Você está na página 1de 4

Mascaramento Clínico

O mascaramento é um dos procedimentos clínicos mais discutidos na


prática audiológica. Seu emprego correto é muito importante para se obterem
limiares tonais reais.
De acordo com o Instituto Americano de normais Nacionais (American
National Standards Institute - ANSI) mascaramento é o processo pelo qual o
limiar de audibilidade para um som é elevado pela presença de outro som
(mascarador).
Quando a audição é avaliada com o uso de fones ou de um vibrador
ósseo, nem sempre a orelha que o clínico deseja testar é aquela que é
estimulada. As vezes, a outra orelha, chamada de orelha não testada, será a
orelha estimulada pelo som. Isto ocorre pelo fato de que as duas orelhas não
estão isoladas.
Um som intenso, quando apresentado a uma orelha pode atingir a orelha
oposta, porém com perda de uma certa quantidade de energia, que é
denominada atenuação interaural. Quando apresentado por via aérea a uma
orelha, pode estimular a cóclea da orelha contralateral por via aérea ou por via
óssea. Entretanto, um som, mesmo de fraca intensidade, quando apresentado
através do vibrador ósseo colocado em qualquer ponto do crânio, estimula
ambas as cócleas simultaneamente, o que torna a atenuação interaural por via
óssea praticamente igual a zero dB.

Valores da Atenuação Interaural Mínima - VA (Studebaker, 1979)


Freq (Hz) 125 250 500 1000 2000 3000 4000 6000 8000
AI (dB) 35 40 40 40 45 45 50 50 50

Na situação clínica, os audiologistas contam com o uso de ruídos


mascaradores para elevar o limiar da orelha não testada (ONT) sem interferir ou
influenciar nos resultados audiométricos da orelha testada (OT).
Existem basicamente dois tipos de ruídos mascarantes, que são o de
banda larga e o de banda estreita. O ruído de banda larga é aquele onde a
energia sonora está distribuída em uma faixa que abrange várias freqüências.
Nesta categoria, encontra-se o White Noise (WN) que possui espectro acústico
linear até 6.000 Hz, e o Spech Noise (SN) cujo espectro abrange de 250 a 4000
Hz. O ruído de banda estreita, ou Narrow Band (NB) é aquele onde a energia
está concentrada numa faixa de freqüência restrita para cada freqüência sonora
testada. A escolha de um deles irá depender do exame que se está realizando,
da eficiência do ruído e da disponibilidade do audiômetro.
O melhor ruído mascarante é aquele que possui maior efetividade com
menor sensação de intensidade. Geralmente, utiliza-se para o mascaramento de
tons puros o NB, já que possui uma faixa de freqüência restrita e necessita de
menor quantidade de energia sonora. Para os testes de fala pode-se utilizar WN
ou preferencialmente o SN pelo fato dele abranger especificamente as
freqüências da fala.
Alguns conceitos importantes:
Efeito de oclusão: melhora artificial da via óssea devido a um aumento do
nível de pressão sonora em direção a cóclea quando o conduto auditivo externo
é coberto ou ocluído (não ocorre em patologias condutivas).
Supermascaramento: Ocorre quando o nível do ruído apresentado à ONT
é aumentado em níveis que se igualam ou superam os valores da AI,
mascarando a cóclea da OT.
Submascaramento: Ocorre quando a quantidade de mascaramento é
insuficiente para produzir a mudança necessária do limiar. Pode ocorrer quando
a intensidade do ruído é mal calculada ou ocorre um erro de calibração do
aparelho.
A aplicação efetiva do mascaramento clínico requer boa compreensão
das respostas às seguintes questões:
Quando o mascaramento deve ser utilizado?

- quando existe diferença igual ou maior que a atenuação interaural


entre a via aérea da orelha testada e a via óssea da orelha não testada;
- quando existe diferença maior que 10dB entre limiares da via óssea e da
via aérea - (gap aéreo ósseo)
- quando a diferença entre LRF (SRT) da orelha testada e média dos
limiares ósseos das freq. da fala) da orelha não testada for igual ou maior que a
atenuação interaural;
- quando a diferença entre o IRF da OT e a média dos limiares ósseos da
ONT for igual ou maior a atenuação interaural ;

2. Quanto de mascaramento deve ser utilizado?

Deve-se sempre observar o comportamento da óssea da orelha não


testada. Devemos eliminar a resposta da óssea da ONT, colocando-a 10db
abaixo de onde está chegando o som nesta orelha pela atenuação interaural
(lembrar que atenuação de via óssea =0).
* Para baixar a óssea, necessitamos baixar a aérea, uma vez que o
mascaramento é dado pela via aérea, e a óssea acompanha a aérea , ou seja,
devemos considerar o gap.

LOGOAUDIOMETRIA
LRF(SRT) e IRF –
O mesmo acontece para o mascaramento de fala, quando consideramos o valor
de atenuação = 40dB, verificamos onde está chegando o som na ONT e
baixamos 10dB, considerando sempre o maior GAP aéreo ósseo.

“O assunto mascaramento é complexo, e é necessário um estudo extenso


e experiências reais para tornar-se clinicamente hábil”
Referências Bibliográficas

BESS, F & HUMES, L. Fundamentos de Audiologia. Porto Alegre: Artmed, 1998;

GOLDSTEIN, B.A & NEWMAN, C.W. Mascaramento Clínico: Tomando Decisões


In: KATZ, J. Tratado de Audiologia Clínica. São Paulo: Manole, 1999;

JERGER, S. & JERGER, J. Alterações Auditivas: um manual para avaliação


clínica. São Paulo: Atheneu, s.a.;

REDONDO,M.C Mascaramento Clínico. In: FROTA, S. Fundamentos em


Fonoaudiologia: Audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998;

RUSSO, I. & SANTOS, T. A Prática da Audiologia Clínica. São Paulo: Cortez,


1993.

SANDERS, J.W. & HALL, J. W. Mascaramento Clínico. In: MUSIEK, F.E &
RINTELMANN, W.F . Perspectivas Atuais em Avaliação Auditiva. São Paulo,
Manole, 2001.

Você também pode gostar