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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


CURSO DE FONOAUDIOLOGIA

Módulo XI: O Processo Terapêutico I/ 5ª fase

UNIDADE II
Alterações da Linguagem Oral
(Aula 2)

Profª. Dra. Maria Isabel d´Ávila Freitas


DESVIO FONOLÓGICO
 Alterações de fala que envolvem a organização do sistema de sons – problema
de linguagem

 Outros aspectos da linguagem: pragmático, semântico, sintático e morfológico


- Devem ser envolvidos na terapia

 Estruturas envolvidas:

 Palavras (morfologia)

 Sentenças (estruturas sintáticas)

 Atividades que valorizem o significado (semântica)

 Uso em situações comunicativas reais (pragmática)


Outros parâmetros
 Produção de fala: contribuem para uma comunicação efetiva

 Ritmo adequado

 Articulação correta

 Padrões de entonação
Princípios gerais da intervenção
 Compreensão da aquisição fonológica:

 Sistema de contrastes de sons que assinala os contrastes de

significados
 Aprendizado não só da pronúncia mas da organização do seu
sistema fonológico
 Paciente com desvio fonológico: distúrbio de aprendizagem fonológica

 Terapia deve objetivar a reorganização cognitiva do sistema

fonológica (foco deve ser a mente e não a boca)


Princípios gerais da intervenção
 Há diferentes maneiras de tratar o desvio fonológico
 Princípios compartilhados por todas as abordagens:

a) Existem regularidades na linguagem falada: regras previsíveis

b) Terapia baseada em avaliação e análise fonológica: objetivos terapêuticos

c) Principal função dos padrões fonológicos é comunicativa: diferença de


significado

d) Conhecimento do desenvolvimento fonológico normal: entender os


mecanismos de aprendizagem
A terapia...
 Deve ser marcada por atividades conceituais e não apenas motoras:

unidades linguísticas (contrastes, traços distintivos e processos fonológicos)

 Tem como meta a generalização – habilidade de produzir fonemas ou

palavras não-treinadas que apresentam o traço ou fonema-alvo tanto na


nomeação como na fala espontânea
Stoel-Gammon e Dunn, 1985
Aspectos importantes
Weiss, Gordon e Lillywhite (1987):
 Eliminar ou minimizar os efeitos dos fatores causais

 Ter bem claros os objetivos do tratamento e os procedimentos necessários para atingí-los

 Promover generalização: atividades de transferência e de manutenção das produções

aprendidas no tratamento

 Avaliar continuamente o andamento da terapia

 Fazer do paciente um participante ativo do processo terapêutico

 Envolver família e/ou escola

 Follow-up (seguimento) de 3 a 6 meses após a alta


Mecanismos básicos
 Grunwell (1997): promoção de mudança fonológica
 Desestabilização: quebra de um padrão estável para promover variabilidade, que

será resolvida com a estabilização

 Estabilização: padrão de pronúncia variável torna-se estável

 Inovação: introdução de um novo padrão que levará a uma mudança progressiva

 Estabilização do novo padrão

 Desestabilização de padrões existentes

 Generalização: transferência de um padrão correto de fala de um contexto para

outro
Importância da palavra
 Nível da palavra: ponto de partida da maioria das abordagens
 Sons exercem sua função de diferenciar significados: mais fácil
para a criança perceber
 Contraste fonêmico: erro causa prejuízo de comunicação
 Escolha das palavras-alvo

 Contexto fonético deve ser considerado: acento, posição do som-alvo


na palavra ou na sílaba, sons adjacentes ao som-alvo na palavra, números de

sons-problema no contexto e quantidade de outros sons ou sílabas no contexto.


Significado e Significância
 Palavras conhecidas da criança

 Quanto + desconhecida > chance de erro

 Palavras significativas (significado afetivo)

 Potência comunicativa: quanto + funcional > chance de generalização

(substantivos, verbos e conjunções)

 Treinamento fonético: contexto lúdico favorece a aprendizagem


Generalização
 Ampliação da produção e o uso correto de alvos treinados em outros

contextos ou ambientes não treinados


 Critério mais importante para se medir a eficácia terapêutica

 Quando é um objetivo terapêutico a chave para que ocorra é a seleção

inicial dos sons-alvo para a terapia


Generalização
 Há diversas classificações

 Gierut (2001): quanto > a complexidade dos alvos > chance de ocorrer
generalização
 Mudanças locais: impacto limitado no sistema de sons da criança
 Para itens não utilizados na terapia ou em outra posição

 Mudanças globais no sistema fonológico: mais desejável


 Dentro de uma classe de sons ou para outra classe
Generalização
 Fatores que influenciam o processo de generalização (Dunn, 1983)

 Características individuais:
 Maturidade, grau de envolvimento linguístico, habilidades de
automonitoramento e estimulabilidade para os sons-problema

 Padrões de erros:
 Etiologia (linguística ou motora), traços fonéticos não-produzidos

 Natureza do programa de terapia


 Imitação ou produção espontânea, estímulos com ou sem significado, adequação
às habilidades da criança, possibilidade de automonitoramento
Generalização
 Fatores que influenciam o processo de generalização (Dunn, 1983)

 Número de sons tratados:


 Quantidade de som por classe, variedade de palavras, objetos e figuras

 Uso de reforço
 Contínuo ou intermitente, imediato ou retardado

 Automonitoramento
 Tipos e maturidade cognitiva da criança
Bases teóricas dos modelos terapêuticos
 Histórico: treino articulatório sem separação das questões

fonológicas
 Fonemas trabalhados isoladamente, depois sílabas, palavras e frases

 Até a automatização de um som, não se trabalhava outro

 Abordagem ainda utilizada em casos fonéticos

 Crítica: a criança pode não conseguir realizar o som-alvo na situação conversacional

 Não leva em conta princípios hierárquicos da língua


Modelos terapêuticos
 Processos fonológicos

 Modelo de ciclos

 Modelo de ciclos modificado

 Modelo de pares mínimos (traços distintivos)

 Modelo de oposições máximas (traços distintivos)

 Modelo de oposições máximas modificado (traços distintivos)

 Modelo ABAB-retirada e provas múltiplas (hierarquia implicacional)

 Modelo Metaphon (consciência fonológica)

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