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Parcerias Público

Privadas

Aula 07
Introduçã
o
Ante a necessidade da administração pública de investir em infraestrutura, e a ausência de
recursos para realizar tais investimentos, principalmente no que se refere a grandes obras,
surgiram, com o advento da Lei n° 11.079 de 2004, as parcerias público privadas.

Pelos contratos de parceria o particular que preencher os requisitos previstos em lei efetua os
investimentos que seriam de responsabilidade da administração pública, em troca de uma série
garantias e benefícios, assegurados a ele por lei.
Conceito

“As parcerias público-privadas são contratos que estabelecem vínculo obrigacional


entre a Administração Pública e a iniciativa privada visando à implementação ou
gestão, total ou parcial, de obras, serviços ou atividades de interesse público, em que o
parceiro privado assume a responsabilidade pelo financiamento, investimento e
exploração do serviço, observando, além dos princípios administrativos gerais, os
princípios específicos desse tipo de parceria.” Camacho (2008, online)
Modalidades

Nos termos do artigo 2° da Lei n° 11.079/2004, as parcerias público


privadas se dividem em duas modalidades, que são:

• Concessão patrocinada;
• Concessão administrativa.
Concessão patrocinada
Art. 2º, §1º, Lei 11.079/2004

Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras


públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Concessão patrocinada

Nas palavras de Carvalho Filho (2016, p. 561), a Concessão patrocinada se


caracteriza pelo fato de o concessionário perceber recursos de duas fontes, uma
decorrente do pagamento das respectivas tarifas pelos usuários, e outra, de
caráter adicional, oriunda de contraprestação pecuniária devida pelo poder
concedente ao particular contratado.
Concessão administrativa
Art. 2º, §2º, Lei 11.079/2004

Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração


Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.
Concessão administrativa

Já a Concessão administrativa, de maneira diversa do que ocorre com a


concessão patrocinada, não comporta remuneração pelo sistema de tarifas a
cargo dos usuários, eis que o pagamento da obra ou serviço é efetuado
diretamente pelo concedente. (CARVALHO FILHO, 2016, p. 561)
Características
Dentre as características atribuídas pela doutrina as Ppp´s, destacam-se as seguintes:

• Financiamento do setor privado: tal aspecto indica que o Poder Público não
disponibilizará integralmente recursos financeiros para os empreendimentos públicos que
contratar. (CARVALHO FILHO 2016, p. 564)

• Pluralidade compensatória: Nas palavras de Carvalho Filho (2016, p. 564) ela é


fixada
como obrigação do Estado em favor do concessionário pela execução da obra ou do
serviço.
Características

• Compartilhamento dos riscos: Conforme leciona Carvalho Filho (2016,


p. 564):
“O Poder concedente deve solidarizar-se com o parceiro privado no caso da
eventual ocorrência de prejuízos ou outra forma de déficit, ainda que tal
consequência tenha tido como causa fatos imprevisíveis, como o caso fortuito, a
força maior, o fato do príncipe e a imprevisão em virtude de álea econômica
extraordinária.”
Sobre os Contratos das PPP’s
• O prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem
superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação;

• As penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em caso de inadimplemento


contratual;

• A repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea
econômica extraordinária;

• As formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;

• Os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços;


Sobre os Contratos das PPP’s
Continuação...

• Os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro público, os modos e o prazo de regularização e, quando
houver, a forma de acionamento da garantia;

• Os critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado;

• A prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos
envolvidos;

• O compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado


decorrentes da redução do risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;

• A realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter os pagamentos ao parceiro
privado, no valor necessário para reparar as irregularidades eventualmente detectadas;
Sobre os Contratos das PPP’s
Continuação...

• O cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de investimentos do
projeto e/ou após a disponibilização dos serviços.
Garantias
As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de
parceria público-privada poderão ser garantidas pelas seguintes modalidades:

• Vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição Federal;


• Instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
• Contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público;
• Garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras;
• Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade;
• Outros mecanismos admitidos em lei.
Processo Licitatório
• A contração de parceria público privada, conforme disposto na lei 11.079 de 2004 (art. 10 a 13), será sempre
precedida de processo licitatório na modalidade concorrência.

• Nos termos do art. 10 da Lei 11.079/2004, será precedida de licitação na modalidade concorrência ou diálogo
competitivo, sendo observado os seguintes detalhes:
Processo Licitatório
Continuação...
• Autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que demonstre a conveniência e a oportunidade da
contratação, mediante identificação das razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-privada; que as
despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas de resultados fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa; e, a observância dos
limites e condições decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;

• Elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o contrato
de parceria público-privada;

• Declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas pela Administração Pública no decorrer
do contrato são compatíveis com a lei de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei orçamentária anual;
Processo Licitatório
Continuação...
• Estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, durante a vigência do contrato e por exercício
financeiro, das obrigações contraídas pela Administração Pública;

• O objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no âmbito onde o contrato será celebrado;

• Submissão da minuta de edital e de contrato à consulta pública, mediante publicação na imprensa oficial, em
jornais de grande circulação e por meio eletrônico, que deverá informar a justificativa para a contratação, a
identificação do objeto, o prazo de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30
(trinta) dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete) dias antes da data prevista
para a publicação do edital;

• Licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento ambiental do empreendimento.
Vedações
Para a contratação da Parceria Público Privada a Administração pública deve observar
as vedações estabelecidas pelo § 4°, do artigo 2° da Lei nº 11.079/04, que são:
“ § 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:
I.– cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais);
II.– cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III. – que tenha como objeto único o
fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.”
Normas aplicáveis à
União
Além das normas gerais, que se aplicam a todos os entes federados, existem na
Lei n° 11.079/04 normas de aplicabilidade exclusiva à União, dentre elas
pode- se citar:
• Órgão gestor de parcerias público-privadas;
• Fundo garantidor de Parcerias Público Privadas.
Normas aplicáveis à
União
Órgão gestor de parcerias público-privadas

Nos termos do artigo 14 da Lei11.079/04, deverá ser criado, mediante decreto, órgão gestor de
parcerias
público-privadas federais.

Conforme leciona Alexandrino (2015, p. 831):


”Tal órgão gestor terá competência para: (a) definir os serviços prioritários para execução
no regime de parceria público-privada; (b) disciplinar os procedimentos para celebração
dos contratos de parceria público-privada; (c) autorizar a abertura da licitação e aprovar o
seu edital; e (d) apreciar os relatórios de execução dos contratos.”
Normas aplicáveis à
União
Fundo garantidor de Parcerias Público Privadas.

Previsto nos artigos 16 a 21 da Lei n 11.706/04, ele deve ser criado, administrado, gerido e
representado judicial e extrajudicialmente por instituição financeira controlada, direta ou
indiretamente, pela União (ALEXANDRINO, 2015, p. 832/833)

Nas palavras de Alexandrino (2015, p. 832):


“a própria lei autoriza, desde logo, no seu art. 16, a União, seus fundos especiais, suas
autarquias, suas fundações públicas e suas empresas estatais dependentes a participar,
no limite global de seis bilhões de reais, em FGP que terá por finalidade prestar
garantia de pagamento de obrigações pecuniária assumidas pelos parceiros públicos
federais, distritais, estaduais ou municipais em virtude de parcerias público-privadas.”

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