia
Menor antiga, que, numa das suas cartas, entre outras
coisas abordadas, disse: “tudo aquilo que Deus preparou
para aqueles que o amam não deve sair do coração do
homem.”

Com isto quis o citado doutrinador dizer que as coisas que


dignificam o espírito jamais deverão ser expostas ao
público, mas sim resguardadas, com todo carinho, na
intimidade; portanto, não devem ser desvirtuadas ou mal
interpretadas por outras mentes ignaras ou impiedosas.

A Maçonaria, firmada nesse mesmo pensamento, houve


por bem resguardar dos olhares indiscretos o conteúdo de
seus documentos e correspondência com circulação entre
os seus filiados. Assim, adotamos o uso dos chamados
“três pontinhos” que já eram tradicionais em outros
setores. Além disso, utilizamos os “três pontos” para, com
eles, sempre nos lembrar do Delta luminoso.

Segundo a versão conhecida em nossas Lojas, a origem


desse sinal remonta a uma seita ou doutrina de caráter
religioso ou filosófico denominada “Iluminismo”. Formava-
se essa seita do conjunto de opiniões preconizadas a
respeito da existência de determinada influência
derramada por um poder superior, que exercia sua ação
consoante as forças da natureza e não podia ser explicada
pelos parágrafos das leis comuns.

Os sectários de tal seita reputavam-se inspirados, aptos


videntes, cheios de entendimento e saber acerca de todas
as questões religiosas. Chamavam-se, ao mesmo tempo
iluministas e iluminados. Tinham-se como esclarecidos
para manifestarem a luz que o Altíssimo lança nas almas
viventes. Na primeira Igreja, esses nomes designavam os
neófitos que acabavam de receber o batismo. Os primeiros
iluministas conhecidos surgiram na Espanha, por volta do
ano de 1509, com designação de “alumbrados”. A eles
juntaram-se muitos frades católicos, mormente das
Ordens Franciscana e Carmelita.

Em 1623, a seita esteve culminante, isto é, em evidência,


principalmente em Sevilha e Granada; mas o Inquisidor
Pacheco, que militava na época, a reprimiu de uma
maneira fulminante.

A fim de que ninguém pudesse compreender suas trocas


de cartas, bilhetes ou mensagens, quando em atividade,
seus integrantes adotaram o modo singular e privativo de
identificação, simplificando as palavras escritas e opondo-
lhe três pontinhos em sentido triangular para substituir a
parte final suprimida.

Em 1776, um bávaro chamado Adão Weisshaupt fundou


uma Sociedade Secreta nos moldes daquela mesma seita
já arruinada com idêntico título distintivo de “Iluminismo”.
Tal associação tinha por finalidade principal retribuir a
humanidade o exercício dos seus direitos naturais então
violados pelo estabelecimento da propriedade individual
decretado pelos governos ditatoriais e homologados pelas
religiões sofisticadas. Essa sociedade fez grandes e
rápidos progressos na Alemanha e nos Países Baixos.
Príncipes, soberanos, nobres de estirpe e membros
graduados do clero católico filiaram-se a ela sem
nenhuma restrição. E entre os Franco-Maçons, onde ela
recrutou um número quase incontável de filiados. Sua
influência, graças aos esforços do fundador, Barão de
Knigge, atingiu o apogeu, em 1789, quando explodiu uma
revolução. Depois dessa revolução, sua força foi
diminuindo gradativamente. Quando Weisshaupt rendeu
seu espírito ao Criador, isto em 1830, ela já estava muito
perto da sua extinção. Da mesma maneira, tinha adotado o
uso dos três pontos em todas as peças de
correspondência escrita e documentação expedida aos
seus filiados, com igual significação herdada dos antigos
“alumbrados”.

O ilustre iniciado Ragon afirmou que a abreviatura


trespontuada foi empregada, pela primeira vez, em 12 de
agosto de 1774, quando o Grande Oriente de França
comunicou, por “pranchas”, o novo endereço a todos os
elementos e Lojas de sua Obediência.
Não obstante, J. C. Fisch informa que essa espécie de
abreviatura pelos três pontos vem da arte hieroglífica dos
egípcios. Mas o mais certo, e não se discute, é que os
iniciados gregos e romanos já a empregavam de modo
tradicional.

Os três pontos sintetizam admiravelmente, em termos


Maçônicos, o mistério da Unidade, da Dualidade e da
Trindade; esse mistério presidia a origem de todas as
coisas e de todos os seres.

Os três pontinhos, harmonicamente aplicados juntos, em


forma piramidal, relembram as Três Luzes que, colocadas
ao redor da Ara, guardavam o Livro da Tradição.

Os iniciados da época, embora extinta a Associação de


Weisshaupt, à guisa de imortalizarem-se, adotaram, por
sua vez, o uso dos “três pontinhos” não somente na escrita
particular, mas também na oficial expedida ou mantida em
suas Lojas. Ensinavam também que todos deviam apô-los,
logo após suas assinaturas ou firmas.

A partir daí tornou-se tradicional os “três pontinhos” como


um símbolo Maçônico fadado a vencer os séculos, cuja
interpretação filosófica transmite aos iniciados seus
significados peculiares.

Os “três pontinhos” constituem o mais simples símbolo do


ternário para quem os estudar com vontade de se
esclarecer. Elegendo este símbolo como distintivo
daqueles que lograram ingresso em seus Templos, a
Ordem dos Pedreiros Livres, dá prova cabal de uma
perspicácia e sabedoria extraordinária que nunca será
negada por quem conheça o valor oculto daquilo que cerca
os homens.

O “ponto superior”, isolado como fica numa posição


sobranceira aos outros dois, representa, como é evidente,
a Unidade Fundamental de tudo, o Princípio Primeiro, que
não tem designativo, do qual tudo foi originado e será
gerado no cenário das formas. É o Absoluto, o Ain-Sof da
Cabala, que existe sem começo e no qual se vitaliza, sem
princípio, todas as coisas. É Brama, Vishnu e Shiva; Ísis,
Osíris e Horus; o Conservador, o Criador e o Destruidor do
Universo; o Princípio Fundamental imanente e
transcendente de toda a existência, o Fulcro Central que
representa a fonte e o começo da criação.

Os “dois pontos” inferiores, dispomos numa mesma linha


de nível, abaixo do “primeiro”, são a Imagem da Dualidade
dos mesmos princípios que figuram nas Duas Colunas que
utilizamos em nosso Templos e em nosso Sanctum
Sanctorum, reproduzindo a multiplicidade fenomenal no
Universo. Analisados isoladamente, cada um dos três
pontos traduz sempre o mesmo e distinto aspecto da
Unidade Primordial e Originária.

Praticamente, unindo-se o ponto superior por linhas que


terminem nos dois inferiores, obtém-se um ângulo. Nesse
ângulo estiliza-se a mesma dualidade dos princípios
convergindo para um terceiro imaginário, figurado pelo
vértice. Traçando-se uma terceira linha horizontal que
uma os dois pontos inferiores entre si, consegue-se a
figura de um triângulo que reproduz, no mundo das
relatividades, um novo aspecto contingente da Unidade
Absoluta.
Assim, os três pontos mostram, na Maçonaria, os três
princípios integrantes da Unidade Originária e, ao mesmo
tempo, a Dualidade da manifestação.

No início da formação das coisas, Deus era Um, concebeu


e agiu.

Como um ser quer outro ser, Ele concebeu sua criação


tirada de Si mesmo, por constituir o Princípio Originário
Absoluto. E as suas criaturas começaram a sair numa
divina proporção de perfeito equilíbrio, em memória de Seu
equilíbrio absoluto como Representante da Unidade
Primitiva. Surgiram, então, os dois resultados oriundos da
Unidade, para realizar num só todo, as seções geradas de
Si mesmo.

O ponto isolado, na linha superior, corresponde também ao


Oriente, que, por sua vez, representa o Mundo Absoluto da
Realidade. No Oriente da Loja é que se encontra o Delta
dos Aprendizes, emblemando a Unidade Trinitária. Neste
caso, os dois que se alinham em baixo passam a
corresponder ao Ocidente, representando o Mundo
Relativo, das aparências e das formas, estudado nas Duas
Colunas pelos Aprendizes e pelos Companheiros.

O progresso Maçônico toma sua forma representativa nos


“três pontinhos”. Cada um deles passa a representar, de
maneira sintética, os três degraus de conhecimento dos
grandes iniciados:

1º- os conhecimentos inatos da inteligência, observados no


processo mental que se estende até a razão;

2º- os conhecimentos que prendem os sentidos, através do


metabolismo físico;
3º- os conhecimentos que se aquartelam no âmago da
alma, só conhecidos pelos canais da intuição ou da
premonição.

Graças ao primeiro degrau de conhecimento, o homem


pode se pontificar em suas faculdades intelectuais para
perceber, bem claro, as ações e reações próprias, as
harmonias e desarmonias, o justo e o injusto, o bem e o
mal.

*** ***

Espaço e tempo

No que diz respeito ao domínio do que é manifesto, em


outras palavras, o Macrocosmo, as duas Colunas B e J, de
nossos Templos podem ser consideradas símbolos do
espaço e do tempo, ou seja, das duas realidades
fundamentais nas quais parece ter sido fundamentado e
baseado o Universo que conhecemos.

Espaço e Tempo, assim como Energia e Matéria, são


realidades finais que a ciência positiva admite como
condições indispensáveis de toda existência física. Ainda
que na teoria einsteiniana se unifiquem, fazendo do Tempo
uma quarta dimensão do Espaço, e se trate de pôr em
evidência sua relatividade, seguem constituindo os
alicerces inalteráveis, o marco primordial e o pressuposto
relativamente invariável de nosso Templo Cósmico.

A dualidade é, em verdade, nada mais do que a


manifestação dos dois aspectos complementares de um
Princípio Único, que se revela objetivamente como dois. O
Espaço é, pois, no fundo, um só aspecto relativo do Ser,
que tudo contém e compreende, pelo fato de que tudo é; e
o Tempo é outro aspecto dessa Suprema Realidade
considerada como o dinâmico manancial do Grande Fluxo
Cósmico.

Se quisermos considerar o Tempo e o Espaço como um só


elemento conservador, por assim dizer, de toda
manifestação objetiva, teremos no Tempo-Espaço uma das
duas Colunas da Dualidade básica do Templo da Natureza,
sendo a Energia-Matéria a outra Coluna ou elemento que
constitui a soma de todas as forças ou aparências que
agem, se assentam ou se estabelecem dentro do primeiro
elemento.

De qualquer forma, considerando o universo e seus


elementos formadores, não nos será possível evitar um
conceito fundamentalmente dual desses primeiros
elementos. Podemos reduzir o Tempo ao Espaço,
considerando-o como um aspecto deste, e a Matéria à
Energia, ou reciprocamente, mas, se quisermos chegar à
unidade, temos de transcender a ambos, e nenhum outro
elemento poderá constituir a síntese suprema fora do
próprio Ser que tudo é, e constitui a Unidade de Tudo.

Uma vez que o aspecto dual do Universo e do Primeiro


Princípio que o origina encontra-se com as duas Colunas
no Ocidente e à entrada do Místico Templo da Verdadeira
Ciência, é natural que este aspecto deva ser superado.
Realmente, no Oriente de nossos Templos, as duas
Colunas representadas pelo Sol e a Lua, unificam-se no
Delta, do qual falaremos mais adiante, assim como o
enxofre e o sal sintetizam-se no mercúrio, que reintegra
na consciência do homem a Unidade da Vida, dividida na
manifestação.

*** ***

O ângulo

O Ângulo, no qual duas linhas diferentes partem de um


único ponto originário, divergindo ao prolongar-se à
medida que se afastam de sua origem, representa outra
imagem característica da dualidade, proveniente de uma
unidade preantinômica e imanente, na qual está sua
origem e sua raiz.

O ponto central no qual se unem e do qual partem as duas


linhas divergentes, corresponde ao Oriente, o Mundo da
Realidade, no qual tudo permanece no estado da Unidade
Indiferenciada e Indivisível. A parte oposta corresponde ao
Ocidente, o domínio da realidade sensível, na qual a
própria Realidade Transcendente aparece dividida ou
separada nos dois princípios simbolizados pelas duas
Colunas.

Enquanto a manifestação emana constantemente do


Oriente ao Ocidente, ou seja, do domínio da Realidade ao
da Aparência, da Essência à Substância, do Ser à Forma e
do Espírito à Matéria, o conhecimento ou progresso
iniciático, representado pela Luz Maçônica, caminha em
sentido contrário, do Ocidente ao Oriente, ou seja, desde os
extremos do Ângulo em direção à sua origem. Perceba-se
aqui, o estreito parentesco existente entre as palavras
oriente e origem, ambas derivadas do verbo latino orior,
“surgir, emanar, levantar-se”.

*** ***

O Esquadro e o Compasso

O Esquadro e o Compasso, separados ou unidos na forma


conhecida e usada como Símbolo Maçônico, formam dois
diferentes ângulos, um móvel e com o vértice voltado para
cima ou para o Ocidente; e o outro fixo, com o vértice para
baixo ou para o Ocidente.

O ângulo reto, formado pelo Esquadro, é o emblema da


fixidez, estabilidade e aparente inexorabilidade das Leis
Físicas que governam o Reino do Ocidente ou da Matéria. O
Esquadro é, pois, outro símbolo da crucificação da qual
deve libertar-se retificando e dirigindo para o centro todos
seus esforços.

O ângulo reto é também, o símbolo da luta, dos contrastes


e das oposições que reinam no mundo sensível, de todas
as desarmonias exteriores, que devem ser enfrentadas e
resolvidas na Harmonia que provém do reconhecimento da
unidade interior. O Compasso é o símbolo deste
reconhecimento e desta harmonia, que deve unir-se ao
Esquadro e dominar o mundo objetivo por meio da
compreensão de uma Lei e de uma Realidade Superior.

*** ***

O Céu e a Terra

O Céu e a Terra, indicados emblematicamente pelo


Esquadro e pelo Compasso, e entrelaçados da mesma
forma um com o outro, por serem aspectos
respectivamente superior e inferior de uma mesma coisa,
não representam nada mais que o Oriente e o Ocidente,
com os quais já nos familiarizamos interpretando o valor
esotérico da Cerimônia de Iniciação.

O Céu, ou seja, o Mundo da Realidade Transcendente,


apresenta-se à nossa consciência através do uso do
Compasso ou da faculdade compreensiva e comparativa da
mente que conduz ao estudo das analogias, à indução e
generalização das ideias, com as quais chega-se
progressivamente do relativo ao absoluto.

A Terra, ou seja, o Mundo da Aparência ou Realidade


Objetiva, apresenta-se igualmente por meio do Esquadro
da razão, ou inteligência concreta e racional, que marca os
limites fixados por suas leis, por meio da lógica e do juízo,
com um determinismo do qual aparentemente não
podemos escapar.
Entretanto, o Caminho da Liberdade encontra-se aqui
mesmo, por meio do uso destas leis em seu aspecto
progressista e construtivo conforme nossas aspirações
verticais, indicadas pelo Prumo.

Cabe aqui citar outra vez o axioma hermético ao qual


fizemos referência quando falamos da “Câmara de
Reflexão”: “Visita Interiora Terrae, Retificando Invenies
Occultum Lapidem”. Devemos adentrar à realidade do
próprio mundo objetivo, e não contentar-nos com seu
estudo ou exame puramente exterior. Então, retificando
constantemente nossa visão e os esforços de nossa
inteligência como demonstra a cuidadosa retidão dos Três
Passos da Marcha do Aprendiz e atingiremos o uso do
Compasso em união com o Esquadro, ou seja, o
conhecimento da Verdade que nos liberta da ilusão.

*** ***

As linhas paralelas

Assim como o ponto com seu movimento retilíneo cria uma


linha reta, assim também os dois pontos, movendo-se
numa mesma direção retilínea, produzem as duas
paralelas, símbolo característico da dualidade, ou seja, dos
dois princípios cuja atividade ocorre paralela e
complementarmente, à imagem dos pares de rodas que
suportam um veículo e dos trilhos sobre os quais se
apoiam.
Voltaremos a ver novamente este símbolo das paralelas, e
outros aos quais aqui temos feito referência sumária, no
Grau de Mestre, limitando-nos por ora a dizer mais alguma
coisa sobre o que eles podem significar para o Aprendiz.

*** ***

A Criação Mental

Hoje você aprenderá como utilizar o poder criador de


modo não só a criar condições para manifestar na vida
material aquilo que necessita como também para procurar
criar um mundo melhor, do qual todos possam desfrutar.

Antes de aprender a realizar uma criação mental, é


fundamental rever e aprofundar alguns conceitos que são
cruciais para que todo processo seja bem sucedido.

• Definição clara do que se quer alcançar

Uma criação mental pode não funcionar quando não se tem


uma ideia clara do desejo, isto é, daquilo que se quer
alcançar.

De nada adianta, por exemplo, mentalizar uma casa


quando na verdade o que se deseja é um benefício
financeiro.

É preciso ser extremamente honesto consigo mesmo, pois


não se pode enganar a própria consciência.
Antes de pensar em realizar uma criação mental, é preciso
definir claramente a natureza do desejo, e a seguir,
analisar se o desejo pode ser realmente realizado.

“Peça ao Grande Arquiteto do Universo apenas oque seja


possível!”

O fato de nossa mente possuir um grande poder criador


não significa de forma alguma que devemos faltar ao bom
senso em nossas criações mentais.

De nada adianta um indivíduo imaginar ser o Presidente de


uma grande instituição financeira quando o mesmo é
desprovido do conhecimento necessário na área financeira
ou dispõe de uma formação escolar rudimentar que lhe
impossibilite chegar a tal posição, a menos que seja
dotado de um talento fora do normal em tal área, mas
estes são casos muito raros.

Tenha sempre em mente que apesar dos talentos


criadores de que todo ser humano é dotado, o poder do
pensamento está submisso à lei universal da qual ele faz
parte. Dessa forma, a menos que queira aquilo que é
perfeitamente justo e de acordo com seus meios de ação,
ver-se-á desiludido em seus intentos. Lembre-se sempre
de que nada escapa à lei.

Podemos ainda acrescentar que quanto menos egoísta for


o indivíduo em seu plano de ação mental e quanto mais
benefícios ele puder gerar ao próximo com seus projetos,
mais bem sucedido ele será ao aplicar as técnicas de
criação mental, pois desse modo ela encontrará um maior
respaldo na espiral evolutiva, de acordo com os ditames da
lei universal. Não é errado pedir recursos materiais ao
Grande Arquiteto do Universo que é a fonte de toda
abundância, e digo ainda, fonte essa de inesgotáveis
recursos.

O erro está no desejo de querer aplicar exclusivamente os


recursos do Grande Arquiteto do Universo para seu
próprio benefício. Nunca esqueça de que não podemos
enganar nossa própria consciência dos nossos reais
desejos e intenções. Nossa consciência é a parte
integrante da Consciência Divina e conhece de antemão
tudo aquilo que desejamos, antes mesmo de pedirmos.

• Conservar um só pensamento por criação mental

Muitos são os indivíduos que ao tentar realizar a criação


mental fracassam por tentar mentalizar vários quadros ao
mesmo tempo. A concentração em um só objetivo é um
fator fundamental para que se possa ser bem sucedido
numa criação mental.

Se forem vários objetivos a alcançar, convém que se faça


uma lista e se trabalhe cada quadro por ordem da
prioridade.
• Construção de imagens claras e precisas

Não se deve iniciar o trabalho de criação mental sem que


seja feito previamente um planejamento de como se vai
proceder. O planejamento ajudará a tomar conhecimento
de todas as etapas necessárias para que sua criação
mental seja bem sucedida.

Exemplo de planejamento:

1. Verificar a disponibilidade diária de tempo para que


possa sentar e visualizar os quadros mentais;
2. Trabalhar sempre no mesmo horário;
3. Fazer uma visualização prévia dos quadros para
certificar-se de que estão plenamente de acordo com
o objetivo a alcançar;
4. Construir os quadros mentalmente através da
imaginação e visualização;
5. Escrever a ordem dos quadros e uma descrição de
suas características para auxiliar a memória;
6. Prever ocupações cotidianas para ajudar a liberar as
imagens mentais e não pensar mais nelas até a
próxima Sessão Maçônica.

Este pequeno roteiro lhe será muito útil para orientar as


etapas de seu trabalho. Lembre-se que é preciso construir
os quadros mentais com toda a precisão de detalhes
possível. O quadro mental se torna mais rico quando
animado da percepção dos outros sentidos objetivos. Não
tenha pressa ao formulá-los, trabalhe sistematicamente
como se estivesse pintando um quadro.

• A criação mental deve ser acompanhada de ações


físicas

Quero dizer com isso que ao lançarmos para o Grande


Arquiteto do Universo a imagem mental para a
materialização dos desejos, devemos de nossa parte criar
no plano físico ou apresentar todas as condições
necessárias para a sua manifestação.

Se um indivíduo quer, por exemplo, comprar um carro ele


deve não só se informar de como está o mercado de
compra e venda de automóveis, mas também estar atento
às oportunidades e economizar o dinheiro para fazê-lo.

Ele não pode pensar que pelo fato de ter utilizado os


poderes criativos de sua mente poderá gastar
desmesuradamente, acreditando que na hora que seu
quadro se materializar, o Grande Arquiteto do Universo
colocará também em suas mãos a importância financeira
que ele desperdiçou.

Vou esclarecer um pouco mais o processo de


manifestação de um desejo:
1. O indivíduo estabelece um contato com o Grande
Arquiteto do Universo através dos poderes criadores
de sua mente: fase passiva do trabalho.
2. Empreende no campo físico as ações necessárias
para a concretização do seu desejo: fase ativa do
trabalho.
3. O Grande Arquiteto do Universo atrairá, pela lei de
simpatia as melhores oportunidades para concretizar
o desejo: a manifestação do pedido.

• Apresentei, portanto, a manifestação do pedido em 3


fases:

1. Uma passiva: a introspecção e a criação da imagem


mental;

2. Uma ativa: as ações no plano físico que preparam a


concretização do pedido;

3. A manifestação em si: a mente do Grande Arquiteto do


Universo atrai as melhores oportunidades causando uma
troca de recursos onde ambas as partes são beneficiadas.

Note mais uma vez que de nada adianta fazer


mentalizações diárias, cruzar os braços e esperar que as
coisas simplesmente aconteçam. É preciso dos meios de
ação necessários para a concretização dos desejos.

“Uma fé sem obras é uma fé morta!”


É preciso deixar bem claro que os recursos do Grande
Arquiteto do Universo jamais podem ser usados para
causar danos a quem quer que seja, pois como já foi dito,
tudo funciona de acordo com a lei. Se a oportunidade lhe
aparecer no caminho é porque o Grande Arquiteto do
Universo o colocou em sintonia, e a Ele pertence todo o
real conhecimento.

Este princípio pode ser aplicado a todas as áreas. Cabe a


você decidir em quais deseja aplicá-la.

• A confiança

É preciso que se tenha uma confiança absoluta nos


poderes criadores e no Grande Arquiteto do Universo, se
os passos aqui apresentados forem bem estudados e
postos em prática.

Então devemos adotar essa confiança absoluta de que


nosso desejo será concretizado, o que não significa ficar
ansioso pela sua realização. Muitos são os indivíduos que
confundem esses dois princípios e prendem a imagem na
mente objetiva sem liberá-la para Deus porque acham que
ter fé ou confiança é pensar constantemente no resultado
a alcançar.

Essa última parte não é de nossa alçada e sim de Deus.

A certeza ou confiança absoluta, ou ainda, a fé, podem e


devem ser mantidas na mente consciente, porém sem a
lembrança constante do quadro mental que deve proceder
segundo às regras já expostas. Isso nem sempre é fácil de
se fazer, porém uma vez alertado sobre este ponto,
geralmente é, possível estabelecer uma diferença entre os
dois estados.

É meu dever aqui alertá-lo contra um outro obstáculo que


pode fazer malograr o seu intento. É o hábito de querer
contar aos outros as suas experiências nesse campo ou
nele falar constantemente. Essas duas atitudes revelam a
ansiedade escondida, mesclada com a vaidade de
demonstrar poderes mentais, caso seu pedido se
materialize. Procure manter em segredo seus projetos a
menos que dependam da participação de outras pessoas
para a sua concretização. Se for esse o caso, não
mencione que está usando algum recurso especial, isto
pode causar desconfiança em seus futuros colaboradores
em relação à seriedade de suas atitudes.

Fazendo isso você não só poupa energia psíquica, como


também não atrai para você a energia nociva de outras
pessoas que não confiam neste tipo de assunto, fazendo
com que desanime na hora em que tiver de executar suas
Sessões Maçônicas.

Experimento de criação mental

Agora que já vimos todos os aspectos que podem afetar a


criação mental, vamos passar à sua execução. Note que
sua prática é extremamente simples, mas nem por isso,
deve ser negligenciada. Você deve prever nove ou treze
Sessões Maçônicas, sempre no mesmo horário. Escolha
apenas um dos pedidos de sua lista. Lembre-se que não
adianta pedir tudo ao mesmo tempo.

Um pouco antes do horário previsto, lave as mãos e o


rosto, tome um pouco de água em sinal de purificação.

Dirija-se ao seu Sanctum Sanctorum, sente-se


confortavelmente e faça uma prece de abertura invocando
os poderes do Grande Arquiteto do Universo.

Se desejar, coloque uma música suave e acenda um pouco


de incenso de sua preferência.

Execute uma série de respirações profundas e faça o


relaxamento concentrando-se nas partes do corpo. Depois
de atingido o estado ideal de quietude tanto física quanto
mental de acordo com o planejamento feito anteriormente.
Construa cada detalhe, cada forma. Sinta cada aroma, ouça
cada som. Sinta cada textura.

Quando a criação mental estiver completa em sua mente,


procure sentir a emoção característica por ter obtido oque
desejava e no momento que sentir apropriado, libere a
imagem mental para o Grande Arquiteto do Universo
dizendo:

“Se é de meu merecimento, se está de acordo com a lei


cósmica e da vontade do Grande Arquiteto do Universo
está feito!’

Encerre a Sessão Maçônica com uma prece de


agradecimento.
• A liberação da imagem mental

Após ter realizado a sua Sessão Maçônica diária é preciso


esquecer completamente o quadro mental e só voltar a
pensar nele no outro dia à mesma hora. Entretanto, nem
sempre isso é fácil de se conseguir, pois muitos são os
indivíduos que anseiam por um resultado, não conseguindo
afastar a ideia da materialização do desejo, vendo assim
malogrado seus instintos.

Existem vários fatores que implicam no surgimento de um


estado ansioso:

1. A necessidade extrema da realização do desejo.


2. A curiosidade para ver oque há de concreto nas
técnicas de criação mental.
3. A impaciência.
4. A ideia fixa.

É preciso que o praticante afaste a todo custo da mente


consciente todos esses fatores, pois é justamente nesta
esfera que fica preso o quadro mental.

A ansiedade bloqueia a transferência do quadro mental


para o Grande Arquiteto do Universo que se encarregará
de realiza-lo.

Espero que obtenha sucesso em suas criações mentais!


Viver em função de algo

Uma coisa é viver, porém outra completamente diferente é


ter algo a que dedicar a vida. Instintivamente lutamos para
viver, assim como faz a mais simples das criaturas vivas.
No que tange os seres chamados inteligentes, contudo,
viver vai mais além da preservação da entidade física. Não
satisfaz a inteligência humana ser apenas um ente
animado e consciente. A vida, no sentido biológico, é ação.
Ela é dinâmica. Um ser humano saudável, uma pessoa
normal, gera uma energia física e mental que precisa ser
dissipada de alguma forma. A função dessa energia
cinética resulta na produção de algum tipo de trabalho.
Fisicamente, pode resultar na locomoção do corpo ou na
aquisição de alimento, ou ainda em outras coisas ou
condições necessárias à gratificação sensorial.

A mente e a individualidade também têm seus objetivos,


suas metas a serem alcançadas. Uma mente inteligente
revela energia mental: um estado passivo não lhe é
condizente. A consciência objetiva está continuamente
alerta a todas as impressões de seu meio. Como resultado
disso, o indivíduo inteligente é observador, analítico e
inquisidor. Se sua consciência não puder se focar em algo
que a ocupe, ocorre um desassossego mental que produz
irritabilidade e aborrecimento. Se por um lado é uma
tortura negar ao corpo atividade e restringir suas funções,
por outro, da mesma forma, a mente é torturada se for
confinada ou inibida por não ter um escape.
A mente se satisfaz pela realização de ideais. Algo que é
concebido como sendo essencial para a satisfação
intelectual é considerado um desejo mental. Tais desejos
têm tanta eficácia quanto os físicos. A menos que a mente
seja capaz de realiza-los, ao menos em parte, ocorre
aquela irritação que psicologicamente constitui a
infelicidade na vida do indivíduo. Foram motores como
estes, que subjazem a natureza humana, que promoveram
o progresso da humanidade. Embora a autoafirmação
possa às vezes ser mal orientada, isso não diminui sua
importância para o progresso humano.

O self, significando o agregado da personalidade humana –


física, mental e moralmente, tem seus objetivos. Da
mesma forma, ele não pode permanecer estático sem
causar desarmonia e várias alienações à personalidade
como um todo. O intelecto interpreta como ideais as
finalidades às quais o self aspira. O motor do self opera na
forma de impulsos emocionais e psíquicos que se originam
nas profundezas do subconsciente. Eles são consequência
da “memória das células” e da mutação dos genes
desenvolvida como um ajuste da vida a incontáveis
gerações. Esses impulsos do self são também a resposta
da consciência e da própria força da vida às forças
universais das quais eles são parte integrante. São como
um débil eco, não muito nítido, embora pungentes o
suficiente para penetrar e influenciar a modelação de
nossos pensamentos. Esses impulsos constituem a
vontade moral. Eles fazem com que adaptemos nosso
comportamento a eles para dessa forma dirigir nossas
vidas, física e mentalmente, e satisfazer o ego. Nossa
filosofia de vida, sendo ou não expressa por nós em
palavras, é entretanto manifestada em nossas ações.
Nossos atos e ideais se ajustam àquilo que é ditado pelo
self.

As coisas pelas quais vivemos devem ser íntimas. Devem


se originar nos elementos de nossa própria natureza; de
outra forma, a vida se torna estranha e vazia para nós.
Seguir os costumes e convenções da sociedade ou as
práticas de outros, “mantendo as aparências”, proporciona
apenas um prazer superficial e transitório se efetivamente
não corresponder àqueles ideais relacionados aos
elementos de nossa própria personalidade. É irrelevante
se os outros concordam com sua busca na vida. O que
importa é que ela represente o valor da vida para você.
Aquilo que você determina como a finalidade de sua
existência deve consumir a atividade de seu corpo e de sua
mente e gratificar os elementos do self. Isso é viver. O ser
animado deve realizá-lo, ou terá falhado. Do ponto de vista
biológico, reproduzir-se é uma forma de realização da
vida. Contudo, isso deixa a mente e o self inatingidos. É
necessário que estejamos constantemente conscientes de
nossa natureza trina. Uma finalidade sensorial na vida,
provendo apenas prazeres físicos à custa de não se
despertar o talento e não se cultivar a mente, significa
limitar as possibilidades de uma vida mais completa.

Autoavaliação é algo de vital necessidade para que a vida


valha a pena. Pergunte a si mesmo: “por que você quer
viver”? A resposta pode ser chocante. De fato, você pode
achar difícil dar uma resposta a essa questão. Quando
você pensa na vida como um meio que desemboca num
fim, o que esse fim representa para você? Em termos de
atividade, o que lhe traria a maior das felicidades? Pode
ser algo desconhecido até o momento, mas que lá no fundo
espera realizar. Depois, pergunte a si mesmo se aquilo que
você procura se encontra dentro da sua potencialidade.
Será que você têm condições físicas, saúde, inteligência e
desejo de conseguir aquilo? Além disso, será algo pelo
qual você está se esforçando? Se se tratar de um objeto,
será o prazer que deriva dele não reside apenas no
sentimento de possuí-lo? Algo que dá satisfação por se
saber que foi adquirido é evanescente. É momentâneo. A
satisfação perde sua intensidade e a pessoa é forçada a
busca-la em outra coisa, muitas vezes em um objeto
ilusório.

Se algo deve ser buscado, isto deve ser apenas um


instrumento para se criar um prazer mais permanente
naquele que o busca. Algo cujos meios de proporcionar
satisfação sejam limitados às suas propriedades ou
qualidades próprias logo perde seu apelo. Logo
entendemos que os prazeres não podem ser um único tipo
de estímulo; devem variar ou sua monotonia se tornará
exasperadora. Portanto, aquilo que se busca deve ser um
meio de desencadear um processo de satisfações
interiores, pois do contrário o seu atrativo estará fadado a
uma existência efêmera. Os princípios psicológicos e
filosóficos se aplicam às finalidades da vida que estão
relacionadas a acontecimentos particulares. Estes não
devem ser momentâneos em seus efeitos, mas também
motivos de futura gratificação.

A finalidade que se busca na vida deve frequentemente ser


ajustada às circunstâncias mutáveis, pois do contrário
falhará no cumprimento de seu propósito. O sentido da
vida para o jovem, para o adulto de meia idade e para o
ancião é consideravelmente diferente, especialmente se os
objetivos estiverem associados a prazeres físicos. A
intensa energia de um jovem saudável requer um escape
físico, como por exemplo no esporte, que possa se tornar
externamente o foco de suas faculdades. Até então, a
juventude teve muito pouca experiência capaz de formar
ideais fundamentais que possam vir a ser estímulos
internos. Assim, tanto a mente quanto o corpo literalmente
mudam com frequência de uma atividade para a outra; isso
consome energia vital, alivia a tensão e provê prazer.
Transportar os objetivos da juventude para a meia idade
também só causará desapontamentos na vida. Nos anos de
velhice já não se tem abundância de energia para se
descarregar, seja em atividades físicas ou alternando a
concentração entre diversas coisas. Tal esforço traz
portanto à pessoa de meia idade mais insatisfação do que
felicidade.

Embora a juventude possa encontrar maior satisfação nos


esportes e em experiências continuamente mutáveis, o
jovem inteligente também procurará determinar aquilo que
constitui um interesse secundário naquele período da vida.
Tal interesse periférico pode consistir de um prazer
mental que comande a razão e estimule a imaginação,
requerendo pensamento e habilidade. O desenvolvimento
de hobbies intelectuais exigindo destreza deve ser
estimulado. Tal atividade é a qualidade essencial para
aquele período da vida. Contudo, é importante que os
jovens reconheçam no interior de si mesmos
determinadas outras predisposições da mente, quais
sejam, suas inclinações mentais e talentos. Estes devem
ser encorajados sempre que possível. Dessa forma eles
percebem que podem se satisfazer ainda que possam
estar subordinados àqueles interesses relacionados mais
intrinsecamente com o período da vida em curso. Isto
resulta num ajuste natural à vida no momento em que os
objetivos supremos da juventude já não forem mais
satisfatórios. Muitos homens e mulheres no ocaso de sua
juventude se apegam pateticamente a finalidades que já
não são capazes de levar adiante ou de realizar. Como
consequência disso, a vida perde a sua alegria e, para eles,
o seu significado. Se tivessem cultivado desejos
secundários em sua juventude, estes viriam à tona como
um novo ideal a ser conquistado e traria novas
gratificações.

Não se preocupe com os objetivos habituais que as


pessoas têm inclinação de estabelecer para si ou que
parecem a coisa costumeira ou até mesmo ética a se
fazer. Decida por si mesmo sobre algo que para você
significa a realização da vida.

Contudo não se desgaste. Não gaste a possibilidade de


felicidade futilmente. Faça do seu propósito algo que
cresça consigo, ao invés de diminuir com o passar dos
anos. Ademais, perceba que não são apenas as coisas que
mudam: você também muda. Pensa depois de 20 ou 30
anos em extrair a mesma felicidade daquelas coisas que
hoje parecem propiciá-la? Escolha um canal de felicidade
na vida que possa se desenvolver com os anos e que
possa ser uma fonte inesgotável de satisfação.
Quais seriam essas coisas para as quais vivemos?
Podemos apenas sugeri-las em amplo sentido. A escolha
mais pormenorizada deve ser feita pelo indivíduo, baseada
em suas inclinações pessoais. As belas artes são uma
categoria. Pintar, desenhar, tocar um instrumento musical
ou cantar podem proporcionar contínuos prazeres para
aqueles cuja sensibilidade ou talentos apontem para essa
direção. Se, por exemplo, a música lhe der a maior das
satisfações emocionais, deixe que os outros interesses
sejam direcionados para as necessidades e obrigações da
vida. Deixe a música ser o motivo pelo qual você vive.

O mesmo pode ser dito para aqueles que descobrem um


amor profundo pelo conhecimento, uma ânsia gratificada
apenas pela leitura de boa literatura ou pelo estudo de
alguma ciência. Mais uma vez, se esse amor for
centralizado em uma realização criativa, seja efetuada pela
mente ou pelas mãos, faça dela o seu propósito de vida.
Invente, construa, experimente, escreva. Se você gosta de
gente e se maravilha com as conquistas da humanidade
nos campos da história, exploração e viagens, então faça
disso o seu propósito. Tudo isso pode e vai lhe
proporcionar felicidade contínua porque se manifestará na
proporção do tempo e do esforço que lhes dedicará.

Tudo isso lhe parece um objetivo egoísta? Se as coisas


materiais forem tomadas isoladamente com a finalidade de
agradar apenas os desejos sensoriais, aí então podem ser
rotuladas de egoístas. O mesmo não se diz sobre a música,
a arte, a literatura, a viagem, a crença ou qualquer objetivo
criativo, como a experimentação e a escrita. O que estas
coisas fazem, ensinam e criam não apenas dá prazer, mas
também acrescenta algo à fonte da qual outros podem vir
igualmente buscar felicidade. Analogamente, aquele que
por exemplo exercita o hobby da fotografia, não apenas
cultiva seu próprio senso estético, através do qual faz a
experiência da simetria na forma e da harmonia na cor,
mas também projeta seu interesse para outros que têm
afinidade com o assunto. O self dele também se satisfaz
pelo reconhecimento que há na realização e nos prazeres
evidentes que outros colhem nela.

Uma vida sem propósitos é como um barco sem leme, pois


seu rumo muda continuamente conforme as condições às
quais é exposto.

*** ***

Disciplina e dedicação

É oportuno nesta ocasião que o Digno Postulante saiba que


a Maçonaria e em particular o Antigo e Primitivo Rito
Oriental de Memphis Misraim, é uma Ordem regida por leis
internas muito rigorosas e que a disciplina deve fazer e faz
parte da vida de todo Maçom. O cultivo de qualidades como
rigor, coragem, disciplina, sinceridade e obediência
permite que realizemos em nós mesmos uma determinada
condição que abre as portas da percepção. Aquilo que é
verdadeiro na vida exterior, profana, também o é na vida
interior e espiritual. Aquele que exercita essas virtudes
cardinais pode esperar progredir, em meio às melhores
condições, na via do desabrochar espiritual. A descoberta
do Eu não pode ser displicência, desinteresse e
superficialidade; mas pelo contrário, é com o espírito
combativo em relação à sua própria natureza inferior que
o Maçom deverá almejar seu desenvolvimento.

Esteja certo, Digno Postulante, que o caminho da


descoberta interior jamais adquire outras características
que não estas. É somente pela transformação da energia
que há em nosso ser que poderemos fazer com que nossa
consciência evolua. É preciso saber se depurar para
crescer espiritualmente. É por este motivo que o Antigo e
Primitivo Rito Oriental de Memphis Misraim incentiva a
todos os Maçons de seu Rito que realizem a Cerimônia de
Sagração do Sanctum Sanctorum e que regularmente
efetuem as Sessões Maçônicas em seu Sanctum
particular.

Esta prática permitirá que conquiste as condições


interiores necessárias para trabalhar por sua evolução
pessoal e pela evolução de nossa Ordem. É evidente que,
se lhe propomos este trabalho regular, é para que o Digno
Postulante desenvolva um “hábito necessário, importante e
saudável” à disciplina do corpo, da mente e do espírito.

Esta disciplina é fundamental para todo indivíduo que


busca a si mesmo. Sem esta disciplina, nada pode ser
construído. É preciso que compreenda a imperiosa
necessidade de trabalhar em seu Sanctum Sanctorum com
esta intenção em mente, não apenas para preparar o seu
Templo Interior para a expressão divina, mas
principalmente para compreender que seu Sanctum,
devido à regularidade que impuser à prática de seus
estudos e exercícios nesse local privilegiado, se
transformará no Athanor que possibilitará transmutar sua
personalidade.

Quantos de nossos Irmãos, independente do Grau que


possuam, anseiam por esse momento privilegiado que,
como se fosse uma verdadeira comemoração, lhes
permitirá reencontrar por meio da intensidade vibratória
de seu Sanctum a tão ansiada Paz Profunda. Aqueles que
assim praticam os estudos maçônicos, ministrados pelo
Antigo e Primitivo Rito Oriental de Memphis-Misraim,
compreendem bem o quanto essas horas, longe do ruído e
da agitação do mundo objetivo, lhes serão preciosas para
retornarem a si mesmos. Isto se deve ao fato de que seu
Sanctum, através das invocações e trabalhos que lá se
realizam, acaba se incluindo no próprio seio da poderosa
Egrégora Maçônica. Este lugar de trabalho e adoração
acaba por se tornar um agente regenerador, tanto física
quanto mental e espiritualmente. Além do mais, a sua
sinceridade e sua pureza de intenção, ao realizar a
Cerimônia de Sagração e as Sessões periódicas em seu
Sanctum, atrairão, invariavelmente a proteção espiritual da
Ordem.

Para todo Maçom, seja ainda um Aprendiz, ou já esteja nos


Graus Superiores, o Sanctum é antes de tudo um
“laboratório”, oque significa ser um lugar de predileção,
onde não só se busca a Paz e a Regeneração interior, mas
também a Prática Transformadora, o Trabalho e a
Comunhão com o Grande Arquiteto do Universo, com os
meios proporcionados pela Ordem Maçônica, para a
fundição dos “metais inferiores”. Esta expressão tão cara
aos Antigos, possui um grande valor para nós Maçons.
Transmutar os metais impuros equivale a transformar
nossa natureza grosseira em um conjunto mais
harmonioso. Esta é a própria essência dos símbolos e dos
Ensinamentos Maçônicos. Portanto, o Digno Postulante já
deve ter percebido que é muito importante reservar uma
noite de estudos por mês para realização de seus estudos
e dos exercícios ensinados em nossas Peças de
Arquitetura. Com este procedimento, obterá uma força
poderosa tanto no Plano Físico quanto nos Planos Mental e
Espiritual.

Este momento privilegiado deverá ser para você um meio


de entrar em íntima comunhão com o seu Ser Superior, já
que é essencial que este diálogo se estabeleça para que se
abram as novas vias de percepção. Este trabalho, e que
não reste a menor dúvida, não pode ser realizado
superficialmente, pois é com um estado de espírito muito
especial que deverá encarar esta noite de trabalho.
Ademais, isto também concederá ao seu trabalho um
sentimento de respeito e de sagrado, concedendo-lhe a
proteção soberana da Egrégora Maçônica.

É importante que tenha em mente que, quando entrar em


seu Sanctum, milhares de Maçons espalhados por toda a
superfície da Terra estarão em comunhão com você,
trabalhando para a realização do Grande Desígnio, sob a
proteção invisível dos Mestres.

É, portanto, com este estado de espírito que lhe convido a


dar início a Cerimônia de Sagração de seu Sanctum.
Arrumação do Sanctum Sanctorum

Coloque a mesa no lugar que se tornará o Sanctum, se


possível, na direção leste geográfico (Oriente).

Diante da mesa, a mais ou menos cinquenta centímetros,


coloque a cadeira e sobre o espaldar da mesma, a toalha
azul celeste.

Coloque sobre o espelho o tecido azul celeste que


impedirá assim todo reflexo. Coloque também no centro da
mesa o recipiente cheio de água.

Sobre uma pequena mesa ao alcance da mão, coloque a


Vela sem o castiçal; o Castiçal; o Esquadro; o Compasso; o
Malhete; o Cinzel; a Régua; a Espada; a Pedra Bruta; o
Livro Sagrado; o Incensário; o Incenso; os fósforos e o
abafador de velas.

Observações:

a) Utilizar apenas a luz necessária para que se possa ler


o Ritual.
b) Lembre-se que a expressão “Grande Arquiteto do
Universo” refere-se a Deus como Criador de todas as
coisas.
c) Se em sua residência tiver mais alguém que seja
Maçom do Antigo e Primitivo Rito Oriental de
Memphis-Misraim e que queira também utilizar o
Sanctum, deverá assistir a Cerimônia e passar pela
mesma preparação pessoal.
Neste caso, providencie 2 cadeiras e coloque uma do
lado da outra.
d) O Maçom de Grau mais elevado, ou, se ambos
estiverem no mesmo Grau, o mais antigo é quem
deverá presidir o Ritual. Portanto se o Maçom que for
utilizar o mesmo Sanctum que você for de Grau mais
elevado, ou sendo do mesmo Grau, for mais antigo
que você, é ele quem deverá presidir toda a
Cerimônia e você apenas observará o seu desenrolar
e dela participará mentalmente. Por outro lado, se for
de Grau mais elevado, ou do mesmo Grau, porém
mais antigo, é você quem deverá presidir a Cerimônia
de Sagração.
e) Dou estas explicações em virtude de que esta
Cerimônia, com algumas alterações nos símbolos
utilizados, é empregada também pelos Irmãos que se
encontram nos Graus Superiores.

Data e hora da Cerimônia

Tanto a data quanto a hora da cerimônia devem ser


escolhidas pelo Postulante. O ideal é o seu dia solar, ou
seja, aquele no qual você nasceu, pelo fato de ser este o
dia em que estará mais receptivo às vibrações de todo o
Universo.

Também poderá realizar esta Cerimônia na noite da lua


crescente se assim o desejar.

O essencial é que o Digno Postulante sinta-se no dia


escolhido, perfeitamente disposto e bem preparado.
Preparação pessoal

No dia escolhido, faça uma higiene completa. Tome um


banho, pois o corpo físico deve ser devidamente cuidado.
Durante as três horas que precedem a Cerimônia, não
coma nenhum alimento sólido. Se desejar, poderá beber
um pouco de água pura, porém, nenhuma bebida alcoólica
ou fermentada será ingerida.

Tomadas todas as providências, e assegurado ter


providenciado todo material necessário, realize a
Cerimônia de Sagração do Sanctum Sanctorum.

*** ***

Cerimônia de Sagração do Sanctum Sanctorum

Estando todos os acessórios devidamente preparados,


queime incenso durante 5 minutos antes do início da
Cerimônia.

Em seguida, lave as mãos como sinal de purificação física,


enxugando-as bem. Depois, tome um pouco de água como
sinal de purificação mental. Depois, dirija-se ao Oriente e
faça a seguinte prece, em total introspecção:

“Que a Sublime Essência Divina penetre em meu ser e me


purifique de todas as impurezas de pensamento e de
corpo, a fim de que eu possa entrar em comunhão com as
Hostes Celestiais e comungar com toda pureza e
dignidade. Que Assim Seja!”.

Dirija-se, em seguida, lentamente, para o recinto, ou a


certa distância do lugar escolhido, em frente ao lugar
destinado ao Sanctum. Em seguida, recolha-se por alguns
instantes e, de pé, no lugar em que se encontra, pense no
ato que vai ser realizado e sobre tudo o que disse sobre
ele nestas Peças de Arquitetura. Avance, inicie então três
respirações profundas, retendo o ar nos pulmões por
alguns segundos e depois, faça, em voz baixa e com
intensa compenetração, a seguinte invocação:

“Grande Arquiteto do Universo, Fonte Fecunda e Eterna de


Luz, Vida, Amor e Paz Profunda, eis-me neste lugar que
será meu Sanctum, meu Santuário pessoal. Pela intenção
e pelo Rito, sob os auspícios do Soberano Santuário
Maçônico Mundial do Antigo e Primitivo Rito Oriental de
Memphis-Misraim, e em virtude dos poderes que me
foram conferidos, vou Sagrá-lo, espiritualizando as suas
vibrações e atraindo sobre ele as Bençãos Divinas. Rogo-
Vos que abençoe o ato que vou realizar. Que as Hostes
Divinas derramem sobre mim, e neste lugar, suas santas
vibrações e me amparem com Sua presença. Com toda a
minha Alma e com toda a força de minha vontade, atraio
para aqui, neste momento, as Forças Vivas e benéficas do
Universo, para a realização desta Cerimônias Sagrada. Que
Assim Seja!”
Feche os olhos por um ou dois minutos e visualize as
vibrações luminosas divinas descendo sobre o lugar onde
se encontra, envolvendo-o por todos os lados, atingindo-o
com sua Força vivificante e construtiva. Em seguida,
inspire profundamente, retendo o ar nos pulmões por
alguns segundos, e exale lentamente, entoando o seguinte
Mantra: OM. Deve pronunciá-lo assim: “OOOMMMM”.

Após pronunciar o Mantra OM, diga:

“Em nome do Grande Arquiteto do Universo, sob os


auspícios do Grande Arquiteto do Universo, sob os
auspícios do Soberano Santuário Maçônico Mundial do
Antigo e Primitivo Rito Oriental de Memphis-Misraim,
atraio sobre mim as altas vibrações pertencentes a
Egrégora de nossa Ordem”.

Permaneça alguns segundos com os olhos fechados e


depois prossiga.

“Envio a todos os Oficiais e Membros do Antigo e Primitivo


Rito Oriental de Memphis-Misraim em toda a face da Terra,
pensamentos de alegria, saúde e de Paz Profunda.

Que Assim Seja!”

Em seguida, tome entre as mãos com firmeza o recipiente


cheio de água, mantendo-o a frente, na altura do peito.
Concentre então o olhar sobre a água, tome uma
inspiração profunda, retendo o ar por alguns instantes e
exale lentamente entoando o Mantra “EA”. Este Mantra
deve ser pronunciado como “É”. Assim: Eeeeee...

Em seguida diga continuando a concentrar o olhar na água:

“Que as bençãos do Grande Arquiteto do Universo


penetrem neste recipiente e na água que contém,
purificando-os e carregando-os com Seu poder.

Que Assim Seja!”

Coloque então o recipiente com a água sobre a mesa;


estenda as mãos com as palmas para baixo a alguns
centímetros acima da água.

Inspire profundamente retendo ar por alguns segundos e


exale dizendo:

“Pelas bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

O recipiente e a água que contém são neste momento,


sagrados conforme a tradição de nosso Rito.

Segue-se agora a purificação simbólica do lugar em que


se encontra e que se tornará o seu Sanctum.

Tome o recipiente de água na mão esquerda e mergulhe os


3 primeiros dedos da mão direita na água; depois, dirija-se
para a direita em frente a parede próxima da mesa; jogue
ligeiramente algumas gotas de água no chão, a partir da
parede, e recuando lentamente, molhe cada vez que for
necessário, os 3 primeiros dedos da mão direita na água,
aspergindo-a no solo, à sua frente. Recue até o ponto
situado a alguns centímetros atrás da cadeira na altura da
mesma.

Volte-se para a esquerda e, recuando, continue aspergindo


o solo; passe por trás da cadeira, até o ponto situado
perpendicularmente à altura do lado esquerdo da mesa.
Volte-se depois para a direita e nesta ocasião, avançando
lentamente, jogue algumas gotas de água ligeiramente no
solo até a parede. Foi assim, ritualisticamente, instituído o
recinto sagrado do Sanctum que ocupará, deste modo, um
retângulo preciso, incluindo a mesa e a cadeira.

É o lugar consagrado que será especialmente santificado a


partir de então, para seu uso particular.

Neste momento, volte para a frente da mesa com o


recipiente de água na mão esquerda. Sem sair do lugar,
borrife, com os três dedos da mão direita, que foram
mergulhados na água, o chão à esquerda e à direita,
compreendendo todo o espaço do retângulo que acaba de
ser delineado. Depois, borrife à frente, em direção ao
Oriente, materializado pelo Sanctum; volte-se
inteiramente, e faça o mesmo em direção ao oeste
simbólico; em seguida, vire-se para a esquerda e borrife a
água em direção ao sul. Se houver possibilidade de ter
para seu Sanctum um cômodo inteiro da casa, caminhe,
então, vagarosamente para a direita da mesa perto da
parede, e desta feita, avançando ao longo dela em direção
ao ângulo direito do cômodo, borrife água no solo à frente,
exatamente como foi feito antes. Caminhe até o ângulo do
recinto, sem deixar de borrifar a água no chão; depois siga
em direção do ângulo oposto, ao outro ângulo do recinto,
borrifando a água no solo.

Vire-se novamente para o ângulo da direita pelo lado


direito e continue o mesmo procedimento em direção ao
último ângulo do cômodo.

Pela última vez, volte-se para o ângulo direito pela direita,


borrifando o solo até a mesa.

Assim terá sido delimitado o recinto do Templo particular


no qual o Digno Postulante já havia demarcado o Sanctum
propriamente dito.

Retome, agora, o lugar diante da mesa sobre a qual está


depositado o recipiente de água e diga:

“Pelo misterioso poder da água Sagrada e do pensamento


dirigido, com as bênçãos das Hostes Cósmicas e do
Grande Arquiteto do Universo e de Sua benevolente ajuda,
foi demarcado o recinto de meu Sanctum Sagrado.
Nenhuma força negativa poderá jamais, de agora em
diante, penetrar neste Santuário protegido. Que Assim
Seja!”

Segure novamente com a mão esquerda o recipiente de


água, e vire-se em direção à cadeira em que se sentará
durante o Trabalho.
Tome uma inspiração profunda, retenha o ar por alguns
segundos e exale lentamente, aspergindo ao mesmo
tempo, de forma rápida, a água na cadeira, dizendo
solenemente:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Retornar então à posição em frente à mesa.

Novamente, inspire, retenha o ar por alguns segundos e


borrife água nos quatro cantos da mesa, começando pelo
canto da direita próximo à parede, depois o canto oposto,
do mesmo lado, e em seguida, o canto esquerdo, o que fica
mais próximo do estudante, depois, o canto esquerdo,
próximo à parede, e finalmente, o centro da mesa, dizendo
lentamente e exalando:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Agora, de frente ao espelho sobre o qual está colocado o


tecido azul, faça novamente uma inspiração, retenha o ar
por alguns segundos, depois, exale lentamente, borrifando
água no espelho, dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Descanse o recipiente na mesa; retire o tecido que cobria o


espelho. Então, com a extremidade do dedo indicador da
mão direita, antes mergulhado na água, trace no centro do
espelho, um Triângulo Equilátero Grande, com o vértice
para cima; no interior do Triângulo, escreva a letra G. Em
seguida, diga novamente:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Permaneça alguns instantes em silêncio, olhe fixo no


símbolo que acaba de ser traçado, registre toda impressão
que receber nesse momento.

Apanhe, agora, a toalha posta sobre o espaldar da cadeira.


Estenda-a sobre a mesa, colocando, em seguida, o espelho
em seu lugar e o recipiente de água no centro da mesa.

Segure o recipiente de água com a mão esquerda,


borrifando-a ligeiramente sobre a toalha, como fora feito
anteriormente, com a mesa; inspire profundamente,
retendo o ar por alguns instantes, e, exalando lentamente,
diga:

“Pelas Bênçãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Reponha o recipiente de água sobre a mesa.

Coloque agora o Compasso no lado esquerdo superior da


mesa e depois, estendendo as mãos alguns centímetros
acima do Compasso, com as palmas para baixo, inspire
profundamente, retendo o ar por alguns instantes, e exale
lentamente dizendo:
“Pelas Bênçãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque o Esquadro no lado superior direito


da mesa e recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos
alguns centímetros acima do Esquadro, com as palmas
para baixo, inspire profundamente, retendo o ar por alguns
instantes, e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bênçãos do Grande Arquiteto do Universo”.

“Em seguida, coloque o Malhete no lado superior direito da


mesa e recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos
alguns centímetros acima do Malhete, com as palmas para
baixo, inspire profundamente, retendo o ar por alguns
instantes, e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque o Cinzel no lado superior direito da


mesa e recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos
alguns centímetros acima do Cinzel, com as palmas para
baixo, inspire profundamente, retendo o ar por alguns
instantes, e exale, dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque o Livro Sagrado na parte inferior


central da mesa e recomece a mesma Sagração. Estenda
as mãos alguns centímetros acima do Livro Sagrado, com
as palmas para baixo, inspire profundamente, retendo o ar
por alguns instantes, e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bênçãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque a Régua logo acima do Livro Sagrado


e recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos alguns
centímetros acima da Régua, com as palmas para baixo,
inspire profundamente, retendo o ar por alguns instantes,
e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque a Espada sobre o Livro Sagrado e


recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos alguns
centímetros acima da Espada, com as palmas para baixo,
inspire profundamente, retendo o ar por alguns instantes,
e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bênçãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Em seguida, coloque a Pedra Bruta do lado direito central


da mesa e recomece a mesma Sagração. Estenda as mãos
alguns centímetros acima da Pedra Bruta, com as palmas
para baixo, inspire profundamente, retendo o ar por alguns
instantes, e exale lentamente, dizendo:
“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Tome agora o Castiçal, sem a vela, e coloque-o na parte


superior central da mesa e recomece a mesma Sagração.
Estenda as mãos alguns centímetros acima da Pedra
Bruta, com as palmas para baixo, inspire profundamente,
retendo o ar por alguns instantes, e exale lentamente,
dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Ajuste agora a Vela no Castiçal e recomece a mesma


Sagração. Estenda as mãos alguns centímetros acima da
Vela, com as palmas para baixo, inspire profundamente,
retendo o ar por alguns instantes, e exale lentamente,
dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Com o fósforo, acenda a vela e diga as seguintes palavras:

“Fiat Lux! Que esta luz, símbolo da investigação atenta e


em profundidade, me guie sempre com os seus raios. Que
me ensine a pôr as minhas palavras e os meus atos de
acordo com as minhas convicções. Que esta Luz seja ainda
para mim o símbolo da razão que guia a humanidade para
o progresso. Possa esclarecer todo aquele que vier a este
Sanctum para aprender a “Ciência da Vida”. Possa também
incutir no seu espírito a lei de amor e solidariedade e
lembrar-me sempre o quanto devo aos meus Irmãos e a
todos aqueles que me antecederam. Que o Fogo da
Coragem e o Amor dos nossos semelhantes inflamem o
meu coração.

Que Assim Seja!”

Apague, então, todas as demais luzes do recinto que


deverá ficar iluminado apenas pela luz da vela, até o fim da
Cerimônia.

Fique, a seguir, alguns instantes em silêncio, com os olhos


fechados, antes de continuar; durante este período, atente
para toda impressão que receber. Em seguida, continue a
Cerimônia.

Fique a seguir, alguns instantes em silêncio, com os olhos


fechados, antes de continuar; durante este período, atente
para toda impressão que receber. Em seguida, continue a
Cerimônia.

Pegue o Incensário e coloque-o no lado inferior direito da


mesa. Estenda as mãos, com as palmas para baixo, alguns
centímetros acima dele. Inspire profundamente, retenha o
ar, e exale lentamente, dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.


Coloque, agora, o incenso, diante do Incensário e proceda
do mesmo modo. Estenda as mãos, com as palmas para
baixo, alguns centímetros acima dele. Inspire
profundamente, retenha o ar, e exale lentamente dizendo:

“Pelas Bençãos do Grande Arquiteto do Universo”.

Se for utilizado o incenso que se consome sobre o carvão,


coloque o carvão ao lado do incenso, no momento que
precede a cerimônia. Faça o mesmo com o abafador de
velas, colocando-o ao lado do incenso e adotando o
mesmo procedimento anterior.

Nota: Com a continuidade, cada vez que for necessário


trocar as velas ou que a reserva esteja esgotada e deva
ser usado incenso novo, faça a consagração da mesma
forma.

Acenda o incenso, pondo-o no incensário, o qual, por sua


vez, será colocado no lado inferior direito da mesa.

Isto terminado, diga com firme convicção a seguinte prece:

“Grande Arquiteto do Universo, permita que Tuas sublimes


vibrações penetrem neste lugar Sagrado. Permita que me
uma à Alma Universal, conceda-me a graça de
compreender as lições e as inspirações deste momento e
faça com que isto aconteça todas as vezes que eu entrar
no meu reconforto. Que meu Sanctum Sagrado seja para
todo o sempre uma Fonte Fecunda e Eterna de Luz, de
Vida, de Amor e de Paz Profunda. Que seja para mim uma
constante inspiração durante todos os esforços que farei
para a minha evolução espiritual e para a Glória de Teu
Santo Nome.

Que Assim Seja!”

Permaneça em silêncio e passivo por alguns instantes e


continue, dizendo:

“Na presença do Grande Arquiteto do Universo, Purificado


e Sagrado ritualisticamente pela água e pelo incenso,
iluminado pela presença invisível das Hostes Celestiais,
sob a proteção e guarda da Egrégora do Antigo e Primitivo
Rito Oriental de Memphis-Misraim, Sagrado pela Intenção,
pela Atitude e pelo Gesto, este Sanctum Sanctorum está,
de agora em diante, a serviço do Grande Arquiteto do
Universo, em seu eterno Trabalho em favor da
humanidade. Vou agora juntar à este lugar as emanações
de minha mente, as vibrações de meu pensamento e
meditar, em silêncio, a respeito do caráter sagrado do que
foi aqui realizado, assim como sobre o poder que foi
acumulado neste santo recinto, o qual aumentará até que a
mim se manifeste, de acordo com os meios e o momento
que me sejam aos mais apropriados. Vou meditar agora a
respeito das forças boas e invisíveis existentes no
Universo e projetá-las sobre mim por meio de meu
pensamento e de minha vontade, um e outro purificados, a
fim de estar, na mais completa harmonia, com as forças
que me ajudarão a alcançar nobres e grandes realizações.

Que Assim Seja!”


Sente-se, agora, confortavelmente, na cadeira do Sanctum,
com os pés separados e as mãos sobre os joelhos. Se for
possível, coloque uma música suave. A meditação deverá
durar cerca de 5 minutos e seguir a intenção das palavras
que acabaram de ser pronunciadas; deverão ser
visualizadas as poderosas forças circunjacentes, sentindo
as próprias vibrações que a elas se unem
harmoniosamente. Ao chegar ao fim da meditação, adote
uma atitude passiva e receptiva. Anote todas as
impressões que possam ser recebidas.

Ao término da meditação, levanta-se e diga:

“Assim foi Sagrado o meu Sanctum Sanctorum. Uni a


Sagração às vibrações positivas de meu pensamento,
sabendo que, o que o homem realiza com Devoção e Amor,
é sempre Santificado. Pela minha presença aqui, pelos
meus pensamentos e por minhas ações, tornei manifesto o
Grande Arquiteto do Universo. Meu Sanctum está, de agora
em diante, e para sempre, Sagrado. Eu me comprometo
solenemente a Trabalhar em favor dos nobres ideais e dos
Altos Princípios da Ordem Maçônica do Antigo e Primitivo
Rito Oriental de Memphis-Misraim”.

Diga agora, com compenetração, a seguinte prece:

“Grande Arquiteto do Universo, Fonte Fecunda e Eterna de


Luz, Vida, Amor e Paz Profunda; conduza-me pelos
verdadeiros caminhos da vida. Que eu possa encontrar
com frequência, o tempo e a oportunidade de aqui estar
para me dedicar ao Trabalho e à Adoração, e para
reencontrar a Luz, a Vida, o Amor e a Paz Profunda
através da iluminação, a fim de que eu possa passar das
Trevas para a Grande Luz; que eu possa encontrar o Amor
Fraterno e o Amor Divino e conhecer, de modo definitivo,
uma vida mais extensa, uma vida ilimitada e eterna, uma
vida que seja a união Contigo em Teu reino; que eu possa
ser sempre Fiel aos meus compromissos e a meus ideais,
e encontrar nas instruções Maçônicas a Sabedoria, a Força
e a Beleza para progredir e alcançar a Maestria para a
maior Glória de Teu Nome, para o bem da humanidade e
para a honra e o poder de nossa Ordem e do Antigo e
Primitivo Rito Oriental de Memphis-Misraim.

Que Assim Seja!”

Em seguida dia:

“Á Glória do Grande Arquiteto do Universo!

Em nome e sob os Auspícios do Soberano Santuário


Maçônico Mundial do Antigo e Primitivo Rito Oriental de
Memphis-Misraim, e em virtude dos poderes que me foram
conferidos, declaro meu Sanctum Sanctorum verdadeira e
definitivamente Sagrado, e destinado aos meus Trabalhos.
Que o Grande Arquiteto do Universo estenda suas bênçãos
sobre este lugar sagrado. Diante do Delta Sagrado, eu
declaro encerrada a Sagração de meu Sanctum.

Que Assim Seja!”


Assim termina a Cerimônia de Sagração do Sanctum.
Solicitamos, entretanto, que o Digno Postulante se sente e
se recolha ainda por alguns minutos.

Concluído este período de meditação, levante-se e


aproxime-se solenemente, do altar. Em seguida, segure o
recipiente de água entre as mãos com olhar fixo na
mesma. Faça uma inspiração profunda, retendo o ar por
alguns instantes, exale lentamente, e entoe o Mantra “EA”,
conforme orientado.

Depois, beba lentamente a água Sagrada e magnetizada


que restou no recipiente, sendo que a mesma não deverá
ser utilizada para fins profanos.

Deve ser reservada exclusivamente para as experiências


místicas que serão efetuadas durante os estudos
maçônicos.

A seguir, utilizando um abafador, se possível, não


soprando nunca a chama da vela durante o Trabalho
Maçônico, apague a vela e diga:

“Na presença do Grande Arquiteto do Universo e diante do


Delta Sagrado, rogo que mais Luz e Força me sejam
concedidas a fim de que meu Ser Interior desabroche. Que
Assim Seja!”

Em seguida, diga a seguinte prece:


“Que o Grande Arquiteto do Universo santifique minha
comunhão!

Que Assim Seja!”

Assim termina a Cerimônia de Sagração do Sanctum


Sanctorum. Seu Sanctum está agora, Sagrado, ou, se
preferir, pode dizer que está Consagrado. Está carregado
da mais elevada energia que a realização deste Ritual,
definitivamente, reuniu. Cada um dos elementos que
constituem o Sanctum está Consagrado, também. O lugar
de Trabalho e Adoração tornou-se verdadeiramente
santificado. Todas as vezes que o Digno Postulante nele
entrar, seja para o Trabalho regular ou para Meditação, ou
então, em período de alegrias ou de provas, ou, ainda,
quando desejar luz ou auxílio, encontrará o que acaba de
instituir; você encontrará silêncio, calma e Paz Profunda. O
estudo das Peças de Arquitetura ocorrerá em um campo
vibratório o mais eficiente possível, e a regularidade de
seu uso aumentará ainda mais a força positiva deste lugar
sagrado.

Digno Postulante, a Luz penetrou neste Sanctum e


espalhou o seu brilho em suas Colunas Simbólicas. Poderá
de agora em diante aqui proceder regularmente aos seus
Trabalhos Maçônicos.

Possa a Palavra, manifestação do Pensamento, e o


Pensamento, neste Templo Particular, ser o reflexo da
Verdade. Que possa lhe iluminar e a todos os Obreiros que
aqui penetrarem, fazendo de cada um, novos homens.
Nunca se esqueça que é à regeneração e à felicidade da
humanidade que devem tender todos os seus esforços, e
que você deve se esforçar para libertá-la do jugo
vergonhoso da ignorância e dos preconceitos e combater
as paixões que a perturbam.

Para que você desempenhe tão bela missão, deve ter nas
suas ações Sabedoria e Prudência, pôr o discernimento e a
circunspecção em seus discursos, e nunca esquecer que a
União faz a Força.

Possa este Santuário servir de modelo aos que outros


quiserem construir. Que a Concórdia e a Amizade nele
reinem constantemente.

Que o Grande Arquiteto do Universo abençoe todos os


esforços que o Digno Postulante fizer e que, mais do que
nunca, a Chama Divina mantenha-se sempre acesa em seu
interior.

Que Assim Seja!

Vocabulário:

Athanor – Exotericamente é o forno dos Alquimistas.


Sagração e Consagração – Estas duas palavras são
utilizadas aqui como sinônimos, no sentido de “tornar
sagrado” e “dedicado à Deus”. Tradicionalmente, a
Maçonaria utiliza a palavra Sagração, razão pela qual
utilizamos aqui esta palavra com maior frequência. Você
poderá utilizar tanto uma quanto a outra, sem que o
sentido seja alterado.
A linguagem maçônica

Nós Maçons utilizamos em todo o mundo uma linguagem


especificamente Maçônica para designar os atos comuns
dentro da Ordem. As principais destas palavras,
inacessíveis aos não iniciados, são as seguintes, com os
seus respectivos significados:

Abater colunas – Deixar de funcionar; fechar a Loja


definitivamente ou por tempo indeterminado.

Altar – Mesa ocupada pelas Dignidades e Oficiais de uma


Loja.

Areia amarela – Pimenta usada nos banquetes


ritualísticos.

Areia branca – Sal nos banquetes ritualísticos.

Armas ou canhões – Os copos em banquetes ritualísticos.

Arte real – A Maçonaria.


Aumento de salário – Passagem do Irmão de um Grau para
outro.

Bandejas – As travessas em banquetes ritualísticos.

Bandeja grande – Toalha de mesa em banquetes


ritualísticos.

Bateria – Aplauso.

Cimento da fraternidade – União que deve existir entre os


Maçons.

Chuva – Profano; significa que não se está coberto.

Coluna gravada – Qualquer documento escrito.

Coluna de Harmonia – Música.

Coluna da sabedoria – O Venerável e por extensão a mesa


e o trono sob o dossel.

Coluna da força – O 1º Vigilante e sua Coluna.


Coluna da beleza – O 2º Vigilante e sua Coluna.

Cobrir o templo – Fazer sair do Templo, temporária ou


definitivamente, algum Irmão que não possa continuar
assistindo aos Trabalhos.

Copo d´água – Coquetel.

Continua...

*** ***

A construção do Templo de Salomão

Os preparativos para edificar o Templo

Segundo os registros bíblicos, construir um Templo ao


Deus de Israel era uma ideia que David, pai de Salomão,
tinha em mente executar desde que se tornara Rei. Mas
Deus proibira-o de tal, pois David havia participado em
inúmeras guerras e com isso derramado muito sangue.
Deus prometeu a David que teria um filho, que se chamaria
Salomão, e ele seria quem poderia construir o Templo, pois
seria um homem de Paz.
Como Salomão era muito novo, David antes de morrer,
começou os preparativos para o Templo. Juntou muito
ouro, prata, ferro e bronze, deixou madeira e homens
experientes para trabalharem estes materiais. Entregou a
Salomão a planta do Templo, juntamente com os pesos e
medidas de cada objeto que iriam ser utilizados. Também
deixou especificadas instruções sobre o trabalho dos
sacerdotes e dos levitas, que eram encarregados do
louvor. Tudo isto foi feito seguindo à risca todas as
instruções que Deus havia deixado.

O Rei David também aconselhou Salomão a ser forte e a


que guardasse os Mandamentos do Senhor. Restava agora
a Salomão seguir os planos de seu pai e construir o
Templo, no qual se passaram a guardar a Arca da Aliança
e os objetos sagrados. Por outro lado, o Templo também
era importante no âmbito político, pois simbolizava a
unidade nacional. O povo hebreu precisava estar unido e a
melhor forma de o conseguir era através da religião.

O Templo congregaria pessoas de várias partes e


simbolizaria a presença do Deus de Israel no meio do seu
povo. O povo de Israel ficaria ao redor do Templo
adorando, bendizendo, fazendo petições e holocaustos a
Deus.

O Tabernáculo era o lugar de culto do povo de Israel antes


da construção do Templo. Nele se guardavam a Arca da
Aliança e os objetos sagrados.

Depois, dirigiu-se ao povo e pediu-lhe fidelidade a Deus e


aos Mandamentos, abençoando deste modo toda a
população. A festa dos tabernáculos durou oito dias.
Ao final o Rei despede o povo. Em resposta, o povo
abençoa o Rei e a Arca toma seu lugar no Templo entre
grandes solenidades. Depois de todas as obras de
construção relativas ao Templo serem concluídas, Deus
responde à oração de Salomão fazendo um único pedido,
que seja fiel e obediente para que as suas promessas
possam ser cumpridas. Recorde-se a aliança de Salomão
com Deus: obediência implica benção e desobediência
implica maldição.

Três vezes por ano, Salomão oferecia holocaustos e


sacrifícios de comunhão sobre o altar que erguera e
queimava perfumes diante de Jeová. E assim acabou ele a
construção do Templo que demorou 7 anos.

*** ***

A Atlântida

Atlântida significa “filha de Atlas” e foi um continente cuja


primeira menção conhecida remonta a Platão em suas
obras “Timeu ou Natureza” e “Crítias ou Atlântida”.

Atlântida era um continente de extrema riqueza vegetal e


mineral. Não só era a ilha magnificamente prolífica em
depósitos de ouro, prata, cobre, ferro etc, como ainda de
oricalco, um metal que brilhava como fogo.

Os reis da Atlântida construíram inúmeras pontes, canais e


passagens fortificadas entre os seus cinturões de terra,
cada um protegido com muros revestidos de bronze no
exterior e estanho pelo interior. Entre estes brilhavam
edifícios construídos de pedras brancas, pretas e
vermelhas.

Tanto a riqueza e a prosperidade do comércio, como a


inexpugnável defesa das suas muralhas se tornariam
marcas registradas da ilha.

Pouco mais se sabe da Atlântida que foi destruída por um


desastre natural, possivelmente um terremoto ou tsunami,
cerca de 9.000 anos antes da Era Cristã.

Existe uma hipótese de que a Atlântida foi destruída por


um cometa e outra de que os atlantes teriam sido vítimas
das suas ambições de conquistar o mundo, acabando por
ser dizimados pelos atenienses.

Talvez a lenda de que o povo que habitava a Atlântida era


muito mais evoluído que os outros povos da época e ao
prever a destruição iminente, teria emigrado para a África,
sendo os antigos egípcios descendentes dos atlantes seja
a mais plausível.

De acordo com Platão, a Atlântida estaria além das


colunas de Hércules, próxima a uma região conhecida
como Quadrilátero de Canais. Havia montanhas numerosas
próximas à planície da cidade, ricas em habitantes, rios,
lagos e florestas.

Há diversas correntes de teóricos sobre onde se situaria a


Atlântida, e sobre quem teriam sido os seus habitantes. A
lenda que postula Atlântida, Lemúria e Um como
continentes perdidos, ocupados por diferentes raças
humanas, ainda encontra bastante aceitação popular,
sobretudo no meio esotérico.

Alguns teóricos sugerem que a Atlântida seria uma ilha


sobre a Dorsal Oceânica que no caso de não ser hoje parte
dos Açores, Madeira, Canárias ou Cabo Verde, teria sido
destruída por movimentos bruscos da crosta terrestre
naquele local. Essa teoria baseia-se em supostas
coincidências como a construção de templos em forma de
pirâmide na América, semelhantes às pirâmides do Egito,
fato que poderia ser explicado com a existência de um
povo no meio do oceano que separa estas civilizações,
suficientemente avançado tecnologicamente para navegar
até à África e à América para disseminar os seus
conhecimentos. Esta posição geográfica explicaria a
ausência concreta de vestígios arqueológicos sobre este
povo.

Alguns estudiosos dos escritos de Platão acreditam que o


continente da Atlântida seria na realidade a própria
América e seu povo culturalmente avançado e coberto de
riquezas, como o uso do ouro e pedras preciosas.
Terremotos comuns nestas regiões poderiam ter dado fim
a estas culturas, ou pelo menos abalado de forma violenta
por um período de tempo.

Para Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Teosofia, a


raça atlante, o seu continente e as suas cultura, ciência e
religião estariam situadas na Antártida.

Assim o mistério da Atlântida, talvez fique para sempre


oculto do vulgo e apenas conhecido pelos verdadeiros
Iniciados.
Tutmósis III

Tutmósis III foi o sexto faraó da XVIII dinastia egípcia da


época do Império Novo. O seu nome de coroação significa
“Estável é a manifestação de Ré”.

Teoricamente, governou durante mais de cinquenta anos,


mas deve-se enquadrar neste período os vinte e dois anos
de reinado da sua tia e madrasta Hatchepsut, esposa de
seu pai Tutmósis II que assumiu o trono durante a sua
menoridade. Tutmósis III reinou entre 1504 e 1450 a.C. e
notabilizou-se pela sua atividade militar, mas também pela
sua intensa atividade construtora. Foi considerado um dos
faraós mais importantes do Antigo Egito, tendo mesmo
sido apelidado de “Napoleão do Egito”.

Tutmósis III era filho do faraó Tutmósis II e de uma


concubina chamada Ísis. A esposa principal de Tutmósis
era a sua meia-irmã Hatchepsut. Este casamento não
gerou nenhum filho homem, tendo Tutmósis antes de
falecer nomeado como seu sucessor Tutmósis III. Contudo,
uma vez que Tutmósis III era demasiado novo para reinar
quando o seu pai morreu, a sua tia e madrasta,
Hatchepsut, tornou-se regente.

No segundo ano de sua regência Hatchepsut decide alterar


o seu estatuto fazendo-se coroar como faraó e assumiu os
atributos e prerrogativas dos faraós, como o uso da barba
postiça e de uma titulatura. A rainha recorreu também a
uma ficção mitológica, através da qual se apresentava
como filha do deus Amon, que se tinha unido à sua mãe, a
rainha Ahmés-Nebetta.
Hatchepsut governou como “faraó” durante vinte e dois
anos. Apesar de ter sido relegado para segundo plano,
Tutmósis recebeu uma educação que se adequava ao
estatuto, tendo sido instruído nas artes militares. É
provável que Hatchepsut tenha atribuído a Tutmósis III o
comando de uma expedição militar à Núbia e a outras
terras estrangeiras.

Hatchepsut governou como “faraó” durante vinte e dois


anos. Apesar de ter sido relegado para segundo plano,
Tutmósis recebeu uma educação que se adequava ao
estatuto, tendo sido instruído nas artes militares. É
provável que Hatchepsut tenha atribuído a Tutmósis o
comando de uma expedição militar à Núbia e a outras
terras estrangeiras.

Tutmósis III casou com uma filha de Hatchepsut, Neferuré,


que faleceu no décimo primeiro ano do reinado de
Hatchepsut. Tutmósis teve também como esposas
Hatchepsut II, Meritré e Satiah. Da primeira, que alguns
consideram ser uma filha de Hatchepsut, nasceram a
princesa Meritamon, Amenófis II que foi seu sucessor, o
príncipe Menkheperré, a princesa Ísis, outra princesa
chamada Meritamon e a princesa Nebetiunet. Satiah, filha
de uma enfermeira real, ostentou os títulos de “Grande
Esposa Real” e “Esposa do Deus”; desta rainha não se
conhecem filhos. Para além disso, teve várias esposas
estrangeiras que serviram como “alianças” internacionais
com príncipes sírios e cananeus.

Assim que se tornou rei, o que se verificou após a morte


da sua madrasta, Tutmósis ordenou a destruição de
estátuas de Hatchepsut e mandou apagar as inscrições do
nome desta presentes nos monumentos, substituindo-o
pelo nome do seu avô, do seu pai ou pelo seu próprio
nome. Tutmósis III também legitimou o seu poder através
do deus Amon, como revelam inscrições gravadas em
monumentos. De acordo com estas, numa ocasião em que
Tutmósis se encontrava no templo de Karnak, a estátua de
Amon, que viajava na sua barca sagrada, e os sacerdotes
que a carregavam, prostraram-se perante o novo
monarca.

Nos trinta e quatro anos que esteve no poder, Tutmósis III


empreendeu 17 campanhas na região da Síria Palestina,
todas muito bem sucedidas. Em resultado destas
campanhas o Egito expandiu o seu domínio até o rio
Eufrates. O relato destas campanhas encontra-se
registrado nas paredes do santuário da barca em Karnak,
tendo sido da autoria do arquivista e escriba real Tianuni.
Fez uma expedição até Mitani após cruzar o rio Eufrates e
estendeu suas conquistas até a região de Napata, no
Sudão. Além disso, estabeleceu contatos comerciais com
reinos vizinhos.

No próprio ano em que assumiu o poder, Tutmósis III teve


que fazer frente a uma revolta dos povos da região da Síria
Palestina, liderados pelo príncipe de Kadesh e com o apoio
de Mitani. Desde o início do Império Novo que os egípcios
seguiram uma política que visava afastar do Egito os povos
da Síria Palestina; por sua vez o império Mitani, cujo
núcleo situava-se entre o rio Tigres e o rio Eufrates,
fomentava a revolta das populações desta região contra o
Egito para que estas não fossem uma ameaça ao seu
próprio reino.
A primeira campanha partiu da região oriental do Delta,
passou pela cidade de Gaza e até se chegar a Yebem a sul
do Monte Carmelo, onde se reuniu um conselho de
guerra. Em Megido encontravam-se os inimigos do Egito, o
príncipe de Kadesh e as suas forças aliadas. Três estradas
ligavam Yehem a Megido, duas largas e uma estreita e
difícil já que passava por um desfiladeiro. Os conselheiros
do rei recomendam evitar a estrada estreita, dado que em
caso de ataque o exército sofreria bastante. Tutmósis III
tem uma opinião contrária e ordena que se siga pela via
mais estreita, que era a mais rápida. Megido seria cercada
durante sete meses, até se render ao exército egípcio.
Tutmósis III partiu depois em direção a Tiro, tomando as
cidades de Yanoam, Nuges e Herenkeru.

Em resultado da vitória em Megido, o Egito consegue um


espólio de guerra que incluía bens como894 carros de
guerra, sendo 2 cobertos em ouro e 2 mil cavalos.

No trigésimo terceiro ano do seu reinado Tutmósis III


realiza uma campanha que atinge o próprio reino de
Mitanni. O faraó ordena a construção de vários barcos em
madeira de cedro, que são colocados em carroças puxadas
por bois e que serviriam para atravessar o rio Eufrates. O
confronto não está descrito em pormenor nas fontes
históricas, mas sabe-se que o seu resultado foi a fuga do
rei de Mitanni e a tomada de soldados e de mulheres do
seu harém. Em comemoração pela vitória, Tutmósis manda
erguer uma estela junto ao rio ao lado de uma estela que
tinha sido erguida pelo seu avô Tutmósis I. De regresso ao
Egito aproveita para caçar elefantes no vale do Orontes; de
acordo com as fontes o faraó teria sido imprudente,
enfurecendo os animais que se encontravam em um lago;
tendo sido necessário que um dos seus militares,
Amenemheb, entrasse na água para salvá-lo.

Tutmósis III desenvolveu um grande e desenvolvido


sistema administrativo. Nele os governantes de estados
súditos viam-se obrigados a pagar tributos anuais ao
Egito. Esses governantes deveriam também obedecer ao
representante do faraó em sua região. Tutmósis III também
acolheu na sua corte, em Tebas, 36 jovens príncipes
oriundos das regiões subjugadas que eram educados de
acordo com os costumes egípcios; quando estes se
tornassem adultos retornavam às suas terras natais,
estando garantida à legalidade ao Egito.

Quando Hatchepsut havia resolvido que queria assumir o


comando do Egito, conseguiu o apoio do grande clero de
Amon graças a grandes somas de dinheiro. Agora, os
sacerdotes ofereciam perigo a Tutmósis III. Ele então, para
contentá-los, ampliou seus domínios. Entretanto, ao
mesmo tempo, acabou por diminuir sua influência
nomeando sumos sacerdotes e amigos seus.

Nos últimos anos de seu reinado, Tutmósis III dividiu suas


atividades com seu filho primogênito, o jovem Amenófis.

Tutmósis III também implementou uma grande atividade


construtora, erguendo grandes obras. Isto foi possível, em
grande parte, graças à grande receita obtida através dos
tributos pagos pelos povos submetidos, pelo sangue de
guerra e pelo ouro oriundo da Núbia. Tal atividade só viria
a ser alcançada séculos mais tarde por Ramsés II.
O local de maior expressão desta atividade construtora foi
o templo de Amon em Karnak. Nele foram erguidos dois
obeliscos que se encontram hoje em dia em Roma e
Istambul, e acrescentando dois pilones. As colunas de
madeira do templo foram substituídas por colunas de
pedra, tendo também sido construído um novo santuário
para a barca divina.

A leste do grande templo em Karnak construiu-se em


blocos de arenito uma estrutura denominada sala das
festas, que tinha entre seus objetivos servir como espaço
de celebração da festa de Sed do faraó. Neste existe uma
pequena sala com quatro colunas papiriformes em cujas
paredes estão representados animais e plantas da Síria,
razão pela qual a sala é conhecida como “jardim botânico”.

O templo de Rá em Heliópolis recebeu também dois


obeliscos, que se encontram hoje no Central Park de Nova
York e no rio Tâmisa em Londres.

Outros locais do Egito onde também se fizeram sentir os


trabalhos ordenados pelo faraó foram Tebas, Kom Ombo,
Ermant, Tod, Medamud, Dendera e Esna. Na Núbia foram
efetuadas obras nos sítios de Buhen, Sai, Faras, Dakka,
Arco, Kuban, Semmae Guebel Barkal.

Tutmósis III mandou construir o seu templo funerário em


Deir El-Bahari, entre os templos de Mentuhotep II e de
Hatchepsut. O templo, descoberto em 1962, não possui a
grandiosidade do templo da madrasta.

Tutmósis III foi enterrado no Vale dos Reis, na tumba KV34,


descoberta em 1898 pelo egiptólogo francês Victor Loret. À
semelhança do que aconteceu com outros túmulos, este
também foi alvo de pilhagens. As suas paredes
encontram-se decoradas com figuras esguias pintadas a
negro e vermelho sobre um fundo cinzento que pretendia
simular o aspecto de um papiro, encontrando-se nelas a
versão mais completa do Livro de Amduat que fornecia ao
faraó defunto um mapa dos mortos e feitiços protetores e
a versão mais antiga que se conhece da Litania de Rá.

A sua múmia foi encontrada em 1889 em um estado


danificado no esconderijo de Deir El-Bahari, para onde
tinha sido transladada pelos sacerdotes da XXI dinastia,
que pretendiam proporcionar-lhe uma maior segurança e
consequentemente garantir a vida eterna do faraó.

*** ***

A Cruz Ansata

Talvez uma busca de significado tenha sido o que atraiu a


atenção de tantas pessoas para o símbolo conhecido como
cruz ansata ou ankh.

“Ankh” era a palavra egípcia para chave e significava


“chave da vida”, ao passo que “cruz ansata” é a
interpretação latina para cruz com alça.

A ankh é um valioso lembrete para muitas pessoas,


porque corresponde, não apenas à vida, mas também ao
universo. Há uma qualidade estética em sua forma
combinando a cruz e a alça, que satisfaz, além dos novos
sentidos físicos, nossa natureza emocional, na qual está
oculto seu significado profundo e simbólico.
Na cerâmica pré-dinástica que aparecem figuras de
mulheres unindo as mãos acima da cabeça, como a
representar essa alça. Mas não foi encontrado nada da
real cruz ansata até setecentos anos mais tarde, na Quinta
Dinastia, mais de dois mil anos antes de Cristo.

A partir dessa época, em que os reis egípcios eram


conhecidos mais como construtores do que como
guerreiros, a Ankh foi entalhada em baixos relevos,
tumbas e cerâmica, na África, na Palestina e na
Mesopotâmia, bem como em moedas e jóias no mundo
inteiro.

Nunca foi encontrada alguma prova do significado objetivo


da cruz ansata, mas se pode duvidar das ideias esotéricas
por trás do objeto físico.

Parece que tinha três aspectos para os egípcios antigos,


assim como havia três divindades básicas que são a alça
que representa o caos, a exalação ou o espírito santo de
Osíris, que diz no Livro dos mortos: “eu não posso ser pego
com a mão, mas sou aquele que ode te pegar em sua
mão!”. Salve ó Ovo!” e as duas partes da cruz abaixo da
alça, a dualidade de pensamento positivo e negativo,
constituindo a vontade de Osíris, cruzada com a mente de
sua esposa Ísis.

Esse ovo cósmico da criação, de fato, se manifestava nos


inúmeros personagens representados pelos diversos
deuses dos egípcios. Para eles, Osíris, Ísis e seu filho
Hórus funcionavam do mesmo modo que seu deus-sol Ra,
a energia criativa nutriente que deu vida a todas as coisas
e as fez crescer. Sem começo nem fim, o eterno Ra era
representado por esse símbolo. Em uma cruz ansata a
história simples do Gênesis poderia ser transmitida ao
longo da cruz do tempo.

Por falta de compreensão de ideias abstratas, a alma tinha


de ser algo tangível para o egípcio comum. Como era
impossível para ele pensar em Deus como uma energia
impessoal dando vida a todos os seres, era necessário que
os sacerdotes inventassem deuses correspondendo às
ideias da criação: Osíris, senhor do mundo inferior, e Ísis, a
mãe que não carregava apenas uma ankh, mas também
seu filho Hórus, deus do Sol. Dessa pitoresca trindade
evoluíram as várias personagens e os diversos nomes
substitutos transmitidos através dos séculos. Os nomes e
personagens mudavam, mas os conceitos eram sempre os
mesmos.

Os egípcios aprendiam que um deus não era divino a


menos que possuísse a chave da vida. Como os faraós
representavam deuses, eram em geral apresentados
segurando uma ankh na mão direita. Este símbolo
segurado por aqueles que eram considerados dignos,
significava que quem estava com ele podia viver no mundo
espiritual, assim como no mundo físico.

A ankh pode ter parecido pela primeira vez quando o


homem tomou consciência de si mesmo, pois ela
simbolizava aquilo que podia se destacar do seu próprio
ser e dizer: “eu sou”. A princípio, dada sua natureza
ingênua, os egípcios usavam a ankh para proteção contra
animais selvagens e répteis. Posteriormente, quando eles
se tornaram mais religiosos, passaram a colocá-la nas
ataduras dos mortos, a fim de que também eles pudessem
vaguear sem medo na vida póstuma. Os egípcios eram
instruídos no sentido de que cada parte do corpo estava
sob a influência de certo amuleto. Como se acreditava que
a ankh renovava a vida e tornava efetiva a ressureição de
toda a pessoa, ela passou a ser o amuleto mais
reverenciado de todos. Significava que aquele que a usava
alcançaria, não apenas “vida”, mas também imortalidade.

A cruz ansata é uma outra forma do planeta Vênus, que


simbolizado por um globo sobre uma cruz, significa,
esotericamente que a humanidade e toda a vida animal se
apartaram do círculo espiritual divino e caíram na geração
de macho e fêmea. Isto é corroborado pelo Gênesis,
segundo o qual Deus formou Adão do pó da terra; depois
que já tinha feito Adão fez Eva, no sentido místico, no sexto
dia.

Ísis, a Vênus egípcia, era a figura central nas peças e nos


dramas cerimoniais que representavam a morte de seu
esposo, Osíris. Sirius, a brilhante estrela de Ísis, marcava o
começo do ano quando esses dramas eram realizados. Às
vezes Ísis segurava um Lótus, símbolo da natalidade, em
uma das mãos e uma ankh na outra. E como a alça da cruz
representava o ovo da vida que era sagrada para ela, os
sacerdotes egípcios nunca comiam ovos.

Mais tarde, quando os sacerdotes foram convertidos ao


cristianismo, São Marcos os incentivou a abandonar essas
velhas crenças consideradas pagãs. Eles cancelaram os
dramas e os hieróglifos que os descreviam, e começaram
a fazer escrituras partindo de uma combinação do alfabeto
grego e de algumas formas antigas de letras egípcias.
Substituíram os encantamentos e as vinhetas do Livro dos
Mortos por frases mais atualizadas e eliminaram todos os
amuletos e símbolos exceto uma cruz ansata que hoje
ainda é valorizada.

Um símbolo é um arquétipo da consciência universal que


tem um tremendo impacto na pessoa, conforme o símbolo
seja criativo ou destrutivo. Isto, naturalmente, é
determinado por seu uso em gerações passadas. A
contemplação de um símbolo como a ankh, com suas
conotações espirituais, não pode deixar de influenciar
nossas relações com os outros de maneira benéfica.

Não apenas eleva e inspira a pensar na vida eterna no


outro mundo, mas a ideia de divindade é um guia para a
iluminação aqui e agora. A alma humana é como um
passarinho em uma gaiola. Nada pode privá-la de seus
anseios naturais, ou apagar a misteriosa lembrança de sua
herança natural.

Cada um de nós é, de certo modo, uma réplica da cruz


ansata, feita à imagem do conceito de Deus. Carregamos
conosco a alça da divindade e a cruz da vida. Se
combinamos as duas, ao invés de escolhermos uma ou a
outra, a relação se torna mais íntima. Ninguém expressou
isso melhor do que Jesus, quando disse: “o Pai e eu somos
um”.

Como o gênio da lâmpada de Aladim, nosso círculo de luz


criativa requer o estímulo de nossas ideias, para que
possa nos servir. Não é de admirar que Osíris dissesse:
“Salve ó Ovo! Salve ó Ovo”

*** ***
A civilização egípcia

A civilização do Egito desenvolveu-se em uma região


cercada de desertos, a leste e oeste, delimitado pelo
Mediterrâneo, ao norte, e a Núbia, ao sul, através de uma
área longa e estreita, às margens do Rio Nilo. Era uma
faixa de mais de mil quilômetros de extensão, mas que
raramente excedia trinta quilômetros de largura, e que se
dividia naturalmente em Alto e Baixo Egito.

O Nilo ameniza o clima seco do deserto. As inundações do


rio fertilizam as margens, criando condições excepcionais
para a agricultura. Assim, aquela estreita faia de terra foi
suficiente para iniciar uma grande civilização. A lama,
trazida das terras altas do interior e ali depositada,
facilitou o cultivo de grãos. Era uma região de fácil
manuseio. Os egípcios não precisaram executar trabalhos
de recuperação de terras, e o Nilo era um rio manso.
Embora transbordasse todos os anos, fazia-o de forma
previsível. Suas inundações não eram desastres
repentinos e destruidores. Ao contrário, eram bastante
regulares, o que permitia estabelecer um padrão para o
ano agrícola.

A ocupação dessa área se deu a partir do sexto milênio


a.C., recebendo levas de diferentes povos. A etnia dos
egípcios resulta da mistura desses grupos humanos que,
desde tempos pré-históricos, miscigenavam-se entre si.
Lentamente, os primeiros egípcios transformaram as
margens lodosas do rio num oásis comprido e isolado,
cercado de desertos e montanhas. O Nilo era como um
relógio, regulando os eternos ciclos que moviam a vida do
povo que habitava as suas margens. Por volta de 3.300
a.C., um número considerável de pessoas já vivia ao longo
de uma faixa de cerca de 500 quilômetros no Baixo Nilo,
em aldeias e povoados, próximos uns dos outros. As
pessoas organizavam-se em clãs. Esses egípcios
primitivos construíam barcos de junco, trabalhavam a
pedra e usavam o cobre, transformando-o em utensílios
para uso diário. As cidades demoraram a se desenvolver,
provavelmente porque não havia ameaças de invasores, o
que implicava que os agricultores não precisavam
refugiar-se em cidade para protegerem-se. Em meados do
quarto milênio, começaram a manter contato com outras
áreas, especialmente a Mesopotâmia.

A civilização

Os egípcios desenvolveram uma civilização complexa, que


funcionou com eficiência durante a maior parte de seus
três mil anos de duração. A história egípcia teve cinco
fases principais até desaparecer gradualmente sob o
domínio romano, quando o cristianismo passou a ser a
religião do Império.

A civilização egípcia teve, inicialmente, sua sede em


Mênfis, capital do Antigo Reino. Mais tarde, no Novo Reino,
a capital se estabeleceu em Tebas. As duas cidades foram
grandes centros religiosos e tinham um complexo de
palácios, em lugar de um centro urbano, propriamente dito.
De fato, os templos e edifícios administrativos, bem como a
residência real, determinavam, no primeiro momento o
espaço urbano.

O faraó

Embora a máquina administrativa consistisse das


autoridades civis, eclesiásticas e militares, a ideia que os
egípcios tinham de Estado era diferente daquilo que hoje
concebemos. Tinham, na verdade,a ideia do que pertencia
ao faraó e,até certo ponto, aos templos. O faraó,
considerado uma divindade, a encarnação de Hórus, era
uma figura-chave, o centro da vida egípcia. Ele era
responsável pela continuidade entre o divino e o humano, o
cósmico e o social. Durante a maior parte da história do
Egito antigo, todos os poderes sociais, até mesmo a
autoridade sacerdotal, derivavam do faraó e eram por ele
delegados.

Num estágio inicial, os nomarcas egípcios já possuíam


grande autoridade. O aspecto divino do faraó originou-se
nos “reis” pré-históricos, que tinham uma função diferente
dos monarcas posteriores. Esses “reis” eram sacerdotes,
responsáveis pela saúde e prosperidade da terra e da
comunidade que dela dependia. Acreditava-se que esses
reis e os ritos por ele presididos garantiam a boa colheita,
a ausência de pestes, a fertilidade das mulheres. Em
diversas culturas pré-históricas, os reis representavam o
Sol e tinha um séquito de doze assistentes, relacionados
aos meses solares (os treze, o rei e o séquito, referiam-se
aos meses lunares). Normalmente, o rei era sacrificado no
solstício de inverno, e um dos membros do seu séquito o
substituía.

Outra peculiaridade dessa função primeva do rei era um


rito para garantir a fertilidade da terra. Uma vez por ano
era celebrado esse ritual, no qual os deuses e deusas da
fertilidade, na verdade sacerdotes e sacerdotisas vestidos
como divindades, mantinham relações sexuais. O rito era
encenado pelas sociedades agrícolas da região que ia da
Mesopotâmia à Irlanda e continuou a existir em muitos
desses lugares até cerca de 500 d.C.. Os gregos chamavam
o ritual Hieros Gamos, ou “casamento sagrado”, parte
central do paganismo. O festival começava com uma
procissão em celebração ao casamento sagrado, seguida
por uma troca de presentes. Então, havia um rito de
purificação e a festa, propriamente dita. Depois, a câmara
nupcial era preparada, onde, à noite, o sacro-casal se
reunia para executar a união do deus e da deusa através
do ato sexual. Às vezes o deus ou deusa se “casava” com
um ou uma mortal; outras, era o rei que desposava uma
mulher que simbolizava a Terra, a qual dependia da sua
força masculina para frutificar. No Egito essas crenças
subsistiam, embora modificadas, na figura do faraó,
responsável pela fecundidade da terra e pelo bem-estar do
povo. Era ele quem controlava as cheias anuais do Nilo, o
que equivalia a controlar a vida das comunidades que
dependiam do rio. Os primeiros rituais de responsabilidade
do faraó relacionam-se à fertilidade, à irrigação e à
recuperação da terra. As representações de Menés, o
fundador do Egito, mostram-no cavando um canal.
No entanto, numa civilização que se estendeu por 3 mil
anos, a ideia de natureza divina do rei teve diferentes
sentidos. Os egípcios tinham, de fato, consciência de que o
faraó era um ser mortal e sujeito a todas as fraquezas da
condição humana. Reconheciam os governantes
excepcionais e tinham consciência de que outros eram
muito fracos. Assim, a crença na natureza divina do faraó
não interferia com a percepção do seu aspecto humano.
No Antigo Reino, considerava-se que a monarquia e o
próprio Egito tinham origem divina. O faraó tornava-se
uma das manifestações de Hórus, sem, no entanto, perder
as características humanas. Acreditava-se que a justiça
era o que o faraó amava, e o mal, aquilo que ele odiava. Ele
possuía onisciência divina e, portanto, não precisava de um
código de leis para guiá-lo.

No Médio Reino, devido à crise causada pela revolta dos


nomarcas (governantes dos nomos) que tentaram
desestabilizar a imagem do faraó, o rei do Egito perdeu,
em certa medida, os poderes divinos das sua função e
passou a representar a humanidade diante dos deuses. No
entanto, no Novo Reino, o faraó voltou a ser considerado
fisicamente o filho de Hórus, que tinha assumido o aspecto
do rei para gerar na rainha o faraó seguinte.

O aspecto belicoso do faraó, como senhor da guerra, foi


incorporado, nessa época, à iconografia. No Novo Reino, o
faraó passou a ser representado como um grande
guerreiro, enfatizando sua característica marcial.
Aparecem nos monumentos em seus carros de guerra
esmagando os inimigos ou caçando feras. Um registro
deixado por um funcionário do faraó testemunha a visão
que os egípcios tinham do soberano nesse período: “Ele é
um deus a quem devemos a vida, pai e mãe de todos os
homens, único e sem igual”.

No período helenista, com a decadência do Egito e o


declínio da monarquia, a origem divina do rei acabou sendo
apenas uma doutrina para legitimar quem ocupasse o
trono, principalmente os monarcas de origem estrangeira.

As classes sociais

O historiador grego Heródoto descreveu 7 classes sociais


no Egito: sacerdotes, militares, criadores de gado,
criadores de porcos, mercadores, intérpretes e pilotos de
barcos. Os historiadores modernos, distinguem, porém, 4
classes: uma classe superior, que incluía a família real, a
nobreza, os altos funcionários, os grandes sacerdotes e os
generais; uma classe média, com funcionários de nível
intermediário, sacerdotes, comerciantes e fazendeiros;
uma classe baixa, composta de artesãos e camponeses
livres; e, por fim, os escravos. Devido ao costume de os
reis egípcios manterem várias esposas e grande número
de concumbinas, uma parte importante da nobreza era
composta pelos descendentes e parentes do faraó. Os
sacerdotes garantiam, por serem porta-vozes dos deuses,
o poder real. Eram, também, a polícia secreta e mantinham
a ordem social. O historiador Heródoto, descreveu-os em
seu livro Istories: “ Eles são, dentre todos os homens, os
mais excessivamente atentos ao culto dos deuses e
observam as seguintes cerimônias: Usam roupa de linho
constantemente lavadas, são circuncisados para o bem da
higiene, acham melhor serem limpos do que belos.
Depilam o corpo inteiro a cada terceiro dia para que não se
acumulem piolhos nem outras impurezas, lavam-se com
água muito fria, duas vezes ao dia e duas vezes à noite. Os
altos líderes religiosos conheciam os nomes dos deuses,
os quais eram secretos, pois esse conhecimento permitia
invocar o poder da divindade. Por conta de controlar a
crença do povo e beneficiar-se da dependência que o faraó
tinha de seu apoio, os sacerdotes tornaram-se, com o
passar do tempo, mais ricos e mais poderosos do que a
aristocracia e, em certos momentos da história do Egito,
do que a família real. Educavam os jovens, acumulavam e
transmitiam conhecimento e tradição, disciplinavam com
zelo e rigor. Os tributos e impostos pagos aos templos
permitiram que os templos chegassem a possuir um terço
de todas as terras ao longo do Nilo.

A terceira classe social importante era a dos camponeses,


que constituíam grande parte da população, fornecendo
mão de obra para as grandes obras públicas e o excedente
da sua população agrícola, que sustentava as classes
nobres, a burocracia e a grande estrutura religiosa. Esses
camponeses eram, inicialmente, servos que trabalhavam
nas propriedades do monarca ou dos grandes templos. Na
terra fértil, cultivavam, com técnicas que melhoravam cada
vez mais com aperfeiçoamentos na irrigação, hortaliças,
cevada e um tipo de trigo, o trigo emmer, as principais
colheitas e se estendiam ao longo dos canais de irrigação.

Além de trabalharem a terra, os camponeses eram


recrutados para o serviço militar e para trabalhar em
obras públicas. Com a revolução que ocorreu no Primeiro
Período Intermediário, as famílias camponesas recebiam
terra para cultivar pagando um tributo que constituía numa
parte da colheita. O senhor dessas terras era, porém, o
faraó, um templo, um nomarca, ou algum latifundiário.

A quarta classe social era formada pelos escravos,


essencialmente, prisioneiros de guerra que o rei dava a
seus soldados como recompensa pelo seu desempenho
militar. Além dos trabalhadores livres, a produção de bens
também era realizada por escravos, sob as ordens dos
nomarcas. As guerras forneciam milhares de prisioneiros
que eram, em sua maioria, vendidos como escravos, cujo
trabalho facilitou a exploração das minas e a construção
dos monumentos grandiosos característicos da civilização
egípcia.

Contudo, a escravidão não tinha grande importância para a


economia egípcia. Os escravos gozavam de certa proteção
legal e podiam ser libertados. Também não era incomum
que os pobres se vendessem como escravos para garantir
a alimentação e moradia da família.

Os sacerdotes e burocratas profissionais, incluindo os do


exército, eram as duas categorias básicas das pessoas
alfabetizadas. A burocracia parece ter perdido a sua
independência e importância na política no decorrer do
período raméssida, sendo substituída pelo exército e pelo
clero. Assim, o clero tornou-se o repositório da cultura
intelectual. No período tardio os sacerdotes adquiriram
uma importância cultural mais vasta. Os visitantes gregos
falam deles com frequência e influenciavam os
acontecimentos, sobretudo pela mobilização da opinião
pública contra cortes nos seus rendimentos.

As egípcias

As mulheres egípcias tinham, em geral, mais


independência e uma condição mais elevada do que os
membros do seu gênero em outras civilizações. A arte
egípcia representa as damas da corte vestidas em belos
trajes de linho, cuidadosamente penteadas e adornadas de
jóias, usando cosméticos especiais, a cuja oferta os
mercadores locais devotavam grande atenção. Outra
evidência que atesta o relevo da mulher na sociedade
egípcia são representações dos faraós e de suas rainhas,
bem como, de outros casais nobres, retratados com uma
correlação de sentimentos que sugere verdadeira
igualdade emocional.

De fato, a liberdade das egípcias deixou os viajantes


gregos, que confinavam suas mulheres, chocados. Os
helenos ficaram admirados ao constatarem que as
egípcias podiam exercer publicamente suas atividades
sem serem molestadas ou perseguidas. Podiam dispor de
seus bens e tinham seus direitos legais garantidos.

As belas mulheres, como Nefertiti, esposa de Akhenaton,


representadas em muitas pinturas e esculturas, refletem o
poder conquistado pelo seu gênero, indicando influência
política, inexistente em muitos outros lugares. Muitas
vezes, o poder era transmitido pela linhagem feminina.
Uma herdeira conferia ao marido o direito à sucessão, o
que resultava em grande preocupação com o casamento
das princesas. Muitos casamentos reais uniam irmão com
irmã. Alguns faraós casaram-se com as próprias filhas,
por vezes, mais para evitar que alguém se casasse com
elas do que para preservar seu sangue divino. Algumas
consortes exerceram poder e uma delas, Hatshepsut, fazia
questão de comparecer nos rituais com a barba cerimonial
postiça, envergando roupas masculinas e ostentando o
título de faraó.

Também há grande presença feminina no panteão egípcio,


notadamente no culto a Ísis. A literatura e as artes
pictóricas enfatizavam o respeito pela esposa e pela mãe.
Algumas mulheres sabiam ler e escrever e há uma palavra
egípcia para designar a mulher escriba, embora, de fato,
não houvessem muitas ocupações fora do lar exercidas
pela mulher, a não ser as de sacerdotisa ou prostituta.

As mulheres egípcias usavam todos os recursos


cosméticos, chegando a pintar as unhas e os olhos;
algumas cobriam-se de jóias. Falavam de sexo de maneira
direta, rivalizando-se com as mulheres mais livres dos
dias de hoje; podiam tomar a iniciativa de cortejar, e o
marido só podia pedir o divórcio se a mulher cometesse
adultério comprovado, ou mediante uma liberal
compensação.

A administração do reino

O império era dividido em províncias ou “nomos”. Havia 20


nomos no Baixo Egito e 22 no Alto Egito. Sua
administração era feita por nomarcas nomeados pelo
faraó, mas que buscavam tornar-se senhores hereditários.
Os escribas administravam o império sob supervisão do
faraó, do clero e dos nomarcas. Assim organizado, o
governo cobrou impostos, acumulou capital, criou um
sistema de crédito, distribuiu recursos para a agricultura,
a indústria e o comércio, e até mesmo desenvolveu um
serviço postal.

À frente dos diferentes ministérios, havia um vizir,


intermediário entre o faraó e as repartições
governamentais. A função do vizir teve início nos
primórdios da civilização egípcia, consolidando-se na
sexta dinastia. O vizir atuava como magistrado,
supervisionava as finanças, as obras públicas, os arquivos
governamentais e a alfândega.

Depois da sexta dinastia, o poder do vizir passou a ser


nominal, e seu poder só foi restaurado no Médio Império.
Em certas épocas, houve 2 vizires, um responsável pelo
Alto Egito e outro, pelo Baixo. Sob a autoridade do vizir
também estava a administração das províncias, os nomos,
governados pelos nomarcas nomeados para tanto. O vizir
também era responsável pelos quatro grandes
departamentos em que se dividia a administração do
império. O primeiro desses departamentos era o Tesouro,
que recolhia os impostos e administrava a economia. O
segundo era o da Agricultura, dividido em um setor
dedicado à pecuária e outro, à agricultura. O terceiro era o
Arquivo Real, que mantinha os títulos de propriedade e os
registros civis. O quarto departamento, o da Justiça, tinha
como responsabilidade a aplicação das leis.
No Novo Império, o Egito possuía uma elaborada
hierarquia de burocratas. Em geral, os mais importantes
vinham da nobreza.

Alguns desses burocratas foram sepultados com uma


pompa que rivalizava à do faraó. Famílias menos
eminentes forneciam milhares de escribas para o quadro
de funcionários da máquina de governo. Esses escribas,
que tinham papel de destaque na administração do
império, eram treinados em uma escola especial em Tebas.

Suas características principais podem ser conhecidas por


meio de textos que elencam as aptidões necessárias para
se ter sucesso como escriba: dedicação aos estudos,
autocontrole, prudência, respeito aos superiores, atenção
extrema à inviolabilidade dos pesos e medidas,
propriedade de normas legais.

Os conflitos de classes eram comuns. Um papiro registra a


reivindicação de alguns trabalhadores ao supervisor:
“Fomos trazidos para cá pela fome e pela sede; não temos
roupas, azeite nem comida. Escreve para o nosso amo, o
faraó, e para o governador, que está acima de nós, para
que eles nos deem algo para o nosso sustento”. Não
houve, porém, uma revolução de classes, a não ser que se
considere o êxodo dos judeus como tal.

O escriba

Uma figura vital na administração do Egito era o escriba,


responsável pela redação de documentos e administração
de serviços do governo. A importância do escriba, sua
relevância na administração do império, é retratada na
famosa estátua de pedra. O Escriba sentado no chão à
maneira oriental, vestindo apenas um saiote de tecido
branco, tem um “estilo”, uma caneta de junco, atrás da
orelha, como reserva para a que esta usando. Os rolos de
papiro que manuseia, provavelmente, registram relações
de trabalhos executados e mercadorias pagas, preços e
custos, lucros e perdas, impostos devidos e a pagar, ou
contratos e testamentos que ele redigiu. Sua vida é
monótona, mas ele valoriza seu papel, escrevendo ensaios
sobre o sofrimento que o trabalhador manual enfrenta e
sobre a dignidade do escriba, cujo alimento é o papel e o
sangue, a tinta.

O exército

No Antigo Reino e no início do Médio Reino, o Egito não


dispunha de um exército permanente. Cada nomo tinha sua
própria milícia, e as grandes propriedades dos templos,
sua força policial. As forças egípcias contavam com uma
marinha, que se limitava ao Nilo. Havia numerosas forças
auxiliares, com núbios, líbios e berberes. Quando havia
necessidade, fazia-se campanhas de recrutamento, e cada
vila precisava contribuir com um contingente de
determinado tamanho.

Depois da crise do Médio Reino, que resultou no maior


desenvolvimento das forças egípcias, o exército passou a
ser mais bem organizado. A partir dessa época, foi criado
um corpo de carros, puxados por dois cavalos, levando
dois homens: um condutor e um soldado. No tempo de
Ramsés II, o exército passou a ser dividido em quatro
corpos: Amon, Ra, Ptah e Set. Cada um deles tinha cinco
mil homens, agrupados em vinte companhias, subdivididas,
por sua vez, em cinco grupos de cinquenta homens. As
companhias eram lideradas por oficiais profissionais e os
grupos, por militares de nível equivalente ao de sargento.
Dois escribas administravam o exército, sendo um
responsável pela tropa e outro pelas provisões. Cada
companhia tinha seu próprio escriba encarregado da
organização.

Grandes construtores

Os egípcios destacaram-se principalmente pela sua


arquitetura e tendência de construir monumentos
grandiosos. Sua arte pictórica mostrou-se pouco criativa.
Colocada a serviço da religião, era fixada num padrão
comum, característico por mostrar a imagem com o torso
de frente e os pés e a cabeça voltados para outra direção.

De fato, o nascimento das primeiras civilizações


inaugurou, igualmente, o esforço da construção de obras
colossais, em especial religiosas. Nas primeiras cidades a
riqueza produzida pela agricultura foi usada para manter
as classes sacerdotais, que elaboravam complexas
estruturas religiosas e encorajavam a construção de
grandes prédios com funções mais do que meramente
econômicas. Assim, no alvorecer da civilização, os
arquitetos e construtores estiveram vinculados aos
representantes das religiões locais e aos reis e
governantes. Formaram um elo muito íntimo com
imperadores e sacerdotes, conforme relatam textos
antigos, inclusive a Bíblia. Essa intimidade com os círculos
de poder garantiu uma posição elevada a eles. Mais do que
riquezas e prestígio, os arquitetos adquiriram
conhecimentos técnicos e desenvolveram tecnologias que
os tornaram lendários em uma época em que ciência
significava magia. Alguns construtores eram tidos até
mesmo como filhos de deuses. De fato, as construções
promovidas pelo clero, isto é, pelos sacerdotes, e pelos
reis e executadas pelos construtores resultou,
especialmente com o desenvolvimento da escrita, em um
acúmulo de cultura que, se tornou mais e mais
efetivamente um instrumento para mudar o mundo.

Havia uma hierarquia a ser respeitada e o aprendizado era


feito por meio de iniciações. Os construtores da
Antiguidade admitiam iniciantes na categoria que
começavam na condição de aprendizes. Depois de
demonstrarem habilidade, comportamento ético, disciplina
e outras exigências, esses aprendizes eram gradualmente
“iniciados” nos conhecimentos e práticas secretas da arte.
Não se tratava, porém, de uma única iniciação, mas de
várias. A cada uma delas, novas técnicas e conceitos eram
ensinados.

Até cerca de 1.800 a.C., a engenharia egípcia suplantou


qualquer outra. Entre seus grandes feitos, construiu canais
unindo o Nilo ao Mar Vermelho e transportou através de
grandes distâncias pedras e obeliscos que pesavam
milhares de toneladas, além das colossais Pirâmides de
Gizé.

As casas e construções agrícolas eram feitas de adobe e


não pretendiam desafiar a eternidade. No entanto, os
palácios, túmulos e memoriais dos faraós eram outra
questão, uma questão de afirmação da magnitude da
civilização egípcia e de seu rei-deus. Sob a direção de um
escriba, milhares de escravos e, por vezes, regimentos de
soldados eram destacados para cortar e colocar em
posição manualmente enormes blocos de pedras
adornados, muitas vezes entalhados e pintados de forma
elaborada. Para tanto, usavam, primeiro, ferramentas de
cobre e, depois, de bronze. Não dispunham de guindastes,
roldanas ou moitões, mas valiam-se de alavancas e
plataformas móveis, além de enormes rampas de terra,
pelas quais elevavam as pedras ao topo da construção.
Dessa forma, os egípcios produziram monumentos que,
ainda hoje, surpreendem e intrigam pelo tamanho e
dificuldade técnica. Entre suas contribuições para a
arquitetura estão, além da coluna, o arco, a abóbada, o
capitel, o arquitrave e o frontão triangular.

“Quem vence sem riscos, triunfa sem glória!”

*** ***
Por que os iluminados sofrem?

Uma pessoa iluminada é aquela que está imbuída de um


forte senso de justiça e de compaixão. Tem a coragem e a
determinação de repelir tudo o que considera moralmente
errado e contenha injustiças que causam sofrimento à
humanidade. Colocando de forma mais simples, a pessoa
iluminada não foge da realidade da vida. Ela não tenta
escapar daquilo que pole lhe causar perturbação ou danos
pessoais, promovendo a causa que sua consciência
iluminada considera correta.

Deste ponto de vista, vemos que a pessoa iluminada se


expõe mais aos perigos do fanatismo, da intolerância, da
crueldade e da violência do que outras pessoas. A história
revela isso na vida dos grandes preceptores do
conhecimento ou da liberdade de consciência. Akhenaton
sacrificou sua autoridade, Sócrates e Pitágoras sofreram
humilhações. Outros como Paracelso, Copérnico e Bruno
sofreram por apoiarem um conceito iluminado. Zoroastro,
Moiséis e Jesus, todos passaram por humilhações, abusos
e tormentos.

Essas pessoas, com seu conhecimento adquirido e aquela


sabedoria que lhes era espiritualmente imanente,
certamente poderiam tê-los usado para sua proteção
pessoal. Poderiam ter estabelecido circunstâncias nas
quais teriam sido libertados de perseguições pessoais ou
da morte por violência. No entanto, nesses exemplos, eles
nunca teriam sido honrados pela história como sendo
seres intelectualmente, eticamente ou espiritualmente
superiores e bem possivelmente não teriam atingido as
metas pessoais de realização espiritual que buscavam.

Consequentemente, na maioria das vezes, isso explica por


que as pessoas mais iluminadas usam seus lampejos
intuitivos, conhecimentos e técnicas adquiridas não
principalmente para si mesmas, mas por uma causa a que
se devotaram e que consideram de maior valor do que
alguns anos a mais de vida pessoal.

Poder-se-ia perguntar: uma causa não seria levada


adiante de uma melhor forma se seus líderes iluminados
vivessem e usassem sua sabedoria para essa finalidade?

Sim, se o restante fosse igual. Mas, como já foi dito, a


pessoa iluminada geralmente é um radical não no sentido
da violência, é claro, mas por introduzir métodos e
conceitos novos e divergentes. Portanto, ele muitas vezes
tem que combater as tradições estéreis que não deixam a
humanidade caminhar. Essas tradições são muitas vezes
usadas para fins de opressão da liberdade de pensamento
e consciência por aqueles que têm objetivos nefastos.
Além disso, pessoas ignorantes equivocadamente atacam
uma espécie de valor sagrado de uma tradição
simplesmente porque é uma coisa antiga. Pessoas assim
ressente-se de mudanças mesmo que, em última
instância, elas venham para o bem da humanidade. Mesmo
o raciocínio mais eloquente não consegue convencê-las a
se adequarem ao inevitável. A pessoa iluminada, portanto,
por seus atos de progresso, expõe-se à hostilidade
amarga daqueles que se opõem a mudanças.
A verdadeira pessoa iluminada, em qualquer de suas
capacidades, muitas vezes se transforma em mártir.
Muitos grandes cientistas, tendo sido obrigados a agir
contra a inércia da ignorância as massas com novas ideias
revolucionária, sofreram enormemente por causa do
conhecimento que tentaram comunicar à humanidade. Até
certo ponto isso ainda continua acontecendo nos dias de
hoje em nossa assim chamada “Era Iluminada”.
Poderíamos dizer que Deus apenas propicia iluminação
àqueles que têm o caráter e a força para se sacrificar de
boa vontade por uma causa meritória em vez de usar tal
superioridade exclusivamente para seu próprio bem-estar
e euforia.

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Atenção

Colabore com a expansão da Maçonaria Egípcia indicando


12 novos Membros para o Soberano Santuário Mundial da
Maçonaria Egípcia.

Que o Grande Arquiteto do Universo colabore com este seu


sagrado esforço em prol de uma humanidade melhor.

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