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Tópicos de Aperfeiçoamento em Administrativo e Constitucional

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Professor Leonardo Vizeu Figueiredo

Ementa
Ato Administrativo; Poder de Polícia; Servidores
Públicos e regimes jurídicos de pessoal existentes;
Principiologia do Processo Administrativo;
Administração Pública Indireta; Entidades de
Cooperação; Modalidades de Licitação;
Desapropriação; Responsabilidade Civil do Estado;
Controle da Administração Pública. Recurso
Extraordinário; Direitos Individuais; Devido Processo
Legal; Direito à vida, à privacidade e à igualdade;
Jurisdição Constitucional; Entes Federados;
Federalismo; Processo Legislativo; Controle Preventivo
de Constitucionalidade; Controle Repressivo de
Constitucionalidade; Súmula com efeito vinculante.
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Bibliografia Básica:
- MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. 30ª ed.. São Paulo: Malheiros. 2007.
- SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo . 22 ed. São Paulo:
Malheiros. 2003.
- MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9ª ed. São Paulo: Atlas. 2001.
- FIGUEIREDO, Leonardo Vizeu. Direito administrativo. São Paulo: MP editora. 2008.
Bibliografia Complementar:
- CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 4ª ed.
Coimbra: Almedina. 2000.
- SLAIBI FILHO, Nagib. Direito constitucional. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2004.
- TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 6ª ed. São Paulo: Saraiva.
2008.
- MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo
Gonet. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva. 2008.
Leitura suplementar:
- ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios – da definição e aplicação dos princípios
jurídicos. 4ª ed. São Paulo: Malheiros.
- BARCELLOS, Ana Paula de. Ponderação, racionalidade e atividade jurisdicional. Rio
de Janeiro: Renovar, 2005.
- CASTRO, Carlos Roberto Siqueira. O devido processo legal e os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2005
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I – Ato administrativo:

1. Conceito;
2. Elementos do ato administrativo
a) competência;
b) finalidade;
c) forma;
d) motivo;
e) objeto.
3. Atributos do Ato Administrativo
a) Presunção de veracidade;
b) Imperatividade;
c) Auto-executoriedade.
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3. Classificação do ato administrativo:


3.1. Quanto aos destinatários: gerais e concretos;
3.2. Quanto às prerrogativas: de império, de gestão e de
expediente;
3.3. Quanto à liberdade de ação: vinculado e discricionário;
3.4. Quanto à conjugação de vontades: simples, complexo e
composto;
3.5. Quanto aos efeitos: declaratórios, constitutivos e
constitutivos-formais;
3.6. Quanto à possibilidade de retratação: revogáveis e
irrevogáveis;
3.7. Quanto à executoriedade: auto-executórios e não auto-
executórios.
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4. Espécies de Atos Administrativos;


4.1. Normativos: decretos (autônomos e regulamentares),
resoluções, regimentos e regulamentos.
4.2. Ordinatórios: portarias, instruções, ordens de serviço e
ofícios;
4.3. Negociais: licença, autorização e permissão;
4.4. Enunciativos: certidões e pareceres;
4.5. Punitivos: internos (advertência, suspensão, demissão,
cassação de aposentadoria) e externos (multa, interdição e
inutilização).
5. Vícios do ato administrativo;
6. Abuso do Poder e desvio de finalidade;
7. Desfazimento do ato administrativo: Anulação e Revogação.
8. Convalidação: ratificação, reforma e convalidação.
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II – Poder de Polícia.
1. Conceito;
2. Razões;
3. Fundamentos;
4. Objeto;
5. Abrangência;
6. Limites;
7. Características:
a) discricionariedade;
b) auto-executoriedade;
c) coercibilidade;
8. Instrumentos de atuação.
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III – Servidores Públicos.


1. Conceito;
1.1. Art. 327, CP;
2. Classificação:
2.1. Agentes Políticos: vinculação e regime;
2.2. Agentes de Estado: vinculação e regime;
2.3. Agentes Administrativos: vinculação e regime;
2.4. Agentes Honoríficos: vinculação e regime;
2.5. Agentes Delegados: vinculação e regime;
2.6. Agentes Credenciados: vinculação e regime;
2.7. Empregado Público: vinculação e regime;
2.8. Agentes Temporários: vinculação e regime.
3. Regime:
3.1. Estatutário: vitalício e estável;
3.2. Contratual:
a) celetista;
b) administrativo.
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Resposta: b); Lei nº 8.112/90: Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em


comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-
servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5
(cinco) anos. Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público federal
o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por
infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. (crime contra a
administração pública, improbidade, peculato e corrupção).
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IV – Processo Administrativo.
1. Conceito;
2. Base normativa:
a) Art. 5º, LIV e LV, CRFB;
b) Lei nº 9.784/99.
3. Princípios:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
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Resposta: c); Lei nº 9.784/99: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) §
1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.
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Resposta: c)
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Resposta: b); Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos
ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.
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V – Administração Pública.
1. Conceito;
2. Base normativa:
a) Art. 37, caput, CRFB;
b) Decreto-lei nº 200/67.
3. Estrutura:
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na
estrutura administrativa da Presidência da República e dos
Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de
entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas. 
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Resposta: c); vide Decreto-lei nº 200/67; art. 37, XIX, e art. 100,
ambos da CRFB.
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VI – Entidades de cooperação.
1. Conceito;
2. Estrutura:
2.1. Entidades paraestatais:
a) Serviços Sociais Autônomos;
b) Organizações sociais (Lei nº 9.637/98);
2.2. Serviços em colaboração:
a) Serviços desestatizados (art. 2º, §1º, b, Lei nº 9.491/97);
b) serviços sob gestão associada (art. 241, CRFB; Lei nº
11.107, de 2005);
c) serviço em regime de parceria:
c.1) Convênio administrativo;
c.2) Contrato de Gestão (Lei nº 9.637, de 1998);
c.3) Gestão por colaboração (Lei nº 9.790, de 1999);
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VI. Direitos Fundamentais:


1.1 Conceito: São todas as normas declaratórias de constituição, atuação,
contenção e representação popular dos Poderes Constituídos do
Estado.
a) Segundo Canotilho: “direitos fundamentais são os direitos do homem,
jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente”.
b) Lei Fundamental de Bonn (Constituição Alemã - 1949): “Art.1º (3).
Os direitos fundamentais a seguir discriminados constituem direito
imediatamente aplicável para os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário”.
c) Segundo Nagib Slaib Filho: “Agora, em que se compreende que nos
direitos fundamentais estão as prestações de serviços essenciais à existência e
ao desenvolvimento da pessoa, devemos estender o conceito para notar
que a declaração de direitos, além de constituir uma tentativa de
limitação do Poder, constitui também um rol de promessas de
serviços e bens essenciais à pessoa”.
d) Segundo Alexandre de Moraes: Os direitos fundamentais são as
limitações do “... poder delegado do povo a seus representantes”.
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e) Segundo Ingo Wolfgan: “Direitos fundamentais são, portanto, todas


aquelas posições jurídicas concernente às pessoas, que, do ponto de vista do
direito constitucional positivo, foram, por seu conteúdo e importância
(fundamentalidade em sentido material), integradas ao texto da Constituição
e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos
(fundamentalidade formal), bem como as que, por seu conteúdo e significado,
possam lhes ser equiparados, agregando-se à Constituição material, tendo, ou
não, assento na Constituição formal”.
1.1.1 Doutrinas:
a) para os defensores da doutrina contratualista, os direitos
fundamentais nascem com a constituição da Carta Política (contrato
social).;
b) para os defensores da doutrina jusnaturalista, os direitos
fundamentais são intrínsecos à própria existência do homem, cuja
validade independe de sua normatização expressa.
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1.1.2.Objetivos: segundo Canotilho, os direitos fundamentais:


a) “constituem, num plano jurídico-objectivo, normas de competência negativa
para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes
na esfera jurídica individual”;
b) “implicam, num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente
direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir omissões dos poderes
públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade
negativa)”.
1.2Relações privadas e direitos fundamentais: Originariamente
concebidos como instrumentos jurídicos de defesa do indivíduo em
face do Estado e, posteriormente, como instrumentos de exercício de
direitos sociais e proteção aos direitos coletivos, sempre em relações
jurídicas de característica vertical, discute-se, atualmente, sobre a
possibilidade de irradiação de efeitos dos direitos fundamentais nas
relações jurídicas travadas entre particulares, de característica
eminentemente horizontal.
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1.2.2 Doutrinas: no campo do direito constitucional comparado,


duas escolas de direito já teorizaram sobre o tema, sempre
tendo como norte a questão de conciliar a autonomia de
vontade das partes com a indisponibilidade dos direitos
fundamentais:
a) Escola norte-americana - Teoria dos atos de Estado ou ação
governamental: por esta doutrina os direitos fundamentais
irradiam seus efeitos somente nas relações jurídicas privadas
heterogêneas, nos quais os sujeitos não se encontram em
posição de igualdade. Em tais relações, uma das partes
encontra-se em posição de vantagem em face da outra, fato
que possibilita a imposição de vontade desta em detrimento
daquela, não havendo que se falar em autonomia de vontade
das mesmas. Logo, havendo quebra na isonomia, justifica-se
a aplicação dos direitos fundamentais, como forma de se
nivelar as desigualdades naturais entre os indivíduos, ainda
que a relação que os une seja de natureza privada.
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b) Escola alemã: no direito alemão, três correntes discorrem sobre o


tema:
b.1) Teoria da eficácia imediata: por esta corrente, os direitos
fundamentais estendem seus efeitos jurídicos a todas as relações
privadas, aplicando-se diretamente a norma constitucional,
independentemente de quaisquer outros comandos legais. Assim,
o operador do direito encontra-se autorizado a irradiar a eficácia
dos direitos fundamentais a toda e qualquer relação jurídica, ainda
que não haja comando legislativo infraconstitucional para tanto;
b.2) Teoria da eficácia mediata: por esta teoria, a aplicação dos efeitos
dos direitos fundamentais nas relações privadas depende sempre
de prévio e expresso ato do poder constituído legislativo em
sentido expresso. Destarte, não se encontra o operador do direito
autorizado a irradiar, diretamente da própria constituição, os
efeitos jurídicos dos direitos fundamentais em toda e qualquer
relação jurídica, mas, tão-somente, naquelas em que houver
permissão legal para tanto.
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b.3) Teoria da proteção dos deveres: por esta última corrente, a


irradiação dos efeitos jurídicos dos direitos fundamentais
somente dar-se-á nas relações jurídicas privadas que versem
sobre um núcleo de proteção inafastável ao Estado. Portanto,
havendo o prévio dever de proteção estatal sobre o negócio
jurídico travado, justifica-se, por parte do aplicador do
direito, a irradiação de eficácia dos direitos fundamentais
sobre o mesmo, independentemente de sua origem, seja
oriunda do direito público ou do direito privado.
É de se ressaltar que, em que pese o alto grau de
complexidade em todas as teorias desenvolvidas sobre o
tema, ainda não se chegou a uma fórmula ideal sobre a
irradiação de efeitos dos direitos fundamentais nas relações
jurídicas privadas, não havendo consenso sobre o tema nas
grandes academias internacionais de direito. A aplicação de
uma das teorias acima deverá ser feita casuisticamente,
mediante um exercício ponderado dos interesses em jogo.
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1.2.3 Direito pátrio: no que se refere ao direito constitucional pátrio, tanto


o poder constituído legislativo, quanto o judiciário, ainda não deram ao
tema a importância devida, havendo tímidos esforços no sentido de se
dar prevalência a teoria da eficácia mediata. A lei de planos de saúde
(nº 9.656, de 1998) determina expressamente condicionantes do devido
processo legal para a hipótese de rescisão motivada do contrato de
assistência privada à saúde com o beneficiário (art. 11, parágrafo único,
e art. 13, parágrafo único, II). Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal
já se manifestou pela necessidade de observância do devido processo
legal, quando o contrato social assim expressamente o determinar,
vedando a expulsão sumária de associado em cooperativa de trabalho
(vide RE nº 158.215, relator Ministro Marco Aurélio, DJ 07061996).
1.3. Princípio da Legalidade:
a) Origem: tem gênese jurídica com a Constituição do Rei João Sem
Terra (Magna Carta Inglesa – 1215), que estabelecia que ninguém
poderia ser tributado sem lei prévia para tanto
b) CRFB: na Constituição de outubro de 1988, o princípio da legalidade
assume dupla vertente:
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b.1) art. 5º, II: dá ao cidadão garantia de que somente poderá


contrair direitos, deveres e obrigações por ato apto a inovar
no ordenamento jurídico (lei em sentido material);
b.2) art. 37, caput: limita a atuação dos Poderes Públicos,
estabelecendo que, no exercício de suas atribuições, somente
poderá agir nos estritos parâmetros definidos em lei;
c) deslegalização, degradação hierárquica ou delegação legal :
consiste na transferência da normatização de determinada
matéria, que não é afeta ao campo da estrita reserva legal, da
lei para o ato normativo infralegal.
c.1) Segundo José Afonso da Silva:“A doutrina não raro confunde
ou não distingue suficientemente o princípio da legalidade e o da
reserva de lei. O primeiro significa a submissão e o respeito à lei, ou
a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador. O segundo
consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas
matérias há de fazer-se necessariamente por lei formal”.
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“(...) Em verdade, o problema das relações entre os princípios da


legalidade e da reserva de lei resolve-se com base no Direito
Constitucional positivo, à vista do poder que a Constituição
outorga ao Poder Legislativo. Quando essa outorga consiste no
poder amplo e geral sobre qualquer espécie de relações, como vimos
antes, tem-se o princípio da legalidade. Quando a Constituição
reserva conteúdo específico, caso a caso, à lei, encontramo-nos
diante do princípio da reserva legal”
c.2) Segundo Canotilho: “Quando uma matéria tiver sido regulada
por acto legislativo, o grau hierárquico desta regulamentação fica
congelado e só um outro acto legislativo poderá incidir sobre a
mesma matéria, interpretando, alterando, revogando ou integrando
a lei anterior. Os princípios da tipicidade e da preeminência da lei
justificam logicamente o princípio do congelamento do grau
hierárquico: uma norma legislativa nova, substitutiva,
modificativa ou revogatória de outra, deve ter uma hierarquia
normativa pelo menos igual à da norma que se pretende alterar,
revogar, modificar ou substituir”.
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“Este princípio não impede, rigorosamente, a possibilidade de


deslegalização ou de degradação do grau hierárquico. Neste
caso, uma lei, sem entrar na regulamentação da matéria,
rebaixa formalmente o seu grau normativo, permitindo que
essa matéria possa vir a ser modificada por regulamentos. A
deslegalização encontra limites constitucionais nas
matérias constitucionalmente reservadas à lei. Sempre que
exista uma reserva material-constitucional de lei, a lei ou o decreto-
lei (e, eventualmente, também, decreto legislativo regional) não
poderão limitar-se a entregar aos regulamento a disciplina jurídica
da matéria constitucionalmente reservada à lei”.
c.3) Exemplo no Direito Pátrio: art. 36 da Lei nº 6.368/76:
“Art. 36. Para os fins desta Lei serão consideradas substâncias
entorpecentes ou capazes de determinar dependência física ou
psíquica aquelas que assim forem especificados em lei ou
relacionadas pelo Serviço Nacional de Fiscalização da
Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde”.
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c.4) Jurisprudência do STF:


“TRIBUTÁRIO. IPI. ART. 66 DA LEI Nº 7.450/85, QUE AUTORIZOU O
MINISTRO DA FAZENDA A FIXAR PRAZO DE RECOLHIMENTO DO
IPI, E PORTARIA Nº 266/88/MF, PELA QUAL DITO PRAZO FOI
FIXADO PELA MENCIONADA AUTORIDADE. ACÓRDÃO QUE
TEVE OS REFERIDOS ATOS POR INCONSTITUCIONAIS. Elemento
do tributo em apreço que, conquanto não submetido pela Constituição
ao princípio da reserva legal, fora legalizado pela Lei nº 4.502/64 e
assim permaneceu até a edição da Lei nº 7.450/85, que, no art. 66, o
deslegalizou, permitindo que sua fixação ou alteração se processasse
por meio da legislação tributária (CTN, art. 160), expressão que
compreende não apenas as leis, mas também os decretos e as normas
complementares (CTN, art. 96). Orientação contrariada pelo acórdão
recorrido. Recurso conhecido e provido”. (Supremo Tribunal Federal; RE
140669 / PE – PERNAMBUCO - RECURSO EXTRAORDINÁRIO;
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO; Julgamento: 02/12/1998; Órgão
Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJ DATA-18-05-2001, PP-00086,
EMENT VOL-02030-03, PP-00567, RTJ VOL-00178-01 PP-00361)
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1.4 Devido Processo Legal


1.4.1 Conceito: é o direito fundamental que tutela,
disciplina, limita e procedimentaliza a forma pela qual o Poder
Público irá interferir na esfera de domínio privado do
indivíduo.
Segundo Siqueira Castro: trata-se do “direito público subjetivo à
tutela jurisdicional isonômica e imparcial”.
1.4.2 Formas:
a) Devido processo legal penal: é o equilíbrio entre o ius puniendi
e o ius libertatis, no qual nenhum indivíduo será privado de sua
liberdade sem a devida observância do trâmite adequado para
tanto;
b) Devido processo legal civil: é o instrumento de tutela
isonômica do direito de ação e da garantia de defesa em Juízo,
no qual nenhum indivíduo será privado de seus bens,
tampouco compelido a fazer ou deixar de fazer algo, senão por
ordem da autoridade estatal competente, mediante a
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1.4.3 Origens históricas


a) em 1215, o art. 39 da Constituição do Rei João sem terra
(príncipe regente de Ricardo Coração de Leão) determinava
que nenhum homem livre seria privado de suas propriedades
sem a observância da law of the land (lei da terra);
b) Em 1352, a referida constituição foi emendada por Eduardo III
que deu nova redação ao art. 39, introduzindo a expressão due
process of law;
c) Em 1787, a Convenção da Filadélfia consagrou o modelo
federativo e a soberania da União dos 13 Estados
Independentes. O traço característico do Bill of Rights foi de
estabelecer limites à função Legislativa por parte do Executivo
(veto presidencial) e pelo Judiciário (judicial review).
Assim, consagrou a forma presidencialista de governo, como
resposta ao modelo parlamentarista inglês. Outrossim, o texto
original do Bill of Rights era omisso no que tange aos direitos e
garantias fundamentais, sendo incorporados a posteriori.
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d) em 1791, as emendas (aditivos) iniciou o processo de


incorporação das liberdades individuais ao texto constitucional:
d.1) 1ª emenda: Direito de Petição e a liberdade de expressão;
d.2) 2ª emenda: Direito ao porte de arma e a milícia civil armada;
d.3) 5ª emenda:
- due process of law: ninguém será privado de seus bens ou
liberdade sem o devido processo legal (garantia da justa
indenização na desapropriação para uso público);
- trial by jury (jury trial): direito ao julgamento por júri
independente e imparcial;
- no self incrimination: vedação à auto incriminação forçada
(produção de provas contra si mesmo);
- doble jeopardy: proibição ao duplo julgamento pelo mesmo
fato (respeito à coisa julgada);
- ex post facto law: proibição da retroatividade das leis;
- bill of attainder: vedação a julgamento sumários;
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d.4) 6ª emenda:
- Direito de Defesa e de Contraditório:
. Faculdade de inquirir e confrontar testemunhas;
. Faculdade de arrolar testemunhas para defesa;
. Direito a ser assistido por um advogado.
- speedy and public trial: direito a um julgamento célere e
público;
- fair notice: direito ser informado sobre a natureza e sobre a
identidade da autoridade em caso de acusação;
d.5) 9ª emenda:
- conhecimento prévio das provas de acusação;
- direito de permanecer em silêncio perante a autoridade policial;
- direito de ser assistido por advogado dativo em caso de notada
hipossuficiência;
d.6) 14ª emenda: garantia de acesso à jurisdição e ao devido
processo legal;
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e) Em 1863, os Estados Unidos da América promoveram a


abolição de seu regime escravocráta, após a vitória dos Estados
do Norte na Guerra de Secessão, consagrando os direitos à
cidadania, à igualdade e as liberdades civis;
- somente em 1954, no caso Brown X Board of Education, a
segregação racial foi abolida do sistema educacional dos EUA,
mediante decisão da lavra do Chief of Justice Warrem, da
Suprema Corte;
- somente em 1967, mediante concessão de segurança em right of
injunction pela Suprema Corte, a primeira aluna negra foi aceita
em uma Universidade Norte Americana, tendo sua matrícula e
entrada garantida pela Guarda Nacional.
1.5 Princípio da Razoabilidade
1.5.1 Conceito: corolário do princípio do devido processo
legal e do sistema de freios e contrapesos no controle dos atos
do Legislativo pelo Judiciário, traduzindo-se em instrumento
para se efetivar o judicial review.
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Traduz-se, portanto, na garantia do direito ao justo, quando da


aplicação das leis e atos normativos, limitando-se a atuação do
Legislativo ao crivo do Judiciário.
Assim, ao juiz compete dizer what the law is.
Segundo Siqueira Castro, o princípio da razoabilidade consiste
na busca da congruência do comando da norma com os fins da
justiça social que ela colima, mediante a persecução das
condutas razoáveis e racionais.
Isto porque, a atividade legislativa ordinária deve se submeter
aos ditames constitucionais, não podendo ser pautada em
critérios arbitrários, bem como em interesses pessoais e
mesquinhos.
a) Declaração Universal dos Direitos do Homem (França/1791):
expressamente, em seu art. 5º, que toda a lei deve ser criada no
interesse do homem e da sociedade;
b) Constituição do Império do Brasil (1824): “art. 179. (...):
Nenhuma lei será estabelecida sem utilidade pública.”
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Assim, o devido processo legal é o limite à discricionariedade do


legislador, permitindo que o Judiciário reveja os atos, impedindo a
produção dos efeitos daqueles que sejam irrazoáveis ou irracionais.
Traduz-se, portanto, o princípio da razoabilidade em
técnica hermenêutica de controle da eficácia dos atos legislativos
e normativos.
1.5.2 Objetivos: o princípio da razoabilidade objetiva: a)
Garantia da estabilidade da ordem jurídica; b) Proteção da
sociedade e do indivíduo em face do Estado; c) Instrumento de
efetivação do sistema de freios e contrapesos por parte do
Judiciário.
1.5.3 Leading cases:
a) 1897 - United States X Trans-missouri Freight Association: no qual o
Juiz White, da Suprema Corte dos EUA expressamente enunciou a
regra da razão (rule of reason), incluindo, em conclusão
interpretativa, a expressão “não razoável” (unreasonable) após
(antes, no inglês) a palavra “restrição” (restraint) , no § 1º da Lei
Sherman, de 1890 (Lei Antitruste). Todavia, tal tese restou vencida;
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b) Standard Oil of New Jersey X United States e United States X


American Tobacco, ambos de 1911: consagração da tese da regra
da razão pela Suprema Corte dos EUA;
c) Chicago Bd. of Trade X United States”, de 1918: em decisão da
lavra do Chief of Justice Brandeis, a regra da razão passou a ser
uma constante nos julgados da Suprema Corte.
1.6 Princípio da Proporcionalidade:
1.6.1 Conceito: trata-se de postulado jurídico-diretivo que
permite ao Judiciário controlar os efeitos dos atos do Executivo
e do Legislativo, coibindo expressamente os atos excessivo.
Daí ser denominado de princípio do não excesso.
1.6.2 Origens históricas:
a) Aristóteles – Ética, tomo V:”o justo é uma das espécies do gênero
proporcional (...) o proporcional é o meio termo (...) a injustiça
leva ao excesso e a falta”.
b) Alemanha, República de Weimar (1919):
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b.1) Com a instituição do Estado do Bem-estar Social (Welfare State),


houve uma natural ampliação do rol de competências do Poder
Executivo, no sentido de efetivar todas as prestações positivas
de realização dos ditames de justiça social e de existência digna.
Assim, o princípio da proporcionalidade se tratou de
importante instrumento limitador da ação do Poder Público,
mormente no que se refere ao controle dos limites do poder de
polícia administrativa. Segundo Siqueira Castro, o Estado
Democrático de Direito, em verdade, se constitui em um Estado
de Legalidade Proporcional, onde todas as normas jurídicas
de cerceamento das liberdades individuais devem possuir
meios adequados à persecução de seus fins.
O primeiro trabalho doutrinário específico sobre o princípio da
proporcionalidade é de autoria do jurista tedesco Rupprecht
V.Krauss, sendo uma monografia elaborada em 1955.
No Brasil, Miguel Seabra Fagundes e Luciano Ferreira Leite
foram os primeiros doutrinadores a tratar do tema, quando do
estudo do controle judicial do ato administrativo.
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1.7 Convergências e Divergências entre a razoabilidade e a


proporcionalidade:
1.7.1 Quanto a origem:
a) Princípio da Razoabilidade: Jurisprudência norte-americana;
b) Princípio da Proporcionalidade: academia jurídica germânica.
1.7.2 Quanto à finalidade:
a) Princípio da Razoabilidade: objetiva garantir a devida
observância da função social dos atos do Poder Público, sendo
criado, precipuamente, para a revisão judicial das leis;
b) Princípio da Proporcionalidade: objetiva evitar a pratica de
excessos e abusos por parte do Poder Público, sendo criado
como instrumento de controle judicial dos atos administrativos.
Resta claro que, ambos os princípios objetivam a adequação
dos meios aos fins, no tocante aos atos derivados dos Poderes
Constituídos do Estado Democrático de Direito.
1.7.3 Doutrina brasileira: em que pese haver certa
orientação quanto à semelhança doutrinária dos institutos, vale
destacar que:
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a) Para Virgílio Afonso da Silva, Humberto Ávila, Willis


Santiago Guerra: os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade possuem profundas divergências no tocante à
estruturação de sua aplicação, uma vez que:
a.1) Proporcionalidade: trata-se de persecução entre a adequação
da medida necessária em relação ao fim perseguido pela
norma;
a.2) Razoabilidade: cuida da ponderação de interesses decorrente
da limitação advinda da aplicação de princípios constitucionais
oriundos de norma cerceadora de liberdades.
b) Para Paulo Bonavides o princípio da proporcionalidade se trata
de apanágio de existência do Estado Democrático de Direito, ao
passo que o princípio da razoabilidade é técnica de
hermenêutica teleológica para a verificação de adequação de
meios e fins dos atos públicos. Isto é, a proporcionalidade
orienta a produção dos atos estatais, ao passo que a
razoabilidade se trata de regra para análise efeitos destes.
c) Para Luis Roberto Barroso a proporcionalidade e a
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1.8 Regra de verificação da razoabilidade/proporcionalidade dos


atos estatais: cuida-se de construção da Corte de
Constitucionalidade francesa, inspirada em construção
canônica de Santo Agostinho (regra das três peneiras para
convívio humano – utilidade, necessidade e efeitos).
Assim, deve-se observar o seguinte trinômio adequação +
necessidade + proporcionalidade estrita:
1.8.1 adequação dos meios: o procedimento eleito pelo
Estado no ato vai realmente possibilitar o alcance do fim
pretendido;
1.8.2 necessidade de atuação: a manifestação de vontade do
Poder Público realmente se faz necessária à sociedade e ao
indivíduo;.
1.8.3 proporcionalidade stricto sensu: consiste na
ponderação entre os benefícios advindos do ato, em relação ao
ônus oriundo de sua efetivação
1.9 Princípio da efetividade das normas constitucionais:
1.9.1 Conceito: trata-se de recente construção doutrinária
que se traduz na aceitação da norma no meio social em que irá
produzir seus efeitos jurídicos.
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1.9.2 Planos de análise científica dos atos estatais:


a) existência: cuida da verificação da presença dos elementos essenciais
do ato, por exemplo: ato administrativo - agente, objeto e forma;
b) validade: decorre da observância de determinados requisitos, sem os
quais o ato se torna passível de nulidade ou anulabilidade, por
exemplo : ato administrativo – agente competente, objeto lícito e
possível e forma prescrita em lei;
c) eficácia: traduz-se na aptidão para produção de seus regulares efeitos
jurídicos, alcançando a finalidade para o qual foi concebido;
d) efetividade: trata-se da eficácia social da norma, segundo José Afonso
da Silva e José Joaquim Gomes Canotilho. Isto é, cuida-se do
reconhecimento da juridicidade do ato pela coletividade.
1.10 Princípio da máxima efetividade das normas constitucionais: cuida-
se de técnica de ponderação de interesses, para garantia de
observância de princípios constitucionais.
Destarte, no caso de eventual colisão de atos normativos, deve
prevalecer a interpretação que melhor favoreça a observância dos
valores constitucionais.
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