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RELIGIÃO E SOCIEDADE:

LIMITES DOS PARADIGMAS


Aula 3
O RELIGIOSO E O POLÍTICO
Tomadas de posições
Por que “história religiosa” da
Península Ibérica e não “história da
religião/ões” na Península Ibérica?
Tese nº 1: “Distingamos o religioso e a
religião. O religioso está para a religião
assim como o político está para a
política”
Alain Caillé, “O político-religioso. Dezessete (e mais uma) teses
embrionárias escritas em um espírito de tópica sociológica”,
Sociofilo (Rio de Janeiro), vol. 5, 2014, p. 300-307, p. 300.
Religião Política

Sociedade

“Jamais sairemos do religioso”


Alain Caillé, “Présentation au dossier Qu’est-ce que le
religieux?” Revue du MAUSS, vol. 22, 2003/2, p. 5-30,
p. 5
“No fim das contas, sobre o que repousa a fábrica
dos elos da sociedade, de que fios eles são tecidos? O
que é que faz nascer e mantém uma sociedade? Lá
onde os economistas respondem invocando a
imprescindível satisfação das necessidades (ou de
utilidade ou de preferências individuais), Saint-
Simon, Tocqueville, Weber, Durkheim e até mesmo
Marx, paradoxalmente, todos os fundadores da
tradição sociológica chegaram, cedo ou tarde, à
conclusão de que se deve procurar na crença
religiosa o cimento primeiro, ou o último, das
sociedades”
Alain Caillé, “Présentation au dossier Qu’est-ce que le religieux?” Revue du MAUSS,
vol. 22, 2003/2, p. 5-30, p. 6.
“GAUDET MATER ECCLESIA”

Rolo de
“Exultet”

Abadia de
Montecassino
(1020-1050)

Biblioteca
Apostolica
Vaticana
Barb. Lat. 592
fol. 001r
O RELIGIOSO E O POLÍTICO
Exemplos cristãos ibéricos
Catedral
de Viana
do
Castelo
Séc. XII
Mumadona Dias (m. 968)
Condessa de Vimaranes (Guimarães)

Pais
Conde Diogo Fernandes
Condessa Onega
Tia do rei Ramiro II de Leão

Casou-se com o conde


Hermenegildo Gonçalves
(915-912)

Mulher mais poderosa de todo


o Noroeste Peninsular
Domínios muito extensos

Após a viuvez (940), tornou-se


monja conversa no Mosteiro
misto de S. Mamede
Castelo de São Mamede da Villa de Vimaranes (Guimarães)
Freguesia de Oliveira do Castelo, distrito de Braga (959)
Castelo de Guimarães
Mosteiro do Salvador em Penafiel
(Porto) - séc. X
Mosteiro do Salvador de Travanca
(Amarante - Porto)
Mosteiro de Leça do Balio
Matosinhos (Porto)
Mosteiro de Bravães
Viana do Castelo
(Minho)
Sepultamento Ad Sanctos

“Ao serem assim reunidos, testemunham da


lembrança e evocação de um território unificado
pela grande “era dos mártires”: uma Espanha
antiga e heróica, povoada de importantes cidades,
cujo solo fora regado com o sangue dos santos”
ROSA, Maria de Lurdes, “A religião no século”, in: História Religiosa
de Portugal, 2000, p. 427.
“(...) a organização religiosa do crer cristaliza, de
maneira privilegiada, as representações e práticas
nas quais os grupos humanos – e também os
indivíduos – se empenham a inscrever sua existência
presente dentro de uma continuidade imaginária que
pode lhe dotar de sentido”
Danièle Hervieu-Léger apud Alain Caillé, “Qu’est-ce que le religieux?”
Revue du MAUSS, vol. 22, 2003/2, p. 5-30, p. 14.
Sepultura de Egas Moniz
Mosteiro do Salvador de
Paço de Sousa (Penafiel
– Porto)
O RITO MOÇÁRABE
A resistência cristã
Libro de los Testamentos de
la Catedral de Ovido c.
“(...) esta comunidade [moçárabe de Coimbra] cerra
fileiras em torno da sua Igreja e do seu clero, para
tentar preservar a sua originalidade. Reproduz
assim, à sua escala, o movimento de recuo interno
que tinha permitido a sobrevivência de tantas
comunidades cristãs, sob a dominação muçulmana.
Mas é preciso reconhecer que a Igreja romana era
menos tolerante que o Islão, porque ela não alcança
o que tentara”
Gérard Pradalié apud ROSA, Maria de Lurdes, “A religião no século”, in: História
Religiosa de Portugal, 2000, p. 440.
O POLÍTICO E O RELIGIOSO
O fundamento do Islam
O fascinante ornamento do mundo brilhou no
Ocidente, uma nobre cidade tornada famosa pelas
proezas militares de seus colonizadores
hispânicos. Córdoba era seu nome e ela era rica e
famosa e conhecida por seus prazeres e
resplandecente em todas as coisas, especialmente
por suas sete fontes de sabedoria e por suas
constantes vitórias.
Hroswitha de Gandersheim [955]
apud Menocal, 2004, p. 44.
“O nível mais elevado de fé e práticas
religiosas entre os muçulmanos, em
comparação com seguidores de outras
religiões, explica, em parte, a atitude
única dos muçulmanos frente à política”
Bernard Lewis, A crise do Islã. Guerra Santa e Terror Profano,
2004, p. 35.
“Desde quando seu Fundador era vivo
(...), o islã está associado, no espírito e na
memória dos muçulmanos, com o
exercício do poder político e militar”
Bernard Lewis, A crise do Islã. Guerra Santa e Terror Profano,
2004, p. 37.
A semântica islâmica Dîn e Dawla

DÎN DAWLA

Deveres dos crentes, O poder político de um


sobretudo governantes chefe islâmico
crentes para com a Lei
Refere-se à manutenção
Não pode ser aplicado ao do “Estado islâmico”,
não muçulmano incluindo aí a política e
seus ritos “religiosos”

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