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Pesquisa do Reflexo Acústico do

Músculo Estapédio
P ROFA . DR A A DR I A NA R I BE I RO
CU RS O DE FON OAU DI OLOGI A - FM RP- USP
A DR I R IBEI RO@ F MRP.U SP.BR
Músculos da Orelha Média

Tensor do Tímpano: inervado pelo Nervo Trigêmio (V par craniano)

Músculo Estapédio: inervado pelo Nervo Facial (VII par craniano)


Músculos da orelha média
•Dois menores músculos do corpo humano.
•Ambos são compostos por fibras musculares estriadas esqueléticas e lisas, que
apresentam contração involuntária durante a estimulação acústica para sons intensos.
•Promovem o enrijecimento da cadeia ossicular como mecanismo de proteção da cóclea
mediante estimulação excessiva (70-90 dB acima do limiar mínimo de audibilidade).
•Como efeito das contrações e tracionamentos simultâneos, ocorre aumento da rigidez
do sistema e restrição do movimento da cadeia ossicular.
Reflexo Acústico do Músculo
Estapédio
Contração involuntária ativada pela vocalização,
estímulo elétrico, tátil e acústico.

Contração promove mudanças nas


características acústicas da superfície lateral
da MT.
Contração da Musculatura
Intratimpânica
Modificação da Imitância do sistema, bilateralmente.

O registro da contração pode ser captado ipsi ou


contralateralmente ao ouvido estimulado.

Captação depende da integridade do sistema aferente


(sensorial), vias de associação (tronco cerebral),
eferente (motor) e da integridade do sistema tímpano-
ossicular.
Reflexo Acústico do Músculo
Estapédio

Teste mais efetivo da bateria imitanciométrica.

Sua presença implica na integridade do sistema


de transmissão da OM e das vias auditivas,
principalmente do tronco cerebral.
ARCO REFLEXO DO MÚSCULO
ESTAPÉDIO

❖Atividade exercida pelo tronco encefálico.

❖Estruturas que desempenham atividades envolvidas no processamento auditivo das


informações.

❖Alterações dos núcleos cocleares podem alterar o reflexo acústico


Parâmetros Pesquisados do RA
Limiar do Reflexo Acústico.

Adaptação do Reflexo Acústico.

Latência do Reflexo Acústico.


Registro do RA
Registro Ipsilateral: sinal ativador e mudança na imitância
acústica observados na sonda (dBNA ou dBNPS).

Registro Contralateral: sinal ativador introduzido no fone;


mudança na imitância observada na sonda (dBNA)
Realização do Procedimento

A pesquisa do RA deverá ser realizada na pressão do pico de


máxima complacência (daPa).

Para pesquisar o limiar do RA, selecionar a modalidade Ipsilateral


ou Contralateral.
Fone Sonda

1- Reflexo acústico ipsilateral do ouvido esquerdo.


2- Reflexo acústico contralateral do ouvido direito.
Realização do Procedimento

Inicie o teste com 80dB, e pesquise o limiar do RA.

Se na intensidade máxima de saída do equipamento não houver


modificações na imitância do sistema: reflexo acústico ausente.
Limiar do Reflexo Acústico
❑A resposta limiar do reflexo ipsilateral é ligeiramente menor que a do reflexo contralateral, e o
tempo de início é maior para uma resposta limiar e mais curto para uma resposta supralimiar, ou
seja, à medida que a amplitude do estímulo aumenta, a latência diminui.

❑Quanto maior a intensidade, mais curta a latência do reflexo acústico.


Função do Reflexo Acústico
❑Há uma redução do som na orelha média para a cóclea em uma faixa de sons graves (menor
que 1.000 Hz), complementando a atuação do trato olivococlear por meio das fibras do núcleo
olivar superior medial (trato olivococlear medial).

❑Ao atenuar frequências baixas, esses músculos reduzem o mascaramento de frequências altas,
possibilitando melhora na discriminação da fala no ruído, e, ao contraírem-se na vocalização,
reduzem a resposta a estímulos autogerados como a própria voz.

❑Embora o reflexo acústico da orelha média possa oferecer proteção limitada contra a exposição
a sons intensos, é improvável que a ação protetora tenha se desenvolvido para esse fim, pois
sons fortes o suficiente para desencadear o reflexo são raros na natureza.
Reflexo Acústico
Não-captação do RA:

Presença de limitação sensorial na porção aferente do arco reflexo.

Presença de alteração na OM, na porção eferente do sistema.

Lesão de Tronco Encefálico.


Interpretação do Registro

Analisar a aferência e eferência.

Ouvido que recebe o fone (reflexo contralateral) deverá ser


analisado pela aferência.

Analisar o limiar auditivo (audiograma)


Interpretação do Registro

Ouvido que recebe a sonda deverá ser analisado pela aferência


(reflexo ipsilateral) e sempre pela eferência.

Analisar os limiares tonais (audiograma) e o timpanograma.


Reflexo Acústico Ipsilateral
Esquerdo

Fone Sonda

❖ Via aferente (sonda): analisar os limiares tonais do OE, perda


auditiva superior a 60dB poderá não ativar o reflexo acústico.
❖ Via eferente (sonda): analisar alterações de OM e problemas
no nervo facial à esquerda(lesões supra-estapedianas) que
podem alterar o reflexo acústico ipsilateral esquerdo.
❖ Ouvido esquerdo será aferente e eferente ao mesmo tempo.
❖ Orelha que recebe a sonda sempre será eferente
(timpanograma), será aferente na pesquisa do RAIL
Reflexo Acústico Contralateral
Esquerdo

Sonda Fone

❖ Via aferente (fone): analisar os limiares tonais do OE, perda


auditiva superior a 60dB poderá não ativar o reflexo
acústico.
❖ Via de associação (tronco cerebral): difícil de ser
diagnosticada somente pela audiometria, mas na presença de
alterações os reflexos estarão comprometidos.
❖ Via eferente (sonda): analisar alterações de OM e problemas
no nervo facial à direita (lesões supra-estapedianas) que
podem alterar o reflexo acústico contralateral esquerdo.
Anotação no Gráfico

Ouvido Esquerdo
Freq. Limiar Tonal RACL RAIL
500 10 95 90
1000 10 90 85
2000 15 85 85
4000 15 90 90
Anotação no Gráfico

Ouvido Direito
Freq. Limiar Tonal RACL RAIL
500 10 95 90
1000 10 90 85
2000 15 85 85
4000 15 90 90
ACHADOS NA PESQUISA DO REFLEXO
ACÚSTICO
Orelhas normais: limiar do reflexo acústico entre 70
e 100dBNS;

Controvérsias na literatura:
 Normal até 90dBNA;
 Alterados acima de 100dBNA. Carvallo, 2004

Lesões cocleares: limiares dos reflexos são


compatíveis com os limiares tonais ou apresentam
limiares inferiores ao esperado em indivíduos normais
(recrutamento);

Lesões neurais: limiares aumentados ou ausentes não


compatíveis com os limiares tonais.
SUGESTIVO DE ALTERAÇÃO NEURAL

Limiares tonais normais ou perda auditiva sensorioneural leve com ausência de


reflexos acústicos contralaterais, principalmente unilateral;

Limiares tonais normais com reflexos acústicos aumentados;

Presença do reflexo acústico: declínio do reflexo (adaptação patológica).

Gomez e Pedalini, 2005


Outras aplicações clínicas da
pesquisa do RA

Pesquisa do recrutamento de Metz:

❖Perdas auditivas sensoriais com o mesmo nível de reflexo acústico dos com audição normal.

❖Diferença normalmente entre 70 a 90dB)

❖Diferença menor que 60dB- sugestivo de presença de recrutamento.


Outras aplicações clínicas da
pesquisa do RA
Diagnóstico Otoneurológico:

❖Lesões de Tronco cerebral: presença dos RAIL e ausência dos RACL.

❖Topodiagnóstico das paralisias faciais periféricas: lesões infra estapedianas (abaixo da


emergência do ramo para o músculo estapédio) reflexos presentes. Supra-estapedianas:
reflexos IL e CL ausentes.
TONE DECAY TEST
(TDT)

Adaptação: redução progressiva da sensação de intensidade quando a


excitação é por estimulação contínua.
Russo et.al, 2005

Objetivo do teste: identificar pessoas com suspeita de alteração


neural pela pesquisa do fenômeno de adaptação.

Adaptação positiva: declínio da amplitude do reflexo acústico (maior


que 50%) com estimulação contínua 10dB acima do limiar durante 10’’.
TONE DECAY TEST
(TDT)

% Normal
100

50

0 5 10 15 20

segundos

1000Hz em 100dB
TONE DECAY TEST
(TDT)

% Adaptação
patológica
100

50

0 2 5 8 15

segundos

1000Hz em 100dB
TONE DECAY TEST
(TDT)

Pesquisar em 500 e 1000Hz.

Ausência do reflexo: TDT audiométrico, mas com maior


possibilidade de falso-negativo e falso-positivo.

Gomez e Pedalini, 2005; Russo et.al, 2005


Limiar do Reflexo acústico
Adultos
RA Ipsilaterais Contralaterais
kHz 0,5 1 2 4 0,5 1 2 4
X 91 87 89 89 102 96 96 95
Dp 6,4 6,3 6,6 6,4 9 8,3 7,9 8,8
X+ 1dp 97 93 96 95 110 104 104 104
X- 1dp 84 81 93 83 93 87 88 87

Carvallo, Carvalho e Ishida, 2000


Limiar do Reflexo acústico Ipsilateral
Lactentes até 8 meses de idade

estímulo média DP moda Intervalo Intervalo orelhas


mínino máximo
(dBNA (dBNA)
1000Hz 96,30 9,18 100 70 110 96
2000Hz 95,21 8,08 105 75 105 96
Ruído 83,31 8,23 90 65 95 92
(125-4000Hz)

Carvallo, 1992
Classificação dos Reflexos acústicos
Presente Presente em níveis normais Limiar do Reflexo desencadeado entre 70 e
100dB acima do limiar de via aérea

Presente e diminuído Diferença menor ou igual a 65 dB entre o


limiar de via aérea e o limiar do reflexo
acústico

Presente e aumentado Diferença maior do que 100dB entre o limiar


de via aérea e o limiar do reflexo acústico
contralateral

Ausente

Reflexo não desencadeado até saída máxima do equipamento

Gelfand, 1984; Jerger e Jerger, 1989

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