síndrome de Estocolmo e com a síndrome de Oslo. São algumas síndromes das mais famosas, das mais corriqueiras dentro da questão da criminologia. Você pode encontrar isso também em concursos públicos, como eu vou mandar aqui para vocês. Foi a questão 76 do concurso da Polícia Civil do Estado de São Paulo por cargo de delegado. Esse concurso é muito recente. Essa prova foi no dia 3 de dezembro de 2023. Então, assim, super recente. É um assunto que a Vulnesp gosta muito de cobrar, que a Fundação Getúlio Vargas gosta muito de cobrar. É um assunto também que a Sebrasp, SESP-Sebrasp, vai cobrar bastante nas provas. Então, essas duas síndromes, elas inclusive vão aparecer ali no seriado La Casa de Papel. E não por acaso. O nome desses personagens não foi escolhido à toa. Você pega, por exemplo, a síndrome de Oslo. Quem está sofrendo aquela violência, quem está sofrendo aquele mal na vida, acredita que por algum motivo merece aquele tipo de castigo. Como se a pessoa olhasse e falasse assim, olha, eu estou sofrendo aqui essa violência? Estou. Mas também é por todo o mal que eu já causei, porque eu também não sou uma pessoa muito legal. Então, a pessoa vai acreditar que aquele tipo de violência que ela está sofrendo, ela merece sofrer. O que é que diz a síndrome de Estocolmo? Com o instinto de preservação, a vítima passa a sentir uma atração, um amor pelo seu sequestrador. E é o que justamente a gente vê com a personagem Estocolmo em La Casa de Papel. Eu não lembro agora de cabeça, tem muito tempo que eu vi essa série, mas acho que é Denver o nome do namoradinho dela. Então, ela passa ali a se apaixonar. Ela trabalhava, salvo engano, num banco. Não sei se ela era gerente, o que ela fazia. Mas ela passa a ter ali aquele afeto. E ela fica morrendo numa condição de vítima, sofrendo ali uma violência. Então, a síndrome é justamente isso, a síndrome de Estocolmo. É, acho que a síndrome mais famosa que tem. É quando a vítima, ela passa a ter uma simpatia, um sentimento de amor, de amizade em relação ao agressor dela. É um afeto que ele vai vir, não porque ela está ali sofrendo uma violência. Ou ele falou, pô, esse cara aí gosta das mesmas coisas que eu, que pessoa fantástica. Não. Então, vai ser algo que vai sair do instinto de sobrevivência. Porque a vítima vai, de forma não racional, ela vai pensar o seguinte, ali dentro do âmbito do subconsciente. Ela vai pensar o seguinte. Se eu me tornar amiga dessa pessoa, essa pessoa não vai querer me fazer mal. E é uma síndrome que vai surgir em ambientes de muito estresse. Então, é algo ali que vem de um trauma. Não é uma síndrome tão comum de acontecer. Mas é... É algo, sim, que pode vir a acontecer. A síndrome de Lima e a síndrome de Londres tem muita relação com a síndrome de Estocolmo. A síndrome de Lima é o contrário. É o agressor que vai desenvolver um sentimento de afeto ali pela vítima. Ah, dá pra acontecer, por exemplo, dentro da violência doméstica? Não. Não. Porque dentro da violência doméstica, você já tem pessoas que se conhecem. Essa síndrome, ela parte de um pressuposto onde... O agressor e vítima são absolutamente estranhos. E a síndrome de Londres, a vítima, ao contrário da de Estocolmo, que passa a ter um sentimento de afeto, passa a nutrir uma amizade, mesmo que seja algo unilateral, na síndrome de Londres, a vítima passa a olhar pro cara e falar, olha, eu não quero nem saber de você. Se depender de mim, eu vou lhe descer a porrada aqui. Eu te odeio. Você é um merda. E nisso, a vítima acaba sofrendo lesões. Você vai pegar aquela vítima que ela tá toda hora enfrentando os seus algozes. Então, ela pode sofrer uma separação. Ela pode, num sequestro mais longo, receber, por exemplo, menos comida. Ela pode apanhar. Ela pode, inclusive, ser morta. Então, a síndrome de Londres, ela vai trazer isso. E pra fechar, junto aí das síndromes mais famosinhas, das síndromes mais queridas pelas bancas, a gente tem a síndrome da mulher de Potifar. É... Não sei vocês aí... Que tão escutando, se vocês têm ou não uma religião. Então, eu vou contextualizar. Na Bíblia, no Velho Testamento, tem uma história de um líder que ele chega e fala assim, olha... Eu tenho uma mulher muito bonita, mas eu quero alguém pra cuidar da minha mulher. No sentido de vigiá-la. E aí, é encarregado, salvo engano, José, pra cuidar dessa mulher, do Potifar. E aí, essa mulher, ela fica dando em cima do José. José, eu quero ficar com você. Você, eu te acho bonito, eu te acho gatão. E ele fala, não, não, não, não, não. Eu tenho que ser fiel ao Potifar. Não posso fazer isso com ele. Não posso botar a chifre na cabeça dele. Não, mas eu quero. Mas você não vai. Mas eu quero. Mas não vai. Eu não vou participar disso. E aí, ela chega pro Potifar e fala o seguinte, ó... José tá dando em cima de mim. E... Vai depender da tradição. Vai ter versões, vamos falar, que tentou fazer alguma coisa com ela. E vai ter versões onde a mulher do Potifar vai... Acusar falsamente o José de estupro. Isso é algo que ocorre com frequência? Não. Mas, infelizmente, as poucas vezes que isso ocorre... De uma denunciação falsa de estupro... Seja porque ali a suposta vítima quer se vingar, quer prejudicar ali o suposto agressor de alguma maneira... As poucas vezes que isso acontece, gera muito barulho. Então, não é algo tão comum. Mas, por ser algo muito grave... Quando ocorre, ocorre com... Assim, o maior estardalhaço possível. O que é algo muito ruim. Porque contribui justamente pra um processo onde a gente vai entrar na síndrome de Barbie daqui a pouco. Contribui pra um processo de você pegar ali aquela mulher que tá sofrendo violência. E essa mulher, ela chega, por exemplo, junto aos meios... Aqui, a gente vai entrar na vitimização secundária. Ela chega ali junto ao delegado de polícia. E o delegado de polícia, por exemplo, fala... Olha, doutor, eu sofri essa violência. E aí, uma pessoa que não tá preparada pra agir nessa situação... Que não tá preparada pra receber uma vítima... Vai olhar e fala assim... Ah, mas quem que foi que fez isso com você? Porque, via de regra, violência sexual ocorre por pessoas próximas à vítima. É mais comum a pessoa que conhece a vítima do que aquele crime de aleatoriedade. E aí, o delegado vai chegar pra vítima e vai falar o seguinte... Ah, mas quem que foi? Ah, foi meu ex. A gente terminou. Eu terminei com ele. Ele não quis aceitar. Ele me estuprou. Ah, mas... Ah, mas isso aí é complicado, né? Você tem certeza que isso aconteceu e tal? E aí, a vítima que realmente sofreu essa violência... Estando ali diante de um agente estatal que não tá preparado pra lidar com isso... Vai olhar e vai falar assim... Olha, eu já sofri a vitimização primária. Que foi o ato da violência em si. Agora eu vim procurar o Estado. E eu sofri uma vitimização... Um ato secundário aqui dentro. A vitimização terciária, só por curiosidade, ela vai ocorrer... Quando a vítima vai buscar os amigos. Então, por exemplo, essa mesma moça chega pra uma amiga e fala assim... Ah, amiga... Fulano, meu ex, ele me estuprou. Mas você também ficava irritando ele. Eu não sei pra que você foi. Então coloca como se a culpa fosse da vítima. Então a vitimização terciária vai ser isso. A vítima, além de sofrer a vitimização por parte do agressor... A vitimização por parte do Estado... O Estado agora vai sofrer a vitimização por parte dos amigos, dos parentes, etc. Então... Voltando ao nosso conceito... Essa síndrome, ela é importante da seguinte maneira... Quando um policial, um agente, um delegado... Quando um juiz receber diante de si um caso desse... Ele tem que levar em consideração essa síndrome. Ele tem que parar e pensar... Será que isso aqui não é uma falsa? É uma falsa acusação de estupro? Mas ele não pode, de maneira alguma... Tratar aquela suposta vítima... Como se fosse a regra geral. Então ele tem que olhar, por exemplo... Chega uma mulher e fala... Olha, eu fui violentada pelo meu ex. Aí o delegado pode colher os indícios... Ele tem que tratá-la com o maior respeito possível... Por que eu estou falando o delegado? Porque via de regra... Quem vai atender é uma mulher. Vai ser uma delegacia especializada no combate à violência... Contra a mulher. É... Aqui... Em Goiás tem. Tem batalhão Maria da Penha dentro do âmbito da Polícia Militar... E tem as delegacias da mulher. Mas... A gente está falando, assim... A gente está falando de Brasil. Não é todo lugar que vai ter essa infraestrutura. Né? Então... A mulher, ela... Pelo simples fator psicológico... Ter sofrido um abuso por parte do homem... Ela chegar num ambiente com outros homens... Já vai deixar ela, assim... Um pouco... Mais fragilizada. Isso aí está dentro do âmbito da psicologia, tá? Não estou aqui fazendo nenhum tipo de demérito... Para culpar os policiais... Nem nada. Isso aí é dentro do âmbito da psicologia. É algo interno da vítima. E... O que que um policial, um juiz... Quando ele vai, por exemplo, sentenciar... Aquele suposto acusado... Ele tem que ter em mente. Olha... Esse cara, ele pode ter realmente cometido esses crimes. O STJ, inclusive, entende... Que dentro do âmbito da violência sexual... Dentro do âmbito da violência doméstica... A palavra da vítima... Ela tem um peso um pouquinho maior. Porque são crimes cometidos às escuras. É só a gente pensar uma coisa. Um homicídio... É fácil você ter testemunha. Mas um estupro, gente... Ainda mais cometido dentro de casa... Que testemunha você vai ter daquele fato? Então, a jurisprudência, inclusive, é no seguinte sentido... Crimes de violação sexual... A palavra da vítima tem um peso especial. A palavra da vítima importa um pouco mais do que em outros crimes. Desde que... A palavra da vítima esteja de acordo com os fatos. Então, por exemplo... Se a vítima disse... Olha... É... Ele fez isso comigo e me enforcou. E aí você leva ali a pessoa fazer o exame de corpo e de delito. Não, realmente ela foi enforcada... E não tem como esse enforcamento ter sido uma auto-lesão. Ok. Tá de acordo. Se o depoimento da vítima não é contraditório e tal... Tá beleza. Então, a gente finalizando aqui... A síndrome da mulher de Potifar... A gente finalizou as principais. As queridinhas das bancas. Mas tem algumas outras síndromes... Que eu vou tratar um pouco mais por cima... Que podem ocorrer... Sem ocorrer de cair. A gente tem aqui, como por exemplo... A síndrome de Peter Pan. Não tô brincando. O nome é esse. Síndrome de Peter Pan. É o quê? É aquela vítima... Que ela não tem, vamos dizer assim... Uma malícia. É aquela vítima que ela não tem... Um bom senso. Ela não tem aquela maldade... De convivência em sociedade. Então... A gente pode falar aqui... De crimes patrimoniais. Por exemplo... Uma pessoa que chega e fala assim... Não, olha... Eu... Deixa eu te falar uma coisa. Eu sou... Eu sou uma pessoa muito rica... Mas eu tô sem celular. Eu tô sem nada. Me dá... Três mil reais pra eu voltar pra casa. Porque a hora que eu chegar... Você me dá seus dados bancários... Eu vou te fazer um pix de trezentos mil. E a pessoa às vezes não tem maldade. Fala assim... Pô, pra que o cara vai mentir pra mim? Vai lá e faz. Né? Então é como se a pessoa tivesse uma mentalidade muito infantil. Não conseguisse enxergar maldade no mundo. Síndrome de Lima. E outro eu já tratei. A gente tem o efeito Lúcifer. Não é necessariamente uma síndrome. O que é o efeito Lúcifer? O que é o efeito Lúcifer? Um psicólogo, uma vez, ele foi fazer um experimento... Que era pra durar duas semanas. Onde ele ia colocar, acho que, quinze pessoas. Eram quatorze pessoas. Não sei. Metade ia ser carcereiro. Metade ia ser preso. Era um experimento, assim, de mentirinha e tal. Ninguém era realmente carcereiro. Ninguém era realmente preso. Mas só pra observar. Ele passou a ver... Era um experimento que era pra durar um certo tempo. Teve que ser abortado na metade. Por quê? O pessoal que tava como prisioneiro... De tanto ficar ali com o macacão laranja... Dentro da suposta cadeia, não sei o quê... Começaram a desenvolver depressão. Começaram a olhar e falar assim... Caraca, eu sou um merda. Porra, eu tô preso. Olha o que eu fiz. Sei lá. A pessoa começou a imaginar que teria cometido um crime. E, por sua vez, quem tava como carcereiro... Começou a bater nos presos. E todo mundo sabia do experimento. Todo mundo sabia que... Olha, eu tô no papel de carcereiro, mas não sou carcereiro. O João tá preso, mas ele não é preso. Todo mundo aqui é participante. E aí começa, por exemplo, a bater no João. Você é um filho da puta. Você roubou aquela... Tipo... Isso nem aconteceu. Os caras já começaram a entrar demais no personagem. Então, o efeito Lúcifer vai falar que... A influência psicológica sobre uma pessoa... Modifica o comportamento dela. Você tem uma síndrome muito interessante... Que é a síndrome da mão alheia. Síndrome da mão alienígena. O que é a síndrome da mão alienígena? A mão vai abduzir a pessoa? Não. A síndrome da mão alheia, ou mão alienígena... É uma condição muito rara de ser documentada... Mas ela é um pouco interessante. A pessoa não controla a própria mão. A mão da pessoa, entre aspas... Você tem vida própria. Então, por exemplo... A pessoa está falando que a mão dela vai dar um tapa na cara dela. Inclusive, é da síndrome da mão alheia... Que surge o mãozinha. Da família Adams. A síndrome da Alice no País das Maravilhas. Você deve estar olhando e falando assim... Não, mas você tirou isso aí do rabo. Não foi, eu juro. Chama-se síndrome da Alice no País das Maravilhas. Ela é mais comum em crianças. Ela não é algo tão grave. Ela vai falar sobre uma desorientação espacial. Então, uma criança, por exemplo... Ela vai ver um cachorro. Aí, é um... Sei lá, é um pincher. A criança vai ter uma desorientação espacial em relação àquele pincher. Vai ver como se fosse um cavalo. Do tamanho de um cavalo. A pessoa... A criança, por exemplo... Ela vai ver verde como se fosse vermelho. Ah, eu sei. O nome disso é daltonismo. Não. Não é daltonismo. Daltonismo é uma condição onde a pessoa tem ali... Um problema na recepção de cores. Ou no processamento dessas cores. A síndrome da Alice no País das Maravilhas não é isso. E... Em relação ao tamanho, em relação à cor e em relação à forma, vai ser isso que vai afetar. Síndrome de Jerusalém. Apesar de ter o nome Jerusalém... Porque Jerusalém é uma cidade muito importante para três grandes religiões no mundo. Isso pode acontecer com qualquer religião. Então, Jerusalém é uma cidade muito importante para os muçulmanos, para os judeus e, claro, para os cristãos. Afinal, foi em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, que Jesus Cristo foi crucificado. Foi no Santo Sepulcro que Jesus Cristo foi sepultado. E foi ali em Jerusalém que Cristo ascendeu aos céus. Só contextualizando, porque nosso país é um pouco mais cristão. Fica mais fácil da gente enxergar isso. Então, uma pessoa como eu... Eu sou católico. Chega ali em Jerusalém, tem ali toda aquela emoção. Caraca, eu estou na cidade onde... É... Dois mil e... Pô, aí... Trinta e três menos dois mil e vinte e quatro. Complicou, gente. Eu sou formado em Direito. Vocês me desculpem por ficar devendo a conta. Aqui é tudo ao vivo. Então... Então... Pô, mil novecentos e um tantos de ano aí atrás, Jesus estava aqui. Jesus Cristo, Filho de Deus. Estou falando dentro de uma perspectiva católica, beleza? Não estou querendo impor nada para ninguém. Aí eu olho e faço assim... Poxa, me senti tocado aqui. Agora eu estou ouvindo os anjos. Agora eu estou ouvindo os santos. Ela pode, inclusive, casar com a Síndrome de capgras, que a gente vai falar daqui a pouquinho. Mas a Síndrome de Jerusalém... Vai falar sobre surtos religiosos, sobre ideias obsessivas, sobre delírios que uma pessoa tem, tendo como parte de influência justamente a religião. Ah, mas pode acontecer com o hindu? Pode acontecer com o hindu. Pode acontecer com o budista. Pode acontecer com... O que mais que a gente tem de religião no mundo, gente? Umbanda, candomblé, qualquer religião no mundo. Pode ocorrer com ateu? Talvez, né? Não sei. Sim. A Síndrome de capgras, que eu já dei uma... Uma adiantada pra vocês. É o seguinte. A pessoa, ela acredita que uma outra pessoa próxima ali da convivência dela é o impostor. É o famoso Among us, né? Então... Ela está olhando e fala assim... Rapaz, meu amigo, ele não é mais o mesmo. Esse filho de uma égua foi substituído por um alienígena. Eu vou matar esse filho da puta desse alienígena que está tentando parecer meu amigo. Não estou brincando, gente. Isso acontece. Isso acontece. Pelo menos essa tem um... Nome sério, né? capgras não é Síndrome da Barbie. Existe Síndrome da Barbie. Eu não inventei. A gente vai falar dela daqui a pouquinho. Então, essa síndrome é basicamente isso. Uma pessoa da minha convivência foi substituída por um ET. Foi substituída por um agente secreto. Foi substituída por um demônio. Daí pode casar com a Síndrome de Jerusalém. E daí a gente tem também a Síndrome de Cotard. Ou Síndrome do Niilismo. O que essa síndrome quer dizer? A pessoa que está com essa síndrome, ela acredita que ela morreu. E ela está aqui vagando pelo mundo. É uma alma penada. Ela vai falar assim, pô, eu morri. Então, olha, por exemplo, assim, pô, eu estou com o braço cortado. Ah, mas eu estou morto mesmo? Se lasca. Não vou cuidar do meu braço, não. Aí a pessoa, por exemplo, vai morrer. Vai morrer. A pessoa vai morar no cemitério. Por quê? Porque gente morta mora em cemitério. Então, a pessoa vai para lá. A pessoa não cuida da higiene pessoal. Por quê? Porque, sei lá, fantasma não precisa escovar os dentes. Fantasma não precisa tomar banho. Então, a Síndrome de Cotard, ela vai colocar justamente isso. E essa síndrome também vai trazer um aspecto da pessoa. Igual eu falei, ela acha que ela morreu. Mas os casos documentados, ela acha que ela morreu sem virar um zumbi. Ela não virou The Walking Dead. Então, ela acha ali que ela virou um fantasma. Portanto, se ela virou um fantasma, ela está invisível. Ela acredita que ninguém a vê. Bom, eu adiantei. E aí, a gente tem a Síndrome de Barbie. Ah, eu sei. A pessoa fica fazendo um monte de plástico. Não, tem nada a ver. Eu também não sei por que escolheram o nome. A Síndrome de Barbie, ela vai falar sobre a coisificação da mulher. Isso não é tão comum quando a gente está falando de Brasil. Mas isso é muito comum quando a gente está falando de alguns países do Oriente Médio, onde ainda hoje, a mulher é vista como um objeto que deve servir a um homem. A mulher tem um propósito que não é o próprio. A vontade dela é dependente da vontade de um outro homem. Então, apesar do nome ser, vamos dizer assim, meio americanizado, e apesar de acontecer também na nossa sociedade, não é tão visível. Então, a mulher, seja por conta de uma criação, seja por conta de alguma outra coisa, ela vai se enxergar como uma pessoa que tem um papel específico na sociedade. Isso pode ser um obstáculo no combate a crimes sexuais. Porque, vamos pensar, aqui no Brasil, vamos pensar uma mulher que acredita que ela é propriedade do marido. E aí o marido vira e fala assim, olha, hoje eu quero fazer sexo com você, mas hoje eu não quero, não estou afim, se é problema seu. Vou fazer do mesmo jeito. A gente tem o quê? Um crime de estupro. Aí a mulher, ela olha e fala assim, bom, eu sofri um estupro? Não, meu marido tem o direito de transar comigo. Tá, eu não queria e tal, mas o importante é que ele queria. Se ele queria, tem que fazer. Então, essa síndrome, ela dificulta, ela dificulta o combate a crimes sexuais. Tem alguns países do Oriente Médio onde uma mulher, ela não pode sair à rua sozinha sem a presença masculina. Então, se uma mulher, ela quer ir no mercado, ela tem que ir com uma figura masculina. Isso em alguns países, tá? Não é a regra. Por quê? Porque se ela está andando sozinha, ela pode ser estuprada. E não é, ah, mas aqui no Brasil, a mulher também pode sofrer esse tipo de violência. Todo mundo aqui nesse país pode sofrer esse tipo de violência. Mas lá tem uma diferença. Lá, essa violência é justificada e o agressor não será punido. Porque o erro foi dela que saiu sozinha. Então, essa síndrome, claro que nesse país não vai ter muito combate à violência nesses casos, né? Mas eu estou só trazendo um exemplo do outro lado do globo pra gente poder, poder colocar. E justamente essa síndrome de Barbie, ela também pode afetar os agentes, os agentes de segurança pública. Então, por exemplo, chega uma mulher e fala assim, olha, meu marido me estuprou, não sei, ah, mas, assim, você deu a entender que você não queria e tal, você falou que não, às vezes não é uma coisa que vocês gostam, de um pouco mais de violência. E aí a mulher, por conta disso, muitas vezes nem denuncia o que contribui pra ter a cifra negra. O que que é uma cifra negra? É o número de crimes que aconteceram, mas não chegaram a conhecimento das autoridades, por qualquer motivo que seja. Bom, depois da síndrome da Barbie, a gente tem aqui, também, a síndrome do desamparo aprendido, da mulher maltratada e da gaiola de ouro. Todas essas síndromes também têm relação com a violência doméstica. A síndrome do desamparo aprendido é um estado de depressão causado por uma desgraça sucessiva na vida de uma pessoa, onde aquela pessoa olha e fala, ah, minha vida não tem mais jeito, tudo pra mim dá errado. Dentro da violência doméstica isso pode acontecer com, poxa, isso aqui não tem essa questão, eu não consigo fazer nada, tudo pra mim acontece de uma maneira tão ruim, é só merda na minha vida, merda atrás de merda, desgraça atrás de desgraça, agora eu entreguei o goianês com merda, que eu não consigo sair disso. Não tem solução. A minha situação não tem solução. Isso está muito ligado à violência doméstica. A síndrome da mulher maltratada vai ter algo um pouco mais a ver com uma panela de pressão. Aqui nesse caso, na síndrome da mulher maltratada, a vítima, pelo contrário, ela não olha e fala assim, ah, eu não tenho como me livrar disso aqui. A vítima vai acumulando tanto aquela violência, como se fosse uma panela de pressão sem válvula de escape. E aí ela estoura. O que aconteceu? Teve uma mulher que ao longo de 20 anos, ela era diariamente espancada e estuprada pelo marido. Chegou um belo dia que ela olhou e falou, chega, eu não aguento mais. Foi lá e matou o cara. Foi lá e deu um tiro na cabeça dele. O cara estava dormindo e foi lá e executou ele. E como diz o promotor de justiça do caso, eu discordo do que ela fez, porque eu não esperaria 20 anos pra isso. Acho que eu não esperaria nem 2. Então, nesse caso, na síndrome da mulher maltratada, dentro do direito vai entrar uma excludente do crime chamada inexigibilidade de conduta diversa. Ou seja, dessa vítima não era possível você exigir outro comportamento que não esse de dar fim ao seu agressor. E, por fim, a síndrome da gaiola de ouro. Ela tem um nome bem autoexplicativo. É uma síndrome que surgiu de uma obra literária chamada Mulheres que Correm com os Lobos. Pensa uma mulher que ela está dentro de um relacionamento tóxico com um cara muito bem sucedido. E aí esse cara trai ela, esse cara grita nela, esse cara fala, ah, cala a boca, puta, não me enche o saco, só por conta desse trem hoje eu vou sair com a puta. Só por conta disso. E a mulher olha e fala assim, olha, não é a síndrome do desamparo aprendido, onde a mulher vai falar, pô, eu não consigo me livrar disso. A mulher consegue, mas ela fala assim, olha, por um lado ele é um filho de uma puta, mas por outro ele me deu uma Mercedes zero quilômetro, por outro eu moro numa casa de luxo no Alphaville, por outro lado eu tenho viagens, eu tenho um cartão de crédito pra gastar, não sei quê, então eu estou numa gaiola, mas a minha gaiola é feita de ouro. Não é uma gaiola tão ruim. A porta da gaiola está aberta, mas eu prefiro ficar na minha gaiola de ouro. Não, aqui não é tão ruim. Né? Ah, é ônus e bônus. Então a pessoa olha e fala assim, olha, eu tenho que me sujeitar a isso, mas de alguma maneira o que eu recebo em troca é melhor do que a humilhação que eu tenho que me sujeitar. Então a vítima, ela imagina que os benefícios que ela recebe em troca daquele relacionamento são maiores do que o que ela tem que sofrer, o que ela tem que passar. Então, como eu disse, na Síndrome do Desamparo Aprendido, a mulher não recebe benefício nenhum e não enxerga uma possibilidade de sair desse local. Entretanto, na Síndrome da Gaiola de Ouro, ela olha e fala, eu posso sair da hora que eu quiser, mas eu gosto da minha Mercedes, eu gosto da minha casa no Alphaville, eu gosto de viajar pra Paris, eu gosto de ir no shopping, gastar 50, 60 mil reais comprando roupa, comprando calçado e etc. Coisa e tal. Até eu gosto da minha vida de luxo. Então, tá. Acho que eu prefiro ficar aqui. Então, essas são as principais síndromes. Eu ainda vou mandar um outro áudio tratando sobre a Síndrome de Borderline e sobre a Síndrome do Gaslight, porque aí ela vai ter uma relação com o ciclo de violência doméstica, senão esse áudio aqui que já tá dando 26 minutos vai dar 50.
Transtorno de Personalidade Borderline
Gente, vamos falar agora sobre a síndrome de borderline. O que é borderline? Border quer dizer fronteira. Line quer dizer linha. Então é a síndrome da linha fronteiriça. Como assim? Vamos imaginar uma pessoa, uma pessoa comum, o João. O João estava andando pela rua. E aí o João, sei lá, deixou o celular cair no chão e o celular quebrou. Pô, o João vai ficar triste. Ele estava normal, ele vai ficar triste. Depois de um tempo ele volta a ficar normal. Ele volta, ah, beleza, quebrou, foda-se, lá. Vou ficar triste hoje, mas amanhã já superei. Isso é o normal. O que a síndrome de borderline vai trazer? É quase, mas não se confunde com, uma bipolaridade. A síndrome de borderline, a pessoa está feliz, triste, feliz, triste, feliz, triste. Ela está sempre oscilando. Ela nunca está normal. Então quando ela fica, por exemplo, com raiva, é um intervalo muito curto e depois ela está normal. Raiva, normal. Raiva, normal. Então, como se ela estivesse sendo irritada constantemente. Ela também é chamada de transtorno de personalidade borderline, ou TPB. É um transtorno mental grave que afeta a maneira como a pessoa vai pensar, como ela vai se comportar e, como eu disse, tem uma instabilidade. Em relação às emoções. Você tem uma mudança muito... muito frequente em relação a um relacionamento. Relação a relacionamento ficou um pouco ruim de falar, mas enfim. Com vistas a um relacionamento, a pessoa tem dificuldade de manter. Em relação a autoimagem, ela tem ali uma dificuldade de se enxergar, de ter uma identidade própria, porque ela está sempre mudando de valores, está sempre mudando de objetivos, está sempre mudando de interesses. Isso vai acabar prejudicando também a vida profissional daquela pessoa. E o comportamento dela, ela tem muita impulsividade, ela pode ter um comportamento autodestrutivo. Como, por exemplo, abusar de uma substância, como, por exemplo, se cortar, como ter uma ideação suicida. Mas o comportamento autodestrutivo, ele nem sempre vem dessa forma. Você pode ter uma pessoa, por exemplo, que fala assim, ah, por exemplo, eu não vou cuidar muito da minha higiene. Ah, eu vou... não vou escovar os dentes, por exemplo, vou deixar desenvolver uma cárie. Ah, eu... eu sei que eu tenho que estudar. Ah, eu sei que eu tenho que estudar para, por exemplo, melhorar de vida, mas ah, eu vou ficar me sabotando, né? A borderline, ela não é 8 ou 80. Ela tem o 8, ela tem o 9, ela tem o 10, ela tem o 14, ela tem o 70. Então, não é aquela coisa assim de, poxa, eu tenho borderline, olha que legal, uma faca, vou rasgar meu pulso. Não, ela pode ser, por exemplo, olhar e falar assim, ah, deixa, né? Vou, por exemplo, hoje me sabotar. Vou sabotar a minha dieta. Para uma questão de saúde. Vou parar de cuidar da minha saúde. Enfim. As causas da síndrome de borderline, comumente, são uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Então, o abuso de uma substância pode ajudar a desencadear? Sim. A genética pode ajudar a desencadear? Sim. Mas os fatores ambientais também. Uma pessoa que foi submetida ao longo da vida a muitos traumas, ela pode vir a sofrer com a síndrome de borderline. E o que essa síndrome causa na pessoa, além de tudo que eu já falei? Causa um medo intenso de abandono, porque ela está meio que ali, sempre se preocupando que as pessoas ao redor vão abandoná-la. Ela anda muito de mãos dadas com ansiedade. Mudança brusca de humor, eu já falei. Uma imagem instável, eu já falei. Um sentimento de vazio. Então, aquela pessoa, ela fala assim, poxa, eu... Hoje eu queria fazer alguma coisa, mas não sei o que eu queria fazer. Eu não sei se eu queria comer alguma coisa diferente. Não sei se eu queria assistir uma série, ouvir uma música. Sei lá, tomar uma cachaça. Não sei. A pessoa fica com aquela vontade assim de, poxa, eu queria fazer alguma coisa, mas eu não sei o que. Não tenho muita vontade. Eu queria, mas não sei o que. Então, é uma síndrome que dá para ser tratada com auxílio de medicação. Por exemplo, para a parte de ansiedade, para a parte de ideação suicida, dá. Mas, principalmente, tem que ser tratado com um psicólogo também. Então, não é algo crônico. Não é uma doença crônica. Não é o que a pessoa nasceu e não tem mais o que fazer. Não, ela pode sim ser tratada. E qual que é a importância da síndrome de borderline junto ao direito? Eu poderia estar acabado por aqui. Mas tem um aprofundamento muito legal. É o seguinte. O artigo 26 do Código Penal vai falar sobre os inimputáveis. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O que isso quer dizer? A pessoa, que quando ela praticou uma ação, por exemplo, eu pratiquei uma ação de, sei lá, dar um murro na cara do meu amigo. Se ao tempo da ação, por uma doença mental minha, eu era inteiramente incapaz de entender que dar um murro na cara do coleguinha é errado ou, apesar de entender que dar um murro na cara do coleguinha é errado, eu não conseguia me controlar, eu vou ser isento de pena. A gente vê isso, esse artigo, sendo muito... A gente vê uma aplicação muito fácil dele com o de Lera. Não sei se vocês conhecem o de Lera. Ele é um streamer. E ele tem a síndrome de Tourette. Então, frequentemente, dentro da síndrome dele, ele está cometendo uma série de crimes. Então, por exemplo, aparece uma mulher. Aí ele fala, puta, perdão. Por quê? Esse puta, vadia, veio da síndrome. Apesar dele saber que ele... Tanto que, frequentemente, nos engenheiros, ele fala, puta, perdão. Por quê? Esse puta, vadia, veio da síndrome. A gente vê isso nos vídeos. Ele pede desculpas logo depois de falar besteira. Apesar dele saber que ele não pode virar para uma mulher aleatória, vai te falar, puta. Isso aí dá injúria, dá difamação, dependendo, né? Apesar dele saber, ele não consegue se controlar. É uma parte que ele tem. E dentro da síndrome de borderline? Se a pessoa estava com um borderline tão intenso que ela não conseguiu se segurar para cometer... diante ali de um crime, ela pode ser isenta de pena? Pode, quer dizer que sim. Então a pessoa estava com borderline assim, no máximo, matou uma pessoa, ela não vai ser presa? Não. Então ela vai sair andando? Não, ela vai ficar internada num hospital de custódia para tratar essa questão. Então, como é que funciona? É só a pessoa chegar e falar assim, doutor, errei, fui moleque, borderline, deixou embora? Ah, beleza, tchau, vai com Deus. Não. Você tem que ter uma coisa chamada incidente de insanidade mental. Ele está disposto no Código de Processo Penal, o famoso CPP, do artigo 149 até o artigo 154. O que diz o artigo 149? Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, do criminoso, do réu, o juiz ordenará de ofício, de ofício é por conta própria, sem ninguém pedir, ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, ou seja, do advogado, do curador, que é quem cuida do doido, do ascendente, do pai, do descendente, do filho, do irmão, do cônjuge, do acusado, que este seja submetido a um exame legal. Parágrafo primeiro. O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. Na fase do inquérito, gente, é um inquérito policial. A autoridade policial leia-se delegado de polícia. Como é que funciona um processo? O João cometeu um crime. O João matou o Pedro. O crime do João foi levado ao conhecimento das autoridades. Foi aberto um inquérito. Ao final daquele inquérito policial, o delegado de polícia olha e faz assim, olha, esse infeliz aqui cometeu um crime. Vou fazer o indiciamento. Indiciar é chegar para o promotor de justiça e falar, olha, nesse caso aqui que eu investiguei houve um crime. O promotor, ele olha para aquilo ali e fala, olha, seu indiciamento está correto, doutor. Vou oferecer denúncia. Vou até o juiz de direito e falar, doutor juiz, o delegado apurou isso aqui, ele acha que tem crime e eu também. E aí o juiz vai lá e fala assim, concordo com vocês dois, recebo a denúncia. Cito o réu. Chego para o réu e falo, ô animal, você está respondendo um crime. A voz vai ficar um pouco, é porque eu não bebo água. Pronto, depois de uma pausa, seguinte. Agora você está respondendo por um crime. Ou seja, agora tem-se um processo. Antes do réu ser notificado, que ele está respondendo por um crime, a grosso modo falando, é inquérito. Depois que ele sabe que ele está respondendo, que já está com o juiz, é processo. Só fazer essa diferenciação básica. O juiz nomeará curador ao acusado, ou seja, alguém para cuidar dele, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto as diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento. Ou seja, enquanto esse processo está rolando, o juiz vai falar, o cara que está respondendo, o processo vai ficar parado até a gente descobrir se ele pode ou não pode responder por aquele crime. E é basicamente isso. Se você conseguir determinar que ele não tinha capacidade por conta da síndrome de borderline, de entender que o que ele estava fazendo era errado, ou, se caso ele entendesse, ele não tinha capacidade de se controlar, ele vai ser isento de pena. Ah, e se ele conseguia se controlar mais ou menos? A pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, o criminoso, o réu, o bandido, como vocês queiram chamar, em virtude de perturbação de saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito ou de se controlar. É o parágrafo único do artigo 26 do Código Penal. Então, essa é a importância da síndrome de borderline dentro do direito penal. Efeito Gaslight (ou Gaslighting) e o ciclo de violência doméstica contra a mulher E, por fim, para a gente finalizar, vou falar sobre algo que eu acho, é uma aposta minha particular, para as próximas provas de delegado de polícia, fase discursiva. O efeito gaslight e o ciclo de violência doméstica contra a mulher. E casa um pouco a síndrome da mulher maltratada. O que é o efeito gaslight? Ele surge a partir de um livro, ambientado ali no final do século XVIII ou século XIX, onde, naquela época, a iluminação das casas era feita por lampião. Era na época do cangaço? Não, sem essa piada, por favor. Você tinha ali uma lamparina para iluminar o ambiente. Essa lamparina, comumente, era óleo de baleia ou a gás. Nesse caso do exemplo, é a gás. O rapaz ali, eu não lembro agora o nome do gás, eu não lembro agora o nome do livro, mas o marido ali, com o fim, com a intenção de falar que a esposa era doida, todo dia ele vai lá e diminui um pouquinho da luminosidade, da intensidade desse gás. Então, a casa vai ficando mais escura. E aí, a mulher chega e fala, marido, a casa está escura. Essa casa está ficando escura. Ele fala, não, não está não. Pô, está normal. O jornal aqui, está normal, está igual sempre foi. Não, deixa eu dar uma olhada nesse lampião. Não, o lampião está normal, está igual sempre foi. E ele vai fazendo isso. E vai fazendo isso, e vai fazendo isso. Meu amor, a casa está escura? Não está. Meu amor, a casa está diferente? Não está. Está tudo igual. Pô, estou lendo aqui o jornal. Se estivesse tão escuro quanto está, eu não estaria conseguindo ler o jornal. E aí, a mulher vai acreditando que ela vai ficando doida. E é justamente aí que entra a violência doméstica. A violência doméstica, ela tem... Três pontos. Primeiro, ela vai se iniciar com a fase da agressão. Essa agressão, ela pode ser física, ela pode ser verbal, ela pode ser patrimonial, ela pode ser sexual, ela pode ser psicológica. Eu vou exemplificar aqui com agressão física, para ficar mais fácil. Um tapa. Então, hoje o João foi lá e deu um tapa na cara da Maria. É o primeiro ponto do ciclo de violência doméstica. Depois disso, começa a fase da lua de mel. O João vai chegar e vai falar, ô meu amor, você sabe que aquele dia eu estava muito estressado, eu não quis fazer isso. Olha aqui um buquê de flores para eu me desculpar. Hoje à noite a gente vai fazer uma noite especial aqui. Vou comprar um chocolate, um vinho. A gente vai assistir um filme e tal. E aí, depois dessa fase da lua de mel, vem o aumento de tensão. Então, depois desse aumento, o aumento de tensão, que é, vamos dizer assim, a panela vai esquentando, na hora que a água ferve, tem outra agressão. Com maior intensidade do que a primeira. Então, a primeira agressão do João com a Maria foi um tapa, agora é um murro. Foi um murro, agora é uma surra. Foi uma surra, agora é uma surra mais forte. A ponto da mulher ficar desacordada. Vai evoluindo, vai evoluindo. Até que chega uma hora que termina em feminicídio. Então, o ciclo de violência doméstica, se ele não for quebrado em algum momento, seja porque a mulher largou o cara, seja porque o infeliz morreu, seja por qualquer coisa, se esse ciclo não for quebrado, vai terminar com a mulher morrendo. Não é raro da gente ver, isso aconteceu muito quando eu assistia TV, não é raro da gente ver, por exemplo, na época que o Marcelo Rezende era vivo, ele falando, olha só, perceba, a mulher já tinha 80 denúncias da polícia. E aí você vê aquela pessoa ali, tem 20 denúncias da mulher que está apanhando o marido, que o marido está perseguindo ela e tal. E aí o que acontece? Nada. A mulher morreu agora, pronto, agora tem 21 ocorrências. Então, hoje em dia, isso está ficando cada vez mais raro. Até porque novas mudanças na lei de violência doméstica conferiram a autoridade policial, leia-se, delegado de polícia, a capacidade de... tirar o agressor do ar e de fazer algumas outras coisas. Antes era só o juiz que podia determinar. Hoje, em uma cidade onde não tem juiz, ou o juiz que está ali não está no fórum, não foi encontrado, o próprio delegado de polícia pode chegar para o cara e falar, filho, some, vaza. Ah, mas nada, vaza. Ou vaza ou é bala. Não, beleza, estou indo embora. E aí ele chega para o juiz e fala, olha só, o João estava batendo, a Maria mandou ele sumir. Aí o juiz vai olhar e vai ratificar ali, né? De qualquer jeito, o juiz tem que ficar sabendo. Ah, mas você está falando que tem que ter o delegado. Na cidade que eu moro, não tem nenhum delegado, faz o quê? O policial, normalmente toda cidade tem ali a PM, né? O policial pode fazer esse afastamento. Mas aí ele tem... Agora eu não lembro na lei se ele conta direto para o juiz ou se ele conta para o delegado, o delegado conta para o juiz. Mas até, vamos supor que, não tem delegado de plantão na cidade, não tem delegado na cidade. Pode chegar lá o cabo da polícia militar, né? Vai fazer o que é certo, quer dar uma bela, dar uma surra no infeliz e mandar ele sumir. Fazer o afastamento do agressor do lar. Então hoje, a lei Maria da Penha, ela já evoluiu muito para justamente dar maior segurança às mulheres, né? E com isso eu termino aqui o nosso conteúdo de síndromes.