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Sequência Didática o Ensino Da Produção de Texto No Material de Língua Portuguesa Do
Sequência Didática o Ensino Da Produção de Texto No Material de Língua Portuguesa Do
6º ano
Valdir Vitorino de Souza 1
Karolaine Claudia dos Santos 2
Gislene Aparecida da Silva Barbosa 3
RESUMO:
Este artigo apresenta resultados parciais do projeto de iniciação científica “Língua Portuguesa
na escola: reflexões sobre a leitura e a produção textual”, vinculado ao curso de Letras da
Faculdade de Presidente Prudente e desenvolvido para análise dos materiais didáticos
ofertados às escolas pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE). O objetivo é
constatar em que medida o material Caderno do Professor/Caderno do Aluno apresenta a
concepção de escrita indicada nas diretrizes educacionais, destacando o processo de
planejamento, revisão e reescrita do texto. Com as análises feitas, percebe-se que o material
apresenta o planejamento e a reescrita, contudo não é explícita a etapa de revisão calcada em
estudos das dificuldades dos alunos. É possível concluir que as atividades estão espalhadas ao
longo do material e nem sempre evidenciam as etapas de uma Sequência Didática, assim se
faz essencial a intervenção autônoma do docente: profissional capaz de dar sentido às
atividades para atender às necessidades de sua turma.
Didactic Sequence: The teaching of the production of text in the material of Portuguese
Language of the 6th year
ABSTRACT:
This article presents the partial results of the scientific initiation Project “Portuguese
Language in School: reflections on reading and writing text”, related to the Language and
Literature career in FAPEPE (Presidente Prudente College), and developed in order to
analyze the learning materials provided to schools by the São Paulo State Educational System
(SEE). The aim is to ascertain to what extent the teacher´s resources and student´s notebook
presents the conception of writing pointed by the Educational Guidelines, which highlight text
planning, reviewing and rewriting. With the analyses done so far, it is perceived that the
materials present planning and rewriting, though they do not make explicit the stage of
reviewing based on the students´ difficulties. It is possible to conclude that the activities are
scattered throughout the materials and not always make the stages of a Didactic Sequence
evident, thus it is demanded from the teacher an autonomous intervention, a professional able
to bestow sense upon the activities in order to attend to the class´s needs.
1
Aluno do curso de Letras da Faculdade de Presidente Prudente – FAPEPE.
2
Aluna do curso de Letras da Faculdade de Presidente Prudente – FAPEPE.
3
Professora da Faculdade de Presidente Prudente. Doutoranda em Educação pela Faculdade de Ciências e
Tecnologia (UNESP- Presidente Prudente), mestre em Educação, graduada em Letras e em Pedagogia.
1. Considerações iniciais
Desde que o “Programa São Paulo faz escola” foi criado pela Secretaria Estadual de
Educação (em 2007), materiais didáticos começaram a ser disponibilizados aos educadores
das escolas estaduais. Nos anos de 2008 e 2009, teve início a distribuição, respectivamente, de
“Cadernos do Professor” e “Cadernos do Aluno”, nos quais constam situações de
aprendizagem a serem desenvolvidas nas aulas das diferentes disciplinas, segundo conteúdos,
temas e habilidades listados no Currículo do Estado de São Paulo. Este artigo tem como
objetivo analisar os materiais “Caderno do Professor” e “Caderno do aluno” (visto que são
complementares) de Língua Portuguesa do 6º ano do ensino fundamental (edição dos anos
2014-2017) no que se refere à organização e conceituação das atividades de produção textual,
amparando-se nas etapas de produção escrita propostas no referencial teórico do
procedimento Sequência Didática de autoria de pesquisadores da Universidade de Genebra:
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).
A análise do material ao qual nos propusemos a pesquisar foi objeto de discussão ao
longo do segundo semestre de 2015 e primeiro semestre de 2016, caracterizando-se como
umas das atividades desenvolvidas ao longo do projeto de iniciação científica “Língua
Portuguesa na escola: reflexões sobre a leitura e a produção textual”, vinculado ao curso de
Letras da Faculdade de Presidente Prudente. Essencialmente relevante é o estudo da produção
textual pelos futuros docentes de Língua Portuguesa, uma vez que ensinar a escrever requer
ampliação do repertório teórico e prático do educador, portanto conhecer em que medida os
materiais ofertados aos professores das redes públicas dialogam ou não com os conceitos e
propostas mais atuais da linguística aplicada e da educação ajuda na tomada de decisão
quando se está em sala de aula, ensinando. Os materiais “Caderno do Professor” e “Caderno
do Aluno” vêm sendo construídos e caracterizados como um documento orientador do
currículo para todas as escolas da rede estadual, sendo também por este motivo objeto de
nossa pesquisa, para avaliar a eficácia das metodologias propostas para ampliação das
capacidades de escrita dos estudantes da escola básica, articulando a reflexão sobre a
linguagem em diferentes situações e contextos às práticas escolares.
Este artigo apresenta uma breve definição teórica da Sequência Didática, dos autores
genebrinos, seguida pela análise de algumas situações de aprendizagem do material em foco
e, por último, traz as considerações finais, com uma síntese do que foi observado no material
quanto à produção de texto.
2. O que é a Sequência Didática de produção de texto?
No Brasil, grande tem sido a difusão da teoria da Sequência Didática, como exemplo,
desde 2008, acontece, por ação do Ministério da Educação e parceiros, a Olimpíada de Língua
Portuguesa Escrevendo o Futuro, que utiliza tal metodologia para formar professores e alunos
em todas as escolas públicas que aderirem à competição.
De acordo com a Sequência Didática postulada por Dolz, Noverraz e Schneuwly
(2004, p. 97), o processo de ensino da produção de texto engloba quatro etapas: apresentação
da situação; produção inicial; módulos; produção final.
Por outro lado, existe análise linguística articulada a grande parte das produções
escritas nos Cadernos, em todos os bimestres, fato este que pode servir como apoio às
intervenções docentes e aos alunos no ato de escrita dos textos. No 6º ano, são estudados: os
elementos da narrativa; a pontuação nos textos narrativos; os elementos de coesão textual;
paragrafação; uso dos verbos na narrativa; ortografia; planejamento textual etc. O repertório
de leitura de algumas narrativas é manifesto em projetos de leituras, pesquisa de livros e
autores em roda de leitura e internet.
A quarta etapa e última do procedimento Sequência Didática refere-se à produção
final. Esta dá ao aluno a possibilidade de pôr em prática as noções e instrumentos elaborados
separadamente nos módulos, ou seja, o aluno autoavalia sua aprendizagem, reconstrói seu
texto, melhora o que precisa de revisão, escreve o que falta, atua sobre a própria produção. Ao
professor são oferecidas oportunidades de avaliar o que foi ensinado, bem como, se assim
desejar, valer-se dos resultados para uma avaliação somativa. A produção final é um
momento importante porque sintetiza tudo o que foi trabalhado ao longo da Sequência
Didática e evidencia os avanços dos alunos e fragilidades que ainda mereçam ser objeto de
estudo.
Nas situações de aprendizagem 4 e 5 (volume 2), há explicitamente um momento de
revisão do texto pelos próprios alunos e pelo professor, seguida de uma avaliação da revisão
e, por fim, pela escrita final do texto. Tal reflexão sobre a produção inicial, destacando o que
pode ser mantido ou que requer alteração, uma revisão dos textos com base nas observações
do professor, depois o professor pode organizar uma roda para que reflitam sobre a produção
desse primeiro texto, retomem os enredos escritos na parte 1, façam uma autoavaliação das
atividades realizadas, por fim uma revisão dos textos solucionando problemas. Nesse
momento, há uma atuação mais ativa do estudante, visto que os enunciados das atividades
pedem que o aluno se posicione frente ao que o colega escreveu, para que avalie a escrita,
levando em conta o objetivo de divulgar socialmente o texto.
Trata-se de que os alunos não apenas conheçam os propósitos que norteiam uma
atividade, mas que os tornem seus, que participem [...], o que não supõe unicamente
que façam, que atuem, que realizem; também exige que compreendam o que estão
fazendo, que se responsabilizem por isso, que disponham de critérios para avaliar e
modificar isso se for necessário (SOLÉ, 2009, p.51).
O compromisso com a circulação social é trabalhado no projeto de apresentação do
produto final para à comunidade escolar e no blog. Articulando a análise dos materiais à
metodologia de ensino de produção de texto selecionada nesta pesquisa, identificamos que a
etapa da produção final ocorre relativamente próxima ao que é proposto no referencial
teórico, uma vez que os estudantes têm a oportunidade de revisarem seus escritos e refazê-los
aproveitando tudo o que estudaram ao longo das aulas de Língua Portuguesa. Fato que causa
dúvida é se a oferta “pronta” de atividades de reflexão sobre a língua é suficientemente capaz
de substituir a autoria dos módulos pelos docentes que ministram aulas para as mais distintas
turmas de 6º ano nas escolas estaduais. Seria o material suficiente para suprir as necessidades
formativas desses alunos? Lançamos aqui a proposta de prosseguimento da pesquisa, com
vistas ao acompanhamento de aulas em distintas escolas (projeto para estudos de pós-
graduação).
Por ora, compete-nos refletir sobre a organização sobre a produção de texto nos
materiais do 6º ano, a qual não contempla todas as etapas de uma Sequência Didática.
4. Considerações finais
REFERÊNCIAS
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita:
apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. (org.). Gêneros orais e
escritos na escola. Tradução de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de
Letras, 2004, p. 21-39.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2002.