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Esquemas-síntese

das cantigas
de amigo
I. «Sedia-m’eu na ermida de San Simon»,
Meendinho (p. 40)
Cantiga de amigo narrativa: a ida à ermida.

Personagens Ação Tempo Espaço

• A amiga A amiga aguarda A duração • A ermida de San


• O amigo a chegada da subida Simon, situada
(ausente) do amigo. da maré numa ilha
Ele não chega, • Ondas do mar
e a maré sobe
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento.

Ansiosa Nervosa Desesperada

Aguarda O mar sobe; Morrerá


o seu amigo, não há barqueiro «fremosa»
que não aparece para a ajudar; no alto mar
não sabe remar
Papel da Natureza: o perigoso cenário das ondas do mar que rodeiam a amiga.

• Põe a vida da amiga em risco


Mar • Impede o encontro do par amoroso
• Propicia a «morte» da amiga

Cenário: os elementos contribuem para o isolamento da donzela.

Mar
Ilhéu
Ermida
Donzela
Tempos verbais:

Pretérito Presente/gerúndio Futuro

Causas Problema Desenlace


da situação enfrentado da situação:
atual no momento morte
de enunciação
II. «Ai flores, ai flores do verde pino»,
D. Dinis (p. 36)
Cantiga de amigo dialogada: pedido angustiado às flores do verde pino.

Personagens Ação Estrutura

• A amiga A amiga questiona as flores Cantiga paralelística perfeita:


• A Natureza sobre o estado e o paradeiro unidade central — dístico
(flores do seu amigo. • último verso de cada estrofe
do verde pino) As flores asseguram-na é repetido no primeiro verso
de que o amigo está bem da estrofe correspondente
e que chegará no prazo no dístico seguinte
combinado • técnica de leixa-pren:
repetição parcial ou integral
de versos
Ai flores, ai flores do verde pino, Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo! se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo, Ai flores, ai flores do verde ramo,


se sabedes novas do meu amado! se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, Se sabedes novas do meu amigo,


aquel que mentiu do que pôs comigo! aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado, Se sabedes novas do meu amado,


aquel que mentiu do que mi á jurado! aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é? Ai Deus, e u é?

A donzela dirige-se às flores do verde pinho: Resposta das flores do verde pinho:
• pede-lhes notícias do seu amigo • confirmam que o amigo está bem
• acusa o amigo de lhe ter mentido e de não • asseguram-lhe que o amigo cumprirá a sua
cumprir a promessa de se encontrar com ela promessa e estará com ela como combinou
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela sofrimento por não ter
notícias do seu amigo.

Ansiosa/insegura Angustiada/saudosa Furiosa

Refrão Apóstrofe Frases de tipo


interrogativo à Natureza com uso exclamativo
da interjeição «Ai»
repetida ao longo
da cantiga
Papel da Natureza: confidente da donzela/tranquiliza a donzela/confirma
a lealdade do amigo junto da donzela.

• Tempo primaveril; fertilidade


Simbologia
das flores • Juventude
do verde pino
• Sentimento entre a donzela e o amigo

Refrão da cantiga «Ai Deus, e u é?» — apóstrofe interrogativa à divindade.

• Demonstra a ansiedade da donzela.

• Intensifica as emoções da donzela.


III. «Bailemos nós já todas três, ai amigas»,
Airas Nunes (p. 38)
Cantiga de amigo (bailia): convite às amigas; desejo de ir dançar.

Personagens Ação Espaço

Três amigas A donzela incita Campestre:


as amigas a bailar • Debaixo
das avelaneiras
Relação de proximidade:
• Debaixo das avelãs
Amigas Consequência:
• Debaixo do ramo florido
Irmanas as donzelas belas
e apaixonadas
dançarão como elas Ambiente primaveril
Simbologia do número 3:
Árvores em flor
Perfeição
Harmonia
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela tenta convencer as suas
amigas a dançarem com ela.

Alegre Segura Confiante

Discurso persuasivo

Intenção Ação Condição Consequência

Participar Convencer 1. Ser bela como Outras donzelas


no ritual as amigas as três amigas bailarão: o ritual
da dança a dançar 2. Amar alguém cumprir-se-á
Caracterização das três amigas no discurso do sujeito poético: autoelogio.

«quem for velida como nós» Repetição


«quem for louçana como nós» das expressões positivas:
«quem bem parecer como nós parecemos» beleza e formosura

Características formais: estrutura paralelística com refrão intercalado.


IV. «Ondas do mar de Vigo»,
Martim Codax (p. 39)
Cantiga de amigo, de temática semelhante à do género marinha
ou barcarola: a presença do mar.

Situação inicial: amigo ausente.

O sujeito poético e os elementos da Natureza:

Apóstrofe

EU TU

Confidentes

Donzela Ondas do Mensageiras

mar de Vigo
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento.

Ansiosa «se vistes meu amigo?»


Coplas 1 e 2 Duvidosa «se vistes meu amado?» Paradeiro do amigo

Frases interrogativas

Aflita «o por que eu suspiro?»


Coplas 3 e 4 Sentimentos pelo amigo
Preocupada «por que ei gram cuidado?»

virá — futuro do modo indicativo

Inquieta Desejo de rever o amigo;


Refrão «E ai se verra cedo!»
Emotiva desejo de união
Frase exclamativa
Repetição

Angústia e receio constantes


devido à ausência do amado
Características formais:

• Cantiga de refrão.
• Cantiga paralelística perfeita, com emprego da técnica de leixa-pren.

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