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REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma

análise empírica para América Latina (1985-


2015)

Aluno: Lucas Estrela


Orientador: Antônio Licha
Motivação

 Por uma série de questões – que serão levantadas mais a frente – países em
desenvolvimento apresentam frágeis finanças públicas e quando se encontram em
crises, estas não podem ser aliviadas pelo uso da política fiscal;

 Bova et al. (2018) afirma que países em subdesenvolvimento possuem estruturas de


governança na máquina pública menos sólidas, o que gera um ambiente propício para
existência de déficit bias;

 A criação de regras fiscais foi uma solução adotada por grande parte dos países de
renda média, no entanto, poucos estudos avaliam o impacto destas nas finanças
públicas dos países.

2 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Motivação

“Perguntei ao Alesina sobre regras fiscais. Ele disse ser cético quanto ao
seu papel. “Em países que não precisam delas, porque já são austeros, as
regras funcionam. Em países que precisam, elas não são cumpridas”.
Mesmo assim, ele acha que as regras podem incentivar o ajuste.”

- Felipe Salto, diretor da IFI

3 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Estrutura

Pol. Fiscal: Regras Metodologia e


Teoria e
Resultados
Conclusão
Prática Fiscais

4 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Política Fiscal

5 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Objetivos Teóricos da Política Fiscal (IMBEAU; PÉTRY, 2004)

Estabilizar o
Alocar recursos
ciclo econômico

POLÍTIC
A
FISCAL

Corrigir desigualdades

6 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Estabilização do Ciclo: Até que ponto? (BERGANZA, 2012)

Cada entidade agindo visando


seu próprio interesse pode Razão 01
causar o esgotamento de
algum recurso comum. Common Pool Problem

Problema decorrente de uma


desconexão entre os interesses
Razão 02 do agente (que toma as ações) e
o “principal” (quem está sendo
Problema do Agente Principal representado)

Políticos em geral tendem a


gastar em proximidade de
eleições, visando sua Razão 03
reeleição
Ciclo Político

7 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Regras Fiscais

8 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Regras Fiscais – Objetivo

Como corrigir os problemas mencionados anteriormente?


• Instituição de regras que diminuam o grau de discricionariedade, agindo como um
mecanismo de controle aos políticos egoístas e oportunistas, com o objetivo de
convergir ao que um planejador benevolente faria (IMBEAU, 2004);

• O resultado prático da instituição dessas regras, de acordo com Frankel et al.


(2013), foi de diminuir a prociclidade dos gastos públicos. Bova et al. (2014)
afirma que a instituição das regras fortaleceu a qualidade institucional dos países
subdesenvolvidos.

9 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Regras Fiscais – Objetivo

10 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Regras Fiscais – Prática

Quais regras?
• Kumar et al. (2009) define 4 tipos de regras existentes. Na prática, uma
combinação entre elas deve ser adotada para o atingimento de diferentes
objetivos:

1. Budget Balance Rule (BBR): Em geral se define uma meta para o balanço primário;
2. Debt Rule (DR): Definição de um limite explícito para a relação Dívida/PIB. Essa
regra se mostra pouco útil quando essa relação está abaixo da meta;
3. Expenditure Rule (ER): Impõe-se um limite para o gasto público, atrelado a um
indexador para o seu crescimento;
4. Revenue Rule (ER): Opera-se no sentido de impor um piso ou um teto para as
receitas do governo. Este tipo de regra é pouco utilizada na prática, na medida em
que aumenta a prociclicidade da política fiscal.
11 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Regras Fiscais – Prática

12 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Metodologia

13 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Metodologia

 Países que adotam regras fiscais, podem possuir características


observáveis, ou não, que refletem uma maior preferência por uma
disciplina fiscal (POTERBA, 1996; DEBRUN et al., 2008 apud
HEINEMANN et al., 2018). Dessa forma, é necessário controlar para uma
potencial endogeneidade;

 Utilizo a metodologia de Caselli e Reynaud (2019) e dados de IMF (2017)


de 1985 a 2015 dos 20 países Latino-Americanos do continente.

14 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Metodologia (CASELLI; REYNAUD, 2019)

 Dobbin et al. (2007) afirma que há diversos canais pelos quais podem
ocorrer difusão geográfica da institucionalidade de um país: competição
econômica, aprendizado, socialização, imitação ou mesmo por coerção ;

 A intuição do argumento de Caselli e Reynaud (2019), seria que reformas


em países vizinhos afetariam reformas domésticas, mas não diretamente
o resultado nominal doméstico, sendo possível explorar o método de
variáveis instrumentais;

15 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Exemplificação da difusão de regras

16 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Metodologia (CASELLI; REYNAUD, 2019)

𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎𝑣𝑖𝑡𝑖,𝑡 = 𝛽1 𝑍𝑖,𝑡 + 𝛽2 𝑋𝑖,𝑡 + 𝛼𝑖 + µ𝑖

 A variável superaviti,t foi obtida em IMF (2019), e indica o superávit


nominal de um país i no ano t;
 A variável Zi,t representa uma variável instrumental – definida na Seção
III.b;
 Os dados das covariadas (Xi,t) utilizados são obtidos em IMF (2019). Este
conjunto de variáveis são controles, que ajudam a explicar os efeitos do
superávit nominal de um país, como dívida bruta, termos de troca e
abertura comercial;
 A variável αi representa efeitos fixos para país.

17 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Resultados

18 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Resultados
 Os resultados da Tabela 1 indicam a existência de uma relação positiva
entre a existência de regras e o superávit nominal;

 O primeiro estágio da regressão, apresentado na Tabela 2 indica a


correlação entre o instrumento utilizado e a existência ou não da regra
fiscal;

 O modelo (1) indica que existe uma probabilidade de 12% entre o país
doméstico adotar uma regra fiscal no mesmo período dos países vizinhos;

 É a mesma magnitude encontrada por Caselli e Reynaud (2019).

19 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Resultados
 A Tabela 3 indica que após controlar com a variável dummy.2008 os efeitos da
instituição de uma regra no superávit nominal, é positivo.

 Além disso, com exceção do modelo (7), o Teste Kleibergen-Paap rk permanece


acima da regra de bolso de 10, adotada por Staiger and Stock (1997);

 A baixa significância pode ser causada também devido ao método utilizado


(MQ2E), que por definição, fornece maior variância dos coeficientes, uma vez
que a variação dos dados estimados da variável independente da Equação (1) é
menor do que os dados observados (WOOLDRIDGE, 2016, p. 588). Tal fato
ainda pode ser agravado pela baixa variabilidade dos dados utilizados devido a
utilização de uma menor amostra de países e principalmente, com grandes
fronteiras.

20 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Resultados

 Utilizando a variável força_IV como variável instrumental, os resultados,


encontrados na Tabela 4 se alteram substancialmente:
1. O Teste Kleibergen-Paap rk permanece abaixo de 10 em todos os modelos;
2. Com exceção do modelo (6), todos os coeficientes são negativos e não significativos;

 Tais resultados contrariam os estudos de Caselli e Reynaud (2019); Mbaye


e Ture (2018), no sentido que a introdução de uma regra levaria a uma
diminuição do superávit, ainda que o coeficiente não seja significativo;
 Este resultado, pode advir dos chamados ‘controles ruins’ (ANGRIST;
PISCHKE, 2008). Dessa maneira, são reportados na Tabela 5 a regressão
apenas com um controle.

21 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Resultados
 Os resultados da Tabela 5 indicam que existe uma relação positiva e
significativa entre a implantação da regra e o superávit nominal de um
país;

 Além disso, o Teste Kleibergen-Paap rk se torna substancialmente maior


que 10. Não rejeitando a hipótese nula de que se trata de um instrumento
fraco;

 Outro resultado interessante é que ao caminharmos de uma regra mal


desenhada (percentil 25), para uma bem desenhada (percentil 75), o
superávit de um país pode aumentar em 1,25% do PIB.

22 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Conclusão

23 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Conclusão
 Muitos países adotaram regras fiscais com o objetivo de melhorar a
qualidade institucional, e conseguir cumprir o terceiro objetivo da política
fiscal – de estabilizar o ciclo econômico (IMBEAU; PÉTRY, 2004).

 A criação das regras, no entanto, coincidiu com o ciclo de commodities


dos anos 2000, o que facilitou os ajustes nas contas públicas dos países.
No entanto, estas regras quando estressadas pela crise, a maior parte
delas não resistiu (HODGE et al., 2018).

 A evidência encontrada para os vinte países analisados é que existe uma


relação positiva entre a criação de uma regra e o superávit nominal da
regra, apontado pela Tabela 3.

24 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Conclusão
 Quando se incorpora ao modelo um índice que informa a qualidade da regra fiscal (FRS)
adotada, o resultado é dúbio. O que pode ser causado pela introdução de controles ruins
(ANGRIST; PISCHKE, 2008);

 Os resultados encontrados na Tabela 5 após a retirada desses controles, mostra que


existe uma relação positiva e significativa.

 Interessante notar que quando controlado pela qualidade da regra (FRS) o coeficiente da
Tabela 5 se mostra 84% maior do que quando simplesmente controlado pela existência
da regra. O que indica, ainda que preliminarmente que o desenho da regra importa
substancialmente para o seus resultados.

25 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Muito Obrigado!

26 REGRAS E BALANÇOS FISCAIS: Uma análise empírica para América Latina (1985-2015)
Bibliografia

• BERGANZA, Juan Carlos. Fiscal rules in Latin America: a survey. Banco de espana occasional paper, n.
1208, 2012
• BOVA, Ms Elva; CARCENAC, Nathalie; GUERGUIL, Ms Martine. Fiscal rules and the procyclicality of fiscal
policy in the developing world. International Monetary Fund, 2014.
• CASELLI, Francesca G.; REYNAUD, Julien. Do Fiscal Rules Cause Better Fiscal Balances? A New
Instrumental Variable Strategy. International Monetary Fund, 2019.
• DEBRUN, Xavier et al. Tied to the mast? National fiscal rules in the European Union. Economic Policy, v. 23,
n. 54, p. 298-362, 2008.
• FRANKEL, Jeffrey A.; VEGH, Carlos A.; VULETIN, Guillermo. On graduation from fiscal procyclicality. Journal
of Development Economics, v. 100, n. 1, p. 32-47, 2013.
• HEINEMANN, Friedrich; MOESSINGER, Marc-Daniel; YETER, Mustafa. Do fiscal rules constrain fiscal policy?
A meta-regression-analysis. European Journal of Political Economy, v. 51, p. 69-92, 2018.
• International Monetary Fund (IMF). Fiscal Rules Dataset, 2017.
• IMBEAU, Louis M.; PÉTRY, François (Ed.). Politics, institutions, and fiscal policy: deficits and surpluses
in federated states. Lexington Books, 2004.
• LLEDÓ, Victor D.; YACKOVLEV, Irene; GADENNE, Lucie. A tale of cyclicality, aid flows and debt: government
spending in Sub-Saharan Africa. Journal of African Economies, v. 20, n. 5, p. 823-849, 2011.
• POTERBA, James M. Budget institutions and fiscal policy in the US states. National Bureau of Economic
Research, 1996.
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