Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anlisede Aspectos Cognitivosna Utilizaode Piloto Automticoe Controlede Velocidadee Potncia
Anlisede Aspectos Cognitivosna Utilizaode Piloto Automticoe Controlede Velocidadee Potncia
Anlisede Aspectos Cognitivosna Utilizaode Piloto Automticoe Controlede Velocidadee Potncia
net/publication/354761621
CITATIONS READS
0 40
11 authors, including:
All content following this page was uploaded by Welson Lopes on 22 September 2021.
Pró-Reitoria de Extensão e
Cooperação
2
CDU 629.73.072
LUCCAS FLAVIO DOS SANTOS
TIAGO DE FREITAS CARDOSO
MARCELO CÉSAR MACIEL
WELSON DOS SANTOS LOPES
FABIO PARO BELLAGAMBA
Orientadores
Prof. Donizeti de Andrade, Ph.D.
Prof. Marcelo Soares Leão, M.C.
2016
i
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANTOS, Luccas F.; CARDOSO, Tiago F.; MACIEL, Marcelo C.; LOPES, Welson
dos S.; BELLAGAMBA, Fabio P. Análise de Aspectos Cognitivos na Utilização de
Piloto Automático e Contole de Velocidade e Potência. 2016. 83f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Lato Senso) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José
dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DOS AUTORES: Luccas Flavio dos Santos, Tiago de Freitas Cardoso, Marcelo
César Maciel, Welson dos Santos Lopes, Fabio Paro Bellagamba.
TÍTULO DO TRABALHO: Análise de Aspectos Cognitivos na Utilização de Piloto
Automático e Controle de Velocidade e Potência
TIPO DO TRABALHO/ANO: TCC /2016
Essa publicação foi aceita como Relatório Final de Trabalho de Conclusão de Curso
do Programa de Especialização em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade
Continuada
________________________________________________________
Donizeti de Andrade Ph.D.
Orientador e Coordenador do Curso
________________________________________________________
Prof. Marcelo Soares Leão M.C.
Orientador
________________________________________________________
Ernesto Cordeiro Marujo Ph.D.
Pró-Reitor de Extensão e Cooperação
ITA
São José dos Campos, 19 de novembro de 2016
ii
Dedicatória
Agradecimentos
Resumo
Abstract
The current world aviation scenario has great technological evolution and the
automation shows increasingly incorporated to operations. The introduction of
automated systems such as the autopilot and the speed and power controls (autothrottle
and autothrust), despite all the benefits that no doubt add to all types operations, can
on the other hand, generate a dependency of the pilots who now have less contact with
the manual flight operation of the aircraft, and when they are forced to operate
manually in a faulty situation of these systems, they experience an increase in their
workload, which can lead to the rupture of the cognitive system, taking them to commit
mistakes that result in injury or significant events. This study aims to conduct an
analysis of cognitive factors in the use of autopilot and speed and power controls. This
also provides a quantification of the Brazilian aeronautical community perception of
these systems through a survey conducted by the authors. Consolidated studies about
human behavior, indicate that complex systems operation requires learning time that
results in the ability to operate the equipment, and the maintenance of this ability is
directly related to exposure to this operations. The absence of exposure to a particular
work, requires a large workload of the cognitive system when this activity is resubmitted
to humans, and can sometimes lead to its rupture. As a method to remedy situations
workload increase by rupture of the cognitive system, is suggested that the operators to
adopt continued measures to ensure the maintenance of pilots cognition.
Abreviaturas
A/T – Autothrottle
A/THR – Autothrust
AP – Autopilot
CL – Climb
FD – Flight Director
FH – Fatores Humanos
HF – Human Factors
LOC – Localizer
PF – Pilot Flying
PM – Pilot Monitoring
REV - Reverse
Sumário
1 Introdução ............................................................................................................ 13
1.1 Metodologia .......................................................................................................... 14
1.2 Justificativa .......................................................................................................... 15
1.3 Objetivo ................................................................................................................ 29
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 29
1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 29
1.4 Limitações ............................................................................................................ 30
1.5 Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 30
2 Histórico e descrição de sistemas ....................................................................... 32
2.1 Aeronaves com elevado nível de automação ..................................................... 32
2.2 Piloto Automático ................................................................................................ 34
2.3 Controles de velocidade e potência .................................................................... 38
3 Sistema cognitivo humano em ambientes complexos ....................................... 42
3.2 Modelos teóricos .................................................................................................. 46
3.2.1 Modelo SHELL .................................................................................................. 47
3.2.2 Modelo 5M ......................................................................................................... 49
3.2.3 Modelo de gerenciamento de erros .................................................................. 50
3.3 Meios de detecção e prevenção de ameaças e erros .......................................... 51
4 Apresentação do cenário mundial...................................................................... 54
5 Cenário Nacional .................................................................................................. 63
6 Conclusões ............................................................................................................. 75
6.1 Sugestões de trabalhos futuros ........................................................................... 76
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 77
x
Lista de Figuras
Figura 2 - Vista de perfil dos últimos 40 segundos do voo 214 (NTSB, 2013) .......... 25
Figura 5 - Bellinger (no alto à direita) com os barcos voadores Curtiss C-2 (US Navy,
1914) ............................................................................................................................. 35
Figura 7 - Sistema básico de piloto automático (Bill Harris apud William Harris,
2007). ............................................................................................................................ 38
Figura 12 - Porcentagem de acidentes fatais por fase de voo (Boeing, 2015) ............. 44
Figura 17- Reprenentação gráfica do modelo do queijo Suíço (Reason, 1990) ........... 51
xi
Figura 22 - Pilotos não estão a par da situação de controle (The Flight Deck
Automation Working Group, 2013) ............................................................................. 58
Figura 24 - Erros no uso da Automação (The Flight Deck Automation Working Group,
2013) ............................................................................................................................. 60
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Tabela de danos as pessoas a bordo do Asiana 214 (NTSB, 2013) ............ 26
13
1 Introdução
A cabine de comando de uma aeronave vem apresentando a longo dos últimos 30 anos,
uma considerável elevação no uso de tecnologias responsáveis pelo controle e
gerenciamento de voo (National Transportation Safety Board, 2010). As aeronaves
modernas comumente utilizam Piloto Automático e sistemas de Controle de Velocidade
e Potência. O uso de piloto automático em aviões teve início logo após o começo da
década de 1910, quando Lawrence Sperry utilizou-se de um sistema de giroscópio para
controlar uma aeronave. O sistema de controle de velocidade e potência
(autothrottle/autothrust) teve sua história iniciada ao final da Segunda Guerra Mundial,
onde equipou pela primeira vez um Me-262. A partir destes momentos distintos, os
mesmos passaram por inúmeros aperfeiçoamentos, e hoje equipam um sem número de
aeronaves ao redor do mundo. Tais sistemas são de grande importância, uma vez que
levaram a significativas melhorias na segurança operacional, redução da carga de
trabalho e maior segurança nas operações.
Apesar de todas as qualidades e evoluções notadas, mostra-se que o uso contínuo destes
sistemas podem levar a uma degradação de habilidades manuais, principalmente em
casos de necessidade de recuperação da aeronave de um estado não desejado. Estudo
recente da Federal Aviation Administration (2013) identificou um aumento de erros no
voo manual. Segundo o Flight Deck Automation Working Group (2013), por vezes,
pilotos tornam-se dependentes de tais sistemas, confiando extremamente, delegando
autoridades e relutando em intervir, ao mesmo tempo em que se apresenta uma
diminuição considerável de consciência situacional.
14
Sistema cognitivo: Definido de maneiras diversas por vários autores de estudos sobre
comportamento humano, podendo inclusive ser dividido por padrões diferentes de
controle cognitivo, o grupo de pesquisa a define como sendo a capacidade do indivíduo
de desenvolver, usar e manter seu intelecto, competências e habilidades.
Workload: Definida como o montante de trabalho que um indivíduo deve realizar num
certo período de tempo. A carga de trabalho é inversamente proporcional a sua cognição
e sua consciência situacional, ou seja, quanto maior sua cognição e CS, menor sua carga
de trabalho.
1.1 Metodologia
O escopo desse trabalho tráz a análise de alguns acidentes em que se atribuiu como
fatores contribuintes o mal gerenciamento da automação e/ou a deficiência do voo
manual nos sistemas de piloto automático e/ou sistemas de controle de velocidade e
potência. Demonstra-se que nos casos de falha destes sistemas, o piloto ficou com a
carga de trabalho demasiadamente aumentada levando-o a uma ruptura do sistema
cognitivo, ou houve caso de complacência ou desconhecimento do correto
funcionamento de tais sistemas.
15
Adicionalmente serão compilados dados de um estudo realizado pelo “The Fligth Deck
Automation Working Group” a fim de apresentar o cenário mundial e demonstrar que
um aumento da carga de trabalho do piloto em comando foi um fator contribuinte que
para o acidente ou evento.
1.2 Justificativa
De acordo com estudo da FAA (1996), mostra-se uma preocupação crescente com a
introdução de sistemas automatizados. Ao mesmo tempo que se apresenta uma melhora
na carga de trabalho, precisão e economia na operação, por vezes, o ser humano mostra-
se vulnerável devido a introdução de tais sistemas e torna-se necessário estudos para o
desenvolvimento de medidas para mitigação de tais problemas. De acordo com estudo
do The Automation Working Group (2013), incidentes recentes e reportes de acidentes
sugerem que tripulações ainda se mostram vulneráveis aos problemas estudados em
1996. Perante o cenário apresentado, faz-se necessário uma análise da percepção do
operador Brasileiro da situação para a captação de indicadores e adoção de futuras
medidas de mitigação.
Dito isso, o presente capítulo tem como intuito compilar acidentes aeronáuticos que
tenham como fator contribuinte/causa provável ações relacionadas aos efeitos da
automação, incluindo perda de consciência situacional, diminuição de aspectos
cognitivos, mau gerenciamento ou falta de entendimento pleno da situação e sistemas.
16
Análise
Primeira hipótese: uma falha no sistema de controle de potência, que viria fornecer ao
motor nº2 a informação de que a manete se encontrava na posição CL,
independentemente de sua posição verdadeira. Tal possibilidade não pôde ser
descartada, porém trata-se de uma chance no pouso de 4x10¹¹ por hora de voo.
Fatores contribuintes
Recomendações
modo que seja soado somente para função que foi projetada: avisar a tripulação para
posicionar os manetes na posição idle; Emissão de Diretriz de Aeronavegabilidade para
inclusão de alarme de aviso a tripulação de posicionamento equivocado dos manetes.
TAM Linhas Aéreas: Enfatizar tripulantes técnicos ao fiel cumprimento da MEL dos
equipamentos A319, A320 e A321. Reavaliar o Programa de Treinamento, buscando
adequá-lo ás necessidades de operação, considerando: um acompanhamento das
condições técnico-operacionais dos tripulantes. Aperfeiçoar processos de
acompanhamento de desempenho de tripulantes ao longo de sua vida operacional na
empresa; estabelecer processos de treinamento diferenciados para formação e
reciclagem de pilotos.
As 2h12min, o PF alegou não ter mais displays e o PNF alegou não terem indicações
confiáveis. Neste momento, a manete de potência encontrava-se em IDLE e o N1 do
motor encontrava-se em 55%. Cerca de 15 segundos depois, o PF, realizou um
momento picador e conforme o ângulo de ataque decrescia, a velocidade tornava-se
confiável novamente e o alarme de estol voltava a soar.
As 2h13min 32s, o PF indicou que a aeronave iria nivelar a 10 mil pés. Ambos os pilotos
realizavam atuação sobre os comandos.
Análise
O aviso de estol é diretamente relacionado ao ângulo de ataque. De acordo com a
configuração do sistema, quando a velocidade indicada é menor que 60kt, o ângulo de
ataque não é computado, uma vez que o sistema não o considera confiável. Durante o
voo, o tubo de pitot congelou, demonstrando uma indicação errônea de 60kt. A
indicação do ângulo de ataque mostrava-se por vezes válida, por vez inválida. Uma vez
que o valor se demonstrava inválido, o aviso de estol cessava. Em duas ocasiões, o PF
mostrou-se confuso pois ao puxar o sidestick, a velocidade diminuía e o alarme de estol
parava de soar.
1
O sistema de controle de voo da Airbus® é dividida em três leis de proteção contra comandos e
velocidade fora do normal, que são, normal law, alternate law e direct law, cada uma delas com um Nível
diferente de proteção, onde o normal law tem todas as proteções disponíveis até o direct law onde não há
proteção.
22
O avião entrou em estol, sendo alertado pelo aviso sonoro e forte vibração proposital de
estrutura (buffet). Mesmo com estes sintomas, os tripulantes não foram capazes de
entender corretamente a situação, bem como lidar com a mesma.
Causas do acidente
De acordo com a agência BEA (2012), o acidente trata-se de uma sucessão de eventos:
Ainda segundo a agência, tais eventos citados, podem ser associados à combinação de
alguns fatores:
Indicações do Flight Director podem ter levado a acreditar que suas ações eram
apropriadas, mesmo não sendo as corretas;
Recomendações
internacional de São Francisco, sendo destruído pela força do impacto e o incêndio pós
impacto. Dos 291 passageiros a bordo, 3 morreram, não havendo fatalidades na
tripulação. Este foi o primeiro acidente com vítimas fatais do Boeing 777.
A certo ponto da aproximação, a aeronave já estava toda configurada para pouso, ainda
que algumas velocidades de flap tivessem sido desconsideradas em desacordo com o
Standard Operational Procedures - SOP procedimentos operacionais padrão da
empresa. A velocidade continuava caindo e a razão de descida ainda estava alta, mesmo
com o alerta do PM. O PF neste momento desconectou o piloto automático e o
autothrottle A/T, para prosseguir em voo manual, mudando assim o modo de operação
do A/T.
25
À 0.8 milhas da pista, os tripulantes avistavam 4 luzes vermelhas no PAPI, onde numa
operação normal, o correto seriam 2 vermelhas e 2 brancas (Figura 2). A razão de
descida ainda se encontrava acima do normal, fazendo com que o copiloto que
observava o voo, avisasse o PF da excessiva razão de descida e o PM sobre a velocidade
diminuindo. O PF disse estar ciente e pediu que o PM desligasse o diretor de voo FD.
Quando a aeronave estava a 7 segundos da pista, o PF colocou os dois manetes de
potência na posição de arremetida TO/GA gerando potência máxima aos motores. Neste
momento já não havia mais tempo para a recuperação, e a aeronave chocou-se com o
quebra mar na cabeceira da pista, tendo desprendimento dos trens de pouso principais e
rompendo a fuselagem no último terço da mesma. A aeronave deslizou na pista, realizou
um giro de 330° e parou. Um dos motores que havia se desprendido na hora do impacto
foi projetado contra a aeronave incendiando-a. Neste momento, houve início da
evacuação de emergência. Na tabela 1, encontra-se o número vítimas.
Figura 2 - Vista de perfil dos últimos 40 segundos do voo 214 (NTSB, 2013)
26
Conclusões
A agência que investiga acidentes do setor de transportes nos Estados Unidos (NTSB,
National Transportation Safety Board), concluiu à conclusão que não havia evidência
de fadiga por parte dos pilotos. O certificado da aeronave, dos pilotos e comissários, o
aeroporto e tampouco a meteorologia estavam envolvidas como causas prováveis do
acidente. Além das causas do acidente, o NTSB investigou também as ações realizadas
pós impacto (bombeiros, estrutura, evacuação e etc.), e seus efeitos para com o acidente
não sendo estes citados neste estudo.
O comandante em instrução que estava como PF, sentia-se confortável com a operação
sem a utilização do glide para auxílio na rampa, porém não informou os outros
27
Após todos os estudos e análises, chegou-se então a conclusão final de que as prováveis
causas que contribuíram para o acidente foram: falta de consciência situacional no
procedimento final de aproximação devido ao mal gerenciamento da automação pelos
pilotos, desativação sem intenção do controle automático de velocidade, inadequado
gerenciamento da velocidade e demora na execução do procedimento de arremetida,
mantendo a aeronave em voo fora do tolerado por tempo demasiado. Os fatores
28
Recomendações
Solicitar à Boeing a revisão do Flight Crew Training Manual - FCTM do Boeing 777
assim que o treinamento for desenvolvido, no que diz respeito à demonstração de
proteção de estol, e uso do A/T e AP, e;
Revisar o critério de qualificação para pilotos instrutores, de modo a garantir que sempre
haja um piloto mais experiente supervisionando e observando os candidatos;
1.3 Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise de aspectos cognitivos na
utilização de piloto automático e controle de velocidade e potência em aeronaves
automatizadas, através do estudo da percepção da comunidade aeronáutica Brasileira e
revisões bibliográficas, a fim de gerar indicadores para mitigações de tais eventos.
1.4 Limitações
Tal questionário confeccionado pelos autores limita-se no quesito de público alvo, uma
vez que não exista qualquer separação entre operadores de aeronaves conforme
diferentes regulamentos operados. O estudo limita-se ainda a questionário apresentado
e revisão bibliográfica, não tendo sido realizados experimentos práticos, como
auditorias em voo.
O quarto capítulo apresenta estudos realizados no cenário mundial para análise dos
problemas gerados pelo elevado nível de automação.
31
Segundo a Air Line Pilots Association - ALPA (2008) a automação na aviação comercial
dividide-se em três classes:
De volta aos Estados Unidos, Sperry foi contatado pela força aérea Americana em 1916
para desenvolver um torpedo guiado, ele então em parceria com Charles Kettering
inventor do torpedo Kettering, desenvolveram o “Kettering Bug”, que ficou pronto em
1918 sendo o primeiro torpedo de cruzeiro, podendo alcançar até 40 milhas náuticas.
Entretanto, com o fim da primeira guerra mundial, o projeto foi paralisado, mas tornou-
se base para o que seria a bomba voadora alemã chamada de Vergeltungswaffe-1 V-1.
Também em 1918, Patrick N. L. Bellinger, o primeiro piloto a voar com o piloto
36
Em 23 de Dezembro de 1923, Sperry decolou da Inglaterra para a França num dia com
muita névoa, e desapareceu, sendo seu corpo encontrado somente em 11 de janeiro de
1924. Entre 1915 e 1923, Sperry tinha 23 patentes, entre elas, toda a instrumentação
necessária para a realização do voo com visibilidade zero, como, horizonte artificial e
indicadores de curva e inclinação, instrumentos que foram incorporados ao sistema de
piloto automático e até hoje fazem parte da instrumentação a bordo dos aviões.
Descrição do sistema
Sistemas de Piloto Automático podem executar tarefas como manter uma altitude, subir
ou descer para uma altitude desejada, curvar para e manter uma proa desejada,
interceptar um curso, guiar a aeronave entre pontos que façam parte de uma rota
programada no Flight Management System - FMS, e executar uma aproximações de
precisão e não precisão.
Muitos diretores de voo aceitam inserção de dados tais como Air Data Computer - ADC,
attitude heading reference system - AHRS, dados de navegação, painel de controle do
piloto e realimentação dos servos do sistema de piloto automático.
Descrição do Sistema
No modo de velocidade, os manetes são posicionadas para manter uma velocidade pré-
selecionadas, controlando a velocidade da aeronave dentro das margens seguras de
41
No modo de tração o motor, é mantido em uma seleção fixa de potência de acordo com
as diferentes fases do voo. Por exemplo, durante a decolagem a potência de decolagem
é mantida constante até que a fase de decolagem termine. Durante a subida, o sistema
mantém a potência constante e na fase de descida o sistema retarda as manetes de
potência para a posição mínima (Idle). Quando o sistema de controle de velocidade e
potência está operando no modo de tração, a velocidade é ajustada pelo ângulo de ataque
da aeronave ou pela coluna de controle e não há proteção de velocidade pelo
Autothrottle.
custo cognitivo (processos cognitivos requeridos para atenderem objetivos). Neste caso,
os erros cometidos pelos operadores seriam consequências de ruptura do compromisso
cognitivo (Woods et al., 1994; Amalberti, 1996; Sarter e Amalberti, 2005). O
compromisso cognitivo do operador leva em conta a representação e compreensão do
risco, nível de exigência do resultado a atingir, a representação de seus próprios
recursos, o seu estado de fadiga, as suas capacidades, entre outros elementos. Todo ser
humano tem um limite cognitivo ou um limite de carga de trabalho. Quando esse limite
é ultrapassado, a probabilidade da ocorrência de um acidente aumenta. “Dado que seres
humanos operem sistemas complexos, erros ocorrerão, e sob situações de estresse e/ou
elevada carga de trabalho, a probabilidade de ocorrência de erros se torna ainda maior”
(Helmreich, 1998). A maneira de evitar ultrapassar esse limiar, é aumentar a capacidade
cognitiva através de treinamento e capacitação (Figura 11).
Pesquisas mostram que os seres humanos têm uma capacidade limite de obter
informações. Uma vez que o fluxo de informações excede essa capacidade mental,
qualquer informação adicional torna-se autônoma ou desloca outras tarefas e
informações que já estão sendo processadas. Há duas alternativas para essa situação:
priorizar as tarefas ou executar todas as tarefas em um nível inferior ao ideal (Dekker,
2005). Para um melhor gerenciamento da carga de trabalho, durante toda situação, em
especial situações de emergência, o piloto deve-se lembrar das Golden Rules: Voar,
Navegar e Comunicar. Para tanto, deve-se parar, pensar, e priorizar para a escolha de
44
uma ação correta. A intenção de agir dos seres humanos é dividida em três classe de
fatores:
Sarter e Woods (1997) identificam que os operadores são mais sensíveis a interrupções
nas tarefas nas fases iniciais de programação de sequências automatizadas. Amalberti
(1996) também sugere que, em situações de dificuldade inesperada em uma atividade,
o operador tende a permanecer com sua atenção na dificuldade, esquecendo-se de gerir
outras tarefas que devem ser executadas. Para Billings (1996; 1997) essa condição é
denominada “visão de túnel” e está associada à má gestão de incompreensões nos
Operadores peritos regulam sua carga de trabalho operando na maior parte do tempo
num padrão de desempenho SBB (Amalberti, 1996). Estes estágios definem o esforço
cognitivo do operador que precede a resposta motora e são influenciados por inúmeras
variáveis, tais como: condição da tarefa, carga de trabalho, estresse, ansiedade, entre
outros. A abordagem predominante na segurança sugere que uma melhor consciência
da situação, dividida pela equipe de trabalho, garante um melhor nível de segurança e
de eficácia (Endsley, 1995 e 1999; Sarter e Amalberti, 2005).
Historicamente, o termo “erro do Piloto” tem sido usado para descrever causas de
acidentes. Erro do piloto significa uma ação ou decisão tomada pelo piloto que
contribuiu para um acidente ou incidente, mas acidentes aéreos não são acarretados
devido a uma falha ou duas, por isso esse termo vem sendo substituído nas últimas
décadas pelo termo “erro humano” ou “erro de Fator Humano ( FH )”, o qual engloba
outros setores de uma companhia aérea, e fatores como ergonomia, saúde física e mental
dos envolvidos, entre outros fatores, muitos desses são tidos não como fator humano e
sim como fator organizacional, fatores esses, quem vêm ganhando espaço entre os
fatores contribuintes para acidentes e incidentes aéreos (Figura 14).
Algo importante a ser definido é a diferença entre erro e violação, ambos são ações e
ações são sempre intencionais, porém a grande diferença entre os dois é que a violação
é deliberada (Airbus®, 2005). No erro, o indivíduo não tem conhecimento de causa ou
o resultado da acção não foi como esperado, já na violação o indivíduo tem
conhecimento e escolhe por violar as regras deliberadamente.
47
O Modelo SHELL foi desenvolvido em 1972 por Edwards e modificado por Hawkins
em 1975. É representado por um diagrama contendo as iniciais dos seus elementos
separados e interconectados, tendo como elemento central o ser humano (Figura 15).
Segundo a International Civil Aviation Organization (Martins, D. et al. Apud ICAO,
2003), o elemento humano é a parte mais flexível, adaptável e valiosa dentro do sistema
aeronáutico, mas é também a que está mais vulnerável às influências externas que
poderão vir a afetar negativamente o seu desempenho. Por isso, o modelo SHELL é
48
Homem – Homem: Essa interface tem como objetivo estudar a relação entre os
seres humanos envolvidos no sistema, desenvolver programas para facilitar a
relação interpessoal dos mesmos e promover o auxílio mútuo para uma maior
segurança nas operações. Um exemplo de desenvolvimento desses programas é
o Company Resource Management - CRM.
3.2.2 Modelo 5M
Man – Homem: O homem é tido como uma enorme fonte de erros devido à
complexidade dos seus elementos fisiológicos e psicológicos, que estão sujeitas a falhas
como, falha no voo manual, mal entendimento da automação, etc. Devido a tal fato,
sempre que um acidente ocorre, o elemento homem é bombardeado de perguntas como:
O indivíduo dormiu bem? Ou, este está passando por uma fase difícil na vida? Essas
perguntas são parte dos programas de investigação de fatores humanos para determinar
os fatores contribuintes para os acidentes.
Este modelo foi desenvolvido pelo inglês James Reason em 1990, e para o autor, todo
acidente é resultado de uma série de falhas contribuintes para a falha final. Essas falhas
são definidas como falhas latentes e falhas ativas. O modelo de Reason é representado
por fatias de queijo suíço que representam as barreiras postas para se mitigar o acidente
(Figura 17), inspirado pela teoria do dominó desenvolvida por Heinrich.
- Falhas latentes: São decisões ou atos realizados no sistema gerando sintomas de falhas
e lá permanecem por algum tempo, até uma identificação dessa falha para correção, ou
51
até que essa se combine com outras falhas latentes e ativas que culminam num acidente.
Essas falhas geralmente são de manutenção, fabricação, gerencial, etc.
- Falhas ativas: São decisões ou atos errôneos realizados por quem está diretamente
ligado à operação da máquina como, pilotos, mecânicos de voo e controladores de
tráfego aéreo. Podem ser classificadas como erros ou violação.
Será dada uma breve definição segundo ANAC (2015), de alguns programas em uso nas
empresas aéreas e agências reguladoras pelo mundo, tais como:
Aviation Safety Reporting System - ASRS: Sistema de reporte voluntário não punitivo
de situações de perigo à segurança das operações aéreas, sendo um meio de detectar as
falhas latentes do sistema.
A partir dos anos 1980, apresenta-se uma nítida transição entre aeronaves clássicas,
equipadas com instrumentos guiados por equipamentos de solo, por aeronaves com
cabines modernas, equipadas com glass displays, sistemas diretores de voo, e sistemas
gerenciadores de voo, todos integrados com modo autoflight e autothrottle/autothrust.
A automação claramente melhorou muitos aspectos de performance e melhorou ainda
aspectos em produtividade, eficiência e controle de qualidade (Norman, 1990).
Conforme a Figura 18, o The Flight Deck Automation Working Group (2013) conclui
que os conhecimentos necessários/habilidades de um piloto não diminuíram com os
sistemas automatizados e modernos. Quanto maior o nível de automação e quantidade
de informação disponível, maior será a necessidade de um incremento na habilidade dos
pilotos devido ao gerenciamento de sistemas, além de deveres, responsabilidades e
manutenção de conhecimentos básicos e habilidades.
Em 1996 foi publicado o Federal Aviation Administration Human Factors Team Report
on the Interfaces between Flightcrews and Modern Flight Deck Systems (FAA, 1996).
Tal estudo mostrava o elevado nível de segurança de aviação. Entretanto, demonstrava
os principais pontos vulneráveis no gerenciamento de automação e consciência
situacional. Cita-se os principais fatores:
55
Desde 1996 melhorias foram feitas em design, treinamento, uso operacional e sistemas
a bordo, como gerenciadores de trajetória de voo, piloto automático, diretores de voo,
autothrottle/autothrust, Flight Management System - FMS. Tais sistemas mostram
significativa contribuição aos registros do sistema de transporte aéreo.
Atualmente, o sistema de aviação comercial é o mais seguro do mundo, e a taxa de
acidentes aeronáuticos estão cada vez menores (Figura 19). Estas taxas devem-se à
56
De acordo com a U.K Civil Aviation Authority (2005), a falha do sistema automático se
divide em diversas categorias. A primeira categoria classifica-se em uma falha no
sistema, podendo ser no sistema inteiro ou falha parcial.
Segundo The Flight Deck Automation Working Group (2013), pilotos por vezes confiam
excessivamente em sistemas automatizados (Figura 20), delegando autoridade aos
mesmos o que por vezes resulta em um desvio da trajetória desejada, conforme gráfico
a seguir. Divisão de responsabilidades facilmente leva a abdicação da mesma (Dekker,
2005).
Conforme a Figura 21, a baixa consciência situacional foi contribuinte em mais de 50%
dos acidentes analisados. Mais especificamente, “confiança na automação reduz a
consciência situacional de pilotos no presente e futuros estados da aeronave e ambiente,
58
resultando em decisões e ações incorretas”. Mostra-se ainda, que em mais de 50% das
situações analisadas, os pilotos não estão totalmente a par da situação e
consequentemente não estão totalmente preparados para assumir o controle da aeronave
quando necessário (Figura 22).
Figura 22 - Pilotos não estão a par da situação de controle (The Flight Deck
Automation Working Group, 2013)
Aviation Authority, 2005). De acordo com Kern (1998) complacência gera perda de
consciência situacional. Além do excesso de confiança, a complacência pode ser gerada
por motivos motivacionais, “quando pilotos comprovam um alto nível de confiança no
sistema, eles tendem a se tornar complacentes e falham no monitoramento do mesmo”
(O’Hare e Roscoe, 1990), estudos sobre fatores humanos ligam a complacência a vários
fatores, incluindo, tédio, excesso de confiança, autossatisfação e baixo nível de suspeita
(Dekker, 2005).
5 Cenário Nacional
Na primeira questão, fez-se necessário uma pergunta para classificação dos pilotos
que nunca voaram aeronaves de elevado nível de automação, portanto saber-se-á
exatamente qual a proporção de pilotos que voam ou ja voaram aeronaves
automatizadas.
Questão 1:
Você voa ou já voou aeronaves com elevado nível de automação?
( ) Sim ( ) Não
Questão 2:
"A automação e a evolução dos aviônicos, surgiu para diminuir a carga de trabalho
(workload) dos pilotos, e dar mais segurança ao voo, algo incontestável. No entanto,
esse automação também diminuiu a cognição dos pilotos em ocasiões que se faz
necessário o emprego do voo manual para a correção de desvios operacionais." Você
concorda com essa afirmação?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Não sei ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente
51% dos pilotos concordam e 40% concordam totalmente com a afirmação da questão,
portanto 91% dos pilotos brasileiros concordam que a automação diminui a carga de
trabalha e também a cognição do voo manual em situações necessárias para tal.
A Terceira questão traz à tona a possibilidade da automação reduzir a competência
do voo manual dos pilotos que ficam muito tempo à mercê do elevado nível de
automação. Esta questão tem o objetivo de captar a percepção dos pilotos com relação
às suas habilidades de voo manual.
Questão 3:
Você acha que o "engessamento" das operações com o uso do automação, reduz a
competência do voo manual (manual flying skills) do piloto?
( ) Concordo totalmente ( ) concordo ( ) Não ( ) Sei Discordo ( ) Discordo totalmente
54% dos pilotos concordam, e 33% concordam totalmente. Somando, 87% dos pilotos
acreditam que a capacidade de voo manual é afetada no caso de uma operação
“engessada”, e um somatório de 13% acham que as habilidades do voo manual não são
afetadas.
A quarta questão questiona sobre a liberação do voo sem a utilização do piloto
automático e autothrust/autothrottle, em condições visuais. Levando em conta que de
acordo com os estudos apresentados, esses itens em conjunto com o AFDS (automatic
flight director system) são os maiores responsáveis pela dependência da automação. Foi
apresentado esta questão para colher a opinião dos pilotos com relação a essa possível
solução de mitigar os efeitos da automação.
Questão 4:
Ajudaria no desenvolvimento ou manutenção das habilidades, atitudes como, liberação
do voo manual (AP-A/THR OFF) em condições meteorológicas visuais (VMC).
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Não sei ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente
87% dos pilotos, sendo 41% que concordam totalmente e 46% que concordam que se
as empresas aéreas liberassem o voo manual em circunstâncias apropriadas seria ideal
para o desenvolvimento das habilidades de voo manual.
Questão 5:
Alguma vez você confiou excessivamente na automação para a resolução de um desvio
operacional, onde seria mais fácil e seguro desconectar o Piloto Automático e voltar à
normalidade e segurança do voo?
( ) Várias vezes ( ) poucas vezes ( ) Não sei ( ) Nunca
desvios operacionais e 46% dizem não saber ou nunca ter agido com complacência na
mesma situação.
Questão 6:
Um bom Airmanship prioriza as Golden Rules, regras de ouro para se manter um voo
seguro, essas que por muito tempo foram: Voar, Navegar e Comunicas. Nos últimos
tempos, devido a evolução da automação foram adicionadas mais duas Regras:
Gerenciar e Monitorar, nessa ordem. Entretanto, a confiança e dependência da
automação, faz com que muitos pilotos priorizem o gerenciamento e monitoramento
invertendo a ordem das regras. Você concorda com essa afirmação?
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo ( ) Não Sei ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente
71% dos pilotos brasileiros concordam que a dependência da automação faz com que as
Golden Rules sejam invertidas, priorizando o gerenciamento e monitoramento dos
sistemas, e um total de 15% discordam da afirmativa em questão.
A sétima questão é baseada nos estudos sobre o efeito da carga de trabalho na
cognição dos pilotos realizados pelo grupo de pesquisa, e o objetivo é captar a percepção
dos mesmos sobre a afirmação a seguir.
Questão 7:
A carga de trabalho do piloto é inversamente proporcional a sua cognição e sua
consciência situacional (CS), ou seja, quanto maior sua cognição e CS menor sua carga
de trabalho e vice-versa. Você concorda com essa afirmação.
( ) Concordo Totalmente ( ) Concordo ( ) Não sei ( ) Discordo ( ) Discordo totalmente
Questão 8:
O que na sua opinião, deveria ser feito para inibir os efeitos negativos do excesso de
automação sobre o piloto?
( ) Voo manual em condições visuais (VMC) e baixo Workload.
( ) Treinamento em simulador com baixo nível de automação.
( ) Ambas as anteriores.
( ) Nada, não acho que tenha efeitos negativos.
( ) Outros.
que 52% acham que se deve adotar as duas medidas, 6% dissertaram sobre a questão,
estando as opiniões abaixo:
Da forma que está, não vejo maneiras de reverter a situação e acredito que a
tendência é piorar.
Além das duas acima, ter processos de seleção que identifiquem dificuldades
nessas áreas.
Pilotos sem experiência chegam cada vez mais cedo a aviação comercial.
Das quatro respostas dadas, duas são direcionadas a solução dos problemas
apresentados, sendo a readequação de treinamento em simulador focando os pontos
fracos de cada um, e realizar processos de identificação dessas dificuldades, como já é
feito em outras empresas ao redor do mundo com o programa LOSA.
O sucesso para o desenvolvimento do LOSA segundo a FAA depende de dez
características essenciais:
1 Observações de calço a calço durante operações normais;
3 Participação voluntária;
5 Gestão conjunta;
O objetivo da nona questão é quantificar a proporção das empresas aéreas que tomam
alguma atitude para a solução do problema relacionado ao efeito da automação no voo
manual no Brasil.
Questão 9:
A empresa em que você trabalha faz algo no sentido de diminuir os efeitos da
automação?
( ) Muito ( ) Não Muito ( ) Não sei ( ) Quase Nada ( ) Nada
Questão 10:
Em suas próprias palavras, o que você acha que pode ser feito para evitar esses efeitos.
As respostas coletadas nessa questão, novamente focam na opção de revisar os
treinamentos existentes no sentido de direcionar uma parte do mesmo para a prática do
voo manual, além de encorajar os pilotos a voar manual periodicamente, como citado
abaixo:
Ao menos uma vez por mês, desligar a automação e praticar o Voo manual.
6 Conclusões
Foi abordado ainda a importância de estudos relativos à fatores humanos e o efeito que
a automação causa no sistema cognitivo do elemento homem no sistema, analisando
erros derivados da dependência da automação nas operações aéreas.
Na sequência, foi analisado um estudo do The Flight Deck Automation Working Group,
baseado num estudo realizado pela FAA em 1996, com o objetivo de quantificar a
percepção dos pilotos norte americanos com relação à automação, classificando os erros
e falhas mais comuns para a geração de novos meios de evitar tais falhas.
Por fim, foi realizado um questionário com os pilotos Brasileiros, com objetivos
semelhantes aos do Working Group (WG), quantificar, identificar e analisar os erros
mais comuns no cenário nacional. Concluiu-se que os pilotos Brasileiros, assim como
os que participaram da pesquisa do WG, tem muita complacência com a automação,
confiando excessivamente no mesmo para a solução de desvios operacionais, assim
como a perda das habilidades do voo manual (hand flying skills) devido ao
engessamento das operações impostas pelas companhias aéreas, sendo que a grande
maioria dos pilotos entrevistados sentem necessidade de maior liberdade para se poder
operar a aeronaves de modo manual quando possível. Feita às devidas análises, sugere-
se que empresas aéreas, revisem seus treinamentos, realizando auditorias nos voos como
o programa LOSA para detectar as deficiências existentes em seus pilotos com
apropriado feedback aos mesmos, além de incluir mais oportunidades para os pilotos
treinarem essas habilidades em simuladores e voos de revalidações, para que estes se
76
sintam mais capacitados e as operações das empresas Brasileiras se tornem cada vez
mais seguras.
Referências Bibliográficas
ALPA. Human Factors in Automation Aviation. Air Line Pilots Association White
Paper, nov. 2008. p.23.
BEA - Bureau d’enquêtes Et d’Analyses. Final Report BEA/2012: Flight Air France
447. Paris, França, 2012.
DEKKER, S.W.A. Ten Questions About Human Error: A New View of Human Error
and System Safety. 1st ed. New Jersey: LEA publisher, 2005. 215 p.
FAA HUMAN FACTORS TEAM. The interface between flightcrews and modern
flight deck. Washington, DC, 18 jun de 1996.
Hawkins, F. H. Human Factors in Flight. 2nd ed. Aldershot: Routledge, 1993. 384 p.
NAHF, National Aviation Hall of Fame. “Elmer Sperry, Sr,”. Disponível em:
http://www.nationalaviation.org/sperry-sr-elmer/, acessado em: 28/06/2016.
PERRY, M. J.; SHELL model: aviation knowledge. The First Aviation Wikijournal.
2010. Disponível em: http://aviationknowledge.wikidot.com/aviation:shell-model.
Acessado em: 03/10/2016.
REASON, J. Human error. 1st ed. New York. Cambridge University Press, 1990. 320
p.
WOODS, D.; JOHANNESEN, L. J.; et al. Behind Human Error: Cognitive Systems,
Computers, and Hindsight. Ohio: CSERIAC, 1994. 245 p.
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS
Luccas Flavio dos Santos, Tiago de Freitas Cardoso, Marcelo Cesar Maciel, Welson dos Santos
Lopes, Fabio Paro Bellagamba
7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Sistema cognitivo, Automação, Piloto automático, Autothrottle, Autothrust, Carga de trabalho, Fator
Humano, Erros, Violações.
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Pilotos automáticos; Cognição; Fatores humanos; Análise de falhas; Segurança do voo; Engenharia
aeronáutica.
10.
APRESENTAÇÃO: ( X ) Nacional ( ) Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Especialização em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade
Continuada. Orientadores: Prof. Donizeti de Andrade, Ph.D.; Prof. Marcelo Soares Leão. Apresentação em
19/11/2016. Publicada em 2016.
11.
RESUMO:
O cenário da aviação atual apresenta grande evolução tecnológica desde o seu surgimento. A automação
mostra-se cada vez mais incorporada ás operações. A introdução de sistemas automatizados, como o piloto
automático e os controles de velocidade e potência (autothrottle e autothrust), apesar de todos os benefícios
que sem dúvida adicionam às operações de todos os tipos, podem por outro lado, gerar uma dependência
por parte dos pilotos que passam a ter menos contato com a operação de voo manual da aeronave, e quando
estes são forçados a operar manualmente numa situação de falha desses sistemas, experimentam um
aumento na sua carga de trabalho, que pode gerar a ruptura do sistema cognitivo, levando-os a cometer
erros que resultam em acidentes ou eventos significativos. O presente trabalho tem como objetivo realizar
uma análise de aspectos cognitivos na utilização de piloto automático e controle de velocidade e potência.
O mesmo também traz uma quantificação da percepção da comunidade aeronáutica Brasileira desses
sistemas através de uma pesquisa realizada pelos autores. Os estudos consolidados a respeito do
comportamento humano indicam que a operação de sistemas complexos requer tempo de aprendizagem
que resultam na habilidade de operar esses equipamentos, e a manutenção dessa habilidade está diretamente
relacionada com a exposição a essa operação. A ausência da exposição a uma determinada atividade
laboral, requer uma grande carga de trabalho do sistema cognitivo quando esta atividade é reapresentada
ao ser humano, e por vezes pode levar à ruptura do mesmo. Como método para remediar situações de
aumento de carga de trabalho por ruptura do sistema cognitivo, sugere-se que os operadores adotem
medidas contínuas de modo a garantir a manutenção da cognição dos pilotos.
12.
GRAU DE SIGILO: