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Claretiano

Bacharelado em Nutrição

OBESIDADE

Docentes: Alaine Nogueira, Janaira Santos, Jéssica Caroline, Micael Dias,


Nataliane Silva, Rosejane Araújo.
OBESIDADE
Conceito
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é o excesso de gordura
corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Geralmente, a obesidade resulta
da ingestão de mais calorias do que as calorias queimadas por exercícios físicos e
atividades diárias normais. Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa
Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m² e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e
24,9 kg/m² (BRASIL, 2020).
Conceito

 É uma doença crônica onde as Pessoas


obesas têm maior probabilidade de
desenvolver doenças como pressão
alta, diabetes, problemas nas
articulações, dificuldades respiratórias,
gota, pedras na vesícula e até algumas
formas de câncer.
Etiologia

 As causas da obesidade provavelmente são multifatoriais e


envolvem predisposição genética
 Há interação do ambiente, estilo de vida e fatores emocionais
ETIOLOGIA
Há três componentes primários no sistema neuroendócrino que estão envolvidos
com a obesidade

 O sistema aferente que envolve a leptina e outros sinais de saciedade e de apetite de curto
prazo
 A unidade de processamento do sistema nervoso central
 Sistema eferente, um complexo de apetite saciedade efetores autonômicos termogênico
que leva ao estoque energético
É provavél que a obesidade surja como a resultante de fatores
poligênicos complexos e um ambiente obesogênico.
O chamado mapa gênico da obesidade humana (snyder et al, 2004)está
em processo constante de evolução a medida que se identificam novos
genes e regiões cromossômicas associados à obesidade
Contextualização

 Tanto o sobrepeso quanto a obesidade se referem ao acúmulo excessivo de gordura


corporal. E ambas as condições são fatores de risco para outras enfermidades, como:
doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer. Isso sem falar da
maneira como o problema é visto pela sociedade, podendo levar a estereótipos e
discriminação. E é justamente nesse ponto que fica evidente como aspectos sociais e
psicológicos do indivíduo podem ser afetados, para além da questão física.

 Como a obesidade é influenciada por fatores biológicos e contextuais, são necessárias


ações estruturantes e políticas públicas para promoção da saúde, implementação de
medidas de prevenção do ganho de peso excessivo, diagnóstico precoce e cuidado
adequado às pessoas com excesso de peso, bem como o estabelecimento de políticas
intersetoriais e outras que promovam ambientes e cidades saudáveis.
Obesidade em maçã (Andróide)
 Na obesidade andróide, o armazenamento da gordura fica restrito a região abdominal e
o obeso costuma ter braços e pernas mais finos, obtendo um corpo com forma de
“maçã”.
 com base em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Alimentar e Nutricional dos
Estados Unidos da América, os obesos androides têm maior risco de ter complicações
relacionadas à obesidade.
 Isso porque a gordura abdominal pode ficar armazenada de duas formas: no tecido
subcutâneo ou nas vísceras, sendo que essa gordura possui maior capacidade
inflamatória, o que aumenta o risco de doenças e complicações.
 Alguns exemplos são as doenças cardíacas, a síndrome metabólica e a diabetes. Além
disso, a probabilidade de desenvolver gota, aterosclerose e muitos tipos de câncer estão
ligadas ao tipo de distribuição de gordura andróide.
 Uma forma simples de identificar se há excesso de gordura abdominal é pela medição
da circunferência do abdômen com uma fita métrica. Nas mulheres, o ideal é que esse
valor esteja abaixo de 88 cm, enquanto que nos homens o valor deve ser inferior a 102
cm.
Obesidade em pêra (Ginóide)
 Em primeiro lugar, é importante entender que o que determina o local em que a gordura vai
ficar armazenada em cada pessoa é a singularidade de cada um, como os fatores genéticos.
 No caso da obesidade ginóide, o excesso de gordura é depositado nas áreas do quadril, glúteos
e coxas. Assim, o quadril do obeso ginóide é mais arredondado e os glúteos geralmente
parecem maiores que o esperado.
 Por causa disso, quem possui o tipo de distribuição de gordura ginóide tem um formato
corporal semelhante ao de uma “pêra”, já que é mais largo na parte inferior do corpo. Vale
lembrar que esse quadro é mais frequentemente encontrado em mulheres.
 Um ponto importante nesse contexto é que o obeso ginóide está em uma posição de menor
risco à saúde, se comparado ao obeso andróide, visto que possui menor probabilidade de gerar
doenças duradouras relacionadas à obesidade e sobrepeso.
 Isso acontece porque o acúmulo de gordura nessa região inferior do corpo traz menores
chances de causar um quadro inflamatório. Porém, é fundamental ressaltar que a obesidade em
si é um risco à saúde, independente de como ela se caracteriza.
Obesidade Homogenea

 É o tipo de obesidade que mais demora a ser percebida, pois não gera grande impacto na
aparência física. A gordura não fica acumulada em uma área específica, distribuindo-se
pelo corpo, porém, não deixa de ser perigosa.

Tratamento da obesidade andróide, ginóide e homogênea

 O tratamento da obesidade andróide e ginóide tem o objetivo de reduzir o excesso de


gordura corporal. Assim, esse processo pode ser feito por meio de:
 Dietas;
 Atividade física;
 Acompanhamento psicológico;
 Orientações médicas;
 Uso de medicamentos;
 Cirurgia bariátrica, entre outros.
 Vale lembrar que a escolha do tratamento ideal depende de cada caso. Por isso, encontrar
um bom profissional é fundamental para que a redução da obesidade andróide e ginóide
seja eficiente e resulte na melhora das condições de saúde.
 Sobrepeso - IMC entre 25,0 e 29,9 Kg/m2
Esse é o primeiro sinal de alerta, pois já é considerado pré-obesidade e muitas pessoas já podem apresentar doenças
relacionadas ao peso, como diabetes e hipertensão. Quem tem sobrepeso deve rever hábitos e contar com apoio de
profissionais que possam reverter esse quadro.
 Obesidade grau 1 - IMC entre 30,0 e 34,9 Kg/m2
Para as pessoas que estão nesse estágio, já existe uma série de cuidados que podem ser tomados. Fazer mudanças
alimentares, com acompanhamento de um nutricionista, e estabelecer uma rotina de exercícios físicos é fundamental. Os
tratamentos mais extremos, como a cirurgia bariátrica, não costumam ser recomendados para pacientes no grau 1 de
obesidade, ainda que cada caso deva ser estudado individualmente.
 Obesidade grau 2 - IMC entre 35,0 e 39,9 Kg/m2
Nesse estágio, também conhecido como obesidade moderada, os riscos para a saúde são mais elevados e, por isso, é
recomendado fazer um acompanhamento médico mais rigoroso, com o apoio de um endocrinologista, por exemplo. A rotina
de exercícios físicos, com foco nos aeróbicos para aumentar o gasto calórico, e o acompanhamento de uma mudança
profunda nos hábitos alimentares já se faz necessária para reverter a situação da obesidade grau 2.
 Obesidade grau 3 - IMC igual ou maior que 40,0 Kg/m2
É o grau mais agressivo, também conhecido como obesidade mórbida ou grave. A realização de um tratamento adequado
pode ajudar a melhorar a qualidade de vida da pessoa, mas é provável que já existam mais de uma doença associada ao
peso. Existem algumas opções cirúrgicas para a obesidade mórbida, como a cirurgia bariátrica. Porém, cada caso deve ser
analisado individualmente por uma equipe multidisciplinar que envolvem nutricionistas, médicos especialistas e psicólogos.
Apenas com o acordo desses profissionais é possível indicar o melhor tratamento para cada pessoa que tenha obesidade grau
3.
Ainda que seja uma medida universal, o IMC nem sempre é o suficiente para diagnosticar os tipos
de obesidade e a gravidade desse problema. É fundamental que a pessoa com excesso de peso
busque ajuda de profissionais empáticos, atualizados e que analisem os exames de forma cuidadosa
e personalizada, para entender qual o grau de severidade da doença.
Quais são as complicações causadas pela obesidade?

Algumas das principais doenças atreladas à obesidade.


 Diabetes tipo 2

Pessoas obesas não produzem níveis regulares de insulina — substância responsável por absorver a glicose nas células do organismo, a fim de assegurar o seu
aproveitamento nas atividades celulares. A escassez de insulina gera o acúmulo de glicose, dando origem à diabetes tipo 2.
 Doenças cardiovasculares
A gordura que se aloja ao redor dos órgãos localizados na cavidade abdominal eleva consideravelmente o risco de entupimento das artérias, impedindo que o
coração trabalhe em sua totalidade. Essa situação aumenta a pressão arterial e pode, até mesmo, provocar infartos e derrames.
 Doenças hepáticas
Uma das maiores preocupações em relação ao excesso de peso é a esteatose hepática, que é o acúmulo de gordura no fígado. Isso prejudica a função do órgão e
pode ocasionar cirrose ou câncer, que necessitam de intervenções mais invasivas, como o transplante.
 Refluxo gastroesofágico
O esfíncter liga o esôfago e o estômago e, quando perde a sua eficácia — o que pode acontecer com indivíduos obesos —, o ácido estomacal acaba retornando pela
válvula, causando o refluxo gastroesofágico. Esse problema traz muita irritação nas paredes do órgão, dor no peito e regurgitação, e, se negligenciado, pode
resultar em um câncer no esôfago.
 Apneia obstrutiva do sono
Ao se acumular na parede da traqueia e nos músculos da língua, a gordura dificulta a passagem de ar pelas vias aéreas, o que faz com que a pessoa sofra de apneia
obstrutiva do sono. Trata-se da interrupção da respiração enquanto dorme, e que agrava os quadros de hipertensão e arritmias, por exemplo.
Obesidade Infantil
 A obesidade infantil é um problema de saúde e vai muito além de um número na
balança: a avaliação da doença precisa considerar outros fatores, como acesso a
alimentos saudáveis, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, entre
outros. A forma como pais, mães e/ou cuidadores responsáveis interagem com as
crianças poderá influenciar a relação que elas vão estabelecer com a
alimentação.

 Espaços que favorecem o consumo de alimentos inadequados com excesso de


exposição e publicidade de alimentos ultraprocessados, restritivas para a criança
se alimentar e oferecer alimentos como recompensas podem comprometer a
habilidade da criança em responder ao controle de saciedade do organismo,
contribuindo para o excesso de peso. Comentários sobre formas e tamanhos
corporais podem convergir, mais para frente, em transtornos alimentares e de
imagem corporal.
Obesidade Infantil no Brasil na Atenção
Primaria
 O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com dados
de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, aponta que, até meados de
setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas
com obesidade. Em 2021, a APS diagnosticou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma
idade.
 Atualmente, a região Sul possui 11,52% de crianças obesas nessa faixa etária, maior índice
do País. Em seguida aparecem as regiões Sudeste, com 10,41%; Nordeste, com 9,67%;
Centro-Oeste, com 9,43%; e Norte, com 6,93% das crianças acompanhadas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) na região.
 A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) reconhece a obesidade como um
problema de saúde pública. Por ser multifatorial, a doença exige intervenções integradas de
diversos setores, além da saúde, para deter o avanço e garantir o pleno desenvolvimento
durante a infância.
O atlas 2023 da Federação Mundial da
Obesidade prevê que 51% do mundo, ou mais
de 4 bilhões de pessoas, serão obesas ou terão
sobrepeso nos próximos 12 anos

As taxas de obesidade estão aumentando de forma


particularmente rápida entre as crianças e em países de baixa
renda, segundo o relatório. Descrevendo os dados como um
"alerta claro", Louise Baur, presidente da Federação Mundial da
Obesidade, disse que os formuladores de políticas públicas
precisam agir agora para evitar que a situação piore.

"É particularmente preocupante ver as taxas de obesidade


crescendo mais rapidamente entre crianças e adolescentes",
afirmou ela em um comunicado. "Governos e formuladores de
políticas públicas em todo o mundo precisam fazer tudo o que
puderem para evitar repassar os custos de saúde, sociais e
econômicos para a geração mais jovem."
Epidemiologia
 A obesidade é uma doença que tem crescido no Brasil e no mundo.
 Traduzindo em números, aproximadamente 60% dos adultos brasileiros já têm
excesso de peso, o que representa cerca de 96 milhões de pessoas, e 1 em cada 4
individuo tem obesidade, num total de mais de 4,2 milhões de pessoas, segundo a
Pesquisa Nacional de Saúde PNS/2020. Em 2021 9,1 milhões de indivíduos adultos
atendidos na APS já tinham diagnóstico de excesso de peso e mais de 4 milhões, de
obesidade, sendo que 624 mil tinham obesidade grave (grau III).

 Obesidade atinge mais de 6,7 milhões de pessoas no Brasil em 2022.


 Dados do Ministério da Saúde, obtidos em um levantamento inédito, apontam que a
obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas no Brasil. O número de pessoas com obesidade
mórbida ou índice de massa corporal (IMC) grau III, acima de 40 kg/m², atingiu
863.086 pessoas.
 O aumento da obesidade traz preocupação e já é considerado uma pandemia pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), que estima um bilhão de pessoas obesas no
mundo em 2030. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que um em cada
cinco brasileiros já sofrem com o problema e a tendência é que, em menos de 10
anos, 68% da população poderá estar acima do peso.
Diagnostico

 O diagnóstico da obesidade é clínico, com base na estimativa do Índice de Massa Corporal


(IMC).

Classificação IMC (kg/m²) Risco de comorbidades


Abaixo do Peso <18,50 Baixo
Eutrófico* 18,50 – 24,99 Médio
Sobrepeso 25,00 – 29,99 Pouco elevado
Obesidade grau I 30,00 – 34,99 Elevado
Obesidade grau II 35,00 – 39,99 Muito elevado
Obesidade grau III ≥ 40,00 Muitíssimo elevado
 *No idoso (≥ 60 anos) o IMC normal é entre 22 - 27 kg/m², pelo risco de sarcopenia
(diminuição de massa, força e desempenho muscular e de incapacidade física).
 Em pacientes com idade maior do que 80 anos, hipertrofia muscular marcada, pessoas com
fragilidades (acamados, cadeirantes, amputados) e em orientais, o IMC pode não
identificar adequadamente pacientes com obesidade. Recomenda-se a avaliação de medida
adicional como a circunferência da cintura.
Tratamento
 Tratamento da obesidade consiste em:
o Tratamento dietético
o Atividade física
o Intervenções comportamentais
 Fármacos:
 A liraclutida e a semaglutida são considerados os medicamentos mais modernos e
eficazes
 A sibutramina continua sendo usada e age diretamente no cérebro: noradrenalina e
serotonina
 O orlistate age diretamente no intestino inibindo parcialmente a absorção das gorduras
o Fármacos como Benzodiazepínicos, Corticosteróides, Antipsicóticos, Antidepressivos, Anti-
epiléticos, insulinas entre outros.
o Cirurgia bariátrica
 Perda ponderal de até 5 a 10% melhora a saúde geral, ajuda a reduzir o risco de
desenvolvimento de complicações cardiovasculares (p. ex., hipertensão, dislipidemia,
resistência à insulina) e ajuda a diminuir sua gravidade, bem como de outras complicações
e distúrbios de comorbidade como apneia obstrutiva do sono, esteatose hepática,
infertilidade e depressão.
Estratégias Governamentais
 No que concerne ao setor saúde, diversas ações são preconizadas no contexto da Estratégia, que contribuem para a
redução e manejo da obesidade, tais como:
o Programa Saúde na Escola (PSE);
o Programa Academia da Saúde;
o Discussão da regulação da publicidade, práticas de marketing e comercialização de alimentos, especialmente
voltado para o público infantil;
o Renovação de acordo com Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação – ABIA para redução e
eliminação de gordura trans;
o Discussão sobre a redução de açúcar em alimentos processados, prevendo pactuação das primeiras metas em
2015;
o Ações de promoção da alimentação adequada e saudável para crianças, por meio da divulgação e utilização do
Guia Alimentar para População Brasileira, do Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos e dos Alimentos
Regionais Brasileiros;
o Discussão junto ao Ministério do Trabalho para atualização das Portarias que regulamentam o Programa de
Alimentação do Trabalhador (PAT);
o Renovação de Acordo de Cooperação entre o Ministério da Saúde e a Federação Nacional das Escolas Particulares
(FENEP) para promoção da alimentação saudável nas escolas, com enfoque nas cantinas;
o Ações de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) para monitoramento de práticas alimentares e estado
nutricional da população.

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