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Teoria Plástica de Dimensionamento das

Secções

13-08-21 Docente: R. Tamele 1


O conceito básico da teoria plástica de
dimensionamento das secções está ilustrado na
Fig.1.35, onde se vê uma secção de uma peça
submetida à flexão. As Figs.1.35c a 1.35g
representam os diagramas de tensões normais na
secção para o momento felctor crescente. O
momento My, é o momento correspondente ao
início de plastificação e Mp , é o momento de
plastificação total da secção. Como Mp > My a
diferença (Mp – My, considerada na teoria plástica
de dimensionamento) constitui uma reserva de
resistência em relação ao início de plastificação.
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Na teoria plástica de dimensionamento, a carga Qserv
atuante, em serviço, é comparada com a carga Qu que
produz o colapso da estrutura através da equação de
conformidade do método:

onde γ é o coeficiente de segurança único aplicado às


cargas de serviço.
A condição limite de resistência baseada na plastificação
total das seções está incorporada ao Método dos Estados
Limites, no qual também é permitida a utilização da
análise estrutural plástica dentro de certas limitações.

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Método dos Estados Limites
Estados limites últimos.
A garantia de segurança no método dos estados limites é
traduzidapela equação de conformidade, para cada seção da
estrutura:

onde a solicitação de projecto Sd é menor que a resistência de projeto Rd. A


solicitação de projecto (ou solicitação de cálculo) é obtida a partir de uma
combinação de acções Fi, cada uma majorada pelo coeficiente γfi , enquanto a
resistência de projecto é função da resistência característica do material f , k

minorada pelo coeficiente ‘ γ • Os coeficientes γf, de majoração das cargas (ou


m

acções), e γm, de redução da resistência interna, reflectem as variabilidades dos


valores característicos dos diversos carregamentos e das propriedades mecânicas
do material e outros factores como discrepâncias entre o modelo estrutural e o
sistema real.
.
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Este método , além das reservas de resistência após o início da
plastificação , considera também as incertezas de forma mais
racional do que o método das tensões admissíveis.
Na formulação deste método semiprobabilístico a solicitação S e a
resistência R são tomadas como variáveis aleatórias com
distribuições normais de probabilidades. A segurança das estruturas
fica garantida sempre que a diferença (R – S, margem de segurança
M) for positiva.
Na Fig.1.36 está representada a distribuição de probabilidade da
variável aleatória M, onde se observa que a área hachurada
(sombreada) corresponde à probabilidade de colapso Pu, a qual será
tanto menor quanto maior for a distância entre o valor médio Mm e a
origem. Esta distância é expressa pelo produto do índice de
confiabilidade β pelo desvio padrão de M, σM.

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Os valores de probabilidade de colapso não refletem a
realidade das estatísticas, pois não consideram a existência
dos erros humanos, que são, de facto, os maiores causadores
dos danos e colapsos.
Providências para evitar os erros humanos:
- Promover a constante atualização e treinamento dos
técnicos por meio de publicações e discussões sobre
exemplos de experiências mal sucedidas;
- Exigir documentos claros e completos;
- Criar e manter mecanismos de controle em todas as etapas
de projecto e execução, como, por exemplo, realizar sempre
verificações de critérios, cálculos e desenhos de projecto.

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Acções.
As acções a serem consideradas no projeto das estruturas
são as cargas que nelas atuam ou deformações impostas
(por variação de temperatura, recalques etc .).
Os valores das acções a serem utilizados no cálculo podem
ser obtidos por dois processos:
a) Critério estatístico, adotando-se valores característicos
Fk, isto é, valores de acções que correspondam a uma certa
probabilidade de serem excedidos.
b) Critério determinístico, ou fixação arbitrária dos valores
de cálculo. Em geral, escolhemse valores cuj as
solicitações representam uma envoltória das solicitações
produzidas pelas cargas atuantes.

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Cálculo das solicitacões actuantes. Os esforços solicitantes
oriundos de acções estáticas ou quase-estáticas e que atuam
nas diversas secções de uma estrutura podem ser calculados
por diversos processos em função da consideração dos
efeitos não lineares. No que diz respeito ao regime de
tensões desenvolvidas no material, elástico ou inelástico,
podem-se distinguir dois processos:
a) Estática clássica ou elástica, admitindo-se que a estrutura
se deforma em regime elástico.
b) Estática inelástica, considerando-se o efeito das
deformações plásticas, nas secções mais solicitadas. sobre a
distribuição dos esforços solicitantes provocados pelas
cargas.

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As solicitações de projeto (Sd) podem er representadas
como combinações de solicitações S devidas às ações Fik
pela expressão:

em que os coeficientes γf1 , γf2, γf3 têm os seguintes significados:


γf1 = coeficiente ligado à dispersão das acções: transforma os valores
característicos das acções (Fk) correspondentes à probabilidade de
5% de ultrapassagem em valores extremos de menor probabilidade
de ocorrência: γf1 tem um valor da ordem de 1,15 para cargas
permanentes e l,30 para cargas variáveis.
γ f2 = coeficiente de combinação de acções.
γ = coeficiente relacionado com tolerância de execução,
f3

aproximações de projeto, diferenças entre esquemas de cálculo e o


sistema real etc.; γf3 tem um valor numérico da ordem de 1,15 .
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Para o cálculo das solicitações de projecto Sd, as acções devem ser
combinadas de forma a expressar as situações mais desfavoráveis
para a estrutura durante sua vida útil prevista.
A Fig.1.37 ilustra a variação das acções em uma estrutura no
decorrer do tempo mostrando os instantes (ou intervalos) de tempo
ta, tb e tc para os quais cada uma das acções variáveis Va Vb e Vc ,
respectivamente, atinge seu valor característico.
As combinações de acções referem-se aos instantes, nos quais cada
acção variável, por sua vez, é dominante e é combinada às acções
permanentes e às outras acções variáveis simultâneas que produzem
acréscimos de solicitações (efeito desfavorável) . Por exemplo, se a
acção Vc, produz esforços contrários aos de Vb e Va, então na
combinação em que Va for dominante entram apenas G e Vb .

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Tipos de combinações de acções para verificações nos
estados limitesúltimos:
 Combinação normal: inclui todas as acções decorrentes
do uso previsto da estrutura.
 Combinação de construção: considera acções que podem
promover algum estado limite último na fase de construção
da estrutura.
Combinação especial: inclui acções variáveis especiais,
cujos efeitos têm magnitude maior que os efeitos das acções
de uma combinação normal.
 Combinação excepcional: inclui acções excepcionais, as
quais podem produzir efeitos catastróficos, tais como
explosões, choques de veículos, incêndios e sismos.

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Para as combinações de acções, a Equação
pode ser simplificada, fazendo ɤf X ɤf = ɤf e
1 3

afectando cada acção variável secundária de


um fator de combinação ψ , equivalente ao
0

coeficiente ɤf ·
2

As combinações normais de acções para


estados limites últimos são escritas em
função dos valores característicos das acções
permanentes G e variáveis Q:

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onde Q1 é a acção variável de base (ou principal) para a
combinação estudada;
Qj representa as acções variáveis que actuam
simultaneamente a Q1 e que têm efeito desfavorável;
ɤ,ɤ
g q são coeficientes de segurança parciais aplicados às
cargas;
ψ0 é o factor de combinação que reduz as acções variáveis
para considerar a baixa probabilidade de ocorrência
simultânea de acções de distintas naturezas com seus
valores característicos .

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As combinações últimas de construção e especiais
são também escritas como na Equação. Nestes
casos, o factor ψ0 pode ser substituído por ψ2
quando a acção dominante tiver tempo de duração
muito curto.

Os valores dos coeficientes de segurança parciais


γf ( γg, γq, etc.) podem ser obtidos na Tabela 1.5, e
os valores do factor de combinação ψ0 encontram,
na Tabela 1 .6.

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Tabela 1 . 5 Coeficientes de segurança parciais ɤf aplicados às acções
(ou solicitações) no Estado Limite Último

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As acções excepcionais (E), tais como explosões, choques
de veículos, efeitos sísmicos etc., são combinadas com
outras acções de acordo com a equação:

Esforços resistentes. Denominam-se esforços resistentes, numa dada


secção de estrutura, as resultantes das tensões internas, na secção
considerada.
Os esforços internos (esforço normal, momento flector etc.)
resistentes denominam-se resistência última Ru e são calculados, em
geral, a partir de expressões derivadas de modelos semianalíticos em
função de uma tensão resistente característica (por exemplo, fyk).
Define-se a tensão resistente característica como o valor abaixo do
qual situam-se apenas 5% dos resultados experimentais de tensão
resistente.
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Tabela 1 .6 Valores dos Fatores de Combinação ψ0 e de
Redução ψ1 e ψ2 para as Acções Variáveis

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A resistência do projecto Rd é igual à resistência última dividida pelo coeficiente

γm :
parcial desegurança

onde γ = γ X γ X γ sendo:
m ml m2 m3,

γ coeficiente que considera a


m1 vatiabilidade da tensão
resistente, transformando o seu valor característico em um
valor extremo com menor probabilidade de ocorrência;
γ m2coeficiente que considera as diferenças entre a tensão
resistente obtida em ensaios padronizados de laboratório e
a tensão resistente do material na estrutura;
γ m3o coeficiente que leva em conta as incertezas no
cálculo de Ru em função de desvios construtivos ou de
aproximações teóricas.
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Os valores do coeficiente γm são dados na Tabela I .7 em função do tipo de
combinação de acções. Para o acço estrutural de perfis, pinos e parafusos, os
valores ɤm dependem do estado limite último considerado.
Tabela 1 . 7 Valores do Coeficiente γm Parcial de Segurança, Aplicado às
Resistências

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Estados limites de utilização. No
dimensionamento dos estados limites é necessário
verificar o comportamento da estrutura sob acção
das cargas em serviço, o que se faz com os estados
limites de utilização, que correspondem à
capacidade da estrutura de desempenhar
satisfatoriamente as funções a que se destina.
Deseja-se evitar, por exemplo, a sensação de
insegurança dos usuários de uma obra na presença
de deslocamentos ou vibrações excessivas.

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Para os estados limites de utilização (ou de serviço) definem-se três
valores representativos das acções variáveis Q em função do tempo
de duração das acções e de sua probabilidade de ocorrência:
Valor raro (característico): Q
Valor frequente: ψ1Q
Valor quase-permanente: ψ2Q
sendo os coeficientes ψ1 e ψ2 ( ψ2 < ψ ) dados na 1

Tabela1.6, para cada tipo de acção.


As combinações de acções nos estados limites de
utilização são efetuadas considerando a acção variável
dominante com um dos valores representativos
mencionados anteriormente, combinada com as acções
permanentes Gi e as outras ações variáveis Q1.
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Resultam os seguintes tipos de combinação:
Combinação quase-permanente

Combinação frequente

Combinação rara

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