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CONSTRUÇÕES II

UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA


FACULDADE DE ARQUITECTURA

temas Construtivos
Fluviais ou Lacustr

Discente:
32294-Milainy Neto

Docente:
Universidade Metodista de Angola Arq:Rogerio de Bri
Índice

1 INTRODUÇÃO 5 SISTEMA ELEVADO


• Objectivos COMTEMPORÂNEO
• Metodologia • Contemporâneadade35
• Conceitos Básicos 4 • Inversão do Sistema Palafítico
• Megasestruturas 36
VANTAGENS E DESVANTAGENS 37

2 SISTEMA CONSTRUTIVO CASAS FLUTUANTES


6 •
ELEVADO Casas Flutuantes 41
• Contextualização
• Ilustrações de Estruturas
Elevadas 7 CONCLUSÃO 42

3 SISTEMAS ELEVADOS 7 BIBLIOGRAFIA


EM PORTUGAL • Bibliografia 44
• Sistemas Construtivos dos
Palheiros da Costa Ocidental
• Tipologia do litoral
• Tipologia Avieira
• Ernesto Veiga e Fernando Galhano
“Cinco Tipos de Fundação”
• 1ªSolução
• 2ªSolução
• 3ªSolução 22

4 SISTEMAS PALAFÍTICOS
EM SÃO TOMÉ
• Palafitas por Terra:
Arquitectura Popular de
São Tomé e Príncipe 17

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1

INTRODUÇÃO

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Objectivos

Os sistemas construtivos são formas de construir edifícios constituidas por conjuntos de elementos


utilizados na estruturação de construções.

Têm com objectivo principal a resposta adequada ás solicitações e características morfológicas do


local respectivo.

Pensados a várias escalas de complexidade, os sistemas construtivos fluviais e os lacustres,


resultam de uma leitura aprofundada do local em que se inserem, levando sempre em conta os
factores físicos do local, dando soluções adequadas à implementação da construção. e ainda a
reflexão em torno de aspectos pontuais, como soluções adoptadas em elementos de suporte,
estruturas, sistemas construtivos e materiais respectivos.

Pretende-se, através deste estudo, identificar e abordar aspectos que possam contribuir para um
desenvolvimento integrado, atento às condições locais e às diferenças desta para uma contrução
tradicional, apontando potenciais desafios aos papéis da Arquitectura e da Engenharia.

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Metodologia
A metodologia deste trabalho baseia-se nas seguintes etapas, organizadas no diagrama [Figura1]
mostrado adiante:

1ºReferencial Teórico:
Consiste na pesquisa e leitura das referências (livros, artigos, trabalhos acadêmicos, entre outros)
relacionada aos objectivos do trabalho, auxiliando, assim, na compreensão do mesmo;

2ºEstrutural
Consiste na abordagem de como é feita a estrutura dos sistemas construtivos lacustres, desde
ilustrações e projectos;

3º Fachada
Consiste na abordagem dos matériais usados geralmente para o sistema, na amostra de fachas
de projectos;

4ºCobertura
Consiste na amostra e técnicas de ensombramento usadas, na abordagem segundo a Tabela 1
feita em São Tomé das coberturas geralmente usadas nas contruções palafíticas de São tomé;

Referencial Teorico
Sistemas Construtivos

Estrutural
Os sistemas construtivos devem
estabelecer um sistema de
produção, um conjunto de Fachada
processos construtivos, cujo
produto final será o edifício.

Cobertura

Fig[1] DiagramaDe Metodologia.


Fonte: desenvolvida
Pela Autora

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Conceitos Básicos
Lacustre:

Que vive ou está situado à beira ou nas águas de um lago.

Depósitos lacustres:

Os que se formam em lagos e zonas aquíferas.

Cidades Lacustres:

Antigos conjuntos de aglomerados habitacionais, pré-históricos que eram construídos sobre


estacaria nas margens dos lagos e zonas aquíferas, cujos vestígios ainda hoje permanecem,
particularmente nas margens de lagos na Suíça.

Actualmente ainda se constrói sobre água, quer os aglomerados nas Filipinas, Jamaica e outras
ilhas do Oceano Pacífico, onde são encontrados povos que constroem suas habitações sobre
lagos.

Modernos Resorts nas Maldivas, nas praias do México ou no Dubai, são edificados sobre as
águas marítimas, de lagos artificiais ou de zonas alagáveis (aquíferas).

Sistema Palafático:
Consiste na construção elevada por meio de pilares;

Sistema elevado:
Tem origem, enquanto princípio nos esquemas estruturais palafíticos;

Palafita:
Conjunto de uma estrutura em estacas que sustenta uma qualquer construção acima de uma
superfície alagável, ou com água, elevando a construção acima do nível do solo.

Frechal:
Viga de madeira onde se assentam os barrotes, varas ou caibros dos telhados em estrutura de
madeira.

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2

SISTEMA

ELEVADO

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Contextualização

 O sistema elevado tem origem, enquanto


princípio nos esquemas estruturais palafíticos.
As palafitas são estruturas de madeira treliçadas
ou compostas localizadas em regiões alagadiças
cuja função é evitar que as casas sejam
arrastadas pela correnteza dos rios, pois deixa a
casa elevada. As palafitas são encontradas nas
margens dos rios, em quase todos os Continentes
sendo mais frequentes em regiões tropicais
equatoriais de alto índice pluviométrico com
grande teor de humidade devido às altas
temperaturas. Fig[2]Casas em Palafitas.
Fonte:Wikimedia commons

As palafitas surgiram no Período Neolítico, o


que levou a criação da teoria lacustre.
Vestígios dessas habitações foram
encontrados em alguns
sítios arqueológicos no Continente Europeu.

Teoria Lacustre (Ferdinand Keller):


a densidade das estacas em madeira, a sua
Fig[3]Pilotis em madeira- sistema utilizado desde posição vertical e a sua situação nas
o período Pré-Histórico.
Fonte:Wikipédia zonas litorais de pouca profundidade levou-o
a concluir que as estacas tinham servido para
suster plataformas em madeira sobre as
quais se levantavam as habitações.

Em geral, as palafitas são feitas de madeira, e as casas sobre elas de palha ou de taipa (a taipa é
um composto de material em que o barro é assente sobre uma armação de galhos e ripas). Como
se trata de um tipo de construção precária, as populações que vivem em palafitas estão em
constante risco, especialmente quando as águas sob as casas são poluídas ou sobem por
intempéries.

O processo construtivo palafítico desenvolveu-se de duas maneiras distintas pelo mundo:


1ª Elevação de edifícios por meio de pilares define a sua própia estrutura, ou seja, a estrutura em
em si ou a estrutura em pilotis sustenta o chão e as paredes da casa (ex: casas palafíticas da
Malásia);

2ªElevação de uma plataforma por meio de pilares ou pilotis, onde depois irá ser erguido um
edifício de forma independente, ou seja , a estrutura em pilotis sustenta apenas a plataforma
onde posteriormente a casa é construída(ex: palafitas da Indonésia, Tailândia, Filipinas e sul da 6
Índia); Construções II

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Ilustrações de Estruturas Elevadas

Fig[4]Estrutura de moradia elevada por pilares.


Fonte:Pinterest

Fig[5] Casa elevada por pilares.


Fonte:House Plan

Fig[6]Casa elevada por pilares- corte


7
mostrando o tipo de fundação e Construções II
estrutura.
Fonte:Gratispng
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SISTEMA ELEVADO

Portugal

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Sistemas Construtivos dos Palheiros da Costa Ocidental
Existem dois tipos de palheiros: os palheiros do litoral e os palheiros do rio.

Os palheiros do litoral possuem base em palafita ,


encontram-se no litoral central de Portugal. Esta zona
costeira caracteriza-se por ser uma faixa linear de areias
finas, estendo-se para o interior, constituindo uma zona
de dunas áridas, fixadas com a plantação de pinheiros,
caracterizada pelo uso da madeira.

As construções eram implantadas de forma dispersa ou


linear originando ruas mais ou menos regulares. As casas
erguiam-se geralmente no alto de uma duna que
acompanhava a orla costeira.
Inquérito: Praia da Vieira, Vieira de
Leiria.

Os palheiros do rio construídos ao longo das margens do


rio Tejo representam uma tipologia arquitectónica
edificada principalmente por Avieiros, em vieira de Leiria.

Estas construções começaram, devido as migrações


frequentes do litoral central do país para o rio Tejo, na
época de inverno, quando era mais difícil exercer a
prática da pesca devido a escacez de peixes, o que era
primordial para a sua subsistência.

O termo palheiro é a designação dada às construções palafíticas de madeira encontradas no


litoral de Portugal, ou seja, as casas de madeira assente em pilares.

As palafitas encontradas nas margens do rio Tejo, ou seja, as construções elevadas do solo com
pilares conferem às povoações Avieiras uma forte identidade arquitetónica, comprovada pela
inovação das técnicas construtivas adotadas.

As contruções avieiras que é uma derivação do palheiro litoral, permitem identificar aspectos de
continuidade e inovação face ao sistema construtivo tradicional de palheiros encontrado na costa
ocidental portuguesa, cujo sistema constitui as principais raízes.

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Tipologia do Litoral
As construções do litoral não eram tão evoluidas como as do interior, devido à ocupação de carácter
efémero, à dureza ambiental, às dificuldades de transporte e à pobreza. Existiam dois tipos de
palheiros: em madeira ou barracos, que foram substituídos por casas de pedra(com carácter
definitivo) e o palheiro de tabuado, de planta rectangular, assente sob pilares de pedra (ex: de
Esmoriz), ou sob estacaria de madeira.

Cobertura
A cobertura a principio era feita em colmo,
passando mais tarde a telha. Telhados de
duas águas, com uma das empenas sobre a
rua.

Alçado
O tabuado de madeira, disposto na vertical
ou na horizontal, é normalmente pintado de
vermelho.
As juntas são pintadas de branco ou outra
cor, assim como as caixilharias e molduras,
pintadas de branco ou azul, contrastando
com o fundo escuro. Algumas construções
tinham dois ou mais pisos acima da estacaria,
exibindo na fachada uma varanda corrida
onde se situava a porta que dava acesso a
uma escada exterior.

Revestimento
O revestimento era feito com tabuados de
madeira e posteriormente pintados.
Fig[9] Planta, cortes e alçados
Fonte:Arquitectura de la Costa

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Tipologia do Litoral
As casas
O espaço térreo, constituído apenas pela estacaria,
era por vezes aproveitado para arrumação de
objectos ligados à vida marítima. No palheiro, a zona
habitável encontrava-se no primeiro piso, com acesso
por uma escada ou rampa exterior (habitualmente os
palheiros eram apenas compostos por um piso, no
entanto encontramos casos com mais pisos). As
intempéries fez com que a tipologia dos palheiros
sofresse algumas alterações, porque já não se
justificava uma construção elevada do solo, devido à
movimentação de areias. Com o crescimento dos
aglomerados populacionais, as casas protegiam-se
umas às outras das intempéries, tornando dispensável
a estacaria aberta e permitindo o seu revestimento até
ao solo para efeitos de aproveitamento de espaço.
Surgindo assim modelos fechados até ao nível do
solo, que serviam como zona de arrumação e mais
recentemente, como garagem.

O acesso é feito por um lanço de escadas exterior,


também em madeira, que se liga à varanda.
O interior a área de entrada entrada albergava a
cozinha e a sala comum, sem qualquer tipo de
separação física. Deste espaço comum acedia-se os
dormitórios de reduzida dimensão. A lareira era feita
na cozinha, normalmente encostada à parede, com
telhas a proteger a madeira. Quando existia, a latrina
situava-se entre a estacaria, ao nível do rés-do-chão,
onde se localizava o espaço de arrumação.

Fig[9] Inqueérito:vista exterior e interior


Fonte:16-Contruções-palafítas

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Tipologia Avieira
As tipologias Avieira vão mais além da contrução de edificações sobre palafitas, é a singularidade
das suas características construtivas como a barraca de madeira elevada com estacas que traz uma
forte identidade arquitetónica.

As construções palafíticas Avieiras, sofreram uma


evolução, em que as estacas de madeira foram, salvo
raras exceções, substituídas por pilares de betão armado.
Contudo, a construção da casa continua a ser
principalmente de madeira. Como podemos constactar
nos pormenores-tipo apresentados a diante.

Fig[9] Barcos adaptados a vivenda


Fonte:Oliveira e Galhano, 1988

Os barcos utilizados na pesca, foram


adaptados para habitação, os barcos velhos
e inuteis para navegar evoluiram para
quenas casotas, ficavam direitos por meio de
estacas imbutidas ou fixadas em torno do
barco, que ao mesmo tempo era elevado do
solo por meio destas.

Fig[10] Palhota
Fonte:Oliveira e Galhano, 1964

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Tipologia Avieira
Cobertura
As coberturas(de caniço ou telha triângular) eram de duas águas formando beirais, com empenas
triangulares.Quando o alinhamento era assumido através destas, a implantação deixava sempre
uma vala ou espaçamento entre as construções. Este espaçamento garantia o escoamento das
águas pluviais e possibilitava a iluminação e ventilação no interior. Quando o alinhamento era
assumido pelo beiral, por vezes partilhavam-se as paredes laterais, uniformizando beiral, cumeeira
e declive da cobertura.

Alçado
O alçado era simples, com os vãos insubistituíveis, ou mesmo sem vãos num dos alçados.´A
principio a disposição era aleatória, mas posteiormente os vãos eram dispostos alternadamente
num sistema ternário (janela, porta, janela) ou quaternário (porta, janela, porta, janela). Nos casos
em que os beirais estão virados para a rua, o alçado torna-se mais complexo, com alpendre, beiral
saliente e varanda com acesso exterior.

Revestimento
No caso dos revestimentos, embora ainda se encontrem muitos exemplos em tabuado de
madeira, existe uma grande multiplicidade de materiaiscorrelacionadas economicamente. Uma
das opções recorrentes é o contraplacado de madeira, por vezes aplicado com um outro material
numa espécie de mistura.

Elementos
Cobertura

Volume
Rectângular

Plataforma
Passadiço

Estructura

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Fig[9] Elementos de vivenda Construções II
Fonte:Arquitectura de la Costa

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Tipologia Avieira
As casas são de construção muito simples, de pequenas
dimensões e assentes sobre uma estacaria de troncos de
árvores, pilares de cimento ou de tijolo com reboco.
A cobertura de duas águas, é de telha ou de caniço.
As janelas são habitualmente duas na fachada principal,
com a porta a meio, que conduz a uma varanda de
madeira.
O acesso é feito por um lanço de escadas exterior,
também em madeira, que se liga à varanda.
O interior é composto por três divisões que geralmente
podem ser feitas com cortinas ou tabiques(que não vão
até ao teto): a mais ampla, onde se situa a lareira, muito
baixa e feita de tijolos, rodeada por um pequeno estrado
de madeira – o banco. As restantes divisões são quartos
muito reduzidos. Na maior parte das casas, os tabiques
são forrados com papéis coloridos. O acesso à sala não
tem qualquer tipo de porta, apenas uma cortina de cores
vivas. Em alguns casos, os tabiques são forrados,
surgindo na parte superior o sótão, utilizado para arrumar
as redes de pesca. A lareira é muitas vezes dispensada,
fazendo-se as refeições no exterior, junto à casa, num
anexo em madeira e coberto de telha, zinco ou caniço. Fig[9] Inquérito: Planta, Corte e Alçado
de um palheiro na Quinta de Alqueidão,
Azambuja.
Fonte:16 contruções-palafitas.

Fig[9] Palheiro em Caneiras correspondente à planta ao lado


EX I. Planta de um Palheiro em Caneiras,
Fonte:16 contruções-palafitas.
Santarém. Desenhado a partir dos registos da
autora Maria Salvado em Os Avieiros nos finais
da

II. Planta de um Palheiro,


com marcação da
estacaria, em Caneiras,
Santarém. Desenhado a
partir dos registos do
autor Mário Moutinho em
A Arquitectura Popular
Portuguesa (1979). 14
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As três soluções para as fundações de construções palafíticas são:
• Tipo Vieira sistema de pilares em pau-a-pique eram cravados fortemente no solo e posteriormente
enterrados.
•Tipo Mira sistema de pilares enterrados e unificados na parte superior por uma peça horizontal
formando linha, quatro peças formando um perímetro ou várias peças perpendiculares formando
uma grade.
•Tipo Esmoriz sistema de pilares travados por vigas de madeira que sustentavam plataformas de
madeira ou seja de dupla grade.

No livro “Palheiros do Litoral Central Português” são analisados e sistematizados os seus métodos
construtivos e também as suas tipologias habitacionais.

O primeiro estudo que abordou a caracterização deste tipo de construção pertence a Ernesto Veiga
e Oliveira Fernando Galhano.

Fundações das construções palafíticas em função da sua localização


geográfica.
Existem três tipos:
• “Tipo Mira” - palafítico, do sistema de estacaria independente;
• “Tipo Vieira” - palafítico, do sistema de pau-a-pique
• “Tipo Esmoriz” - palafítico, do sistema de vigas.

1.Tipo Mira 2.Tipo Vieira 2.Tipo Esmoriz


Fig[7]Tipos de Fundação.
Fonte:Oliveira, Galhano, 1964

No sistema construtivo palheiros do litoral as peças de elevação pilares, eram bastante


compridas e tinham uma disposição circular que davam um carácter palafítico à construção.
Nos casos mais evoluídos, a disposição das estacas era rectangular, dando continuidade a
própria construção.

Neste sistema, a evolução da fundação era diferente da evolução da elevação ou da


parede. A fundação apresentava sub-sistemas de pau-a-pique e independente que já foram
abordados anteriormente. 15
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Pau-a-pique os pilares eram dispostos de forma
voluntária a uma altura adequada, com auxilio de
vigas onde iria assentar o pavimento elevado em
relação ao solo. Mais acima, as peças eram
ligadas, da mesma forma, por um conjunto de vigas
superiores.

Independente era feita escavação de um poço


para a fundação, em seguida colocadas estacas
que posteriormente são enterradas e unificadas na
parte superior linearmente por uma peça horizontal,
quatro peças formando um perímetro ou várias
peças perpendiculares formando uma plataforma
ou grade .

Fig[7.1]Pormenores Palheiros da Tocha.


Fonte:16-Construções Palafitas

Existem quatro sistemas diferentes para elevação das


paredes:
1) Sistema simples a parede é feita sem qualquer
auxilio, emparelhamento ou encaixamento;

2) Sistema tarugado além dos frechais inferior e


superior, são colocadas peças horizontais entre as
peças da parede vertical, simplesmente entaladas e
pregadas;

3) Sistema enfunecado são aplicadas


sistematicamente pequenas peças de madeira para
sustentar as peças oblíquas em todas as paredes;

Fig[7.2]Pormenores Palheiros da Tocha.


4) Sistema entramado são colocadas peças
Fonte:16-Construções Palafitas horizontais pregadas às peças verticais da parede,
tornando a parede bastante rígida.

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Ernesto Veiga e Fernando Galhano
“Cinco Tipos de Fundação”
E. Oliveira e F. Galhano, fizeram um estudo aprofundado dos palheiros, localizados entre Espinho
e Vieira de Leiria, e encontraram características particulares em determinadas localidades, apesar
da simulitude existente entre elas. Classificaram diferentes tipos de fundações, tendo em conta os
aspectos formais e construtivos.

1) Tipo Furadouro(Praia de Espinho e São


Jacinto):
- Sistema construtivo pau-a-pique, com
entaboamento até ao solo;
- Estrutura de pilares em troncos de pinho,
mais tarde de carvalho, enterrada
directamente na areia;
- Planta quadrangular.

2) Tipo Mira(Costa Nova e Leirosa):


- Sistema de pilares independente, com
moldura ou grade: estrutura de barrotes que
se ergue sobre uma grade de linhas, que por
sua vez assenta em pilares enterradas no
solo;
- Revestimento exterior com tábuas de madeira
disposto na horizontal.

Fig[7.3]Tipo Mira, Palheiros na Tocha


Fonte:Oliveira, Galhano, 1964

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Ernesto Veiga e Fernando Galhano
“Cinco Tipos de Fundação”
3) Tipo Vieira (Pedrógão e Praia da Vieira):
- Sistema construtivo pau-a-pique, entaboamento
até ao solo ou com pilotis;
- Estrutura semelhante ao “Tipo Furadouro”, mas
diferente na disposição dos pilares, que existiam
apenas nos cantos, um a meio de cada lado e um
no canto inferior;
- A estrutura era reforçada por barrotes na
horizontal;
- Revestimento exterior, com tábuas de madeira
disposto na vertical e pregado sobre os barrotes;
- Linha pelo exterior;
- O aspecto palafítico devia-se à interrupção do Fig[7] Inquérito: Tipo Vieira. Palheiro na Praia da
revestimento exterior distanciado do solo. Vieira.
Fonte:Oliveira, Galhano, 1964

4) Tipo Esmoriz(Em Esmoriz e Cortegaça):


- Aspecto palafítico, sobre estacaria, e sistema de vigas;
- Assentava sobre uma dupla grade (a primeira composta por duas ou três vigas assentes em estacas;
a segunda, assentava na primeira, recebendo o pavimento de madeira e toda a estrutura do edifício);
- Revestimento exterior com tábuas na vertical unificados por uma peça ou ripa;

Fig[7] Tipo Esmoriz. Palheiro em Esmoriz..


Fonte:Oliveira, Galhano, 1964

5) Palheiros sobre muros(Evolução tipológica das fundações em todo o litoral central)


- Fundações constituídas por muros de betão ou tijolo com reboco;
- A alvenaria era utilizada para fechar o espaço entre os pilares, utilizado como arrumação.

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Num estudo mais recente, Daniel Moutinho apresenta as soluções construtivas encontradas em
mais de uma centena de palheiros ainda existentes à data do inventário nas povoações da Zona
Xávega e propõe uma categorização de todos os elementos construtivos dos palheiros: fundações,
sobrados, paredes, cobertura, pavimentos, tetos, caixilhos e varandas.

No que diz respeito a fundação distinguem-se três estádios:


• Estádio Primitivo palheiros edificados directamente em cima do solo;
• Estádio Intermédio palheiros com aspecto plafítico;
• Estádio Final evolução nas fundações dos palheiros do estágio intermédio;

Aos quais correspondem quinze pormenores-tipo distinguidos em três categorias:


• Impermeáveis sobre estacas(tipo furadouro)
• Permeáveis sobre pilares(tipo mira referido anteriorme)
• Pós-permeáveis sobre moirões(tipo moriz referido anteriormente).

Esta organização por “estágios” baseia-se não na


geografia mas na evolução temporal, salvaguardando que
“estas fases ou etapas, devem ser entendidas dentro de
uma sequência em que o desenvolvimento de uma não
implica a extinção da anterior, mas por vezes a sua
evolução paralela”

Fig[8] Três exemplos de pormenor-tipo:.“Impermeável” tipo dois, de estrutura encabeçada, “Permeável”


tipo seis, sobre pilares, “Pós-permeável” tipo três, sobre moirões
Fonte:Moutinho, 2007

Exemplo na Praia da Tocha. Palheiros em Esmoriz Três exemplos na Praia da


Estrutura em madeira. sobre moirões. Tocha

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1ªSolução
Este sistema construtivo caracteriza-se pela sobreposição dos elementos estruturais nos pilares: a
viga perimetral do sobrado assenta sobre o pilar, a viga de soalho assenta sobre a viga perimetral e,
por sua vez, o prumo assenta sobre a viga de soalho. Esta situação permite uma independência
estrutural entre os pilares e a estrutura da barraca, representando uma mais-valia na circunstância
ser necessária a sua deslocação. Este exemplo apresenta características semelhantes à
categorizada por Daniel Moutinho como “permeável tipo , sobre pilares” (MOUTINHO, 2007).

Fig[11] Pormenor Tipo 1:Localização: Povoação do Patação


Fonte:Moutinho, 2007

Pormenor tipo nº 1
Legenda:
1.Prumo
2.Forro interior em contraplacado
3.Travessa em madeira
4.Tabuado Vertical Exteior
5.Ripa Mata-Juntas
6.Soalho macheado
7.Viga de Soalho
8.Viga perimetral do Sobrado
9.Pilar de betão armado
10.Solo arenoso ou argiloso
11.Sapata em betão armado
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2ªSolução
Nesta solução o prumo vertical encosta lateralmente ao pilar de betão armado. A ligação entre os
dois elementos é realizada com grampos, metálicos de fixação cujo travamento é garantido numa
das extremidades por peças de borracha. Nas situações de canto, o prumo vertical é fixado à face
interior do pilar. Para ultrapassar a espessura do pilar, o prumo vertical e o tabuado exterior
encontram-se ligeiramente inclinados, sendo a distância entre eles maior na base (junto ao
pavimento) do que no topo da edificação. Perto do pavimento são necessários calços entre o
travessanho e o prumo vertical, para compensar a distância entre esses elementos.

Fig[12] Pormenor tipo 2:Localização: Povoação do Cucos


Fonte:Moutinho, 2007

Pormenor tipo nº 2
Legenda:
1. Travessanho
2. Calço
3. Forro interior em contraplacado
4.Tabuado Vertical Exteior
5.Ripa Mata-Juntas
6. Prumo
7. Soalho macheado
8. Viga de Soalho
9. Viga perimetral do Sobrado
10. Pilar de betão armado 21
11.Grampos de fixação metálicos Construções II

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3ª Solução
Entende-se que esta solução tenha evoluído do pormenor tipo n.º 2, uma vez que se mantém o
paralelismo entre o prumo e o pilar de betão mas a sua ligação é mais eficaz por ser previsto um
socalco no pilar. Assim, além de criar uma base de apoio mais consistente para o prumo, diminui-se
também a distância do prumo ao revestimento exterior, não sendo necessário inclinar os elementos
verticais nem compensar os travessanhos com calços.

Fig[13] Pormenor tipo 3:Localização: Povoação do Faias


Fonte:Moutinho, 2007

A amarração dos prumos aos pilares é também realizada


com grampos metálicos. Neste caso, as placas de
contraplacado são utilizadas tanto no forro interior como
no revestimento exterior, sendo necessária uma estrutura
de suporte secundária.

Pormenor tipo nº 3
Legenda:
1. Estrutura de suporte do contraplacado
2. Prumo vertical em madeira
3. Revestimento interior em contraplacado
4. Revestimento exterior em contraplacado
5.Soalho macheado
6. Viga de Soalho
7.Viga perimetral de soalho
8. Grampos de fixação metálicos
9. Pilar de betão armado
8.Pilar de betão armado
10.Solo argiloso ou de areia
22
11.Sapata de betão armado
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SISTEMA PALAFÍTICO

EM SÃO TOMÉ

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Palafitas por Terra: Arquitectura Popular de São Tomé e Príncipe
O tipo tradicional de habitação na ilha de São Tomé apresenta as seguintes características: é
quase sempre de forma quadrangular, assente em estacaria e inteiramente construída com
elementos vegetais - tabuado, palha, nervura e ândalas de certas palmeiras. O sistema elevado do
solo, embora não sendo a única solução para as habitações, constitui uma opção adoptada com
frequência em São Tomé, como descrito e ilustrado [Figura 12], atribuindo esta característica às
condições locais de implantação “por a maioria do casario inicial se ter levantado em região baixa e
pantanosa na época das chuvas”.

A necessidade de ventilação exigida pelo clima tropical, a


protecção contra espécies animais (principalmente
parasitas, como a matacanha) e a protecção da própria
madeira em relação às agressões climatéricas e
xilófagas, constituem uma melhor opção se for elevada
relativamente à construção tradicional em cima do
terreno.

As construções populares em São Tomé, são feitas de acordo com os diferentes ciclos económicos,
as condições climatéricas e pela caracterização social e étinica dos seus habitantes. São váreas
situações cuja origem é difícil de determinar [Figura 13]. Mas a sua preponderância no contexto
global deste tipo de construção é incontornável, não só pelo facto de podermos encontrar várias
contruções com o sistema palafítico, mas principalmente pela sua recorrente associação à
escassez de recursos económicos e a um frágil contexto social o que leva a optar por uma
contrução vernacular.

Fig[12] Registos de habitações de “indígenas”


Fonte: Tenreiro, 1961, estampas XXV, XXVIII, XXXIV

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Palafitas por Terra: Arquitectura Popular de São Tomé e Príncipe

Fig[13] Exemplo de construção popular contemporânea:


(A) levantamento arquitectónico; (B) Modelo tridimensional da estrutura;(C) fotografias
Fonte: Roça Boa Entrada, Ilha de São Tomé, 2010 [ASF].

Tabela 1. Parte do diagrama de análise de uma amostra de construções populares, Roça Boa Entrada, Ilha de
São Tomé, 2010 [ASF]. Identificação de padrões tipológicos através da análise de volumetria, configuração,
cobertura e materiais de construção.
• Função:
Habitação,equipamento colectivo, comércio, serviço;
• Estado:
Construção, utilização, ruina;
• Pisos:
um, dois, três ou mais; piso de embasamento
Configuração:
Elevada de estaca, elevada sobre pilares, pousada base de pedra;
• Cobertura:
Plana, uma água, duas águas contiguas, duas águas desfasadas, quatro águas, mais de
quatro água;
• Revest, paredes:
Chapa, tabuado vertical sem mata-juntas;
Tabuado vertical com mata-juntas;
Tabuado horizontal justaposto;
Tabuado horizontal em escama;
Bloco á vista/reboco;

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6

SISTEMA ELEVADO

COMTEMPORÂNEO

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CONTEMPORÂNEADADE
Pelas suas características funcionais, as palafitas foram, directa ou indirectamente, fontes de
inspiração na arquitectura do século XX, na actualidade, e eventualmente continuarão a sê-lo no
futuro.

Hoje em dia, muitos arquitetos inspiram-se na palafita de forma consciente ou inconsciente para a
conceção de algumas das suas obras, projectos de arquitectura contemporânea recorrem a este tipo
de sistema, seja numa construção sobre água, num terreno rochoso e acidentado ou mesmo num
espaço urbano compacto, empregando diferentes tipos de materiais e respeitando o lugar.

Embora haja edifícios que traduzam a linguagem do conceito palafítico, poucos transpõem a ideia
de proteção e conforto climático que estiveram na sua origem e que caracterizam a sua essência.

O uso da palafita tem evoluído ao longo dos tempos e os exemplos de arquitectura vernácula
influenciaram a arquitectura do século XX. Existem duas obras importantes do século XX, como
herdeiras parciais desta arquitectura popular que conta com um grande número de exemplos em
todo mundo.

A primeira, a Casa Farnsworth construída entre


1945 e 1951 em Illinois, nos Estados Unidos da
América, foi desenhada por Mies van der Rohe e
está implantada sobre o terreno por meio de pilotis
elevando-se sobre este.
O motivo porque isto acontece não difere daquele
que encontramos nos palheiros do rio Tejo: deve-
se ao facto de a zona ficar coberta de água todas
as primaveras devido à subida das águas do rio
Fox.

A casa ergue-se sobre pilares de aço a 1.60m do


solo para evitar que a água entre, comopara ser
perceptível o seu pavimento completamente
horizontal, a partir do exterior.

Fig[13.1] Casa Farnsworth Normal vs Submersa

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CONTEMPORÂNEADADE
A segunda obra é a Tallon House, situada na
Irlanda e construída em 1970. Esta casa
desenhada por Ronnie Tallon, para si próprio,
assenta no terreno, elevada sobre pilares,
também pela necessidade de protecção de
uma possível inundação.

Fig[13.2] Tallon House, 1970. Ronald Tallon

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CONTEMPORÂNEADADE
1. Equipamento na Praia dos Caneiros, 2004
Caneiros, Portugal Cooptar Arquitectos Fundações:
pilares, vigas e montantes em madeira
- A altura do piso em relação ao nível do solo,
corresponde às linhas de orientação do Plano de
Ordenamento da Orla Costeira para o Oeste algarvio,
assim como ao estudo geotécnico do terreno;
- Ergue-se sobre estacas, criando uma ligação visual e
física entre a cota superior da falésia e a cota inferior
da praia;
- A utilização da madeira sobrepõe-se aos restantes
materiais.

2. Centro Cultural da Costa da Noruega, 2004


Rørvik, Noruega Gudmundur Jonsson Arkitektkontor
Fundações: pilares de betão armado reforçado, que
erguem o edifício entre 1,5 e 3 m acima do nível do mar
- O método construtivo das palafitas tradicionais foi fonte
de inspiração;
- Construído com o objectivo de realçar o passado de
uma população, estreitamente ligada ao mar.

3. Casa do Lago,
2004 Çanakkale, Turquia Boran Ekinci Architects
Fundações: pilares de aço
- Situada nas margens de um lago artificial, é autónoma,
sustentável e amiga do ambiente;
- Estrutura em aço, e poucos pontos de contacto com o
terreno;
- Independente do contexto, mas perfeitamente
integrado nele;
- Os pilares erguem a construção para preservar a
natureza envolvente.

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CONTEMPORÂNEADADE
4. Octospider, 2003
Banguecoque, Tailândia
Exposure Architects
Fundações: pilares de betão armado (cozinha e
refeitórios);
pilares de aço (rampa)
- Estrutura de vias pedonais – rampa - e de edifícios –
cozinha e refeitórios -, que se interligam, sobre pilares,
acima da água;
- Ergue-se oito metros acima do nível do mar.
NOTA: É interessante fazer um paralelismo entre este
exemplo e os cais palafiticos das aldeias avieiras.

5. Museu Nórdico da Aguarela, 2000


Skärhamn, Suécia
Niels Bruun & Henrik Corfitsen Arkitekter
Fundações: pilares de secção quadrada em betão
armado (museu); tubos de aço com betão armado
(estúdios)
- Um museu e cinco estúdios para artistas;
- Estrutura de pilares, permitindo a livre circulação das
correntes de água sob o edifício;
- Prudente, ao encaixar uma nova construção num
ambiente natural, mas exigente.

6. Kraanspoor, 2009
Brahamón & Álvarez
Fundações: pilares de secção quadrada em betão
armado;
-Escritórios nos três pisos;
-É um bom exemplo da prática da arquitetura em
ambientes residuais esquecidos no tempo;
-Serve-se do rio através de bombas para encher o
sistema do pavimento e manter o ambiente estável tanto
no inverno como no verão;

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Inversão do Sistema Palafítico
Depois de implementadas as medidas
referentes à solução “room for the river”, o
resultado será a criação de uma barragem
artificial que servirá como reservatório de
fornecimento de água para as necessidades
básicas, tais como a irrigação das culturas e
geração de energia através das correntes mais
fortes.
Diagrama da inversão do sistema palafítico.
1. Mercado a céu aberto
Considerado o espaço mais público de todo o
sistema de acessos, o será a artéria principal
das distribuições das massas e de matérias
produzidas na cota mais abaixo (hortas).A
partir da mesma pode ser feita a ligação às
habitações em posições diferenciados através
dos módulos exclusivos em pontos específicos
e com sequências que poderão ser alternadas
consoante a conjugação dos módulos
habitacionais. A mesma plataforma poderá
servir como mercado para troca e venda de
produtos que sejam cultivados nas hortas e
ainda contemplar uma ciclovia.
Fig Fotomontagem do
sistema invertido (Beyond
Shape, 2015)

Fig Planta 1 31
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Inversão do Sistema Palafítico
2.Módulo de acessos
Situada numa cota intermédia, podem ser
feitas as restantes ligações públicas para
outros destinos, apenas em pontos de acesso
cuja função seja a mesma como podemos ver
na fig Planta de acessos. Esses acessos têm a
mesma forma dos módulos habitacionais para
que haja uma linuagem única. Este servirá
também de acesso privado para as hortas que
se situam na cota abaixo através de pontos
específicos.
As áreas que este módulo apresenta
proporcionam não só uma boa mobilidade,
como poderão servir também de arrumos para
as habitações ou de armazém para os
produtores agrícolas que utilizem no mercado. 2.Planta Módulo de acessos.

O sistema de escadas tem a particularidade de se adaptar às subidas e descidas das marés, tendo
a vantagem de estar sempre à cota das hortas, mesmo que haja alguma alteração nos níveis do
caudal da ribeira. Os acessos para as pessoas de mobilidade reduzida serão feitos pela parte
exterior destes módulos nos momentos em que neste caso, o elevador possa intersectar as várias
plataformas que constituem a zona de conexão.

Imagem representativa do modelo de acesso

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Inversão do Sistema Palafítico
3.Hortas Comunitárias
Esta plataforma funciona na cota mais baixa da zona de conexão e serve apenas para a
comunidade que vive das hortas para fins de subsistência pessoal. Está diretamente relacionada
com a fauna e a flora. É uma plataforma flutuante que usa como sistema os flutuantes de forma a
providenciar a mobilização vertical para que haja liberdade no movimento quando existem
diferenças no caudal da ribeira. Este é o sistema que melhor consegue estabilizar uma barra de
aço no fundo do mar / lago na posição vertical. A fixação da estaca ao anel é extremamente bem
encastrada na estrutura flutuante, nomeadamente na estrutura que contém as hortas. O tubo de
aço que suporta toda esta estrutura, varia de diâmetro consoante a sua função e as forças
exercidas pelas águas. .

Representação do funcionamento do sistema flutuante


das hortas

Corte Representativo do Funcionamento Geral

Chegando a esta forma, é


possível replicar o módulo,
invertendo-o se necessário
para que haja uma
adaptabilidade no que toca às
direções desejadas.

33
Metamorfose no modelo tradicional para facilitar Construções II

a junção entre os módulos .


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Inversão do Sistema Palafítico
O módulo habitacional:
É equipado apenas com o básico(com areas mínimas): cama, televisão, rádio, mesa de trabalho,
armários, fogão, frigorífico e banheira. A luz e ventilação são asseguradas através de uma janela .

O modelo básico da palafita é constituído por um espaço único bastante versátil que serve de sala e
quarto de dormir, ficando a zona da cozinha encostada numa parede ou numa galeria exterior e a
casa de banho localizada num módulo à parte, também exterior à habitação.
O seu desenho não é reti-líneo e por essa razão, dificulta a agregação dos módulos com o desenho
mais tradicional. Assim sendo, o módulo sofre duas torções com direções opostas nas suas
extremidades como mostra a figuram em baixo, mas que, no entanto, a sua disposição espacial
básica permanece com a instalação sanitária a hierarquizar o espaço comum do espaço mais
privado.
a construção deste módulo, será feita através de materiais reciclados, nomeadamente madeira e
ligas metálicas resistentes. A sua montagem será executada no local de construção em conjunto
com a comunidade. O seu processo construtivo divide-se em duas partes distintas e que poderão
ser assentes em momentos diferentes.
• A primeira consiste na construção de um esqueleto em material ferroso que servirá de suporte
primário com perfis metálicos;
• A segunda será a parte dos acabamentos que engloba a passagem das redes de água esgotos,
eletricidade e isolamentos entre a estrutura metálica.

Cozinha

Quarto
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Modelo Habitacional

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MEGAESTRUTURAS
Os movimentos megaestruturalistas (décadas de 50 e 60), não parecem ter qualquer relação directa
com a arquitectura vernacular, tem o sentido de ser um sistema independente em relação ao
ambiente. No entanto, alguns dos seus autores, entre eles, Constant e Yona Friedman, propõem
espaços urbanos, que de alguma forma nos levam ao imaginário vernacular das cidades ou aldeias
palafíticas.
Constant publica os primeiros estudos sobre a
Cidade Situacionista, designada Nova
Babilónia, onde descreve a ideia de um novo
urbanismo sobre pilares(como uma solução
para o caos urbano): lançamos a imagem da
cidade coberta, onde o traçado urbano das
vias expressas e dos prédios separados foi
substituído por uma construção espacial
contínua, alteada do solo, nesta cidade, a sua
produção e transportes por meios mecânicos
encontram-se ao nível do terreno, no entanto,
toda a vida social desenvolve-se sem
impedimentos, dentro de uma vasta
construção que se levanta sobre pilotis.

Fig[13.3] Nova Babilónia, Constant.

Yona Friedman, no seu projecto O Urbanismo


Espacial propõe uma estrutura tridimensional,
metálica e de vários pisos, suspensa sobre de
grandes pilares, por acima de Paris ou
Manhattan, onde o nível do solo é reservado
aos transportes e parques.

35
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Fig[13.4] Yona Friedman, “La Ville Spatiale”, 1960.

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Miami Produce Center – Edifícios em Estilo Palafita
Quatro edifícios, então, serão erguidos sobre finos pilares, ao estilo palafitas. Isto se dará acima
dos armazéns. Cada um deles, por sinal, terá uma função diferente – escritórios, hotel e dois para
residências – com espaço de convivência nos telhados. As imagens mostram ainda quadras
esportivas, parques e espaços para o plantio de vegetais. Com isso, a BIG descreve a área com o
objetivo de criar um espaço para agricultura urbana.

Aqui podemos constactar um método


comtemporâneo do uso do princípio
Fig[14] MPC
palafítico, com uma abordagem Fonte: BIG
diferente das que vimos anteriormente.
Neste projecto o princípio palafítico de
elevação da construção através de
elementos estruturais foi determinado
pelo facto do piso térreo ser destinado
para agricultura urbana como é
descrito no objectivo, podemos dizer
que será uma zona quase que
pantanosa, o que exige a construção
elevada dos edifícios, uma aplicação
totalmente diferente da função da
palafita a de evitar que as casas
sejam arrastadas pela correnteza dos
rios/oceanos. A construção deste
projecto é feita numa zona urbana Fig[15] MPC
diferente das outras construções em Fonte: BIG
palafita na sua maioria feitas sobre
estacas de madeira muito utilizadas 36
nas margens dos rios. “Milainy Neto” Construções II

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Outros quatro blocos residenciais serão construídos acima, contrastando com as lacunas entre os
volumes mais baixos. O sistema é estruturado cujo princípio é idêntico ao de palafitas com jardins
nos terraços.
“Grandes placas de piso industrial” irão compor os níveis em cada novo edifício, permitindo muita
flexibilidade no interior, esta flexiblidade deve-se ao facto do piso possuir alta resistência devido a
carga e o fluxo que terá.Paredes em ziguezague entre as placas criarão recantos ao ar livre,
enquanto o arranjo de compensação produzirá padrões nas fachadas do Miami Produce Center.
Ademais, estas paredes serão pintadas em rosa claro, laranja ou azul, a depender do bloco.

Fig[16] MPC
Fonte: BIG
O projeto prevê, também, uma abundância
de plantação. Elas estarão nos jardins,
nas passarelas e até no estacionamento
onde as árvores crescerão por lacunas no
teto.

Fig[17] MPC
Fonte: BIG

Fig[18] MPC 37
Fonte: BIG Construções II

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Hotel Palafita do Mar / Ortuzar Gebauer Arquitectos
Descrição: o bairro de palafitas Pedro Montt, na cidade de Castro, Chiloé, é um dos bairros mais
antigos e característicos da cidade, da grande ilha e também do Chile. Avançando em parte sobre o
mar, onde não há regulamentação - só os códigos internos de uma comunidade que esteve por
anos sobre a borda costeira - o bairro manifesta um caminho, um modo de morar, uma cultura.

O encargo do projeto foi, a pedido do


proprietário, projetar um hotel boutique
que fosse uma experiência da vida em
Chiloé, conservando o espaço da
antiga palafita, onde todos os
dormitórios tivessem vista ao estuário
de Castro, e onde a maré estivesse
presente em cada canto do projeto. É
importante mencionar que em Chiloé
as marés baixam e sobem
drasticamente e a arquitetura deve
Fig[19] Hotel Palafita
Fonte: Archdaily
portanto levar em conta este
fenômeno.

Palafita composta por apoios desiguais, que em sua


totalidade compõem uma paisagem unitária, mas ao
mesmo tempo dispersas e organizadas em torno da
vida do mar e da composição em colagem que
forma sua somatória - diversas cores, formas e
texturas próprios de seu entorno.
Uma via central iluminada por uma claraboia linear
alimenta os distintos recintos ao longo dela,
cruzando consecutivamente os distintos "limites do
mar", desde onde se observa a maré a partir do
interior da palafita, para concluir finalmente no
princípio do projeto um estar comum, junto ao fogo,
de acolhimento de seus hóspedes, para o encontro
dos canais e da cultura de Chiloé.

Fig[19] Hotel Palafita(corte)


Fonte: Archdaily

Fundação:podemos
Constactar o uso de
barrotes para a elevalção
do hotel.

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Vantagens e Desvantagens das Contruções Elevadas
Vantagens:
• Baixo custo de contrução(tradicionais);
• Bom isolamento térmico;
• Proteção contra alagamento e possível entrada de água em casa que poderia danificar móveis e
e um atentado a vida humana;
• Poder observar uma bela paisagem e respirar ar puro;
• É uma amiga do ambiente, a maioria delas é vernacular;
Desvantagens:
• Riscos de ser atacado por animais como o jacaré;
• Requer manutenção;
• Muitas delas são pouco acessíves. Além de ficar em locais alagadiços (possivelmente com
acesso restrito a barcos) ela fica mais elevada e pode ser complicado oou até mesmo causa
exclusão para pessoas com mobilidade reduzida;
• É pouco flexível se houver um fluxo de água que ultrapasse um determinado nível;

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CASAS

FLUTUANTES

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Casas Flutuantes
A habitação flutuante sustentável é uma alternativa para substituir as palafitas.
A parte externa das casas é construída de madeira de eucalipto;
A parte interna terá um revestimento térmico e acústico, feito a partir de fibra de garrafas e de
embalagens descartáveis de leite ou de sumos. O telhado revestido com material aderente reciclado
a partir da borracha de pneus usados. Já os pisos e azulejos, de matériais electrônicos reciclados .
Tudo feito com material reciclável.

Fig[19] Casas Flutuantes


Fonte: Carla Roncete

Água e esgoto
Os fluctuadores seriam feitos de restos de obras(fibras de plástico e esferovite) A
água seria captada a partir da chuva, que passaria por um sistema de filtragem para
torná-la potável.
O esgoto teria um sistema de tratamento por depuração, utilizando raizes, para
purificação. Assim, todo o fluido resultante seria vertido no Rio / Lago com 94% de
pureza. Tudo o que for plantado na zona de raízes ajudará na filtragem e seria
comestível. As fezes serão tranformadas em lamas e servirão como adubo
fertilizante. A iluminação viria de cinco placas de energia solar, com claraboias
instaladas pelos cômodos, assim, apenas a luz natural setia necessária durante o Fig[15] MPC
dia. Fonte: BIG
Cada moradia seria fixada por quatro âncoras. Respeitando a Legislação Marinha, as
casas precisariam de extintores, boias, e, na parte externa, de sinalizadores, que 41
acenderiam automaticamente para iluminar a instalação. Construções II

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Conclusões
Todo sistema construtivo deve prever seu próprio conjunto de requisitos e critérios e os sitemas
construtivos fluviais ou lacustres não são a excepção;
Podemos encontrar este tipo de arquitectura vernácula em vários continentes;
Por ser uma arquitectura vernácula, possui muita as vezes uma integração íntima com a natureza
ou a sua envolvente.
O sistema construtivo elevado possui várias potencialidades. Ele é influenciado pelas características
do local onde se encontra, como as variações do nível do mar ou possíveis inundações; reflectem
também uma tradição, integrando-se na arquitectura contemporânea. Têm um carácter ecológico,
podendo ser utilizadas em zonas com terrenos delicados, protegendo a natureza existente, não
sendo necessária a impermeabilização do solo.
Quando implantadas sobre a água, transmitem um carácter flutuante.
Oferecem a senção de viver em três dimensões: terra, água e céu.
Actualmente encontramos obras que recorrem a este tipo de sistema, seja numa construção sobre
água, num terreno rochoso e acidentado ou mesmo num espaço urbano compacto, empregando
novos tipos de materiais e respeitando o lugar implementando estruturas que mantêm estabilidade,
respeitando as leis da física.
É importante referir que, algumas contruções elevadas antigas foram reconstruídas proporcinando
ao edifício a sua pureza original, com a preocupação em manter o seu aspecto inicial mas utilizando
métodos construtivos que permitem maior conforto face às necessidades
modernas/contemporâneas.
O princípio palafítico continua sendo uma fonte de inspiração para os arquitectos contemporâneos.
E para mim em Angola o sistema elevado pode ser a solução para muitos problemas de carentes
populações carentes que vivem nas zonas costeiras ou alagadas para suprir as necessidades,
retratando valores locais ou regionais, e evidenciando práticas típicas de uma cultura ou população,
como é o caso de Luanda das populações que vivem no bairro povoado ao lado da praia da areia
branca.

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BIBLIOGRAFIA

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Bibliografia
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS AVIEIRAS.pdf
CLME_Resumo_Palafitas_por_terra_Fernandes_et_al.pdf
http://44arquitetura.com.br/2018/08/miami-produce-center-big/
https://www.escolaengenharia.com.br/tubulao-a-ar-comprimido/
https://docplayer.com.br/39821055-Estaca-escavada-barrete-e-raiz-em-solo-e-rocha-conc
eitos-basicos-execucao.html
https://www.atribuna.com.br/cidades/saovicente/projeto-prop%C3%B5e-casas-flutuantes
-no-lugar-de-palafitas-do-dique-pompeba-em-s%C3%A3o-vicente-1.79620
https://www.archdaily.com.br/br/01-129939/hotel-palafita-do-mar-slash-eugenio-ortuzar
-plus-tania-gebauer?ad_source=search&ad_medium=search_result_all
https://www.archdaily.com/568286/heatherwick-to-construct-170-million-pier-55-park-off
-manhattan-s-hudson-river-shoreline
https://diarfer.wordpress.com/2013/10/26/143/

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