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2021 2

GRUPO DE ESTUDO

O PENSAMENTO BUDISTA MAHĀYĀNA


INDIANO
Encontro 1 – 20 10 2021

Mahāyāna (Grande Veículo):


definição
Budismo abhidharma
(Hināyāna, budismo de base, budismo pre-Mahāyāna)
400 a.C – ca. 1000 d.C.

Budismo Mahāyāna
0 – 1200 d.C.
Budismo abhidharma ← literatura canônica
(sutta-piṭaka)

Budismo Mahāyāna ← literatura mahāyāna


(sūtra e śāstra mahāyāna)
Literatura canônica

ti/tri-piṭaka
(1) sutta/sūtra-piṭaka

(2) vinaya-piṭaka

(3) abhidhamma/abhidharma-piṭaka
sutta/sūtra-piṭaka
(1) Dīghā-nikāya/āgama (Coletânea dos discursos longos)

(2) Majjhima-nikāya (Coletânea dos discursos médios)

(3) Saṃyutta-nikāya (Coletânea dos discursos interconexos)

(4) Aṅguttara-nikāya (Coletânea dos discursos numéricos)

(5) Khuddaka-nikāya (Coletânea dos discursos curtos)


Escolas abhidharma (desde 330 a. C ca.)

Thera/Sthavira (“anciãos”)

Vs

Mahāsāṅgika (“os da grande comunidade”)


Thera (Sthavira) / Pudgalavāda

Thera (Sthavira) → Theravāda / Sarvāstivāda


Sarvāstivāda / Sautrāntika

Mahāsāṅgika → Mahāyāna?

Cisões sucessivas
Encontro 2 – 27 10 21

Origem e bases literárias


do Mahāyāna
Bodhisattva-yana
vs
Śravaka-yana
bodhisattva
vs
arahant/arhat
stūpas
“O que parece mais provável é que o Mahāyāna indiano primitivo tenha sido,
originariamente, um movimento escritural que se desenvolveu nos meios da
pregação budista, focando a produção e a utilização dos sūtras mahāyāna. Em
algum momento [...] alguns pregadores começaram a compor novos tipos de textos
– sūtras que continham ensinamentos profundos dirigidos a bodhisattvas –, que
vieram a ser comumente representados como pertencentes a uma nova revelação
que o Buda estabeleceu que aconteceria quinhentos anos depois da sua morte”
(Drewes, 2010, p. 70)
Classificação das escrituras mahāyāna

Ciclo prajñā-pāramitā (Perfeição da sabedoria)

• Aṣṭasāhasrikā-prajñāpāramitāsūtra (“Sermão da perfeição da sabedoria em oito mil versos”)

• Pañcaśatika-prajñāpāramitā (“Sermão da perfeição da sabedoria em quinhentas linhas”)

• Vajracchedika-prajñāpāramitāsūtra (“Sermão da perfeição da sabedoria que corta como um diamante”)

• Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (“Sermão do coração da perfeição da sabedoria”) (apócrifo?)


Classificação das escrituras mahāyāna

Ciclo Tathāgatagarbha (“Embrião do Buda”)

• Tathāgatagarbha-sūtra (“Sermão do embrião do tathāgata”)

• Mahāparinirvāṇa-sūtra (“Sermão do parinirvāṇa supremo”)

• Śrīmālādevīsiṃhanāda-sūtra (“Sermão do rugido do leão da rainha Śrīmālā”)

• Ratnagotravibhāga (“Análise da linhagem das [três] joias”) ou Mahāyānottaratantra (“Tantra


supremo/ulterior do Mahāyāna”)
Classificação das escrituras mahāyāna

Ciclo da Terra Pura

•  Sukhāvatīvyūha-sūtra (“Sermão que ilustra [a terra] da beatitude”)

• Amitāyurdhyāna-sūtra (“Sermão sobre a meditação de Amitāyus”)


Classificação das escrituras mahāyāna

Ciclo Yogācāra

•  Saṃdhinirmocana-sūtra (“Sermão que desvenda o propósito”)

• Yogācārabhūmi-śāstra (“Tratado sobre os estádios da prática do Yoga”)

• Laṅkāvatāra-sūtra (“Sermão da descida no Laṅka”)


Classificação das escrituras mahāyāna

Outros
•Śālistamba-sūtra (“Sermão da plantinha de arroz”)

• Vimalakīrtinirdeśa-sūtra (“Sermão sobre as instruções de Vimalakīrti”)

•Saddharmapuṇḍarīka-sūtra (“Sermão do lótus branco do verdadeiro Dharma”, mais conhecido como


“Sūtra do Lótus”)

•Avataṃsaka-sūtra (“Sermão da grinalda [de flores]”)

• Gaṇḍavyūha-sūtra (“Sermão dos aspectos sobrenaturais”):

• Daśabhūmika-sūtra (“Sermão das dez terras”)

•Lalitavistara-sūtra (“Sermão do grande jogo”)


Encontro 3 – 02 11 2021

Caminhos abhidharma e Caminho do Meio

Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra
(“Sermão do coração da perfeição da sabedoria”)
Registro personalista / afirmativo / ser

(doutrina do karma / doutrina das 4NV)


Registro reducionista / negativo / não-ser

(anattāvāda = doutrina do não-eu)


Registro do meio / nem ser nem não-ser

(14 avyakṛta = [perguntas] não respondidas)


Escolas personalistas (pudgalavāda)

• Vertente ser: o Buda afirma a existência de um eu processual


• Vertente não-ser: o B nega existência de um eu permanente
• Vertente do meio:
• nem ser (inexistência) – de eu fixo
• nem não-ser (existência) – de eu processual
Escolas reducionistas (Theravāda, Sarvātivāda)

• Vertente não-ser: o Buda nega a existência última (em última análise)


do eu
• Vertente ser: o Buda afirma a existência convencional do eu
• Vertente do meio:
• nem ser (inexistência última) do eu
• nem não-ser (existência convencional) do eu
Encontro 4 – 10 11 2021

Leitura e comentário
Sutra do Coração da Perfeição da Sabedoria
(Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra)
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Assim ouvi. Em certa ocasião, o Bhagavan se encontrava em Rajagṛha, no Monte


dos Abutres, com uma grande assembleia de monges e bodhisattvas. Naquela
ocasião, o Bhagavan estava absorto na concentração, que examina todos os
fenômenos, chamada “Profunda Percepção.”

Ao mesmo tempo, o bodhisattva mahasattva arya Avalokiteshvara contemplava a


própria prática da profunda perfeição da sabedoria e via os cinco agregados
também como vazios de natureza inerente.
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Então, através do poder do Buda, o venerável Shariputra disse ao bodhisattva


mahasattva arya Avalokiteshvara: “Como deve proceder qualquer filho de linhagem
que queira dedicar-se à prática das atividades da profunda perfeição da sabedoria?”

O bodhisattva mahasattva arya Avalokiteshvara respondeu assim ao venerável


Shariputra.

“Shariputra, qualquer filho ou filha de linhagem que queira praticar a atividade da


profunda perfeição da sabedoria deve contemplá-la da seguinte forma: apreendendo
corretamente e repetidas vezes aqueles cinco agregados como também vazios de
natureza inerente.
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Forma é vazia. Vacuidade é forma. A vacuidade não é nada além da forma; a forma
também não é nada além da vacuidade. Da mesma maneira, sensação,
discriminação, fatores compostos, e consciência são vazios.
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Shariputra, assim também, todos os fenômenos são vacuidade; não têm


características, não são produzidos, não cessam; não são imaculados, nem
maculados, não diminuem, nem aumentam.

Assim Shariputra, na vacuidade não há forma, nem sensação, nem discriminação,


nem fatores compostos, nem consciência; não há olho, nem ouvido, nem nariz,
nem língua, nem corpo, nem mente; não há forma visual, nem som, nem odor, nem
paladar, nem objeto tátil, nem fenômeno. Não há elemento do olho e assim por
diante até e inclusive nenhum elemento da mente nem elemento da consciência
mental.
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Não há ignorância, nem extinção da ignorância, não há envelhecimento nem


morte, nem extinção do envelhecimento nem da morte; Assim também, não há
sofrimento, nem a sua causa, nem a sua cessação, nem o caminho; não há a
sabedoria exaltada, nem realizações, nem fracassos.
Prajñāpāramitā-hṛdayasūtra (Sutra do Coração)

Por isso, Shariputra, como não há realizações, os bodhisattvas confiam e


permanecem na perfeição da sabedoria, suas mentes isentas de obscurecimentos e
de medo, transcendem todos os erros, e alcançam finalmente o nirvana. Todos os
budas dos três tempos também despertaram inteiramente para a insuperável,
perfeita e total iluminação, por terem se dedicado à perfeição da sabedoria.
Encontro 5 – 17 11 2021

Nāgārjuna
Vacuidade e cooriginação dependente
Nāgārjuna: Obras

• Versos Fundamentais do Caminho do meio (Mūlamadhyamakakārikā)


Nāgārjuna: Obras

• Vigrahavyāvartanī (“Dissolução das controvérsias”)

• Śūnyatāsaptati (“Setenta estrofes sobre a vacuidade”)

• Yuktiṣaṣṭikā (“Sessenta estrofes sobre o raciocínio”)

• Vaidalyaprakaraṇa (“Pulverizando as categorias”)

• Ratnāvalī (“Grinalda de joias”)

• Sūtrasamuccaya (“Coleção de sūtras”)


MMK 24.18

O que é conhecido como ‘cooriginação dependente’ nós denominamos de


‘vacuidade’. A vacuidade é uma designação dependente. Ela mesma é o ‘caminho
do meio’
• Vacuidade = Cooriginação dependente
• Vacuidade = Caminho do Meio
• (Cooriginação dependente = Caminho do Meio)
• (Vacuidade = Designação dependente)
Vacuidade = ausência de essência/natureza própria (svabhāva)
MMK V.5

Portanto não existem nem o caracterizável nem as


características; e, com certeza, independentemente do
caracterizável e das características, não existe ente nenhum
MMK 17.33.

Contaminações, ações, corpos, agentes e frutos são parecidos com


uma cidade de Gandharva e semelhantes a uma miragem ou a um
sonho
Cidade de Gandharva = Fata Morgana
MMK 23.8

Cores, sons, gostos, texturas, cheiros e objetos internos, em si, são


uma cidade de Gandharva, parecidos com uma alucinação ou um
sonho
Cooriginação dependente (pratītyasamutpāda)

“Versão sintética”

“Quando há isto, há aquilo; isto surgindo, surge aquilo; não havendo


isto, não há aquilo; isto cessando, aquilo cessa”
=
idaṃ-pratyayatā: “estado de condicionalidade”

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