Dissertação

A arquitetura do Desejo: o discurso da nova identidade urbana de Curitiba
Dissertação de mestrado – Solange Irene Smolarek Dias

Letras – UNIOESTE - 17 de outubro de 2005
Objetivo:
Verificar a hipótese de que, na cidade de Curitiba,

Jaime Lerner deixou a marca de sua linguagem no
discurso urbanístico e em textos arquiteturais,
• Inicialmente como técnico da arquitetura e
urbanismo;
• Após, como gestor público.
A metáfora da roupa do rei é resignificada em termos

de enunciado de poder, de critérios de verdade, de
espaços sagrados e profanos.
Até que a criança afirme que o rei está nu, a sua

roupa, além de ser vista, está sendo usada por todos.
O discurso de Curitiba
Para Bakhtin, os parceiros de uma comunicação

captam prontamente o querer-dizer.
Foucault afirma que ninguém diz nada sem querer

dizer e, dessa forma, o não dito é entendido.
Lozano permite o dialogismo da semiótica com a

análise do discurso, na teoria de que a semiótica
discursiva gera a semiótica de manipulação, abrindo-
se o campo para a semiótica das paixões, onde o
sujeito atuante é um sujeito que faz.
Na metáfora, esse sujeito transformado, o é na

similitude entre a prancheta do arquiteto e o
panopticon.
A autoridade do discurso lerniano de Curitiba começa

em 1965, com a criação do IPPUC. Em 1970 a cidade é
apresentada como “de hábitos e clima europeus”, no
não dito.
Na sequencia, e pelas mudanças espaciais, ocorrem

mudanças comportamentais dos cidadãos curitibanos.
Curitiba vira “moda”
No aniversário de 300 anos, em 1993, a cidade

destaca-se na área cultural.
Já não há dúvida do processo de elitização do

curitibano comum.
O discurso: obras texto.

De autoria de outros arquitetos, reproduzem o discurso

lerniano, tornando Curitiba referência nacional e
internacional, através da execução ou reformulação de
obras:
• De concepção simples,
• Criativas,
• Ousadas,
• De rápida execução,
• De usos inéditos,
• De extremo impacto visual,
Obra texto: Teatro Paiol.

Muito mais importante que a obra em si, mostra que,

na época da ditadura militar, com pouco dinheiro,
criatividade e em obra rápida, é possível transformar
e resignificar o espaço.
O patinho feio vira cisne!
Passa o Teatro Paiol a ser o ponto de encontro de

intelectuais curitibanos. O espaço imaginário vale
mais que o espaço real.
A mudança no não dito – espaço de guerra – pelo dito

– espaço de liberdade, é percebida, porém não
Obra texto – Ópera de Arame.

A Ópera de Arame é uma obra nova que revitaliza

uma área ferida pelo homem, que foi desfigurada
pelo extrativismo inconsequente da pedreira.
A Gata Borralheira da pedreira degradada, vira a

cinderela da ópera.
O espetáculo gera o espetáculo: foi uma das

pouquíssimas obras brasileiras selecionada para ser
exposta na Bienal Internacional de Veneza, em 2004.
Obra texto: Museu Oscar Niemeyer.

Jaime Lerner, governador do Estado em 2002,

transforma o esquecido edifício de 1967 em museu.
A Bela Adormecida, o edifício Castelo Branco,

esperava pelo beijo do príncipe encantado: Jaime
Lerner.
Curitiba é colocada no circuito internacional de

museus.
Mas somente Curitiba está no circuito internacional?
Após a sua inauguração, Jaime Lerner é eleito

presidente da UIA, órgão máximo internacional da
profissão, com sede em Paris.
Identidade e poder.
O discurso lerniano para Curitiba é questão de

identidade ou de poder?
Entende-se que, inicialmente, foi de poder. Poder do

intelectual.
Na transformação, a cidade assume nova identidade.

A identidade é poder?
Hoje a nova identidade urbanístico-arquitetural de

Curitiba é poder:
• poder de barganha,
• poder de venda,
• poder de sedução.
É poder de promoção também para o seu idealizador,

eleito em 2003 presidente da UIA com plataforma que
objetivava internacionalizar a “metodologia lerniana”,
de acupuntura urbana.
Conclusão.
Antes de Lerner a identidade curitibana era a de

pacata cidade. Seus cidadãos, no entanto, desejavam
tivesse a cidade maior expressão, maior brilho.
Pela falta de belezas naturais, esse brilho somente

poderia ser obtido pela obra dos homens, o que
edificaria, tanto a cidade, como o ego de seus
cidadãos.
Jaime Lerner, indiscutivelmente, e pela sua linguagem,

alterou o discurso urbanístico e os textos arquiteturais
curitibanos.
Foi além: alterou a identidade e a autoestima do

curitibano.
Até o final de 1960, Curitiba era encarada como sendo uma

urbe pequena e pacata, perdida na imensidão do primeiro
planalto paranaense. Havia uma piada, divulgada pelo Jornal
O Pasquim, que dizia que ritiba, em tupi, significava do
mundo, vindo daí o nome da cidade de Curitiba.
(DUDEQUE, 2000, p. 35)
Encerramento.
A última metáfora apresentada é a da comparação da

cidade de Curitiba re-identificada pelo discurso
lerniano com a atriz, tema da música beatriz, de
Milton Nascimento.
beatriz.wmv
Solange Irene Smolarek Dias

Dissertação de mestrado em Letras
UNIOESTE – PR
Defendido em 17 de outubro de 2005

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A arquitetura do Desejo: o discurso da nova identidade urbana de Curitiba

Dissertação de mestrado – Solange Irene Smolarek Dias

Verificar a hipótese de que, na cidade de Curitiba,

A metáfora da roupa do rei é resignificada em termos

Até que a criança afirme que o rei está nu, a sua

Para Bakhtin, os parceiros de uma comunicação

Foucault afirma que ninguém diz nada sem querer

Lozano permite o dialogismo da semiótica com a

Na metáfora, esse sujeito transformado, o é na

A autoridade do discurso lerniano de Curitiba começa

Na sequencia, e pelas mudanças espaciais, ocorrem

No aniversário de 300 anos, em 1993, a cidade

Já não há dúvida do processo de elitização do

O discurso: obras texto.

De autoria de outros arquitetos, reproduzem o discurso

Obra texto: Teatro Paiol.

Muito mais importante que a obra em si, mostra que,

O patinho feio vira cisne!

Passa o Teatro Paiol a ser o ponto de encontro de

A mudança no não dito – espaço de guerra – pelo dito

Obra texto – Ópera de Arame.

A Ópera de Arame é uma obra nova que revitaliza

A Gata Borralheira da pedreira degradada, vira a

O espetáculo gera o espetáculo: foi uma das

Obra texto: Museu Oscar Niemeyer.

Jaime Lerner, governador do Estado em 2002,

A Bela Adormecida, o edifício Castelo Branco,

Curitiba é colocada no circuito internacional de

Mas somente Curitiba está no circuito internacional?

Após a sua inauguração, Jaime Lerner é eleito

O discurso lerniano para Curitiba é questão de

Entende-se que, inicialmente, foi de poder. Poder do

Na transformação, a cidade assume nova identidade.

Hoje a nova identidade urbanístico-arquitetural de

É poder de promoção também para o seu idealizador,

Antes de Lerner a identidade curitibana era a de

Pela falta de belezas naturais, esse brilho somente

Jaime Lerner, indiscutivelmente, e pela sua linguagem,

Foi além: alterou a identidade e a autoestima do

Até o final de 1960, Curitiba era encarada como sendo uma

A última metáfora apresentada é a da comparação da

Solange Irene Smolarek Dias

Defendido em 17 de outubro de 2005

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