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Período

Medieval Profa. Ma. Tayanná S. J. Sbrana


História II

terra e cidades
O declínio do império romano e a
formação de uma nova sociedade

• Dois últimos séculos da dominação


romana:
• Império sem força militar e sem elevado
grau de coesão política e ordenamento
jurídico;
• Estagnação econômica;
• Declínio das antigas instituições;
• Novo conjunto de crenças religiosas –
influência do cristianismo.
O cristianismo como
religião oficial

• 313: Imperador Constantino –


legalização do culto e adesão
• Conversão dos europeus na periferia do
Império e áreas rebeladas dos povos
bárbaros;
• Germanos e eslavos: invasões –
alastramento das crenças cristãs rumo
a Roma;
• Constantino no poder – apoio dos
germanos.
Amálgama de tradições

ANTIGAS
COSTUMES
INSTITUIÇÕES
BÁRBAROS
ROMANAS

CREDO CRISTÃO ASPECTOS DA


EM PROCESSO DE FILOSOFIA
CONSOLIDAÇÃO GREGA
Sociedade germânica
• Vilas rurais; grupos autossuficientes de
famílias; certa democracia; certa
igualdade de riquezas; sentimento de
solidariedade; controle da vida
econômica;
• Não havia moeda e o comércio apenas
era tolerado;
• As leis romanas, com base nos direitos
individuais de propriedade, dão lugar
aos costumes teutônicos que, embora
também reconheçam a individualidade
do cidadão, conferem precedência aos
hábitos da comunidade – nova noção
de propriedade Odin
Nova noção de propriedade

Romanos: nítida divisão entre direito


público e privado

Germanos: propriedade relativa e


mutável conforme interesses
comunitários
O vínculo com a terra

• A ênfase das leis romanas nos direitos individuais


aparece entre os germânicos em uma nova roupagem,
onde mais importante que garantir o acesso à
propriedade é a defesa de direitos e obrigações pessoais
estabelecidos pela natureza da vinculação com a terra.
Diferentes tipos de propriedade

• Na atividade agrícola, o arado e outros instrumentos pertenciam


aos indivíduos, mas a posse da terra era limitada pelo tipo e pelo
uso que se fazia dela; iam de terras comunais, sem proprietários, a
glebas particulares.
• Não somente a posse da terra, mas também a época do plantio e a
técnica do trabalho agrícola eram ditadas pelos costumes da vila.
Em qualquer setor da vida econômica, os planos da comunidade
vinham em primeiro.
O paternalismo feudal

• O sentimento de fraternidade germânico responde por um tipo de


sociedade rural com elevado nível de coesão garantido pelo
paternalismo e pelo sentido de obrigação para com o superior, que
vincula fortemente, de cima a baixo, os estamentos sociais.
• As tradições germânicas mostram-se compatíveis com os preceitos
do cristianismo e a proximidade entre elas facilitou a difusão da
religião cristã e a construção de instituições que iriam perdurar
por mais de um milênio.
PRIMEIRA IDADE
MÉDIA
ALTA IDADE IDADE MÉDIA BAIXA IDADE
___________
MÉDIA CENTRAL MÉDIA
ANTIGUIDADE TARDIA

IV ao VIII VIII ao X XI ao XIII XIV ao X/XVI


3/9/20XX Título da Apresentação 11
O pensamento medieval não é uno, mas um complicado
emaranhado significativo devido à grande gama de
influências que recebeu o espírito do homem deste período.

Avanços
Igreja
Tecnológicos

Feudalismo Agricultura Armamentos

Cidades

Mundo
Árabe
A literatura medieval registra diferentes
formas de produção

Prosa doutrinária Novelas de cavalaria

Crônicas Lírica trovadoresca

Hagiografia Bestiários

Teatro
A mente do homem medieval,
durante a Alta Idade Média, era
repleta de contradições

conhecimento crenças
racional sobrenaturais

fervor religioso desejos sexuais

advento das cidades sistema feudal


Hilário Franco Júnior (2006)

Idade Média e formação do Ocidente

• Idade Média: conceito do século XVI -> TEMPO MÉDIO;


FLAGELO; RUÍNA -> Renascimento (Giorgio Vasari) -> media
aetas; media antiquitas; media tempora
• Estruturas
• Demográficas
• Econômicas
• Políticas
• Eclesiásticas
• Sociais
• Culturais
• Mentais
Alta Idade Média (VIII ao X)

• Síntese: mundo romano + mundo “bárbaro”


• Descentralização política: causa -> relação militar de
suserania e vassalagem
• “O vassalo do meu vassalo não é meu vassalo”
Alta Idade Média (VIII ao X)
• Relação militar
• Liturgia (cerimonial)
• Contrato verbal (direito consuetudinário)
• Beijo: empenho das palavras de
fidelidade
• Genuflexão: reconhecimento do superior
militar

• Consequências:
• Fragmentação do comando militar
• Ausência de poder político centralizado
• Rei: poder de direito
• Vassalos: poder de fato
Alta Idade Média (VIII ao X)
3/9/20XX Título da Apresentação 23
Hilário Franco Júnior (2006)

Estruturas demográficas

• Antigo Regime Demográfico: alta taxa de natalidade, alta taxa de


mortalidade
• Primeira fase medieval: prolongamento do Império Romano -> recuo
populacional
• Hagiografia: milagres alimentares -> santo: homem que conseguia
alimento para seus concidadãos
• Epidemias: III a V – malária; VI a VIII – varíola e peste
• Retomada demográfica: segunda metade do VIII
Hilário Franco Júnior (2006)

Estruturas demográficas

• Alta Idade Média: relativa recuperação -> retomada demográfica no


VIII
• Reorganização carolíngia: equilíbrio contingente populacional e
recursos existentes
• Poucas crianças camponesas (2%); muitos viúvos e celibatários;
infanticídio feminino (Emily Coleman, 1974)
Marcelo Cândido da Silva (2019)
Dominação senhorial
• Terra; campo; agricultura – constante na história europeia até a
Revolução Industrial (XVIII)
• Particularidade: relações de domínio
• Senhores da terra X camponeses
• Dimensão econômica e dimensão jurídica
• Heterogênea
• Período carolíngio (VIII-X): acúmulo de terras/justiça local/impostos em nome
dos reis e imperadores -> fortalecimento dos senhores locais, mas dependentes
dos poderes centrais
• X: senhores atuam em seu próprio nome
• rex Dei gratia – príncipe pela graça de Deus/ conde pela graça de Deus
• Delegação divina da autoridade

• Eficácia da cristianização: III) Conversão de Constantino; VI)


Conversão de Clóvis
Disponível em: https://www.significados.com.br/feudo/. Acesso em: 04 jul. 2022.
Conceitos básicos

Centralidade da TERRA

Dominação senhorial

Senhorio X Feudalismo
Marcelo Cândido da Silva (2019)

Senhorio versus Feudalismo

• Senhorio:
• Atenção para a dominação aristocrática como controle do espaço e dos seres
humanos
• Visão ampla da dominação senhorial – aristocracia, camponeses, habitantes dos
burgos
• Feudalismo: privilégio para as relações interpessoais (vassalagem;
concessão de feudo); XVII
• Resistências:
• XIV e XV: revoltas camponesas
• XII e XIII: sociedades urbanas
Marcelo Cândido da Silva (2019)

O grande domínio e a formação da dominação


senhorial (VIII – X)
• Início do período carolíngio: estrutura semelhante às villae romanas –
estrutura bipartida; serviços braçais (corveias)
• Grande Domínio (XIX):
• Reserva senhorial – mansus indominicatus
• Tenências camponesas – mansos
• Primeiras menções a corveias: fim do VI; como prática abrangente:
VIII – origina o Grande Domínio
Grande domínio

[...] novo tipo de organização fundiária das grandes


propriedades rurais, com base no controle econômico,
jurídico e político de senhores sobre uma mão de obra
dependente estabelecida nas tenências, não mais composta
majoritariamente de escravos.

(SILVA, 2019: 52)


Grande domínio
[...] era uma forma racional de exploração da terra e trouxe
consigo uma mudança importante na organização econômica
da Europa Ocidental, através das técnicas empregadas, de
suas formas de gestão, de sua preocupação com a
rentabilidade e de seus níveis de produtividade – mais
elevados, a priori, do que os da pequena propriedade.

(SILVA, 2019: 53)


Obrigações medievais
• Sociedade hierarquizada: oratore, bellatore, laboratore

Disponível em: http://herodotohistoriant.blogspot.com/2017/06/oratores-bellatores-y-laboratores.html.


3/9/20XX Título da Apresentação Acesso em: 07 jul. 2022. 33
Obrigações medievais

• Corveia
• Talha
• Banalidades
• Ajudadeira
• Anúnduva
• Formariage
• Fossadeira
• Mão-morta
• Miunças
• Talha de justiça
A crise do Império Carolíngio e a Paz de Deus

• Segunda metade do IX: sarracenos (África), normandos


(Escandinávia), húngaros (das estepes) – alvo: monastérios
• Lutas internas – morte de Carlos, o Calvo (823-877)
• Ascensão dos principados – rede de castelos e fortificações
• X: consolidação do poder territorial das elites regionais
• Fim do X: fracionamento dos principados – condados autônomos (sul e leste
da Gália; Germânia)
• Francia ocidental: dinastia capetíngia – substitui carolíngios (987) –
região parisiense
A crise do Império Carolíngio e a Paz de Deus
• 924 e 962: sem outorga do título de Imperador
• 962: coroação de Oto I – semblante de unidade; novos imperadores
por eleição (apoio do Príncipe)

3/9/20XX
A crise do Império Carolíngio e a Paz de Deus

• Igreja: única instituição a abranger todo o Ocidente europeu


• Estratégias dos bispos (XII):
• PAZ DE DEUS: “série de assembleias reunidas em campo aberto e em
presença de relíquias de santos, visando proteger da violência guerreira não só
os indivíduos que não portavam armas (clérigos, camponeses, mercadores),
mas também seus bens (terras, edifícios, rebanhos)” (SILVA, 2019: 54)
• 1030-1040: soma-se à TRÉGUA DE DEUS: “prescrevia a suspensão
temporária das atividades guerreiras durante os períodos litúrgicos do ano”
(Idem).
Ideal reformista Pactus legis salicae

Normas de conduta para a Rei como garantidor da


aristocracia paz

PAZ
Integração ao discurso e Atores
estratégias políticas da
dominação senhorial Bispos e potentados
locais
Hilário Franco Júnior (2006)

Estruturas demográficas

• Idade Média Central: expansão


1. Movimento migratório
1. Migrações habituais
2. Migrações coloniais
3. Migrações extraordinárias
4. Migrações sem instalação

2. Movimento de arroteamentos: recuo das florestas, terrenos baldios, zonas


pantanosas (VIII; X; XII) -> necessidade de criação de novas áreas cultiváveis –
formação de unidades produtivas no setor agrícola (base)
1. Tipos: a) alargamento de terrenos cultivados há muito tempo; b) fundação de
novas aldeias; c) povoamento intercalado – iniciativas individuais
Hilário Franco Júnior (2006)

Estruturas demográficas

3. Aumento do preço da terra e do trigo


4. Crescimento populacional urbano: XIII -> 55 cidades com mais de
10.000 habitantes
5. Passagem do estilo romântico para o gótico: áreas internas maiores.
O senhorio territorial (XI – XIII)

• XI e XIII: apogeu do senhorio

Conjunto de direitos e rendas que fundava a dominação da aristocracia


sobre os seres humanos

• Tratado de Verdun (843): divisão do Império Carolíngio entre os netos


de Carlos Magno – desenraizamento da aristocracia; limitação do raio
de ação; ascensão de camponeses ricos à nobreza (cavaleiros);
controle sobre as populações -> aumento do número de senhores
Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-premium/castelo-medieval-da-vila-de-obidos-portugal_16713261.htm .
Acesso em: 06 jul. 2022.
O senhorial territorial (XI – XIII)
• XI – XIII: transformação espacial – senhores; camponeses; outros
agentes
• Hierarquização do espaço em torno de lugares: igrejas, monastérios e
castelos
• Dominação senhorial: senhor nem sempre era dono do lugar
• Terra: bem hereditário (XI)
• Sobrenomes aos aristocratas (XI): terras ou castelos
• Desaparecimento das corveias (X e XI): pagamento unitário ou anual
O senhorial territorial (XI – XIII)

• Espacialização da dominação territorial: hierarquização da aristocracia

CONTRATO FEUDO-VASSÁLICO (proteções, concessões)


JURAMENTOS SOBRE AS RELÍQUIAS

JURAMENTOS SOBRE O EVANGELHO (XIII)


Disponível em:
https://carbonocatorze.blogspot.com/2006/07/o-contrato-vasslico.html.
Acesso em: 06 jul. 2022.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/sociedade-feudal.htm.
Acesso em: 06 jul. 2022.
A cavalaria
• Hierarquização social: vassalagem e ascensão da Cavalaria
• Época Carolíngia: elite dos exércitos cristãos
• Colapso imperial: atuação autônoma; à serviço dos senhores
territoriais – patrimônios fundiários e títulos
• Intensificação no XI: ascensão como pequena aristocracia
• XIII: Círculo mais restrito -> valores puros da aristocracia,
religiosos e mundanos
• Reforço da hereditariedade: cavaleiro pai, cavaleiro filho
• Único meio de acesso à aristocracia sem o sangue (recompensa do rei)
A cavalaria
• Acompanha o desenvolvimento da ordem senhorial
• XI: controle do comportamento cavaleiro pela Igreja
• Adubamento + vigílias, orações, bênçãos, sermão
• Violência contra os inimigos da cristandade: “guerra limitada” – contra os
infiéis
•XIV e XV: criação de ordens
•Ordem da Jarreteira (1348)
•Ordem da Estrela (1351-2)
•Regras:
•Tratados e romances
•Ética cavaleiresca
Disponível em: https://wikiimg.tojsiabtv.com/wikipedia/commons
/thumb/9/9c/Ywain-Gawain.JPG/1280px-Ywain-Gawain.JPG. Acesso em: 06 jul. 2022.
Hilário Franco Júnior (2006)

Estruturas demográficas
• Baixa Idade Média
• Ressurgimento da
peste
• Dança Macabra
• Poucas
representações até
1350 (1343-1350)

Disponível em: https://www.wikiwand.com/


pt/Dan%C3%A7a_macabra. Acesso em: 05
jul. 2022.
Cidades e sociedades urbanas

• X: nascimento do vilarejo -> controle dos seres humanos e dos


espaços pelos senhores
• “habitat permanente agrupado em um local preciso, associado a uma
exploração agrícola e a um grupo de homens dotados de uma personalidade
moral, expressa através de instituições diferentes, especialmente a paróquia e a
comunidade rural” (SILVA, 2019: 73)
• Crescimento urbano do ano 1.000: dinâmica da economia senhorial ->
excedentes do campo – aglomerações urbanas -> simbiose com o
mundo rural
Cidades e sociedades urbanas

• Economia medieval favoreceu o crescimento comercial


• Cidades: consumo do luxo
• Senhorio territorial: taxas sobre mercados e transporte de mercadorias,
sobre resoluções de conflitos, etc.
• Clérigos, cavaleiros e grandes senhores: engajamento nas atividades
comerciais e imobiliárias -> mercados ao lado de castelos; fundação
tardia de vilas (XII e XIII)
• Revigoramento urbano a partir do Ano 1.000
Cidades e sociedades urbanas
• Revigoramento urbano das cidades: estrutura polinuclear

PARIS
CIVITAS
BURGO FLORENÇA
Cidade
MONÁSTICO
administrativa e
MILÃO
episcopal
TOULOUSE

BURGO REIMS
CASTRAL
BURGO
MERCANTIL COLÔNIA
Centro da defesa e
do poder TORNAIS
Disponível em: http://olhonahistoria.blogspot.com/2011/07/atividades-de-historia-medieval_5219.html. Acesso em: 06 jul. 2022.
Cidades e sociedades urbanas
• Movimentos de contestação à ordem senhorial: fins do XI
• Le Mans (1069)
• Laon (1112)
• Sens (1147)

•Poder comercial urbano nunca suplantou o poder do Príncipe


•Atividade têxtil: primeira atividade econômica das cidades medievais
•Mito: democracia urbana
•Criação das universidades
•Redescoberta de Aristóteles: efervescência cultural
•XIII: Bolonha, Paris, Oxford, Montpellier
•XIV: Pádua, Nápolis, Cúria Pontifícia, Salamanca, Vercelli, Lisboa e Lérida
•XV: França Central, Espanha, Escócia, Escandinávia, Germânia, Boêmia, Hungria
Cidades e sociedades urbanas

• Sociedades profundamente estratificadas


• Dinheiro: diferenciação social (nascimento, saber, serviços prestados
ao rei)
• Elites urbanas: clérigos, militares, comerciantes, juristas, agentes reais,
cortesãos, intelectuais
• Grupos subalternos: trabalhadores assalariados, artesãos, pobres
• XII e XIII: cidades – novo mundo
1) Sé Velha de Coimbra (XII/XIII)
3/9/20XX Título da Apresentação
2) Catedral de Milão (1386-1510) 57

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