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INTEGRANTES DO GRUPO

o ANA CLÁUDIA MANUEL PEREIRA BASTOS


o EURICO JOAQUIM LUTUCUTA ELAVOCO
o JONAS ABRÃO LEBENE
o JOSUÉ DE JESUS FERNANDES ESTEVÃO
o MÁRCIO SEBASTIÃO FERNANDES
o MILTON GONÇALVES BARROSO
EPIGRÁFE

“Não basta definir o crime e a pena correspondente. Isto é pouco. É


preciso igualmente analisar o conteúdo da conduta que o direito classificou
como criminosa e investigar a pessoa que a praticou, tarefas inegávelmente
mais complexas. É necessário discutir as estratégias de intervenção social e as
agruas do cárcere, normal destino da clientela do sistema.”
ALVINO AUGUSTO DE SÁ
Criminologia Clinica e Psicologia Criminal (Pág. 8)
INTRODUÇÃO

O testemunho pressupõe o conhecimento do facto. É o relato


desse facto ou acontecimento, em obediência aos mecanismos da
assimilação. Simplesmente, esse conhecimento está sujeito, por
vezes a graves lacunas e a perigosas distorções.

Como disse SÁ, “não basta definir o crime e a pena


correspondente. Isto é pouco. É preciso igualmente analisar o conteúdo
da conduta que o direito classificou como criminosa e investigar a
pessoa que a praticou, tarefas inegavelmente mais complexas”.

É chamado o psicólogo criminal para estudar e trazer à Corte as


evidências do crime, ele o faz usando instrumentos de avaliação
psicológica. Em contexto forense, esses métodos assumem uma
importância adicional porque têm implicações de longo alcance que
vão muito além de um diagnóstico acurado e podem definir até a
liberdade da pessoa ou o bem-estar da sociedade.
seu
processo,
limites,

principais Introdução
cuidados na principais
escolha de
a Avaliação cuidados na
um teste Psicológica elaboração
psicológico.

competências
para realizar
avaliação
psicológica
A Avaliação psicológica é “um processo técnico e científico
realizado com pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo
com cada área do conhecimento, requer metodologias
específicas. Ela é dinâmica, e se constitui em fonte de
informações de caráter explicativo sobre os fenômenos
psicológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos
diferentes campos de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde,
educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer
necessária”. (CFP - Conselho Federal de Psicologia ).

A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a


integração de informações provenientes de diversas fontes,
dentre elas, testes, entrevistas, observações, análise de
documentos. A testagem psicológica, portanto, pode ser
considerada uma etapa da avaliação psicológica, que implica a
utilização de teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos.
O Processo De Avaliação Psicológica

Levantamento dos objetivos Coleta de informações pelos


da avaliação meios escolhido

Integração das informações e Indicação das respostas à


desenvolvimento das situação que motivou o
hipóteses iniciais processo de avaliação
Como o comportamento humano é resultado de uma complexa
teia de dimensões inter-relacionadas que interagem para produzi-
lo, é praticamente impossível entender e considerar todas as
nuances e relações a ponto de prevê-lo deterministicamente. As
avaliações têm um limite em relação ao que é possível entender e
prever.

Considerando os diversos contextos e objetivos da avaliação


psicológica, a Resolução CFP n° 002/2003, no artigo 11, orienta
que “as condições de uso dos instrumentos devem ser
consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais
os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis”.

A recomendação para um uso específico deve ser buscada nos


estudos que foram feitos com o instrumento, principalmente nos
estudos de validade e nos de precisão e de padronização.
Sempre levando em consideração sua finalidade, o
laudo deverá conter a descrição dos
procedimentos e conclusões resultantes do
processo de avaliação psicológica. O documento
deve dar direções sobre o encaminhamento,
intervenções ou acompanhamento psicológico. As
informações fornecidas devem estar de acordo
com a demanda, solicitação ou petição, evitando-
se a apresentação de dados desnecessários aos
objetivos da avaliação.
Em princípio, basta que o profissional seja psicólogo para
que ele possa realizar avaliação Psicológica. Entretanto,
algumas competências específicas são importantes para
que esse trabalho seja bem fundamentado e realizado com
qualidade e de maneira apropriada:
1) Ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos
da Psicologia, dentre os quais podemos destacar:
desenvolvimento, inteligência, memória, atenção,
emoção, etc, construtos esses avaliados por diferentes
testes e em diferentes perspectivas teóricas;
2) Ter domínio do campo da psicopatologia, para poder
identificar problemas graves de saúde mental ao realizar
diagnósticos;
3) Possuir um referencial solidamente embasado nas
teorias psicológicas (psicanálise, Psicologia analítica,
fenomenologia, Psicologia sociohistórica, cognitiva,
comportamental, etc.), de modo que a análise e
interpretação dos instrumentos seja coerente com
tais referenciais;

4) Ter conhecimentos da área de psicometria, para


poder julgar as questões de validade, precisão e
normas dos testes, e ser capaz de escolher e
trabalhar de acordo com os propósitos e contextos
de cada um;

5) Ter domínio dos procedimentos para aplicação,


levantamento e interpretação do(s) instrumento(s)
utilizados para a avaliação psicológica.
O psicólogo deve consultar o manual do referido teste, de modo a obter
informações adicionais acerca do construto psicológico que ele pretende
medir bem como sobre os contextos e propósitos para os quais sua
utilização se mostra apropriada. Assim, os principais cuidados que o
psicólogo deve ter para utilizar um teste psicológico são:

1) Verificar se as pessoas estão em condições físicas e psíquicas para


realizar o teste;

2) Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para


realizar o teste, sejam elas físicas ou psíquicas;

3)Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu manual;

4) Cuidadar da adequação do ambiente, do espaço físico, do vestuário


dos aplicadores e de outros estímulos que possam interferir na aplicação.
Diferença Entre Avaliação Forense e Avaliação
Terapêutica
Na Avaliação terapêutica o foco se dá na colecta de
informações sobre um examinando para realizar um
diagnóstico ou chegar a uma conclusão sobre o seu
funcionamento psicológico actual. Na avaliação forense,
o foco é não só na colecta de informações que permitam
a uma conclusão sobre a doença mental do examinando,
mas é também fazer isso com o objectivo de informar a
corte...
A diferença é que, em contexto forense, esses métodos
assumem uma importância adicional porque têm
implicações de longo alcance que vão muito além de um
diagnóstico acurado e podem definir até a liberdade da
pessoa ou o bem-estar da sociedade.
4) Programas de Psicoterapia;
1) A Entrevista clínica

5) Programas e estratégias de prevenção, de


2) Testagem ou Testes psicológicos redução e de reinserção social;

6) Programas socio-educativos e psico-


3) Observação educativos.

Para HUSS, os instrumentos de avaliação estão agrupados de maneira tal que


podemos chamar de em uma “tipologia dicotómica”, ou seja, o autor divide em
dois tipos: Entrevista (Entrevistas não estruturadas, Entrevistas
semiestruturadas e Entrevistas estruturadas); e Testagem psicológica (testes de
personalidades, testes intelectuais, testes neuropsicológicos e testes forenses
especializados).
A Entrevistas não estruturadas
o psicólogo não tem uma lista prescrita de perguntas a
serem feitas, mas tem uma ideia geral do propósito da
avaliação ou das áreas a serem focadas e procura

reunir informações preliminares .

A Entrevistas estruturadas A Entrevistas semiestruturadas


mais formais e mais rígidos da entrevista consiste de perguntas predeterminadas que
clínica. Elas consistem de perguntas cada entrevistador segue, A entrevista
específicas que devem ser feitas, e não é semiestruturada é dividida em áreas gerais,
permitido que o entrevistador se desvie como a história educacional, história familiar,
das perguntas escritas (resposta do tipo história ocupacional, etc. Segundo HASS esse
sim / não). tipo de entrevista, sua administração é um
Por exemplo, a Entrevista para Sintomas passo para avaliar psicopatia, o Psychopathy
Relatados (SIRS) consiste de 172 Checklist-Revised (PCL-R). As repostas nessa
perguntas que avaliam se um indivíduo entrevista estão focadas na obtenção de
está fingindo ou exagerando os sintomas respostas a perguntas específicas.
de uma doença mental.
Testes de
personalidades
(projectivo vs
Objectivo)

(2) A
Testes
TESTAGEM Testes
forenses
especializados ou TESTES intelectuais

PSICOLÓGICA

Testes
neuropsicológicos
Testes de personalidade: projectivo vs Objectivo

Para o HUSS “são concebidos para medir alguns aspectos


da personalidade normal do examinando ou, no
extremo, a sua psicopatologia ou doença mental” para
avaliar doença mental em casos que têm uma exigência
legal para a presença de doença mental como
inimputabilidade, responsabilidade civil ou casos de
danos pessoais. Testes psicológicos como o Inventário
Multifásico de Personalidade de Minnesota-II (MMPI-II)
são utilizados para avaliar a psicopatologia de um
examinando em uma variedade de subescalas que
medem aspectos como depressão, esquizofrénia,
paranoia e caracteristicas antissociais.

Em geral, os testes de personalidade podem ser divididos


em projetivos e objectivos
Testes projetivos •As principais vantagens são que “eles
avaliam caracteristicas psicológicas
(Teste de Rorscharch & Teste de
mais profundas inobserváveis de um
Apercepção Temática «TAT»)
examinando e são mais difíceis de
apresentam-se estímulos ambíguos simular”. Entretanto, aquilo que seria a
ao examinando, seja por meio de sua desvantagem, recai nas “críticas
que deles foram feitas porque são
“borrão de tinta ou de uma imagem
testes que mais difíceis de padronizar,
de pessoas em uma situação
mais difíceis de administrar e pontuar e
particular”, e lhes é pedido uma apresentam confiabilidade e validade
interpretação dos mesmos. questionáveis (Lilienfeld et al 2003, cite
por HUSS).

Testes Objetivos
(Inventário Multifásico de
Personalidade de Minnesota-II & o •Ao que tange a sua vantagem, os testes
Inventário Clínico Multiaxial de objetivos “permitem uma administração
Million-III «MCMI-III») relativamente fácil que produz resultados
confiáveis e válido”. Contudo (em sua
difere dos projectivos porque são desvantagem), os testes objetivos
mais estruturados e diretos. “requerem um nível maior de conhecimento
Apresentam ao examinando e cooperação do que os testes projetivos e
perguntas específicas e propõem tendem a dar uma visão mais limitada do
comportamento humano”.
alternativas específicas de respostas.
Testes intelectuais
Escala Wechsler de Inteligência para Adultos-IV (WAIS-IV)

•Têm seu foco nas capacidades intelectuais de um examinando. Nos Estados Unidos, os casos de
pena de morte são uma área em que psicólogos forenses administram um teste de inteligência
como o WAIS-IV. A inteligência é uma das questões nesses casos porque a Suprema Corte dos
Estados Unidos decidiu que as pessoas que sofrem “retardo mental”, e portanto, têm um
Quociente de Inteligência (QI) abaixo de 70, são inimputáveis para a pena de morte (Alkins vs.
Vírginia, 2002. Cite por HUSS).

Testes Neuropsicológicos
Teste de Trilhas A e B; & Baterias neuropsicológicas como o Luria-
Nebraska
•são concebidos para avaliar déficits cerebrais subjacentes que possam afectar habilidades
psicológicas como planejamento, memória e atenção. Um psicólogo forense pode avaliar a
capacidade de um acusado de se submeter a julgamento, e essa avaliação pode incluir uma
avaliação da sua memória de longo prazo para se certificar de que não existe prejuízo subjacente
à sua incapacidade de se lembrar de eventos do crime. Se existir um comprometimento da
memória de longo prazo, ele não terá condição de auxiliar na sua defesa de modo efetivo.
Além dos tipos de tradicionais de testagem psicológica,
também existem testes concebidos de modo a ter
questões forenses em mente, os Instrumentos para
avaliação forense (IAF), eles podem ser:
“são medidas directamente relevantes para um
padrão legal específico e refletem o foco nas
capacidades, habilidades ou conhecimento
específicos que são abrangidos pelo direito” (Otto
e Heilbrun, 2002. Cite por HASS).
Eles incluem medidas designadas para avaliar
questões legais específicas como “inimputabilidade
ou capacidade para se submeter a julgamentos”.

Distinguido dos Instrumentos forenses especializados,


os instrumentos de relevância forense “são
instrumentos que focam as questões clínicas, não em
padrões legais, os quais são mais comuns no sistema
legal”. Para Heilbrun et al (2002), os instrumentos que
avaliam o risco de violência futura e psicopatia são
exemplos de instrumentos de relevância forense.
“VANTAGENS vs. DESVANTAGENS dos Instrumentos forenses
especializados e dos forensemente relevantes”

Têm vantagens sobre os testes psicológicos descrito anteriormente


porque estão menos afastados da questão legal imediata.
Uma vez que estão afastados da questão legal imediata, esses
instrumentos reduzem a gravidade das inferências que possam ser
feitas pelo avaliador e, portanto, aumentam potencialmente a
confiabilidade e validade das avaliações que utilizam instrumentos
forenses especializados confiáveis e válidos.
Por exemplo, já identificámos o MMPI-II como uma medida de
personalidade ou doença mental comumente utilizada. Entretanto,
um psicólogo forense teria que inferir o grau em que a doença mental
de uma pessoa prejudicaria a sua capacidade de distinguir o certo do
errado. Ao passo que um instrumento de avaliação forense
especializado, como as Escalas de Rogers para Avaliação da
Responsabilidade Criminal (R-CRAS), avaliaria mais diretamente o
grau de prejuízo da capacidade do acusado em relação às acusações
legais que ele enfrenta.
(3) - A OBSERVAÇÃO
Define-se a observação por uma «acção de olhar com
atenção os seres, as coisas, os acontecimentos, os
fenómenos para os estudar, examinar e deles retirar
conclusões» (cf. Le Petit Larousse, 1998).

O acto de observação começa, assim, pelo olhar, a


percepção fina de um indivíduo numa situação.

O quadro teórico da observação vai buscar alguns


elementos a corrente do behaviorismo: toda análise da
conduta deve assentar em factos comportamentais
observáveis e deve ser afastado o recurso a introspecção.
A análise do comportamento deixa de ser inferida a partir
de uma representação cognitiva que medeia um conjunto
de condutas passadas, mas assenta no olhar actual, a
maior parte das vezes, «directo», de uma série de
comportamento manifestado pelo sujeito.
EXEMPLO:
“A Cena número 15 da segunda Temporada da
série PRESON BREAK, em que o personagem
Alexandre Morrone «descarta» uma informação
criminal que Machael Sofild e seu irmão Lincor
Bohores gravaram. (a partir do 26,40 minuto)

O detective (Alexandre Morrone) observa a


gravação e “Desvenda os Segredos que estavam
na linguagem corporal e verbal, ISTO ATRAVÉS
DA OBSERVAÇÃO”

VEJA...!
CONCLUSÃO

Avaliação psicológica é “um processo técnico e


científico que se constitui em fonte de informações de
caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos,
envolve a integração de informações provenientes de
diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas,
observações, análise de documentos.

Na avaliação terapêutica, o foco se dá na realizar de


um diagnóstico ou uma conclusão sobre o seu
funcionamento psicológico actual. Na avaliação
forense, o foco não é só nas informações que
permitam a uma conclusão, mas é também fazer
isso com o objectivo de informar a corte.
E em contexto forense, esses métodos assumem
uma importância adicional porque têm implicações
de longo alcance que vão muito além de um
diagnóstico acurado e podem definir até a
liberdade da pessoa ou o bem-estar da sociedade.

HUSS, agrupa em dois tipos os instrumentos de


avaliação: Entrevista (Entrevistas não estruturadas,
Entrevistas semiestruturadas e Entrevistas
estruturadas); e Testagem psicológica (testes de
personalidades, testes intelectuais, testes
neuropsicológicos e testes forenses
especializados).
Pesquisas mostram que muitos dos testes mencionados (...)
estão entre os testes usados com maior frequência em
avaliações forenses. O MMPI-2 é o teste de personalidade mais
utilizado e o teste psicológico usado com mais frequência entre
os psicólogos forenses. Essa sua utilização é provavelmente o
resultado do vasto apaio da pesquisa para o seu uso e a
relevância de se diagnosticar doença mental em contexto
forense. As escalas de inteligência de Wechsler são os testes
intelectuais utilizados com maior frequência e o segundo teste
psicológico mais utilizado em geral. O Rorschach é o teste
perceptivo mais frequentemente utilizado, junto com o Teste de
Trilhas A e B, como também o teste neuropsicológico mais
utilizado. O Psichopathy Checklist-Revised é o instrumento de
avaliação forense mais frequentemente utilizado.

Mas, dentre todos os instrumentos de avaliação


psicológica usado em contexto forense, os mais usados
são a observação e a entrevista.
RECOMENDAÇÕES

Todos nós somos chamados para esse árduo


trabalho, fazer pesquisas exaustivas no ramo de
Psicologia Criminal em geral, e sobre os
instrumentos de avaliação psicológica que
devem ser aperfeiçoados para usos forenses em
particular, porquanto, escreveu o nosso
contemporâneo Psiquiátra e Psicólogo:
“Nossos alunos consomem o conhecimento como
sanduíche, um fastfood. Não o digerem, não o assimilam e
nem conhecem seu processo de produção. Recebem
diplomas e se preparam para o sucesso, mas não para
lidar com frustrações, perdas, desafios e fracassos. As
universidades, com as devidas exceções, têm gerado
servos e não autores da sua história.

O sucesso na carreira e os títulos que valorizam os


cientistas podem funcionar como venenos que matam a
sua ousadia e criatividade. Na realidade, não deveríamos
ser doutores, senhores, mas eternos aprendizes.”

AUGUSTO CURY
(O Futuro da Humanidade – pag. 66)

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