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FISIOLOGIA ANIMAL COMPARADA

Função Respiratória

Profa. Ana de Fátima Fontenele Urano Carvalho


Me. Pedro Matheus
Função Respiratória

1. Qual a importância do O2 para os animais?


2. Água e ar como meios carreadores de O2
3. Ter ou não ter aparelho respiratório
4.Avanços nas áreas correlatas [Lavoisier] Além de
alimento e água,
os animais
5. Propriedades dos gases (T°, P, natureza, solutos) precisam de O2
para respirar
6. Adaptação em larga escala à respiração aérea
(artrópodes e vertebrados)
7. Vantagens e desvantagens do ambiente terrestre
• Por que o O2 é importante para os animais, onde é encontrado e como
é capturado?
• Questão Desafio: Por que O2? Poderia ser outra molécula aceptora de
elétrons?
• O O2 é importante porque a maioria dos animais satisfaz
sua necessidade de energia por meio da oxidação de alimentos,
com a formação de CO2 e H2O no processo de respiração.
• Os animais aquáticos captam O2 a partir da pequena quantidade
deste gás dissolvido na água e os animais terrestres, através do O2
abundante no ar.
• Muitos animais pequenos podem captar O2 por meio da superfície
corporal , porém a maioria necessita de órgãos respiratórios especiais
para captar O2.
• O CO2 segue na direção oposta.
• A H2O formada no processo de oxidação entra no pool de água do
corpo e não apresenta problema especial.
Qual o processo físico envolvido no movimento dos
gases respiratórios?

Qual a força motriz para o movimento dos gases?

Quais as propriedades físico-químicas dos gases (solubilidade, coeficiente de


difusão etc)
• Processo de difusão, onde uma substância se movimenta
de um lado de maior concentração para um de menor
concentração.

• Movimento de massa também pode auxiliar o processo


de difusão. Ex.: movimento do ar para dentro e para
fora dos pulmões

• O gradiente de concentração permanece sendo a força


motriz para mover os gases
Histórico dos estudos sobre a função respiratória
• Aristóteles ( 384-322a.c.) e Galeno (129-200): a função da respiração
era resfriar o sangue.
• Miguel Servet (1511-1553) : o ar inspirado tinha outras funções
além do resfriamento do sangue.
• Joseph Black (1728-1799): respiração é uma combustão
• Adair Crawford (1748-1795) e Antoine-Lavoisier ( 1743-1794): primeiras
teorias geral e quantitativa da origem do calor dos animais.
O elemento inflamável (O2) não era formado nos pulmões, mas podia
ser absorvido pelo sangue.
• Joseph Priestley (1774): descobre o O2
• Lavoisier (1743-1794): deu nome ao gás O2 e estabeleceu
que o fenômeno da respiração consiste essencialmente de
um processo de combustão.
• Joseph-Louis Lagrange (Matemático e Astrônomo) (1736-1813): o calor animal
se origina de todos os tecidos que respiram.
• Lazzaro Spallanzani (1729-1799), descreveu o fenômeno em detalhes.
• Séc.XIX- estudos sobre o fenômeno da respiração animal continuaram =
conversão da Hb em HbO.
• Séc XX e XXI ???
Pesquisas atuais sobre respiração do homem e
dos animais
• Estudos in vivo sobre os mecanismos regulatórios do metabolismo
energético (mecanismos metabolismo energético do miocárdio
permitem intervenções em certas cardiopatias, isquêmica aguda).
• Respiração das aves durante o voo
• Respostas fisiológicas dos insetos ao calor
• Troca gasosa em insetos mergulhadores
• A formiga do mangue Camponotus anderseni muda
para RS anaeróbia em resposta a níveis elevados de CO2
Composição do ar atmosférico seco
( constante até 100 km acima)
Componentes %
Oxigênio 20,95

Dióxido de carbono 0,03

Nitrogênio 78,09

Argônio 0,93

Total 100,00

Todo ar atmosférico contém vapor d’água em quantidades


bastante variáveis + outros gases nobres (He, Ne, Kr, Xe) +
CH4 + poluentes
Relação entre Altitude e Pressão atmosférica

PH20 =47mmHg
A 37 °C humanos 50
 Habitação humana permanente mais alta
Rinoconada, Peru

40.000 habitantes que vivem no limite humano de 5.100 m de altitude.


Principal atividade da cidade: exploração de minas de ouro
Efeito da temperatura sobre a quantidade de O2 em
água doce e marinha em equilíbrio com o ar
atmosférico [Krogh 1941]
Temperatura Água doce Água marinha
(°C) (mL O2/L água) (mL O2/L água)

0 10,29 7,97
10 8,02 6,35
15 7,22 5,79
20 6,57 5,31
30 5,57 4,46

temperatura  solubilidade e  solutos  solubilidade


Coeficiente de Solubilidades dos Gases em água a
15°C quando o gás está a 1 atm
Oxigênio 34,1 mL O2 /L água

Nitrogênio 16,9 mL N2/L água

Dióxido de carbono 1019,0 mL CO2/L água

 Pressão   solubilidade
Aprendendo com perguntas
I. Defina pressão parcial de um gás e analise
a Fig. 1.2 (Schmidt-Nielsen) que mostra as flutuações de P O2, PCO2 e pH no oceano
aberto versus poça de água marinha.
I. Mudanças de PO2, PCO2 e pH ao longo do
O2 < 1,6mmHg
dia (mar aberto e poça gerada na maré seca)

Usa CO2 e HCO3do mar



pH
Co2 aumentou pouco, pois parte
ficou como HCO3

Fig.1.2, Schmidt-Nielsen
II. Analise a tabela 1.5. (Schmidt-Nielsen) sobre características
da água e do ar como meio carreador de O 2 e mencione as
consequências morfológicas e fisiológicas para o aparelho
respiratório dos animais que enfrentam cada meio .
Tabela 1.5 Schmidt- Água Ar Água/Ar
Nielsen
[O2], L/L 0,007 0,209 ~1:30
Densidade ρ, kg/L 1,000 0,0013 ~800:1
Viscosidade η, Cp 1 0,02 50:1
Cap. calor., cal/lºC 1000 0,31 ~3000:1
Cond. calor, cal/s cm ºC 0,0014 0,000057 ~25:1
D O2 cm2/s 0,000025 0,198 ~1:8000
D CO2 cm2/s 0,000018 0,155 ~1:9000
KO2, cm2 atm min 34 x 10 -6 11 ~1:300.000
KCO2, cm2 atm min 850 x 10 -6 9,4 ~1:11.000
L do meio/L O2 143 4,8 ~30:1
Kg do meio/L O2 143 0,0062 ~23.000:1
Concentrações
• Concentração de O2 é maior do ar do que na água;
• Na respiração aquática, para se obter uma dada qt de O2, deve-se
movimentar 100.000X a massa do O2 em água sobre os órgãos respiratórios.
• Para o ar, deve-se movimentar somente 3.5X sua massa de gás inerte.
• Consequência: movimento da água nos sistemas respiratórios aquáticos
implica em trabalho maior → é quase sempre unidirecional.
II. Analise a tabela 1.5. (Schmidt-Nielsen) sobre características
da água e do ar como meio carreador de O 2 e mencione as
consequências morfológicas e fisiológicas para o aparelho
respiratório dos animais que enfrentam cada meio .
Tabela 1.5 Schmidt- Água Ar Água/Ar
Nielsen
[O2], L/L 0,007 0,209 ~1:30
Densidade ρ, kg/L 1,000 0,0013 ~800:1
Viscosidade η, Cp 1 0,02 50:1
Cap. calor., cal/lºC 1000 0,31 ~3000:1
Cond. calor, cal/s cm ºC 0,0014 0,000057 ~25:1
D O2 cm2/s 0,000025 0,198 ~1:8000
D CO2 cm2/s 0,000018 0,155 ~1:9000
KO2, cm2 atm min 34 x 10 -6 11 ~1:300.000
KCO2, cm2 atm min 850 x 10 -6 9,4 ~1:11.000
L do meio/L O2 143 4,8 ~30:1
Kg do meio/L O2 143 0,0062 ~23.000:1
Comparação dos dois meios carreadores de O2

• Alta viscosidade η da água → maior trabalho 50X

• Maior taxa de difusão dos gases no ar → permite dimensões


bem diferentes dos órgãos respiratórios.

• Pulmões vários mm); nas brânquias  fração de mm .

• Alta capacidade e condutividade calorífica da água → as superficies


respiratórias devem ser localizadas em cavidades respiratorias
especializadas para evitar a evaporação e isso limita
o acesso ao ar.
Alta capacidade e condutividade calorífica da água
(→ consequência)
• No caso das minhocas?
→ habitats úmidos

• No caso das plantas?


→ alto requerimento de água.
Plantas tolerantes à seca -
metabolismo CAM
CO2 → ácido málico à noite,
fotossíntese durante o dia A 25 oC
Todo animal tem órgão respiratório?

1.Equação de Newton Harvey (1928)

FO2 = VO2.r2
6k

2. Animais não tão pequenos, porém sem órgãos respiratórios


(↑AS ↓distância ↓Mr):
- Achatados ou na forma de fita (rotíferos e nematódeos)
- Apresentam pseudopoidia (protozoários)
- Apresentam superfícies grandes e complexas (corais e esponjas)
III. Demonstre, utilizando a equação de Newton Harvey (1928), que
um animal esférico, com r = 1 cm, necessita ter aparelho
respiratório.
Exemplo hipotético de um organismo esférico

• Equação de Harvey

V̇O2. r2
F = ________________
O2
6k
• r = 1 cm
• V̇O2= 0.001 mL O2 g -1 min -1
• K = 11 x 10 -6 cm2 atm -1 min -1
Ter ou não ter órgão respiratório

• FO2 necessária, segundo Harvey = 15 atm→ impossível a troca


gasosa ser por simples difusão;
• Há necessidade de orgão respiratório → deve ser menor ou ter
tx metabólica menor.
• Animais que desviam da forma esférica → maior AS/ V menor distância de
difusão. Ex.: organismos achatados, forma de fita, pseudopoidia, grandes e
complexas superficies.

Difusão em planárias
Evolução do Sistema Respiratório
• A sobrevivência dos animais nos diferentes hábitats implicou
na evolução de estruturas especializadas nas trocas com o meio. 
tamanho
estrutura do corpo os gases se difundem
Estas estruturas variam com história evolutiva do grupo e mais rapidamente no
ar que na água.
meio em que vivem.
• Os animais que realizam trocas gasosas com o ar têm vantagem
em relação aos que as realizam com a água pois esta apenas transporta
5% do O2 presente no mesmo volume de ar
e o aumento de temperatura e salinidade
ainda reduz mais essa quantidade. 
Evolução do Sistema Respiratório

Um animal aquático, para obter a mesma quantidade de O2


que um terrestre, necessita passar pelas suas superfícies
respiratórias uma quantidade de água muito superior à de ar.

Respirar ar não é só vantagens, pois os


gases só atravessam as membranas respiratórias
se dissolvidos em água, por isso estas devem ser
mantidas úmidas.
Animais com órgãos Respiratórios

1. Invaginações (pulmões)
2. Evaginações (brânquias)
3. Traquéolas (ST dos insetos)
Adaptações: as brânquias são adaptadas para a RS
aquática enquanto os pulmões para a RS aérea.
Exceções

Pepinos do mar possuem pulmões aquíferos

Captam O2 da água através de um par de pulmões que se


ramificam a partir da cloaca. Pepino-do-Mar

• As brânquias podem ser modificadas para a RS aérea

Birgus latro L.
IV. Como ocorre a ventilação branquial nos peixes?
Ventilação Branquial
1. Movimento das brânquias sobre a água (prático somente para animais
pequenos. Ex.: larvas de insetos aquáticos)
2. Movimento da água sobre as brânquias (mecanismo mais razoável).
• por ação ciliar – protozoários e brânquias de mexilhões
e outros bivalves.
• por ação flagelar – esponjas
• mecanismo de bombeamento (boca e opérculos)- peixes e
caranguejos – Fluxo contra-corrente
• movimentam a água pela própria locomoção – peixes pelágicos (atuns)
• O sistema ventilatório de cefalópodes foi modificado para locomoção.
Sistema de Contra-Corrente

• Sangue flui através das lamelas no sentido posterior para anterior

• A água flui sobre as lamelas no sentido anterior para posterior

• O fluxo contra-corrente permite difusão de O2 mais concentrado


da água para menos concentrado do sangue, ao longo de toda a lamela
Área Branquial de
Peixes

Peixes altamente ativos, de nado


rápido, possuem área branquial
superior àquela de peixes pouco
ativos que vivem em regiões
bentônicas (valores são áreas,
unidades arbitrárias, por g de
peso corporal)
Volume grande de água

• Mecanismo típico: uma bomba na câmara branquial


(bomba bucal ou faringiana);
• Alternativa: nadar com a boca e os opérculos ligeiramente abertos
permitindo que a água flua enquanto o peixe nada.
Sistema de bombeamento dual com
válvulas das brânquias
V. Que órgãos respiratórios acessórios podem
apresentar os peixes? O que se sabe sobre os peixes
pulmonados? Temos na nossa fauna?
Órgão Peixe Hábitat Comentários
Brânquias Synbranchus América do Sul, doce Formato de enguia; muçum
Pele Anguilla América do Norte, Europa Enguia comum, reproduz-se no mar; a
larva migra p/ água doce

Pele Periophthalmus Praias tropicais Mestre da lama

Boca/opérculo Electrophorus America do Sul, água doce Enguia elétrica; poraquê


Boca/opérculo Anabas Sudeste da Ásia, água doce Perca escaladora, ~ao Betta
Boca/opérculo Clarias Sudeste da Ásia, Flórida, água doce Bagre andador
Boca/opérculo Gillichthys Costa do Pacífico, América do Norte Sugador de lama

Estômago Plecostomus América do Sul, doce Bagre comum em aquários caseiros

Estômago Anicistrus América do Sul, doce Bagre blindado; protegido por espinhos
grossos e lâminas ósseas

Intestino Hoplosternum América do Sul, doce Bagre blindado

Bexiga natat. Arapaima América do Sul, rios Maior peixe de água doce do mundo,
pirarucu
Bexiga natat. Amia America do Norte, água doce Lagos congelados; grupo Holostei
primitivo
Bexiga natat. Lepisosteus America do Norte, água doce Grupo primitivo holostei

Pulmão Polypterus África, água doce Obichir, não é um verdadeiro peixe


pulmonado

Pulmão Lepidosiren América do Sul, doce Peixe pulmonado verdadeiro;


pirambóia
Pulmão Protopterus África, água doce Peixe pulmonado verdadeiro

Pulmão Neoceratodus Austrália, doce, rios Peixe pulmonado verdadeiro


Exemplo de Respiração Acessória (não
exclusiva) - Anfíbio
Poraquê
Electrophurus electricus

boca e cavidade operculares


Vaso sanguíneo
Peixes de respiração aérea

“garpike”- grupo primitivo Holostei- ↑


Lepisosteus sp.- bexiga natatória
Bexiga natatória
Arapaima gigas

(pirarucu) usa bexiga natatória


Órgãos respiratórios na respiração aérea

• BRÂNQUIAS: caranguejos terrestres – Ex.: Birgus latro (caranguejo do coco) –


• Possuem brânquias suficientemente rígidas para permanecerem úteis à
respiração aérea.
• Morrem se submersos
Cardisoma
Outra espécie de caranguejo terrestre – Scientific classification

pode sobreviver na água e na terra. Kingdom: Animalia

Phylum: Arthropoda

Subphylum: Crustacea

Class: Malacostraca

Order: Decapoda

Infraorder: Brachyura

Family: Gecarcinidae

Genus: Cardisoma
Latreille, 1828

Type species
Cardisoma guanhumi
Latreille, 1828
Enguia comum

• Peixes que podem respirar ar – alguns possuem brânquias funcionais


(Anguilla vulgaris)
Tatuzinho de jardim

• tatuzinho-de-jardim (isópodo terrestre): possuem brânquias


dentro de cavidades que podem ser consideradas pulmões
funcionais.
VI. Quais os tipos de pulmões dos vertebrados
e como o ar é bombeado?
Pulmões

• Difusão: animais pequenos: caracóis pulmonados


(escorpiões e alguns isópodes).
• Ventilação : típico de vertebradosMb Mr

• Ventilação pulmonar:

A) bombas de pressão (anfíbios)


B) bombas de sucção (répteis, aves e mamíferos)
Exceção entre os répteis

Sauromalus- lagarto do
Deserto americano

Mecanismo similar ao
dos anfíbios.
(bombas de pressão)
Ventilação Pulmonar

• A inalação depende de contração muscular


(diafragma nos mamíferos).
• A expiração pode ser passiva, seguindo inalação
por desdobramento elástico, ou pode ser auxiliada
por contração muscular.
• Requer uma cavidade torácica fechada, onde a
pressão durante a inalação é menor do que a da
atmosfera circundante.
Pulmões dos vertebrados
Complexidade dos pulmões

• Anfíbios: saco único, subdividido por poucas fendas que


dão uma superfície aumentada.
AS = 20 cm2 / 1 cm3 de tecido de pulmão de rã.
• Mamíferos: é mais finamente subdividido em pequenos sacos
- os alvéolos, que aumentam vastamente a
AS = 800 cm2 / 1 cm3 ( importante p/ Mr dos homeotermos).
Suficiente para tolerar ser esticada mais de 20 mil vezes/dia.
A baixa espessura dos alvéolos 0,2µm + AS permite Mr.
Trabéculas
Pulmões dos Vertebrados

• Importância dos surfactantes na interface água-gás:


presentes nos pulmões de todos os vertebrados.
• Alvéolos são como pequenas bolhas comunicantes de gás,
imersas no parênquima fluido do pulmão.
• A cada expiração tais bolhas deveriam exibir
uma tendência ao colapso, devido à tensão
superficial do revestimento alveolar.
• À medida em que a expiração ocorre e o raio alveolar decresce,
a tendência ao colapso dos alvéolos deveria aumentar.
• Um filme de fosfolipídeos (surfactante) funciona como estabilizador
das forças superficiais alveolares.
• O surfactante pulmonar é uma mistura lipoproteica com
propriedades tensoativas. As proteínas e lipídios desta mistura
reduzem a tensão superficial na interface entre o líquido
presente na cavidade alveolar e o ar.
Tensão superficial

• Vide vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=mNg4DOMWLLw
Regulação da Respiração

• Agentes sinalizadores

- Respiração aquática :  O2
- Respiração aérea:  CO2 (ver fig. ventilação x
% CO2 no ar inalado) + quimorreceptores
periféricos (corpo carótido e arco aórtico).
- Por que os animais terrestres abandonaram o O2
como sinalizador?
Abundância de O2 → acúmulo de CO2 → alteração
no equilíbrio ácido-básico.
Pele

• Importante para anfíbios, principalmente algumas salamandras


- Plethodontidae - que não possuem pulmões nem brânquias.
Ex.: Desmognathus fuscus (5-7g). 15% da troca gasosa ocorre pela
mucosa da boca e faringe.

Desmognathus fuscus
Importância relativa para a troca gasosa
da pele x pulmões nos anfíbios

(pulmões)
(pulmões)

Captação de O2 (pele)
(ml O2.kg-1.h-1)
(pele)

(mês do ano)

(mês do ano)
• Répteis. Respiração cutânea importante durante o mergulho das
serpentes marinhas verdadeiras, que são capazes de mergulhar a 20 m, perseguindo
suas presas.

Pelamis platurus
• Mamíferos. Talvez importante para os morcegos –
as membranas das asas são muito finas, c/ grande AS
e altamente vascularizadas, sem pelos.
Ex.: Eptesicus fuscus
• 12% do CO2 produzido é perdido pela pele das asas a 27ºC.
• captação de O2 parece insignificante (menor velocidade de
difusão que CO2).

Eptesicus fuscus
VII. Explique matematicamente como o volume pulmonar (VL)
dos mamíferos está relacionado com seu tamanho corporal (Mb)?
Volume Pulmonar dos mamíferos

VL = 0,046 . Mb 1,06

• Ligeiro desvio da proporcionalidade


• Animais maiores tendem a ter VL proporcionalmente maiores

ver figura 1.15- Schmidt-Nielsen ( VL x Mb )


Volume pulmonar versus Massa corpórea

VL, litros

Inclinação = 1,06

Massa corpórea (kg)


Equações Logarítmicas
Forma geral: y = a.x b 1
Forma logarítmica: log y = log a + b log x 2
A eq 2 mostra que log y é uma função linear de log x, grafando log y contra log x obtemos
uma linha reta com inclinação b.
Ex. VL versus Mb
VL = 0.046. Mb1.06 3
log VL = log 0.046 + 1.06 log Mb 4

A função exponencial de R→R+ e a função logarítmica de


R+ →R são inversas uma em relação à outra.
Equações Exponenciais

Forma geral: y = b.ax 5


Forma logarítmica: log y = log b + x log a 6

• A eq 6 mostra que log y é uma função linear de x, e grafando log y versus x dá


uma linha reta com inclinação log a.

• Ex. Tx de consumo de O2 versus temperatura


log y versus x

log y

Inclinação = log a

log b

x
VIII. Como funciona o sistema traqueolar dos insetos?
E daqueles que invadiram secundariamente o ambiente
aquático, mantendo a respiração aérea?
Respiração dos Insetos: independente do sistema
circulatório

O ST dos insetos consiste de finos


tubos preenchidos com ar, as traquéolas,
que levam e trazem os gases de/para todas as
partes do corpo. O contato com o exterior é
feito por meio dos espiráculos.
Traquéolas
• Característicos de insetos: fluxo de ar por difusão simples ou bombeamento
unidirecional de ar através do ST (insetos altamente ativos).

• A vantagem do fluxo unidirecional é a de permitir uma melhor


troca gasosa do que aquela obtida no sistema de bombeamento
para dentro e para fora.

• Os espiráculos estão sob controle do SNC


Insetos

•   Nos insetos maiores ou muito ativos existe ventilação ativa,


que ocorre por movimentos musculares que contraem as traqueias. 
• Grande parte do CO2 é liberado pelos tubos de Malpighi 
Sistema Traqueal dos Insetos

• Adequado para a respiração aérea e deve ter evoluído no ar.


• Insetos que invadiram secundariamente a água sofreram modificações no
ST- Fig.1.32.
• A maioria dos espiráculos são afuncionais e apenas os 2 mais traseiros
abrem para o lado externo.
Fig.1.3 - Adaptações dos insetos ao mergulho

b Alargamento dos traq./sacos aereos compressiveis ativos e Completamente fechados + apênd abdom.- larvas
c Maioria espiráculos está fechada
f) Brânq traq no lumen do reto – mov. de água
d Todos fechados, mas cheios de ar
Insetos Aquáticos
• Reservas externas de O2:
- ar preso do lado externo do corpo (espiráculos abrem para esta bolha. O ar é
preso em pelos hidrofóbicosdebaixo das asa, superf. abdominal

Notonecta Aphelocheirus

- Plastrão - pelos hidrofobicos na superf do corpo


Buenoa
Anisops
• Reservas internas de O2:
• células ricas em Hb no abdomen

Anisops

• Buenoa
Respiração Descontínua ou Cíclica

• Muitos insetos gafanhotos, baratas, besouros e larvas e pupas de


borboletas e mariposas captam O2 a uma taxa constante, mas liberam
grande qt de CO2 em surtos breves h ou dias sem eliminar CO2).

Cecropia
Metabolismo cíclico

• Como o O2 entra e CO2 não sai? Será o metabolismo cíclico?


• Experimento: microtubo impedindo que um espiráculo se feche  o
fenômeno cíclico desaparece controle de abertura dos espiráculos-
mudanças de pressão.
• Importância da respiração cíclica: minimizar perda de H2O
IX. Em que a respiração das aves difere daquela
dos mamíferos? Por que é mais eficiente?
A Respiração das Aves
Estrutura do Sistema Respiratório

• Sacos aéreos
• Fluxo unidirecional
Tabela 1.8. Pulmões das aves e mamíferos

Ave (1kg ) Mamífero (1kg)

Volume pulmonar (ml) 29,6 53,5

Volume traqueal (ml) 3,7 0,9

Volume sacos aéreos (ml) 127,5 -

Volume total(ml) 160,8 54,4


Volume corrente (ml) 13,2 7,7

Freqüência (min-1) 17,2 53,5


Pulmões das Aves
(Pulmões)

(pulmões)

Sacos cranianos
Sacos caudais

Brônquio principal
Função dos sacos aéreos no Sistema Respiratório

• Função dos sacos aéreos? Condição para voar?


(fisiologia comparativa- morcegos)
• Evidências morfológicas para troca gasosa?
• Evidências experimentais: experimento para verificar função na troca
gasosa (Soum, 1896).
Fluxo Cruzado do SR das Aves

1a.Inalação: a maior parte do ar flui diretamente para os sacos


caudais. Embora os sacos cranianos se expandem durante a inalação,
eles não recebem o ar externo inalado; recebem ar dos pulmões.

1ª. Exalação: o ar dos sacos caudais flui para o pulmão ao invés de


sair pelo brônquio principal.

2a. Inalação: o ar dos pulmões flui para os sacos cranianos.

2a. Exalação: o ar dos sacos cranianos flui diretamente para fora.


Dois ciclos respiratórios são
necessários para mover um
único bolo de ar inalado
Principal consequência deste padrão de fluxo

• Permite o sangue oxigenado que deixa os pulmões ter uma


maior tensão de oxigênio do que a PO2 do ar exalado.

• Não tão eficiente quanto o FCC das brânquias dos peixes

• Importância do fluxo unidirecional: altas altitudes


Dinossauros predadores com pulmões similares aos
das aves
• O’Connor and Claessens (2005) - o sistema pulmonar único das aves com
pulmões fixos e sacos aéreos que penetram no esqueleto possui uma história
mais antiga do que se pensava.

• Ao contrário do que se
pensava, os dinossauros
predadores não tinham
pulmões similares
aos dos répteis atuais,
como os crocodilos.
X. O que se sabe sobre a troca gasosa nos ovos das aves? E dos répteis? E dos
animais nas altas altitudes, que implicação teria?
Mudanças no ovo da galinha durante a incubação
Respiração dos ovos

• Casca: camada externa dura de CaCO3, que possui do lado de dentro 2


membranas, mais permeáveis que a casca.
Superfície do ovo

• 10.000 poros/ovo
• 70 cm2 de área
• 1,5 poro /cm2
• Diâmetro do poro =0,017 mm
• Área do poro = 2,3 mm2
• Toda troca gasosa ocorre através dos poros
Respiração dos ovos
De um dos lados do ovo há uma célula de
ar que fica entre as 2 membranas.

Este espaço aumenta durante a incubação


porque a água é perdida por evaporação.

2 dias 1 semana 28h antes da eclosão o embrião perfura a


membrana da célula de ar, a respiração
pulmonar começa, e o pinto re-respira o
gás do espaço aéreo (a evaporação subiu
para 10 cm3).
3 semanas
Ovos dos Répteis
Mais variáveis que os ovos das aves: finos e distensíveis a calcáreos (depende
do hábitat, especialmente das condições de umidade onde o ovo é posto).
 a maioria dos ovos dos lagartos e de todas as cobras : relativamente finos e
altamente distensíveis (ambiente seco).

Se o ambiente fica úmido tendem a


aumentar de tamanho [absorção de água].

A viabilidade da eclosão depende


das condições apropriadas.
Ovos de tartaruga

• Cascas flexíveis com camada calcárea definida


• Pouco dependentes de condições de umidade, que não afeta a
viabilidade da eclosão.
Crocodilianos, algumas tartarugas e poucos
lagartos
• Duros e não ganham água facilmente em um ambiente úmido.
Tartarugas marinhas

• Põem 100 ovos em uma câmara de cerca de 0,5 m de profundidade.


• Após 60d de incubação os ovos eclodem simultaneamente.
• A casca macia é mais permeável aos gases do que a das aves.
• Não causa desidratação porque a atmosfera no ninho está saturada com água.
Eclosão dos ovos nas altas altitudes
( Patm )
• coeficiente de difusão dos gases
• benéfico para a entrega de O2 ao embrião.
• o coeficiente de difusão aumentado se aplica também para o vapor de
água, aumenta o perigo de dessecação.
Consequências das altas altitudes

• Os ovos postos nas altas altitudes são menores


• Período de Incubação é mais longo do que ao nível do mar.
• A área do poro/unidade de superfície é menor.

Redução da área do poro + coeficiente de difusão aumentado =


condutância similar nas duas altitudes (adaptação necessária para evitar
desidratação).
Adaptações Interessantes

Ave australiana põe ovos em montes de vegetação em fermentação.


a atmosfera nos montes é saturada com água  os ovos não perdem
água durante a incubação.
Por causa da fermentação o O2 fica baixo (14%) e o CO2 aumenta
para 9%.
Para garantir suficiente O2
a casca é fina e possui
grande área de poro.

Leipoa ocellata
Postura dos ovos de Leipoa ocellata
Ideias de Projetos neste tema
Índice de consumo de O2 de peixes de diferentes tamanhos
Caracterização morfológica de órgãos respiratórios (espessura,
vascularização, área superficial)
Adaptação de humanos que permanecem debaixo de escombros por vários
dias
Adaptação de humanos de nível do mar vs mamíferos nativos a altas altitudes
Venenos que atuam na cadeia respiratória
Demonstração dos fatores que interferem com a solubilidade do O2 em água
(soluto, temperatura, pH etc).- necessita de um oxímetro.
Adaptações dos humanos ao mergulho vs mamíferos aquáticos

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