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CONSERVAÇÃO PREVENTIVA

PARA ACERVOS MUSEOLÓGICOS


Sumário

Apresentação........................................................................................................... 3

Plano de Conservação Preventiva.............................................................................3

O macroambiente.......................................................................................................4

O edifício.....................................................................................................................5

Fatores de degradação...............................................................................................8

Temperatura e umidade relativa........................................................................8

Luz e radiação....................................................................................................9

Poluentes..........................................................................................................10

Humanos...........................................................................................................11

Métodos de avaliação da implementação do Plano de Conservação Preventiva.11

Encerramento do Módulo 3..................................................................................... 13


Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Apresentação
Olá!
Iniciamos agora o Módulo 3 do nosso curso de “Conservação preventiva para acervos
museológicos”.
Como já vimos os principais agentes de deterioração que ameaçam os acervos
museológicos, aprenderemos como realizar diagnósticos das condições ambientais.
Vamos lá?
As referências bibliográficas deste curso estão disponíveis na plataforma.

Plano de Conservação Preventiva


A conservação preventiva é o conjunto de ações para mitigar as forças (agentes)
responsáveis pela deterioração e pela perda de valor (artístico, histórico, cultural) dos
bens culturais. Estas ações devem estar definidas em um Plano de Conservação Pre-
ventiva, que integra o Programa de Acervos do Plano Museológico.
O Plano de Conservação Preventiva define estratégias sistemáticas a fim de preser-
var e difundir a memória coletiva, por meio das coleções que compõem os acervos
museológicos.
A primeira etapa para a elaboração desse plano é a realização do diagnóstico das
condições ambientais. Este nos revelará as informações necessárias sobre a atuação
dos agentes de degradação e o estado de conservação dos bens culturais.
Para iniciar o diagnóstico, é necessária a formação de uma equipe multidisciplinar,
envolvendo todos os servidores, funcionários e colaboradores que atuam na insti-
tuição. O olhar diverso de todos que atuam no museu proporciona a formulação de
estratégias mais próximas à realidade, uma vez que esses profissionais atuam di-
retamente no espaço (edifício) e com os acervos musealizados. Por conseguinte, a
atuação tanto do gestor da instituição quanto dos profissionais que estão nas áreas/
setores técnicos (ex.: museólogos, conservadores-restauradores) estará fundamen-
tada em um diagnóstico mais completo.
Após reunir a equipe, o grupo deverá discutir a metodologia de trabalho: desenvol-
vimento ou escolha de questionários, planilhas, definição de cronograma, divisão de
tarefas etc. Esse método deve levar em consideração os vários fatores relacionados
à edificação (espaços do museu), os bens musealizados e os ambientes internos e
externos.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Na sequência, veremos alguns desses fatores e a forma como eles impactam a con-
servação dos bens.

O macroambiente
A partir de 1980, com a publicação da Carta de Burra, o macroambiente passou a ser
considerado para a elaboração de diagnóstico do estado de conservação dos bens,
levando os profissionais de museus (museólogos, conservadores-restauradores etc.)
a identificar e analisar como os fatores externos e ambientais influenciam o estado de
conservação do edifício (considerado também como uma das camadas envoltórias)
e o próprio acervo. Na maioria dos casos, não podemos acabar com a ação destes
fatores, porém a instituição pode estar preparada para mitigar seus impactos.

Para elaborar um diagnóstico ambiental, é importante observar sempre a caracteriza-


ção climática da região onde o museu está implantado.

Índices pluviométricos: deve-se verificar a máxima e a mínima


anual e quais os períodos de maior intensidade de chuva e os
mais secos.

Temperatura: é importante observar os índices de temperatura


e relacioná-los à temperatura interna na edificação que abriga
o museu.

Umidade relativa: a técnica construtiva da edificação poderá


interferir na umidade relativa interna e, consequentemente,
no acervo.

Fluxos de correntes de ar: esta informação ajudará a definir


um plano de ventilação natural para o museu.

Poluentes: verifique os tipos de poluentes comuns na área


onde o museu encontra-se implantado e as fontes emisso-
ras, se são sazonais ou constantes, para definir quais ações
poderão ser implementadas para minimizar a ação destes
sobre os objetos.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Vegetação: é importante caracterizar a vegetação presente


no entorno imediato da edificação, observando espécie, ta-
manho, presença de insetos e a interação desta vegetação
com o edifício; por exemplo: a deposição de folhas no telha-
do pode ocasionar vazamento e entupimento de calha e a
localização de árvores de grande porte nas proximidades da
edificação poderá provocar problemas estruturais no edifício,
devido ao crescimento das raízes.

Fluxo de veículos: o fluxo e o tamanho dos veículos que


circulam no entorno imediato da edificação também devem
ser observados, pois, além de provocar trepidação, podem
provocar movimentação ou mudanças de declividade do solo
do entorno, além de emissão de gases e poluentes.

O edifício
Entre as várias questões a serem analisadas, no que se refere ao edifício que abriga o
museu, deve-se considerar a idade e a técnica construtiva, sua localização e o estado
de conservação que apresenta. É importante também observar reformas e alterações
realizadas na edificação e se essas alterações impactaram de alguma forma a estru-
tura da edificação.

Vários museus são instalados em edificações históricas do período colonial, que fo-
ram adaptadas para o novo uso. Algumas dessas edificações apresentam técnica
construtiva vernacular, como adobe e pau a pique. Esse tipo de material é um exce-
lente isolante térmico, mantendo a temperatura dos ambientes internos sempre equi-
librada devido à inércia térmica.

A inércia térmica tem grande influência sobre a temperatura interna e, consequente-


mente, sobre a conservação do acervo e conforto térmico dos funcionários e visitan-
tes. Deve-se observar também o tipo de cobertura da edificação e sua relação com o
ambiente interno. Por estes motivos, é um importante fator a ser observado durante
o diagnóstico ambiental.

Uma edificação que sofre variações bruscas de temperatura pode apresentar dilatação
do material construtivo, ocasionando o surgimento de trincas e fissuras nas paredes.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

É necessária a realização de vistorias estruturais, levando em consideração o material,


a idade da edificação e o estado de conservação que apresenta. Devem ser gerados
um cronograma de manutenção e relatórios periódicos indicando as necessidades e
estabelecendo um planejamento de possíveis intervenções na edificação.

Outro fator importante a ser observado é a umidade, que pode ser do tipo ascendente,
ou seja, que vem do solo e sobe pelas paredes por capilaridade, gera manchas, bolor
e desenvolvimento de micro-organismos, podendo atingir mais de 1 metro de altura,
ou descendente, que ocorre quando há infiltração da água pela cobertura ou através
de fissuras existentes na própria construção.

Deve-se observar também a umidade provocada pelo vazamento em sistemas in-


ternos e encanamento, quebras ou afastamentos de telhas e a presença de outras
possíveis fontes de umidade no entorno imediato da edificação.

A ausência de uma ventilação eficaz na edificação é um dos principais fatores para o


desenvolvimento de micro-organismos. É importante analisar a circulação e o fluxo
de ar dentro da edificação, inclusive para decidir como será a disposição dos objetos
nos espaços expositivos, pois, se o fluxo de ar for muito forte, poderá ocasionar a
queda de objetos expostos. Nesse caso, sugere-se a colocação de cortinas nas jane-
las, que permitirão a troca de ar no ambiente e evitarão risco de queda.

Esquema de fluxo de corrente de ar no Museu Regional de Caeté.


Fonte: Barboza (2007)
Elaboração: Conceição França

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

A incidência de luz natural nas áreas internas da edificação deverá ser medida e ma-
peada, a fim de evitar possíveis danos ao acervo. É recomendável a identificação, mo-
nitoramento e implantação de um programa de controle de pragas (insetos, roedores,
aves e outros animais). O mesmo procedimento deverá ser adotado na avaliação e
identificação de possíveis fatores de riscos relacionados a incêndio na edificação e à
segurança do edifício.

É importante que haja um projeto de prevenção contra incêndios, que deverá conter:

§§ Minuciosa avaliação das condições apresentadas pelos principais fatores de


risco, como instalação elétrica;
§§ Indicação de revisão e manutenção periódica, seguindo rigorosamente o cro-
nograma estabelecido no projeto;
§§ Manutenção dos equipamentos de combate a incêndio;
§§ Verificar a presença e o funcionamento de hidrantes no entorno imediato do
museu;
§§ Treinamento da equipe de funcionários do museu para agir de forma correta
em caso de incêndio;
§§ Sinalização em locais visíveis indicando as rotas de fuga, com o trajeto mais
seguro a ser realizado pelos visitantes e funcionários;
§§ Observar e atender às legislações estaduais do Corpo de Bombeiros e seguir as
exigências publicadas em normativas nacionais e internacionais.

No aspecto segurança, toda equipe deverá estar preparada e atenta para lidar e iden-
tificar problemas na segurança da edificação que levem à ocorrência de furtos, van-
dalismo e acidentes que envolvam o acervo e os visitantes.

É importante a instalação de sistema de monitoramento e segurança nos espaços


internos e externos da edificação, com gravação de imagens e, quando possível,
interligado com a Central de Polícia.

O controle dos aspectos relativos à segurança deverá ser realizado com inspeções
periódicas na edificação, com o objetivo de detectar possíveis incidentes antes de
sua ocorrência ou de solucionar problemas já existentes.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Fatores de degradação

Temperatura e umidade relativa

Como já vimos anteriormente, vários são os fatores de degradação que colocam em


risco os acervos museológicos, como umidade, temperatura, ataques biológicos,
humanos, entre outros. Neste tópico, abordaremos, de forma suscinta, alguns dos
principais fatores de degradação que afetam os acervos e como mitigar a ação desses
fatores.

Temperatura e umidade relativa inadequadas são algumas das causas mais comuns
da degradação de acervos, e a ação destes fatores, que, inevitavelmente, fazem parte
do ambiente e agem em conjunto, quando não é mantida em níveis aceitáveis, contri-
bui consideravelmente para desencadear ou acelerar o processo de degradação dos
objetos.

As flutuações de temperatura e umidade relativa do ar são mais prejudiciais ao acer-


vo, sobretudo aos objetos higroscópicos, que tendem a expandir e contrair em virtude
das variações de umidade. Estas variações dimensionais causam tensões internas
no objeto, gerando fissuras e empenamento.

Para evitar problemas gerados pela flutuação de temperatura


e pela umidade relativa nas salas expositivas e de reserva téc-
nica, é necessário que sejam mantidos padrões adequados e o
controle deles, utilizando, para isso, data loggers. Esses equi-
pamentos permitem que o conservador-restaurador possa ter
registros sequenciais de temperatura e umidade em cada um
dos espaços. De posse desses dados, é possível identificar
Data logger
a ocorrência de flutuações de temperatura e umidade, falhas
nos equipamentos de ventilação e desumidificação, e propor ações para solucionar
os problemas gerados ou evitar a ocorrência destes.

Clima quente e úmido é extremamente propício a infestações. O excesso de umidade


favorece a ocorrência de fungos e o desenvolvimento de micro-organismos que, por
consequência, atrai insetos. Devido à sua composição química, os objetos constituídos
por materiais orgânicos são os mais susceptíveis ao ataque de diversos organismos

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

e micro-organismos. Desta forma, faz-se necessária, além do controle ambiental, a


desinfestação periódica de todos os espaços internos e externos da edificação. A
desinfestação deverá ser realizada por empresa especializada no controle de pragas.

Os objetos que apresentem infestação também deverão ser tratados, levando em


consideração o seu material constituinte e o seu estado de conservação. É impor-
tante a realização de coleta de amostras para análises, a fim de identificar, de forma
correta, o tipo de micro-organismo, permitindo, dessa forma, a escolha do método
de tratamento mais adequado. O trabalho deverá ser realizado por profissionais com
experiência em desinfestação de acervos museológicos.

Deve-se manter os espaços ventilados, a fim de evitar que os esporos depositem-se


sobre a superfície dos objetos. Outro fator importante é que a ventilação proporciona
a evaporação de umidade, o que impede a incidência e a germinação de fungos.

Luz e radiação

A incidência de radiação ultravioleta e da luz visível é nociva aos objetos, uma vez que
seus efeitos são constantes, cumulativos e irreversíveis, provocando danos muitas
vezes irreparáveis, principalmente nos objetos orgânicos, como a descoloração, ou
provocando a alteração de propriedades mecânicas, como a elasticidade de um tecido,
ou, ainda, favorecendo a formação de ligações cruzadas nos vernizes e consolidantes.
A extensão destes danos está diretamente relacionada à intensidade e ao tempo de
exposição do objeto a estas radiações.

Para evitar essas degradações, é necessário realizar o monitoramento dos níveis de


incidência de radiação nos objetos expostos ou acondicionados na reserva técnica.
Para tal, é utilizado o luxímetro.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

O monitoramento deverá ser constante e, caso os níveis de incidência estejam acima


dos valores determinados para cada espaço, deve-se realizar procedimentos para
minimizar a ação destes raios, como a substituição de lâmpadas por outras de menor
emissão de radiação ou a colocação de filtros nas luminárias, caso seja radiação
provocada por iluminação artificial. Sendo proveniente da iluminação natural, sugere-
se a colocação de filtros, películas com tratamento anti-UV ou cortinas nas janelas.

Luxímetro

Poluentes

De origem interna ou externa, os poluentes são compostos químicos reativos apre-


sentados no estado sólido (particulados) ou gasoso, que atuam juntamente a outros
fatores, como umidade, temperatura e iluminação, provocando degradação nos obje-
tos (alterações cromáticas em determinados pigmentos, formação de sais insolúveis,
assim como manchas em diversos tipos de superfície).

Os poluentes podem ser provenientes da queima de combustíveis dos automóveis


que circulam no entorno do museu, de indústrias instaladas nas proximidades ou,
ainda, de materiais utilizados na limpeza do acervo e das instalações, dos materiais
constituintes dos objetos, dos materiais que compõem a edificação ou até mesmo
dos materiais de exposição e acondicionamento.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Humanos

Roubos, vandalismos, manuseio e acondicionamento inadequados são as principais


ações provocadas pelo homem e que geram perdas muitas vezes irreparáveis aos
acervos. Dentre estas ações, o manuseio e o acondicionamento inadequados dos
objetos são os fatores de degradação mais frequentes nos museus.

Nos últimos anos, roubos e furtos de bens culturais no Brasil e no exterior têm ocorrido
com bastante frequência, o que preocupa países e instituições culturais cada vez
mais. Esta situação gerou a necessidade da formulação de estratégias conjuntas
para a prevenção e combate ao tráfico ilícito de bens culturais.

Métodos de avaliação da implementação do Plano de Conservação


Preventiva
O sucesso na implementação do Plano de Conservação Preventiva consiste, sobretu-
do, na comunicação entre o gestor e a equipe. A comunicação deverá ser clara e ob-
jetiva, para que todos os envolvidos possam entender e contribuir da melhor maneira
na implantação e desenvolvimento desse plano. Desta forma, sugere-se a utilização
de métodos e ferramentas visuais que assegurem o perfeito entendimento de todas
as etapas do projeto.

Um bom exemplo é o método 5W2H, que consiste em uma espécie de checklist das
atividades que precisam ser desenvolvidas pela equipe envolvida no projeto, permi-
tindo o planejamento das atividades e estabelecendo o que será feito, por que, onde,
quando, por quem, como e quanto custará. É um método simples, eficaz e flexível, que
permite a inclusão ou omissão de etapas de acordo com a necessidade apresentada,
e pode ser combinado a outros métodos para facilitar sua compreensão.

Na sequência, apresentaremos como exemplo um Plano de Ações, desenvolvido


por Barboza (2010) para o Museu das Bandeiras (Muban), localizado na Cidade de
Goiás. Neste plano, foi utilizado o diagrama de Ishikawa, também conhecido como
espinha de peixe, metodologia simples que permite a identificação dos fatores que
causam o evento, combinado a uma adaptação do método 5W2H. O resultado foi uma
documentação de fácil entendimento e que pode ser construída em conjunto com
toda equipe de funcionários do museu.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Vandalismo Roubo
Ausência de seguranças
durante os turnos da manhã
e tarde no museu Ausência de seguranças durante os
MUBAN turnos da manhã e tarde no museu
Segurança
Falta de compromisso dos professores Ausência de sistema de segurança
PLANO DE AÇÕES que levam suas turmas ao museu (camêras e alarmes)
Distração da equipe
Furto
Acidentes envolvendo o acervo e os visitantes

ETAPAS DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES


- Instalar um sistem a de segurança com câm eras de monitoramento;
O que fazer - Solicitar reforço na equipe de segurança para atender aos turnos da manhã e da tarde;
- Cobrar dos professores que levam seus alunos ao museu uma participação mais efetiva.

Evitar a ocorrência de furtos, roubos e atos de vandalismos a objetos pertencentes ao acervo


Por que fazer
e à edificação, bem como acidentes envolvendo visitantes e acervo.

Onde será feito Em todos os espaços do museu.

Uma maior participação dos professores poderá ser solicitada imediatamente. Já os reforços
Quando será feito
na segurança e na instalação de sistema de monitoramento dependem da autorização do Ibram.

Por quem será feito Equipe de funcionários do m useu, Ibram e técnicos especializados.
Através de uma conversa com os professores, explicando a necessidade da participação
Como será feito
deles durante a visitação. Envio de projeto e solicitações ao Ibram.

Deverão ser elaborados projetos para cada fator de degradação identificado. Esses
projetos devem ser construídos de forma colaborativa, com todos os membros da
equipe.

Os projetos deverão estar acessíveis para a execução, bem como para consultas,
elucidação de dúvidas e monitoramento dos fatores de degradação (riscos), com o
objetivo de conferir se as estratégias, metas e indicadores traçados no Plano de Con-
servação Preventiva estão sendo alcançados.

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Módulo 3 – Diagnóstico das condições ambientais

Encerramento do Módulo 3
Agora que já entendemos um pouco mais sobre como se planejar para mitigar o pro-
cesso de degradação dos bens musealizados, o próximo módulo tratará dos equipa-
mentos e materiais para conservação preventiva. Vamos continuar?

Até o Módulo 4!

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