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Potencial de Economia de Água Potável por

meio do Aproveitamento de Água de Chuva


Captada de Vias Públicas

Aluno: Lucas Niehuns Antunes


Orientador: Enedir Ghisi, PhD

Departamento de Engenharia Civil | Centro Tecnológico


Introdução
A disponibilidade de água vem decrescendo em todo o mundo devido ao crescimento da
população e o consequente aumento da demanda por água.
A água de chuva é usada para fins não potáveis em diversos países, porém, a maioria dos
artigos encontrados na literatura mostra o aproveitamento da água de chuva captada através
de telhados e áreas de cobertura de edificações.
Poucos artigos têm como assunto o aproveitamento de água de chuva captada de vias
públicas, que pode vir a ser um importante recurso no combate contra a escassez de água.
Gestão do escoamento da chuva através de sistemas de drenagem sustentável e uso de
pavimentos permeáveis: coletam, armazenam tratam e redistribuem ou reciclam a água da
chuva.
Vantagens dos pavimentos permeáveis: redução do escoamento, recarga de água
subterrânea, economia de água através da reciclagem e prevenção da poluição.
Objetivos

Este trabalho pretende contribuir com o aumento do número de dados referentes à


capacidade de infiltração de água de chuva em diferentes tipos de pavimentos. Além disso,
pretende avaliar o potencial de economia de água potável em edificações por meio do
aproveitamento de água de chuva captada de vias públicas.
Método
O trabalho consiste em um estudo de caso para o município de Florianópolis. Deseja-se
avaliar o potencial de economia de água potável em edificações de diferentes setores –
residencial, comercial e público – através do aproveitamento de água de chuva captada de
vias públicas. Para a análise, foi considerada a substituição do pavimento convencional
(impermeável) por pavimento drenante.

Quatro placas de concreto asfáltico


drenante com diferentes
modificadores:
1 – Borracha de pneus moída, sem
ciclagem;
2 – Borracha de pneus moída, com
ciclagem;
3 – Polímero SBS, sem ciclagem;
Figura 1. Placas de concreto asfáltico
drenante 4 – Polímero SBS, com ciclagem.
Método
Caixas de acrílico:
Caixa 1: utilizada para suportar as placas de concreto asfáltico drenante e armazenar
a água de chuva que é infiltrada pelas placas;
Caixa 2: utilizada para armazenar a água de chuva que é infiltrada pelas placas.

Figura 2. Caixas do modelo 1. Figura 3. Caixa do modelo 2.


Método
Caixas e placas expostas à ação da chuva de 14 de fevereiro a 14 de abril de 2014 na
cobertura do prédio do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de
Santa Catarina.

Durante a exposição das caixas e placas de


concreto asfáltico drenante à chuva, foram
anotadas as alturas atingidas pela água de
chuva (lâmina d’água) armazenada após cada
evento de chuva. Dessa forma, o percentual de
infiltração para cada placa foi obtido através da
Equação 1.

I = ( h1 / h2 ) 100% (1)
Figura 4. Caixas e placas
expostas à ação da chuva.
Método
I = ( h1 / h2 ) 100% (1)

Onde:

I representa o percentual de infiltração de água de chuva da placa de concreto


asfáltico drenante para cada evento de chuva;
h1 representa a altura de água de chuva (lâmina d’água) armazenada na Caixa 1 a
cada evento de chuva, em milímetros;
h2 representa a altura de água de chuva (lâmina d’água) armazenada na Caixa 2 a
cada evento de chuva, em milímetros.
Método

Análise da qualidade da água de chuva da cidade de Florianópolis foi


dividida em três etapas:
• antes de entrar em contato com as placas de concreto asfáltico
drenante;
• após a infiltração da água de chuva pelas placas;
• amostras de água de chuva coletadas diretamente do escoamento de
uma via pública do município.
Os parâmetros analisados na pesquisa foram: alumínio, amônia, cobre,
cromo, ferro, fósforo, nitrito, oxigênio dissolvido, pH e zinco.
As análises de qualidade destes parâmetros seguem as instruções da
empresa fornecedora dos reagentes químicos (Alfakit).
Método

Figura 5. Fotocolorímetro AT 10P. Figura 6. Bancada com os


reagentes químicos.
Método
• Determinação do potencial de economia de água potável em edificações por
meio do aproveitamento de água de chuva captada de vias públicas.
• Água de chuva a ser captada seria destinada a usos não potáveis, tais como
descarga do vaso sanitário, mictório, limpeza de áreas externas e rega de jardim.
• Simulação com o programa computacional Netuno, versão 4.
• Dados de entrada para o programa são: histórico do índice pluviométrico, área de
vias públicas pavimentadas em m², demanda total de água potável em litros/dia,
porcentagem da água potável a ser substituída por água de chuva e o coeficiente
de aproveitamento de água de chuva.
• Foram simulados potenciais de economia para diferentes porções de áreas
pavimentadas com o intuito de obter reservatórios com menores capacidades de
armazenamento. Foram realizadas simulações para áreas de vias pavimentadas
iguais a 100%, 50%, 40%, 30%, 20%, 10% e 1% da área total de vias
pavimentadas em Florianópolis.
Método

• Dados sobre o consumo de água e usos finais em Florianópolis: SNIS (2007),


Proença et al. (2011) e Marinoski et al. (2013).
• Dados sobre o índice pluviométrico na cidade de Florianópolis: site HidroWeb –
Sistemas de Informações Hidrológicas, da Agência Nacional de Águas. Foram
utilizados dados de precipitação diária para um período de 12 anos (1 o de janeiro
de 2002 a 31 de dezembro de 2013).
• A área total de vias públicas pavimentadas localizadas em Florianópolis foi obtida
através de um arquivo emitido pela Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal
de Florianópolis.
Método

• O coeficiente de aproveitamento da água de chuva é dado pela Equação 2:

CA = ( IM / 100 ) – CD (2)
Onde:
CA representa o coeficiente de aproveitamento da água de chuva (adimensional);

IM representa a média dos percentuais de infiltração nas placas de concreto asfáltico


drenante utilizadas no estudo;
CD representa o coeficiente de descarte, que neste estudo foi considerado 0,20
(adimensional).
Resultados
Resultados dos experimentos para obtenção do percentual de infiltração das
placas de concreto asfáltico drenante:

Desvio
Placa Modificador Média Padrão Máximo Mínimo
Borracha moída,
85,8% 7,8% 93,3% 71,4%
1 sem ciclagem
Borracha moída,
84,3% 10,0% 97,6% 67,2%
2 com ciclagem
Polímero SBS, sem
84,6% 12,4% 96,6% 60,0%
3 ciclagem
Polímero SBS, com
87,0% 6,3% 94,4% 78,8%
4 ciclagem

Tabela 1. Infiltração nas placas de concreto asfáltico drenante


utilizadas no estudo.
Resultados
• Não há diferença significativa entre as placas modificadas com asfalto-borracha e
as placas modificadas com polímero SBS.
• Não há diferença significativa entre as placas sem ciclagem de água e as placas
com ciclagem de água.
• Modificação utilizada no concreto asfáltico drenante não altera seu percentual de
infiltração de água de chuva.
• Percentual de infiltração das placas de concreto asfáltico drenante é a média
aritmética simples dos valores obtidos para as quatro placas utilizadas no estudo.
Portanto, o percentual de infiltração no pavimento drenante é de 85,4%.
Resultados
Variação observada no
percentual de infiltração é
devida principalmente ao
volume de chuva
coletado, não possuindo
relação com o tipo de
modificação das placas.
Percebe-se que com o
aumento do volume de

Figura 5. Percentual de infiltração das placas em água de chuva há

relação ao volume total de chuva captado a cada também um aumento no

evento. percentual de infiltração


das placas.
Resultados

Oxigênio
Amônia Fósforo Nitrito
Parâmetro Dissolvido pH
(mg/L) (mg/L) (mg/L)
(mg/L)
Média 0,41 0,14 0,002 9,0 5,4
Desvio
0,38 0,22 0,004 0,0 0,2
Padrão
Máximo 1,50 0,67 0,010 9,0 5,8
Mínimo 0,10 0,00 0,000 9,0 5,0
Resultados

Amônia Fósforo Nitrito O.D.


Placa pH
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L)

1 0,22 0,46 0,006 9,0 5,5

2 0,20 0,40 0,007 9,0 5,8

3 0,59 0,78 0,007 8,9 5,8

4 0,71 0,69 0,006 8,9 5,6


Resultados

Desvio
Parâmetros Média Máximo Mínimo
Padrão
Alumínio (mg/L) 0,23 0,22 0,60 0,00
Amônia (mg/L) 0,11 0,07 0,25 0,05
Cobre (mg/L) 0,12 0,09 0,27 0,02
Cromo (mg/L) 0,08 0,05 0,14 0,01
Ferro (mg/L) 1,41 1,31 4,40 0,06
Fósforo (mg/L) 2,11 1,56 4,76 0,51
Nitrito (mg/L) 0,02 0,01 0,04 0,01
Oxigênio
Dissolvido (mg/L) 9,00 0,00 9,00 9,00
pH 6,70 0,30 7,20 6,50
Zinco (mg/L) 0,13 0,13 0,37 0,00
Resultados

Consumo de água
Consumo não
Setor
(m³/ano) (%) potável (%)

Residencial 13.787.569 56,7 19,4


Público 7.768.737 31,9 76,0
Comercial 2.488.375 10,2 70,0
Industrial 277.618 1,1 -
Total 24.322.300 100 -
Resultados
Resultados
Área de vias Consumo de água (litros/dia)
pavimentadas
(%) (m²) Residencial Público Comercial
100 11.044.216 37.774.162 21.284.211 6.817.466
50 5.522.108 18.887.081 10.642.105 3.408.733
40 4.417.686 15.109.665 8.513.684 2.726.986
30 3.313.265 11.332.248 6.385.263 2.045.240
20 2.208.843 7.554.832 4.256.842 1.363.493
10 1.104.422 3.777.416 2.128.421 681.747
1 110.442 377.742 212.842 68.175
Resultados
Resultados
Resultados
Resultados

Demanda de água
Potencial de Volume do Percentual de
de chuva em
Setor economia de água reservatório área
relação à água
potável (%) (m³) considerada (%)
potável (%)
Residencial 19,4 18,4 1000 1
Público 76,0 57,7 1000 1
Comercial 70,0 69,1 1000 1
Conclusões
Referências
Contato
lucas_niehuns@hotmail.com
enedir@labeee.ufsc.br
Site: www.labeee.ufsc.br

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