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Colônias de povoamento

Colônias de exploração
PROVOCAÇÃO
• É consensual que o Brasil foi uma colônia de exploração?

• Houve colonização de povoamento pelos portugueses no Brasil?

• E por outros povos?

• Se tivesse outros colonizadores, a história do Brasil teria sido


diferente?
Colônias de Povoamento versus Colônias de
Exploração
tese de que o tipo de colonização inicial determina, ou condiciona, o
futuro das sociedades:
• Smith (1776) - tipologia das colônias;
• Heeren (1817) e Roscher (1856);
• Leroy-Beaulieu (1902);
• Caio Prado Júnior;
• North (1955, 1959) e Baldwin (1956);
• Acemoglu, Johnson e Robinson (2001, 2002)
Monasterio, L., & Ehrl, P. (2019). COLÔNIAS DE POVOAMENTO VERSUS COLÔNIAS DE EXPLORAÇÃO: DE HEEREN A
ACEMOGLU. Análise Econômica, 37(72). https://doi.org/10.22456/2176-5456.71287
Colônias de Povoamento versus Colônias de
Exploração
• Acemoglu, Johnson e Robinson (2001, 2002): sucesso acadêmico da
tese (de que o tipo de colonização inicial determina, ou condiciona, o
futuro das sociedades) decorre de sua flexibilidade.
• Os analistas favoráveis à economia de mercado podem atribuir o
desenvolvimento econômico à qualidade institucional associada às
colônias de povoamento.
• Já os mais críticos enfatizam o caráter espoliador das colônias de
exploração.

Monasterio, L., & Ehrl, P. (2019). COLÔNIAS DE POVOAMENTO VERSUS COLÔNIAS DE EXPLORAÇÃO: DE HEEREN A
ACEMOGLU. Análise Econômica, 37(72). https://doi.org/10.22456/2176-5456.71287
Bibliografias complementares
• ACEMOGLU, D.; JOHNSON, S.; ROBINSON, J. Reversal of fortune: geography and institutions in the
making of the modern world income distribution. The Quarterly Journal of Economics, v. 117, n. 4, p. 1231-
1294, Jan. 2002.
______. The colonial origins of comparative development: an empirical investigation. The American Economic
Review, v. 91, n. 5, p. 1369-1401, Dec. 2001.
https://www.jstor.org/stable/2677930?seq=1#page_scan_tab_contents
• BALDWIN, R. E. Patterns of development in newly settled regions. The Manchester School, v. 24, n. 2, p.
161-179, May 1956.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1467-9957.1956.tb00981.x
• NORTH, D. C. Agriculture in regional economic growth. Journal of Farm Economics, v. 41, n. 5, p. 943-951,
Dec. 1959. Disponível em:
• https://www.jstor.org/stable/1235230?seq=1#page_scan_tab_contents
______. Institutions, institutional change and economic performance. Cambridge: Cambridge University Press,
1990.
• SMITH, A. An inquiry into the nature and causes of the wealth of the nations. Oxford: Oxford University
Press, 1776.
INVASÕES DO BRASIL
• Franceses ocupam o atual Rio de Janeiro, em 1555 (sua França
Antártica), se estabelecendo na Baía de Guanabara e sendo expulsos
por Estácio de Sá* em 1567;
• Outras incursões francesas sobre o Nordeste e Norte brasileiro
(Amapá), com destaque para a ocupação de São Luís (MA), em 1594
(chamada França Equinocial); e sua expulsão definitiva em 1615**.
• Holandeses invadem a Bahia (1624) e conseguem se estabelecer em
Pernambuco (1630);

*Em 1º de março de 1565, foi fundada de fato a cidade do Rio de Janeiro.


**A cidade de São Luís foi fundada em 1612, para ocupar a região invadida pelos franceses.
NOVA HOLANDA (PE): 1630 a 1654
• Colônia da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, com capital
em Mauritsstad (Recife);
• Capitania de Pernambuco, estendendo-se também por Ceará (1637-
44/49-54), Rio Grande (1634-54), Paraíba (1634-54) e Maranhão (São
Luís, de 1641 a 1644);
• Alguns proprietários de terra receberam empréstimos e outras
facilidades, mas a cobrança dos pagamentos era rígida e
posteriormente os impostos foram aumentados;
• Insurreição pernambucana (1645-1649), também por motivos
religiosos (Calvinismo x Catolicismo);
• Batalha dos Guararapes (1648-1649);
• Holandeses definitivamente expulsos em 1654;
FRANÇA ANTÁRTICA (RJ)
• “Quando, por motivos religiosos, mas com apoio governamental, os
franceses organizam sua primeira expedição para criar uma colônia de
povoamento nas novas terras – aliás, a primeira colônia de
povoamento do continente- é para a costa setentrional do Brasil que
voltam as vistas”*.
• Construção de uma fortaleza francesa na ilha de Guanabara (Forte de
Coligny);
• Franceses contaram com a aliança dos índios Tupinambás;
• Expulsão dos franceses em 1567 se deu com a aliança dos índios
Temiminós aos portugueses.

*(Furtado, p. 27)
COLONIZAÇÃO DE POVOAMENTO NO BRASIL
• Colônia do Sacramento (atual Uruguai);
• Maranhão, que teve especial atenção dos portugueses*;
• São Vicente (São Paulo), com a fundação da primeira vila (São Vicente), em
1532;
• Sul do país (Santa Catarina, Rio Grande do Sul);
• França Antártica (Rio de Janeiro)?
• Nova Holanda (Pernambuco)?

• *“A ocupação foi seguida de decisões objetivando a criação de colônias


permanentes. Ao Maranhão foram enviados de uma feita – no segundo
decênio do século XVII – trezentos açorianos”.

*(Furtado, p. 108)
COLÔNIAS DE POVOAMENTO NA AMÉRICA

• Cuba (Espanha), com fins de abastecimento e de defesa*

• Canadá (França/Québec e posteriormente Inglaterra);

• Lousiana (França), posteriormente incorporada aos Estados Unidos;

• Treze colônias inglesas (Estados Unidos);

• Antilhas (França, Inglaterra, Holanda).


*(Furtado, p. 28)
COLÔNIAS DE EXPLORAÇÃO DE
OUTROS PAÍSES
• Guiana (ING); Suriname (HOL), Guiana Francesa (FRA);

• Colônias europeias na África;

• Colônias europeias na Ásia.


ANTILHAS (CARIBE)
• “Essa cunha antilhana foi de início uma operação basicamente
militar”;

• “O povoamento das Antilhas pelos franceses foi projetado sob o


ângulo de defesa colonial e de ataque contra a América espanhola”.

*(Furtado, p. 28)
IMIGRAÇÃO EUROPEIA PARA A
AMÉRICA
• “É a situação interna da Europa, em particular da Inglaterra, as suas
lutas político-religiosas, que desviam para a América as atenções de
populações que não se sentem à vontade e vão procurar ali abrigo e paz
para suas convicções. (…) Virão para a América puritanos e quacres da
Inglaterra, huguenotes da França, mais tarde morávios, schwenkfelders,
inspiracionalistas e menonitas da Alemanha meridional e Suíça”.
• “ Mas se concentrará quase inteiramente na zona temperada, de
condições naturais mais afins às da Europa, e por isso preferida para
quem não buscava ‘fazer a América’, mas unicamente abrigar-se dos
vendavais políticos que varriam a Europa, e reconstruir um lar desfeito
ou ameaçado”.

*(Prado Jr., p. 22-23)


COLÔNIAS DO HEMISFÉRIO NORTE
• Concorrência crescente dos Estados Unidos, inclusive com a
Inglaterra, na produção de algodão, que abastecia a crescente indústria
têxtil inglesa, no contexto da Revolução Industrial (século XVIII);

• “Na Nova Inglaterra, nos primeiros anos da colonização, viam-se até


com maus olhos quaisquer tentativas de agricultura que desviavam das
feitorias de peles e pesca as atividades dos poucos colonos
presentes”*.

*(Prado Jr., p.22)


IMIGRAÇÃO EUROPEIA PARA A
AMÉRICA
• “A política da metrópole, inspirada por esses elementos que cercam o
trono ou dele se aproximam – sabe-se que boa parte dos colonos,
sobretudo das primeiras levas, é de origem nobre ou fidalga - , ou
influída por eles, uma vez que formam o contingente de que o reino
dispõe para realizar suas empresas ultramarinas, tal política se orienta
desde o começo, no sentido de constituir na colônia um regime agrário
de grandes propriedades. (…) não ocorrerá a nenhum dos donatários a
ideia de tentar uma organização camponesa de pequenos
proprietários”.

*(Prado Jr., p. 124-125)


IMIGRAÇÃO EUROPEIA PARA A
AMÉRICA
• “ (…) o tipo de colono europeu que procura os trópicos e nele
permanece. Não é o trabalhador, o simples povoador; mas o
explorador, o empresário de um grande negócio”. Vem para dirigir: e
se é para o campo que se encaminha, só uma empresa de vulto, a
grande exploração rural em espécie e em que figure como senhor, o
pode interessar. (…) são grandes áreas de terras que se concedem no
Brasil aos colonos. Salvo a exceção da colonização de açorianos em
Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, isso já no século XVIII”.

*(Prado Jr., p. 124)


Publicação complementar sugerida
• https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento.html
• INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos
de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500
anos de povoamento. p. 226.
Imigração japonesa
• A emigração de trabalhadores japoneses para outros países teve início na década de 1870, bem
antes de sua vinda para o Brasil. O Japão então passava pela Restauração Meiji (1868), o que
implicou mudanças econômicas e políticas que inseriram o país no mundo moderno.
• Do lado brasileiro, então, a necessidade da mão-de-obra para substituir o trabalho escravo foi o
fator primordial, pois, desde a Independência, essa substituição já era uma preocupação das classes
dirigentes. No entanto, uma política imigratória mais definida só viria a ganhar importância na
agenda governamental com o fim do tráfico de escravos.
• O fluxo migratório em direção ao Brasil, entretanto, só se intensificou a partir da primeira década
do século XX, justamente quando o governo norte-americano - destino preferencial dos
emigrantes japoneses - vetou a imigração japonesa.
• Da década de 30 até a Segunda Guerra Mundial, ocorreu o maior fluxo migratório de toda a
história da imigração japonesa no Brasil.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/japoneses/razoes-da-emigracao-japonesa.html
Distribuição dos imigrantes oriundos do Japão, naturais e brasileiros, segundo as Unidades da
Federação - 1940/1950 (Regiões selecionadas)

Proporções por Proporções por


Unidade da Federação Dados absolutos - 1940 Dados absolutos - 1950
100.000 - 1940 100.000 - 1940

Amazonas 305 201 211 156


Brasil 144.523 129.192 100.000 100.000

Distrito Federal 538 392 372 303

Mato Grosso 1.128 1.172 780 907

Minas Gerais 893 917 618 710

Paraná 8.064 15.393 5.580 11.915


Pará 467 421 323 326

Rio de Janeiro 380 1.086 263 841

São Paulo 132.216 108.912 91.484 84.302

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/japoneses/destino-dos-imigrantes.html
Imigração restrita (1500-1700)
• No final do século XV e no século XVI, a emigração portuguesa foi
pouco expressiva. As crises de abastecimento e epidemias dizimavam
a população, além de serem elevados os custos de qualquer
empreendimento econômico no Novo Mundo.
• Entre 1500 e 1700, saíram de Portugal, dirigindo-se para as possessões
portuguesas na África e Ásia, cerca de 700 mil emigrantes,
aproximadamente. Mas na América Portuguesa, nesse mesmo período,
não entraram mais do que 100 mil imigrantes.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/portugueses/imigracao-restrita-1500-1700.html
Imigração restrita (1500-1700)
• Entre os primeiros portugueses a chegarem no Brasil, estavam os imigrantes
mais abastados que aqui se fixaram principalmente em Pernambuco e na Bahia.
Vieram para explorar a produção de açúcar, a atividade mais rentável da colônia
nos séculos XVI e XVII. Estavam em busca de investimentos lucrativos.
• Também, nesse mesmo período, Portugal incentivou a migração internacional
forçada, o degredo, para suprir as deficiências do povoamento. Calcula-se que
durante os dois primeiros séculos de povoamento, nas regiões centrais da
colônia, como Bahia e Pernambuco, os degredados correspondiam a cerca de 10
ou 20% da população. Mas em áreas periféricas, como é o caso do Maranhão,
essa cifra representava, aproximadamente, de 80% a 90% do total de
portugueses da região. Nesse mesmo período, também vieram para o Brasil
cristãos-novos e ciganos, ambos fugindo de perseguições religiosas.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/portugueses/imigracao-restrita-1500-1700.html
Imigração de transição (1701-1850)
• Durante a fase da Imigração de Transição, nos períodos de 1760-1791
e de 1837-1841, observou-se o extraordinário aumento do fluxo de
migrantes em alguns anos, cerca de 10 mil imigrantes, e um fraco
movimento em outros anos, cerca de 125 imigrantes.
• A origem socioeconômica dos imigrantes nessa fase de transição foi
contrastante: aportaram no Brasil não apenas imigrantes de elite, mas
também, minhotos pobres, expulsos de sua terra natal (a região do
Minho) devido à falta de trabalho. Estes, no entanto, não foram mais
numerosos do que aqueles oriundos de camadas intermediárias ou
superiores da sociedade portuguesa.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/portugueses/imigracao-de-transicao-1701-1850.html
Imigração de transição (1701-1850)
• O período em que fica mais evidente a origem rica dos imigrantes portugueses é o compreendido
entre 1808 e 1817, quando cerca de 10 ou 15 mil portugueses dos que aqui chegaram distinguiam-
se pela riqueza e pelo nível de educação: pertenciam à corte de D. João VI ou eram caixeiros, isto
é, indivíduos com uma clara inserção nos grandes ou médios estabelecimentos. Além disso, tinham
um nível de educação mais elevado do que a média da população portuguesa da época.

• No século XVIII, ocorreu, também, a emigração de grupos oriundos de camadas sociais pobres.
Dois acontecimentos propiciaram a vinda desses grupos para o Brasil:
a revolução agrícola na região do Minho
a descoberta do ouro na Colônia, para cuja exploração era exigido um investimento mínimo.

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Imigração de transição (1701-1850)
• A revolução agrícola significou, principalmente, a generalização do cultivo do milho e, com isso,
uma enorme melhoria na alimentação básica do minhoto.
• A população nesse período apresentou taxas de crescimento relativamente elevadas, o que resultou
numa alta densidade demográfica na região: em 1801, enquanto em Portugal eram registrados, em
média, 33 habitantes por Km2, no Minho a densidade populacional atingia 96 habitantes por Km2.
• Ao mesmo tempo, no Novo Mundo, eram descobertas, e já começavam a ser exploradas, as minas
de ouro das regiões das Minas.
• Assim, se o noroeste português tornou-se uma fonte quase inesgotável de trabalhadores, a Colônia,
por sua vez, tornou-se um mercado atrativo para os que não tinham muito dinheiro para investir na
atividade econômica.

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Imigração de massa (1851-1930)
• A partir de meados do século XIX, o perfil do imigrante português sofreu uma radical
transformação: entre os que chegavam predominavam os de origem pobre; as mulheres passaram a
representar parcelas cada vez maiores dos grupos de emigrantes, e as crianças menores de 14 anos,
pobres, órfãs ou abandonadas, chegaram a representar 20% do total de emigrados.
• Esses pequenos proprietários rurais pobres, rudes, originários do norte de Portugal, da região do
Minho, contribuíram para a formação da imagem negativa e preconceituosa do imigrante
português, estigmatizando-os como pessoas pouco qualificadas intelectualmente.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/portugueses/imigracao-de-massa-1851-1930.html
Imigração de massa (1851-1930)
Alguns acontecimentos contribuíram para a mudança:
• o aumento expressivo da população portuguesa: a taxa de crescimento que em 1835 foi 0,08%
pulou para 0,75% em 1854 e para 0,94% em 1878;
• a mecanização de algumas atividades agrícolas, produzindo um excedente de trabalhadores no
campo;
• o empobrecimento dos pequenos proprietários rurais que se multiplicaram e engrossaram as
fileiras dos candidatos à emigração. O aumento deles foi de tal ordem que permitiu um
significativo fluxo de emigrantes não apenas para o Brasil, mas também rumo aos Estados Unidos
e, posteriormente, em direção à África.

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/portugueses/imigracao-de-massa-1851-1930.html
AGRICULTURA DOS ENGENHOS
• “(…) a colonização portuguesa foi estritamente levada pelas
circunstâncias em que se processou, e sofreu as contingências fatais
criadas pelo conjunto das condições internas e externas que
acompanham a obra aqui realizada por ela.
• A grande exploração agrária – o engenho, a fazenda – é consequência
natural e necessária de tal conjunto; resulta de todas aquelas
circunstâncias (…): o caráter tropical da terra, os objetivos que
animam os colonizadores, as condições gerais da nova ordem
econômica do mundo que se inaugura com os grandes descobrimentos
ultramarinos, e na qual a Europa temperada figurará no centro de um
vasto sistema que se estende para os trópicos, a fim de buscar neles os
gêneros que aquele centro reclama e que só eles podem fornecer.”

*(Prado Jr., p. 123-124)


EVOLUÇÃO DAS TROCAS COMERCIAIS
• Escambo inicial com os indígenas pelo Pau-Brasil (comércio de
madeiras, também de peles e utensílios);
• Primeiros engenhos;
• Pecuária para subsistência;
• Empresa agrícola exportadora de Cana-de-açúcar;
• Exportação de minerais (ouro, diamante);
• Agronegócio mais complexo do café;
• Algodão, tabaco, borracha, soja;
• Petróleo;
DEPENDÊNCIA DE TRAJETÓRIA
BRASILEIRA
• “O Brasil existia para fornecer-lhe ouro e diamantes, açúcar, tabaco e
algodão. (…) Bastava que os colonos projetassem outra coisa que lá
intervinha violentamente a metrópole: o caso das manufaturas, da
siderurgia, do sal, de tantos outros, é bastante conhecido. O resultado
dessa política, reduzindo o Brasil à simples situação de produtor de
alguns gêneros destinados ao comércio internacional, acabou por se
identificar a tal ponto com a sua vida, que já não se apoiava
unicamente em nossa subordição de colônia, já não derivava apenas da
administração do reino”.

*(Prado Jr., p. 131)


DEPENDÊNCIA DE TRAJETÓRIA
BRASILEIRA
• “Tanto não era apenas o regime de colônia que artificialmente
mantinha tal situação que, abolido ele com a Independência, vemo-la
perpetuar-se. O Brasil não sairia tão cedo, embora nação soberana, de
seu estatuto colonial (…) não podíamos ser outra coisa mais que o que
fôramos até então: uma feitoria da Europa, um simples fornecedor de
produtos tropicais para seu comércio”.
• “De tudo isso resultará uma consequência final, e talvez a mais grave:
é a forma que tomou a evolução econômica da colônia. Uma evolução
cíclica, tanto no tempo como no espaço, em que se assiste
sucessivamente a fases de prosperidade estritamente localizadas,
seguidas, depois de maior ou menor lapso de tempo, mas sempre
curto, do aniquilamento total.”
*(Prado Jr., p. 132)
DEPENDÊNCIA DE TRAJETÓRIA
BRASILEIRA
• “Da economia brasileira, o que se destaca e lhe serve de característica
fundamental é: de um lado, na sua estrutura, um organismo meramente
produtor, e constituído só para isto: um pequeno número de
empresários que senhoreiam tudo, e a grande massa da população que
lhe serve de mão de obra. Doutro lado, no funcionamento, um
fornecedor do comércio internacional dos gêneros que este reclama e
de que ela dispõe. Finalmente, na sua evolução, e como consequência
daquelas feições, a exploração extensiva e simplesmente especuladora,
instável no tempo e no espaço, dos recursos naturais do país.”

*(Prado Jr., p. 134)


DEPENDÊNCIA DE TRAJETÓRIA
(“Path Dependence”)
• abordado inicialmente pela teoria econômica histórica;
• mudanças introduzidas ao conceito quando incorporado ao debate da
Ciência Política*;

• De qualquer forma, a história importa!

*BERNARDI, B. B. The concept of path dependency: definitions and theoretical controversies.


Perspectivas, São Paulo, v.41, p.137-167, jan./jun. 2012
E DAQUI PRA FRENTE?

Como superar a tendência de ter uma economia baseada em


commodities?

Em que setores o Brasil pode ser um líder mundial?


DIVERSIFICAÇÃO ECONÔMICA?
• EDUCAÇÃO?

• INOVAÇÃO?

• “Economia verde”?

• ENERGIA?

• Agronegócio?
ENGENHOS DE AÇÚCAR
• Em 1570, haviam cerca de 60 engenhos no litoral brasileiro,
concentrados na Bahia e em Pernambuco;
• Além dos escravos africanos (geralmente dezenas deles), alguns
trabalhadores livres eram os Mestres de Açúcar;
• A localização no litoral visava facilitar a exportação;
• Não foram desenvolvidas estruturas de refino na colônia, sendo este
processo realizado na Europa, principalmente pelos holandeses.
CICLOS ECONÔMICOS
• Deslocamento do centro dinâmico nacional, simbolizado inclusive
pela mudança na capital (de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763);
• A decadência do ciclo do açúcar e o início do ciclo do ouro levou à
necessidade de deslocar a capital para mais próximo de Minas Gerais,
que passou também a absorver população migrante de várias partes do
país, além de se tornar o novo centro consumidor da Pecuária, pólo
promotor das trocas comerciais dentro do Brasil colonial;
PAPEL DA MÃO-DE-OBRA INDÍGENA
• A instalação dos primeiros engenhos foi feita com a mão-de-obra
indígena, sendo os escravos inseridos com o aumento da escala de
produção;
• Os jesuítas tinham como missão catequizar os índios, buscando sua
cooperação, em vez de sua submissão, criando conflitos com colonos
(do Maranhão, por exemplo) e com os Bandeirantes, que promoviam
incursões ao interior para conseguir mão-de-obra indígena.
ECONOMIA ESCRAVISTA DE
AGRICULTURA TROPICAL
• “Com a grande propriedade monocultural instala-se no Brasil o
trabalho escravo. Não só Portugal não contava população suficiente
para abastecer sua colônia de mão-de-obra, como também, já vimos, o
português, como qualquer outro colono europeu, não emigra para os
trópicos, em princípio, para se engajar como simples trabalhador
assalariado do campo.”
• “Utilizaram-se a princípio os autóctones. Lá onde a sua densidade é
grande, e onde estavam habituados a um trabalho estável e sedentário,
como no México e no altiplano andino, o escravo ou semiescravo
indígena formará o grosso da mão-de-obra”.

(Prado Jr., p. 126-127)


ESCRAVIDÃO
• Estima-se que vieram para o Brasil mais de 4 milhões de africanos
escravizados, principalmente do Congo (Bantos), mas também da Guiné
(Sudaneses, majoritariamente para a Bahia) e posteriormente das
colônias portuguesas de Angola e Moçambique, para Pernambuco e o
Sudeste brasileiro;
• A mão-de-obra africana foi fundamental para o grande aumento na
escala de produção da economia brasileira;
• O flagelo da escravidão só viria a ser eliminado no final do século XIX,
com a Lei Áurea (1888), após o fim da colonização e no término do
período imperial, sendo o Brasil um dos últimos países a promover a
abolição.
ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA (IBGE)

Anos Autores (Fonte: IBGE) População estimada Nota IBGE: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/evolucao-da-populacao-brasileira.html


1550 Contreiras Rodrigues 15 000
1576 Contreiras Rodrigues 17 100
1583 Pandiá Calógeras 57 000 Compreende 25 000 brancos, 18 000 índios e 14 000 escravos negros.
1600 Contreiras Rodrigues 100 000 Compreende 30 000 brancos e 70 000 mestiços, negros e índios.
1660 Contreiras Rodrigues 184 000 Compreende 74 000 brancos e índios livres e 110 000 escravos.
1690 Contreiras Rodrigues (média) 242 000
1700 Celso Furtado 300 000
1800 Celso Furtado 3 250 000
1808 Giorgio Mortara 4 427 000
1810 Memóri a Es ta tís ti ca do Impéri o no Bra s i l 2 424 463
1810 Humboldt 4 000 000
1823 Giorgio Mortara 9 686 000
1872 1o Censo realizado no Brasil 9 930 478 Os resultados não incluem 181 583 habitantes, estimados para 32 paróquias, nas quais não foi feito o recenseamento na data determinada.
1890 Censo 14 333 915
1900 Censo 17 438 434
1920 Censo 30 635 605
1940 Censo 41 236 315 Exclusive 16 713 pessoas recenseadas cujas declarações não foram apuradas por extravio do material de coleta.
1950 Censo 51 944 397 Exclusive 31 960 pessoas recenseadas cujas declarações não foram apuradas por extravio do material de coleta.
1960 Censo 70 191 370
1970 Censo 93 139 037 População residente.
1980 Censo 119 002 706 População residente.
1991 Censo 146 825 475 População residente.
1996 Censo 157 070 163 População residente.
2000 Censo 169 779 170 População residente.

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTTÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. p. 221.
ECONOMIA ESCRAVISTA DE
AGRICULTURA TROPICAL
• “Na ilha de Barbados passou-se qualquer coisa de semelhante. A
primeira organização que se estabeleceu aí foi de propriedades
regularmente subdivididas, e não se empregou trabalho escravo em
escala apreciável. Mas pouco depois introduziu-se na ilha uma cultura
eminentemente tropical como a da cana-de-açúcar: as propriedades se
congregaram, transformando-se em imensas plantações; e os escravos,
em número pouco mais de 6 mil em 1643, sobem, 23 anos depois, a
mais de 50 mil.”*

*(Prado Jr., p. 126)


ECONOMIA ESCRAVISTA DE
AGRICULTURA TROPICAL
• Custo de implantação da mão-de-obra escrava só foi considerado
viável economicamente em uma grande escala de produção;
• “A grande propriedade lavrada por trabalhadores dependentes, sejam
escravos ou assalariados, representa o sistema de organização agrária
que sempre acaba dominando nos trópicos, mesmo quando outros são
inicialmente tentados”.*
• Os africanos mostraram-se mais adaptados que os indígenas às
atividades da lavoura, trazendo técnicas produtivas que já conheciam,
assim como conhecimentos sobre a criação de animais (Pecuária de
subsistência);

*(Prado Jr., p. 125)


COMPLEMENTARIEDADE DA
PECUÁRIA
• Além da sustentação das lavouras e do desenvolvimento de um sistema
de trocas comerciais entre as regiões da colônia, foi importante o papel
da Pecuária na expansão para o interior e na consequente colonização
efetiva das terras coloniais;
• Diferentemente das lavouras, ligadas estaticamente a uma área
produtiva, a Pecuária apresentava uma mobilidade no território;
• *“Antonil estimou em 1,3 milhão o número de cabeças de gado
existentes no Nordeste (Bahia e Pernambuco) no começo do século
XVIII. (…) o total do gado vendido não poderia ser muito superior a 50
mil cabeças (…) Admitindo-se um preço médio de venda de 2,5 libras
por cabeça, se teria um valor bruto de 125 mil libras”.
*(Furtado, p. 97)
COMPLEMENTARIEDADE DA
PECUÁRIA
• *“Se nos limitamos à região diretamente dependente da economia
açucareira, no começo do século XVIII, dificilmente se pode admitir
que sua renda bruta alcançasse 100 mil libras, numa época em que o
valor da exportação de açúcar possivelmente superava os 2 milhões”.
• “A população que se ocupada da atividade criatória era evidentemente
muito escassa. Segundo Antonil, os currais variavam de duzentas a mil
cabeças, e havia fazendas de 20 mil cabeças de gado. Admitindo-se a
relação de 1 para 50 (grosso modo 1 vaqueiro para 250 cabeças),
resulta que o total da população que vivia da criação nordestina não
seria superior a 13 mil pessoas, supondo-se 650 mil cabeças de gado”.

*(Furtado, p. 97-98)
PERFIL DA PECUÁRIA NO NORDESTE
• *“A expansão pecuária consiste simplesmente no aumento dos
rebanhos e na incorporação de mão-de-obra. A possibilidade de
crescimento extensivo exclui qualquer preocupação de melhora de
rendimentos”.
• “Por outro lado, como as distâncias vão aumentando, a tendência geral
é no sentido de redução da produtividade na economia”.
• “Excluída a hipótese de melhora nos preços relativos, à medida que ia
crescendo a economia criatória nordestina, a renda média da
população nela ocupada ia diminuindo, sendo particularmente
desfavorável a situação daqueles criadores que se encontravam a
grandes distâncias do litoral”.
*(Furtado, p. 99)
PERFIL DA PECUÁRIA NO NORDESTE
• *“Ao contrário do que ocorria com a economia açucareira, a criatória
– não obstante nesta não predominasse o trabalho escravo –
representava um mercado de ínfimas dimensões. A razão disso está em
que a produtividade média da economia dependente era muitas vezes
menor do que a da principal, sendo muito inferior seu grau de
especialização e comercialização”.
• “Observada a economia criatória em conjunto, sua principal atividade
deveria ser aquela ligada à própria subsistência de sua população. (…)
a criação de gado era fonte quase única de alimentos e de uma
matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para tudo”.

*(Furtado, p. 99-100)
COMPLEMENTARIEDADE DA
PECUÁRIA
• *“O recrutamento de mão-de-obra para essas atividades baseou-se no
elemento indígena, que se adaptava facilmente à mesma”;
• “Que possibilidades de crescimento apresentava esse novo sistema
econômico que surgira como um reflexo da atividade açucareira? A
condição fundamental de sua existência e expansão era a
disponibilidade de terras. Dada a natureza dos pastos do sertão
nordestino, a carga que suportavam essas terras era extremamente
baixa. Daí a rapidez com que os rebanhos penetraram o interior,
cruzando o São Francisco e alcançando o Tocantins e, para o norte, o
Maranhão no começo do século XVII”.

*(Furtado, p. 98)
EXPANSÃO DA PECUÁRIA
• *“(…) à medida que os pastos se distanciavam do litoral, os custos
iam crescendo, pois o transporte do gado se tornava mais oneroso”;
• “No que respeita à disponibilidade de capacidade empresarial, (…)
essa atividade apresentava para o colono sem recursos muito mais
atrativos que as ocupações acessíveis na economia açucareira”;
• “Aquele que não dispunha de recursos para iniciar por conta própria a
criação tinha possibilidade de efetuar a acumulação inicial trabalhando
numa fazenda de gado”.

*(Furtado, p. 98)
EXPANSÃO DA PECUÁRIA
• *“À semelhança do sistema de povoamento que se desenvolveu nas
colônias inglesas e francesas, o homem que trabalhava na fazenda de
criação durante um certo número de anos (4 ou 5) tinha direito a uma
participação (1 cria em 4) no rebanho em formação, podendo assim iniciar
criação por conta própria”.
• “(…) não somente da região açucareira mas também da distante colônia de
São Vicente muita gente emigrou”
• “Do lado da oferta não existiam fatores limitativos à expansão da economia
criatória. Esses fatores atuavam do lado da procura. Sendo a criação
nordestina uma atividade dependente da economia açucareira, em princípio
era a expansão desta que comandava o desenvolvimento daquela”.

*(Furtado, p. 98-99)
EXPANSÃO PARA O INTERIOR
• *“A etapa de rápida expansão da produção de açúcar, que vai até a
metade do século XVIII, teve como contrapartida a grande penetração
nos sertões. Da mesma forma, no século XVIII a expansão da
atividade mineira comandará o extraordinário desenvolvimento da
criação no Sul”.

*(Furtado, p. 99)
AS MUDANÇAS COM A UNIÃO IBÉRICA
(1580-1640)
• Morte do rei português D. Henrique I, sem herdeiros;
• Vacância do trono aproveitada pelo rei espanhol Felipe II, que tinha
origem portugesa;
• Independência da Holanda frente à Espanha (Países Baixos
espanhóis);
• Após a União com a Espanha, Portugal deixou a cooperação de lado
com a Inglaterra e a Holanda, parceiros comerciais até então;
AS MUDANÇAS COM A UNIÃO IBÉRICA
(1580-1640)
• “O quadro político-econômico dentro do qual nasceu e progrediu de
forma surpreendente a empresa agrícola em que assentou a
colonização do Brasil foi profundamente modificado pela absorção de
Portugal na Espanha. A guerra que contra este último país (Espanha)
promoveu a Holanda, durante esse período, repercutiu profundamente
na colônia portuguesa da América”.

(Furtado, p. 42)
EXPANSÃO TERRITORIAL PARA O SUL
E O OESTE
• Fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento (atual Colonia del
Sacramento, no Uruguai), em 22 de janeiro de 1680, por Manuel Lobo,
então Governador da Capitania do Rio de Janeiro;
• Fundação da Fortaleza do Rio Grande de São Pedro (1737), iniciando a
colonização portuguesa do Rio Grande do Sul;
• Expansões territoriais também foram realizadas pelos bandeirantes paulistas;
• Expansão até a foz do rio Amazonas*, em proteção contra incursões de
franceses, holandeses e ingleses;

*Expedição de Pedro Teixeira à Amazônia entre 1637 e 1639.


PRESSÕES INGLESAS
• A Inglaterra era uma aliada tradicional de Portugal, desde seu auxílio
na formação e independência do Estado português junto à Espanha*;
• O Tratado de Windsor (1386) é considerado a mais antiga aliança
diplomática do mundo ainda em vigor;
• Portugal precisava do apoio político e militar (principalmente naval)
inglês para manter o controle sobre suas colônias;
• Em troca, a Inglaterra conseguiu privilégios comerciais, que
perduraram até após a independência do Brasil.

• *Batalha de Aljubarrota (1385)


Tratados econômicos relevantes
• Tratado de Methuen (ING-POR/1703-1836): “Tratado de panos e vinhos”; privilégios
alfandegários para os vinhos portugueses, em troca do mesmo para os tecidos
manufaturados ingleses, em Portugal e em suas colônias
• De 1786 (ING-FRA): redução nos impostos sobre os vinhos franceses (importações
decuplicaram em 1787); ainda maiores que os portugueses, mas diferença irrelevante
eliminou na prática a proteção ao vinho português;
• De 1810 (ING-POR): Tratado de comércio e navegação; tarifas para as importações de
produtos ingleses de 15%, contra 16% para Portugal e 24% para os demais países;
• De 1827 (ING-BRA/expirado em 1842, mas postergado até 1844): continuidade dos
privilégios ingleses sobre o Brasil (cláusula de “nação mais favorecida”, concedida
também a outros países); sem tarifa preferencial (15% ad valorem)
Terremoto em Lisboa em 1755

• Aumento dos impostos na colônia para financiar a reconstrução de


Lisboa, em um momento de declínio da produção de ouro no Brasil;
• Reformas realizadas pelo Marquês de Pombal, braço direito do rei D.
José I, com o intuito de reduzir a subserviência da economia
portuguesa à Inglaterra, sem sucesso;
• Medidas tomadas para fortalecer a economia portuguesa naturalmente
iam contra os interesses da colônia brasileira, visto que as economias
não estavam totalmente integradas.
ECONOMIA MINEIRA
• Descoberta de ouro em rios de Minas Gerais na década de 1690* (final
do século XVII), atraiu grandes contingentes populacionais, de outras
províncias e também da Metrópole (até de outras colônias e territórios,
inclusive de ilhas portuguesas do Atlântico, como Açores e Madeira);
• Mudança do eixo econômico para a região mineira, que engloba Minas
Gerais, mas também Goiás (ouro encontrado em 1718) e Mato
Grosso(1725);

*Em 1693, pelo paulista Antônio Rodrigues Arzão.


IMPOSTOS COLONIAIS
• “Hipólito da Costa, no "Correio Brasiliense ou Armazém Literário",
nos fornece uma lista das fontes de receita do governo português nessa
época, 49 ao todo, em apenas três capitanias, Rio de Janeiro, Bahia e
Pernambuco”*.
• “alguns impostos eram locais ou regionais, sendo arrecadados apenas
em algumas capitanias. Isso já era consequência da extrema
heterogeneidade e riqueza da economia brasileira. Havia açúcar,
tabaco, ouro, diamantes, algodão, café, pau-brasil, carne de porco
salgada, xarque, milho, feijão, arroz, drogas do sertão, aguardente de
cana, peixe, madeira-de-lei, couro.”

*https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/memoria/memoria-fazendaria/arrecadacao-de-impostos-no-brasil-colonial
IMPOSTOS COLONIAIS
• “A arrecadação era feita em parte por prepostos, os chamados
‘contratadores’ ou ‘arrematantes’, que compravam do Rei o direito de
cobrar impostos sobre determinados produtos em determinadas
regiões. Quando a arrecadação era direta, o pagamento era feito nas
Provedorias (uma em cada capitania), nas alfândegas, nas casas de
fundição ou nos ‘registros’ e ‘contagens’ (pedágios existentes nos
limites das capitanias). Não havia bancos, exceto o Banco do Brasil,
recém-fundado, mas que não estava autorizado a receber impostos.”
• Curiosamente, o Banco do Brasil foi o primeiro banco também de
Portugal.

*https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/memoria/memoria-fazendaria/arrecadacao-de-impostos-no-brasil-colonial
IMPOSTOS COLONIAIS
• “O Fisco régio também cobrava impostos sobre escravos e sobre
empregos públicos, sobre casas comerciais e sobre engenhos engenhos
de açúcar, além de vender pólvora, sal e gêneros alimentícios. Até
livros foram vendidos pelo governo no final do século XVIII, já que
aqui não havia livrarias”*.
• Quinto, cobrado diretamente nas Casas de Fundição;
• Derrama, promovida em 1763-64, a fim de assegurar um piso na
arrecadação do Quinto;
• A elevação dos impostos está diretamente ligada às revoltas na
colônia, como no caso da Inconfidência Mineira.

*https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/memoria/memoria-fazendaria/arrecadacao-de-impostos-no-brasil-colonial
REVOLTAS NO BRASIL ATÉ O SÉCULO XIX
• Quilombo dos Palmares (~1680-1695);
• Revolta de Beckman, no Maranhão (1684);
• Guerra dos Emboabas (1708-09): entre portugeses e bandeirantes paulistas,
pelo domínio da exploração nas regiões mineiras, com vitória portuguesa;
• Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710);
• Inconfidência Mineira (1789), inspirada nas ideias iluministas e na
Independência dos Estados Unidos;
• Conjuração Baiana (1798);

• Cabanagem (1835-1840)*;
• Canudos (1896-1897)*.
*Já na República Velha, após a Independência (1822).
Consequências da Revolução Francesa (1798)
• Bloqueio comercial de Napoleão aos ingleses na Europa;
• Enfraquecimento do poder colonial espanhol e eclosão de processos
separatistas na América espanhola;
• Fim do Sacro Império Romano-Germânico (1806) e enfraquecimento
da dinastia Habsburgo (Áustria, da princesa Leopoldina, primeira
esposa do Imperador Pedro I e Imperatriz Consorte do Brasil, de 1822
até sua morte, em 1826, também brevemente Rainha Consorte de
Portugal e Algarves entre março e maio de 1826);
• Com a iminente tomada de Portugal, vinda da família real (corte de
Dom João VI) para o Brasil, com a escolta da Marinha inglesa, entre
25 e 27 de novembro de 1807;
Mudança de status com a vinda da
família real (1807)
• Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves;
• Capital transferida de Lisboa para o Rio de Janeiro;
• Investimentos nunca antes vistos no Brasil; construção
de universidades e de infraestrutura;
• Abertura dos portos às nações amigas (1810)
Relevância do século XIX
• “O início do século XIX não se assinala para nós unicamente por estes
acontecimentos relevantes que são a transferência da sede da
monarquia portuguesa para o Brasil e os atos preparatórios da
emancipação política do país. Ele marca uma etapa decisiva em nossa
evolução e inicia em todos os terrenos, social, político e econômico,
uma fase nova.
• (…) para qualquer um que procure compreender o Brasil, inclusive o
de nossos dias, o momento é decisivo. (…) nos fornece, em balanço
final, a obra realizada por três séculos de colonização e nos apresenta
o que nela se encontra de mais característico e fundamental (…)
daqueles trezentos anos de história. É uma síntese deles”.
(Prado Jr., p.7)
PRODUTOS COLONIAIS E SEUS
CICLOS ECONÔMICOS
• Pau-Brasil (litoral, interação inicial com os indígenas);
• Cana-de-açúcar (litoral, aumento da escala demanda a vinda de
escravos africanos);
• Ouro (interiorização, fluxos migratórios, uso da mão-de-obra ociosa,
decorrente da decadência do açúcar);
• Pecuária (interiorização, subsistência e complementariedade à cana e
ao ouro);
• Café (inicialmente próximo ao RJ, sofisticação do processo
produtivo).
OS CICLOS ECONÔMICOS
BRASILEIROS
• “À primeira fase de prosperidade, que alcança os mais antigos centros
produtores de açúcar da colônia, em particular a Bahia e Pernambuco,
e que vai até o fim do século XVII, segue-se a decadência logo no
início do seguinte. Substituem-se a essas regiões, na linha ascendente
de prosperidade, os centros mineradores. Essa ascensão não irá muito
além da metade do século (XVIII). (…). Volta novamente a
prosperidade dos primitivos centros agrícolas do litoral; a eles se
acrescentam alguns outros; e o açúcar é subsidiado pelo algodão. (…)
outras vinham a tomar-lhes o lugar, já agora com um produto novo: o
café.”

*(Prado Jr., p. 132-133)


OS CICLOS ECONÔMICOS
BRASILEIROS
• “Essa evolução cíclica, por arrancos, em que se assiste sucessivamente
ao progresso e ao aniquilamento de cada uma e de todas as áreas
povoadas e exploradas do país, uma atrás da outra, não tem outra
origem que o caráter da economia brasileira (…) é em bases
precaríssimas que ela assenta (…) uma conjuntura internacional
favorável a um produto qualquer que é capaz de fornecer impulsiona o
seu funcionamento e dá a impressão puramente ilusória de riqueza e
prosperidade.”

*(Prado Jr., p. 133)


OS CICLOS ECONÔMICOS
BRASILEIROS
• “Mas basta que aquela conjuntura se desloque, ou que se esgotem os
recursos naturais disponíveis, para que aquela produção decline e
pereça”.
• “Em cada um dos casos em que se organizou um ramo de produção
brasileira, não se teve em vista outra coisa que a oportunidade
momentânea que se apresentava”.
• “É assim que se formou e sempre funcionou a economia brasileira: a
repetição no tempo e no espaço de pequenas e curtas empresas de
maior ou menor sucesso.”

*(Prado Jr., p. 133)


E HOJE?
E COMO VAMOS SUPERAR NOSSOS
DESAFIOS ESTRUTURAIS?
• EDUCAÇÃO?
• INFRAESTRUTURA?
• INOVAÇÃO?
• INVESTIMENTO?
• SEGURANÇA JURÍDICA?
• SUSTENTABILIDADE?

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