Você está na página 1de 42

História da

Educação no Brasil

O Período Colonial e
a Educação Jesuítica
Contexto do Brasil Colonial:
disputas e exploração
Etapas da Colonização

Primeiro momento: desinteresse pela novas terras

Expedições de exploração: 1501, 1503

Expedições guarda-costas: 1516 -1528

Estabelecimento de feitorias

Expedições colonização: 1530

Capitanias hereditárias: 1532

Governo Geral: 1549


Povoamento do Brasil
Necessário para garantir a defesa e valorização
do território para os portugueses

Solução: agricultura comercial

Economia da Colônia:

- Pacto Colonial

- Cana de açúcar

- Plantation

- Mão de obra escrava


No século XVIII a mineração e novas
alternativas de riquezas
Deslocamento da empreitada colonial da costa para
o interior

Processo de urbanização

Estabelecimento de vínculos entre as áreas baiana,


fluminense, pernambucana e paulista

Aumento das possibilidades de alforria

Desenvolvimento de camadas médias e de um


mercado interno
Como viviam os primeiros
habitantes?
Sociedade sem classes

Pequeno desenvolvimento
técnico

Inexistência de excedentes

Trocas rituais

Para os europeus: apenas


“bárbaro” a serem explorados e
escravizados.
Educação Indígena
Convívio grupal

Respeito à memória dos ancestrais


Os indiozinhos aprendiam com
o pajé
Antes dos Jesuítas, os pequenos índios
(principalmente os tupis-guaranis) eram
instruídos pelos adultos de suas aldeias.

Em algumas tribos, o pajé era


responsável pela transmissão de valores
culturais.
Nas sociedades indígenas a educação
estava ligada à sua sobrevivência, e
era transmitida oralmente.

Aprendiam a caça, a pesca, a


agricultura e o artesanato, estas
atividades eram ainda divididas de
acordo com o sexo e a idade.
Educação no Brasil Colonial: a
participação da Companhia de Jesus
A História da Educação Brasileira pós-
descobrimento começa com a chegada dos
primeiros jesuítas, em 1549.

OBJETIVO: Converter os índios ao


Cristianismo.

No ensejo de propagar a fé católica, ensinar


aos nativos saberes básicos, como ler e
contar.
Objetivo da Metrópole: lucro por meio da exploração das
riquezas naturais

Educação - objetivo de contribuir, nesse processo, por meio


da conversão dos nativos à fé professada pelos dominadores
“Soldados de Deus em terras
selvagens”
Com a instituição do Governo Geral
em 1549 e a chegada do primeiro
governador Tomé de Sousa, em
Salvador, vieram os primeiros
jesuítas chefiados por Manoel da
Nóbrega
Missão: difundir
Missão: difundir a
a fé
fé católica
católica

Objetivos: conversão
Objetivos: conversão dos
dos indígenas,
indígenas,
por meio
por meio da
da catequese
catequese e
e instrução
instrução

A ação
A ação da
da Companhia
Companhia de
de Jesus
Jesus
assegura a
assegura a hegemonia
hegemonia espiritual
espiritual
sobre a
sobre a Colônia
Colônia

Conquista pela
Conquista pela persuasão
persuasão
Fases do trabalho educativo dos
Jesuítas

Primeira fase: plano de estudos de


Manoel da Nóbrega.

Segunda fase: Princípios da Ratio


Studiorum
Primeira fase: plano de estudos de Manoel da
Nóbrega.

Denominação dada à orientação que os jesuítas


seguiam sob a chefia do Pe. Manuel da Nóbrega.

Sofreu resistência no seio da ordem religiosa

Atuação da Companhia de Jesus (1556) –


concentração dos esforços na educação dos filhos

do colonos e dos futuros padres


Segunda fase: inspirada nos Princípios da
Ratio Studiorum

Primeiro momento – colonização/exploração:


conversão e instrução indígena

Segundo momento – povoamento: educação


focada no elementos da cultura europeia,
para oferecer um brilho cultural à elite
colonial
Plano Nóbrega (Pedagogia
Brasílica)
O plano se iniciava com o aprendizado do português
(para os indígenas); prosseguia com a doutrina
cristã, a escola de ler e escrever e, opcionalmente,
canto orfeônico e música instrumental; e culminava,
de um lado, com o aprendizado profissional e
agrícola e, de outro lado, com a gramática latina
para aqueles que se destinavam à realização de
estudos superiores na Europa.
"Esse plano não deixava de conter uma
preocupação realista, procurando levar em conta as
condições específicas da Colônia. Daí, a
denominação de “pedagogia brasílica”. Contudo,
sua aplicação encontrou oposição no interior da
própria Ordem Jesuítica e acabou sendo suplantada
pelo plano geral de estudos organizado pela
Companhia de Jesus e consubstanciado no Ratio
Studiorum, que se tornou obrigatório em todos os
colégios da Ordem a partir de 1599”.
O Método Pedagógico dos
Jesuítas: O “Ratio Studiorum”
 De acordo com Leonel França o “Ratio
Studiorum” não se constitui num tratado de
pedagogia, pois não discute princípios
educacionais nem expõe sistemas; sendo
um Programa de Estudos formado por uma
coleção de regras positivas e uma série de
prescrições práticas e minuciosas;
 Mesmo não enunciando princípios
pedagógicos podemos lê-los nas entrelinhas
de suas minuciosa organização;

 Referente ao Currículo o “Ratio” expõe o


Programa dos Cursos detalhadamente,
incluindo os temas a serem estudados, a
bibliografia, a metodologia, a avaliação, a
promoção etc.;
 Em relação à formação de professores,
primava-se por uma formação moral, religiosa
e intelectual solidificada pelo estudo da filosofia
e teologia;
 Em relação a metodologia de trabalho com os
alunos inclui repetições, disputas, desafios,
declamações, sabatinas, memorização,
exercício, emulação;
 Regime de avaliação: exames escritos e orais;
Plano Nóbrega X Ratio Studiorum

1. Aprendizado do
1. Curso de
português
Humanidades (estudos
2. Doutrina cristã menores – quatro
3. Escola de ler e escrever séries de gramática,
(tradicionalmente uma de humanidades e
oferecido no interior das uma de retórica)
famílias)
2. Curso de Filosofia
4. Música instrumental ou
Canto orfeônico 3. Curso de Teologia
5. Gramática latina ou 4. Viagem à Europa
aprendizado profissional e
agrícola
6. Viagem à Europa
Educação Jesuítica

"Entender a lógica da
cultura indígena era
fundamental para o
sucesso do projeto de
aculturação que os
jesuítas
encabeçavam”.

Maria Lucia Hilsdorf


Os idiomas nativos eram a
principal barreira no ensino

A lista de línguas indígenas ia


muito além do tupi-guarani e era a
primeira barreira na conversão
dos índios, assim como, os seus
costumes.
As escolas não tinham nada a
ver com as que conhecemos

Nas aldeias, os jesuítas ergueram as


chamadas casas de meninos, espaço
onde crianças e jovens índios aprendiam
português ou espanhol - também havia
jesuítas espanhóis em terra brasilis.
Esses ambientes podem ser
considerados as primeiras escolas
do país.

Nada parecido com o conceito


contemporâneo de escola.
As casas de meninos

Nas casas de meninos, os índios


aprendiam profissões e
operações mentais básicas como
contar.

Meninas aprendiam a tear.


Brincadeiras entravam no currículo

Atividades lúdicas como o teatro e o canto eram


usadas para catequizar crianças e adolescentes e,
também, para ensinar.

Assim, os jesuítas conseguiam entreter as crianças.

Já os adolescentes se aborreciam e não


permaneciam por muito tempo.
O nomadismo dos índios era um
empecilho
"Era comum que os jesuítas saíssem para uma
viagem e ao voltar, constatavam que os índios
tinham se mudado, sem deixar qualquer
vestígio" (Maria Lucia Hilsdorf).

As índias também não davam trégua. "Levavam


crianças menores para o interior da mata, a fim
de tirá-las da influência dos jesuítas".
Os primeiros colégios do Brasil
eram jesuítas
Apesar dos tropeços, a Educação dos
índios seguia e começava a ficar mais
cara. Era preciso vesti-los, alimentá-los e
comprar remédios.

"Sem dinheiro, os Jesuítas tiveram de


assumir a Educação dos brancos também"
(Diana Vidal).
A proposta partiu da Coroa Portuguesa, que
responsabilizou os Jesuítas pela criação dos
colégios.

O primeiro foi criado na Bahia, em 1564. Depois,


em 1585, Olinda e Rio de Janeiro ganham seus
colégios.

Esses colégios, mais estruturados que as escolas


de meninos eram internos e recebiam órfãos
portugueses e filhos da elite colonial.
Faculdade, só na Europa

Depois de até 11 anos de estudo, os estudantes


podiam cursar a Universidade em Portugal, porque
ainda não existiam escolas de ensino superior no
Brasil.

Poucos alunos faziam isso, já que estudando no


colégio os alunos aprendiam a ler, o que era
suficiente para sua atuação em sociedade no
século XVI.
As salas não eram separadas por
idade
Nos colégios, ao contrário das casas de meninos, a
idade não importava tanto.

O que contava mesmo na divisão das salas era o


conhecimento. Nos colégios, a pedagogia jesuítica
se consolidou.

O método? Repetição, memorização e provas


periódicas. O aluno anotava a lição em seu caderno,
enquanto o professor fazia seus apontamentos.
Professores eram raros
Apesar de mais organizados, os colégios sofriam
com problemas semelhantes aos das casas de
meninos: a falta de professores.

Eles demoravam para chegar ao país. Muitos


morriam em naufrágios a caminho da colônia.
Outros desapareciam em passeios (algumas
tribos indígenas eram antropófagas).
O Padre Anchieta fez a primeira
gramática brasileira

O padre Anchieta, um dos jesuítas mais conhecidos


da época, relatando sua dura rotina em carta
enviada à metrópole queixava-se das poucas horas
de sono causadas pela preparação das tarefas do
dia anterior.

Em tempos de escrita à pena, ele precisava


escrever, uma a uma a cópia que cada aluno usaria
na lição do dia seguinte.
Além de dedicar-se à alfabetização dos
filhos dos europeus e dos índios, o
missionário ainda estudou com afinco a
língua tupi e formulou a primeira
gramática brasileira, a Artes de Gramática
da Língua Mais Usada na Costa do Brasil,
impressa em 1595, em Coimbra, Portugal
Características da Educação Jesuítica
Marcada pela intensa rigidez na maneira de pensar e interpretar a
realidade

Especial atenção ao preparo de seus professores

Importância social dos religiosos: única força capaz de influir no


domínio do senhor de engenho

De 1549 a 1759: dezessete colégios e seminários, um colégio e um


recolhimento feminino, vinte e cinco residências e trinta e seis
missões
Bibliografia

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 11ª.ed. São


Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

SAVIANI, Dermeval. História das Idéias


pedagógicas no Brasil. 3ed. Campinas, SP: Autores
Associados, 2010.

Você também pode gostar