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PROFESSOR

------------------ A Poesia Hebraica


TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Provérbios 8.1-14
TEXTO ÁUREO
Melhor é o meu fruto do que o ouro, sim,
do que o ouro refinado; e as minhas
novidades, melhores do que a prata
escolhida. Faço andar pelo caminho da
justiça, no meio das veredas do juízo.

Provérbios 8.19,20
OBJETIVOS
● COMPREENDER que, apesar de a poesia não ser
adotada pelos modernos ocidentais como meio eficaz
de comunicação, no antigo Oriente, esse recurso
estilístico era amplamente utilizado;
● CONHECER os propósitos da poesia hebraica: expressar
emoção; facilitar a adoração e instruir em sabedoria;
● CONHECER algumas características singulares da poesia
hebraica: a linguagem figurada e o paralelismo.
INTRODUÇÃO
Os escritos poéticos do Antigo Testamento foram
compostos em diferentes épocas: Jó, provavelmente,
viveu na era patriarcal; alguns salmos, possivelmente,
foram compostos durante (e após) o exílio babilônico
(Sl 126; 137); neste tempo intermédio, Salomão, Davi
e outros poetas sagrados redigiram seus poemas.
1. GÊNEROS LITERÁRIOS NO ANTIGO TESTAMENTO
A organização judaica da Tanakh (AT hebraico):
● Torah (5 livros) — Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio;
● Profetas (19 livros) — Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2
Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os 12 profetas
menores;
● Escritos (11 livros) — Salmos, Provérbios, Jó, Cantares,
Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras-
Neemias, 1 e 2 Crônicas.
1.1. Poesia no Antigo Testamento
O gênero poético não está restrito ao tomo literário
convencionalmente reconhecido pela cristandade (Jó,
Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares); antes, ele
está presente em outras partes do Antigo
Testamento. Como exemplo, citamos o Pentateuco
(Gn 4.23,24; Êx 15.1-18) e os Livros Históricos (Jz 5; 2
Sm 1.17-27).
1.1.1. Elementos para identificação do texto poético
● as composições podem expressar ideias ou
sentimentos, variando entre emoção e meditação;
● poemas são reflexões, não histórias ou relatos de
acontecimentos;
● o texto poético pode apresentar um misto de temas
como uma ideia, uma situação ou um sentimento,
que se unem em torno de um tema central.
2. OBJETIVOS DA POESIA HEBRAICA
Todo arcabouço poético é movido por intenções
motrizes. Os propósitos da poesia hebraica são
variados, dentre os quais destacamos: exprimir
emoções, ser um facilitador da adoração e ensinar em
sabedoria.
2.1. Exprimir emoções
Em todo texto bíblico, especialmente nos Livros
Poéticos, observamos a exteriorização de
sentimentos humanos, de forma abundante, que
denunciam as mais variadas emoções: em dado
momento, o salmista expressa alegria e regozijo (Sl
122); em outro, todavia, ele é consumido pela
tristeza (Sl 119.28).
2.2. Ser um facilitador da adoração
Quando se entra em contato com os recursos
estilísticos da poesia, é possível reconhecê-los,
interpretá-los e recriá-los. Em um simples verso as
realidades podem ser traduzidas, justamente porque
a poesia fala nas entrelinhas. No caso específico de
Israel, as poesias eram transformadas em cânticos
(salmos), o que facilitava a adoração pessoal e
coletiva.
2.2.1. Cânticos usados pela comunidade de Israel
Os salmos cognominados cânticos de hallel (cântico
de louvor a Deus), por exemplo, eram,
tradicionalmente, cantados nas grandes festas do
povo, vejamos:
2.3. Ensinar em sabedoria
Outra propriedade que se destaca na poesia hebraica
é o seu caráter pedagógico, no sentido de instruir os
indivíduos, especialmente os jovens, a andarem nos
caminhos da sabedoria. Além de ensinar a
praticidade da vida diária, a sabedoria poética
enfatiza o Eterno como centro da existência humana
(Pv 2).
3. CARACTERÍSTICAS DA POESIA HEBRAICA
Os poetas bíblicos, de modo geral, fizeram uso de
figuras de linguagem para compor seus escritos e
comunicar sua mensagem; contudo, diferente da
poesia ocidental, sua ênfase não está na rima de
palavras, mas na equivalência de ideias.
Para compreender a poesia hebraica é preciso
conhecer sua estruturação, pois ela possui
características singulares.
3.1. Linguagem figurada
Esse recurso estilístico tem por objetivo comunicar uma
ideia central utilizando elementos simbólicos. Esse tipo
de linguagem torna o discurso mais expressivo, pois
amplia o significado das palavras.
As mais encontradas nos Livros Poéticos são:
● imagem (Sl 23.2);
● metáfora (Sl 23.1);
● símile (Sl 103.13);
● hipérbole (Sl 91.13).
3.2. Paralelismo
O paralelismo consiste na construção de versos (dois ou
três) que reforçam ou complementam a ideia do
primeiro verso, com imagens e palavras diferentes, mas
com o mesmo sentido. Seu objetivo é a unificação e a
consolidação de determinado conceito. Desta forma, o
leitor é levado a refletir sobre a mesma ideia por mais
de uma vez.
3.2.1. Paralelismo sinônimo
Consiste na repetição de ideias similares, com
construção gramatical semelhante:
● Salmo 46.7 — (O Senhor dos Exércitos está
conosco); (o Deus de Jacó é o nosso refúgio);
● Salmo 91.5 — (Não temerás espanto noturno), (nem
seta que voe de dia);
● Provérbios 20.1a — (O vinho é escarnecedor), (e a
bebida forte, alvoroçadora).
3.2.2. Paralelismo antitético
Neste caso, ocorre a repetição do verso, mas
apresentando contraste:
● Salmo 1.6 — (Porque o Senhor conhece o caminho dos
justos); (mas o caminho dos ímpios perecerá);
● Provérbios 10.1b — (O filho sábio alegra a seu pai),
(mas o filho louco é a tristeza de sua mãe).
3.2.3. Paralelismo sintético
Acontece quando o verso (segundo) completa o
pensamento anterior, há uma reiteração do que foi
afirmado, formando, assim, uma unidade de dois versos,
um crescente progressivo:
● Salmo 23.5a — (Preparas uma mesa perante mim) (na
presença dos meus inimigos);
● Salmo 1.3a — (Pois será como a árvore plantada junto
a ribeiros de águas), (a qual dá o seu fruto na estação
própria, e cujas folhas não caem).
3.2.4. Paralelismo climático
Quando a segunda linha completa e amplia a ideia da
primeira, repetindo e acrescentando algo:
● Salmo 96.7 — (Dai ao Senhor, ó famílias dos povos),
(dai ao Senhor glória e força);
● Salmo 29.1a — (Dai ao Senhor, ó filhos dos
poderosos, dai ao Senhor glória e força). (Dai ao
Senhor a glória devida ao seu nome).
CONCLUSÃO
Hindson e Yates, em seu livro intitulado “A essência do
Antigo Testamento”, dizem que a poesia tem como
objetivo instigar emoções, evocar sentimentos em vez
de pensamentos proposicionais e estimular uma
resposta por parte do leitor. E acrescentam que, apesar
de o texto poético nos desafiar a pensar, ele o faz
extraindo uma resposta emocional.
Deus abençoe
sua vida!

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