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O Brasil, é menos Urbano ?

Gustavo Nicolas e Silvio Carvalho


NEM TUDO É URBANO
José Eli da Veiga
Economista, professor titular do Departamento
de Economia & Procamda Universidade de São
Paulo (USP). Mestre em Economia Agrícola e
doutor em Desenvolvimento Econômico e Social.
Tem 29 livros publicados, entre os quais: O
Antropoceno e a Ciência do Sistema Terra (2019),
Amor à Ciência (2017), Para Entender o
Desenvolvimento Sustentável (2015) e A
Desgovernança Mundial da Sustentabilidade
(2013).
NEM TUDO É URBANO

 Será apropriado afirmar que "tudo é urbano ?

 Visão dicotômica que classifica o mundo como


urbano ou rural.
Dicotomia urbano-rural:
 1. Áreas rurais com forte influência urbana: Estas áreas são
caracterizadas por uma população rural que depende de atividades e
serviços urbanos para seu sustento. Elas podem ter alta densidade
populacional, infraestrutura urbana básica e acesso a serviços como
educação e saúde.

 2. Áreas intermediárias: Estas áreas estão em processo de transição


entre o rural e o urbano. Elas apresentam características de ambos os
tipos de espaço, como agricultura e indústria leve, comércio e serviços.

 3. Áreas rurais remotas: Estas áreas são pouco influenciadas pela


urbanização e possuem características como baixa densidade
populacional, agricultura familiar e precária infraestrutura.
A forma de definição do que é considerado
urbano ou rural no Brasil é uma das discussões
apontadas por Veiga (2002) e que deu origem à
sua obra Cidades Imaginárias. Mais do que uma
preocupação meramente contábil, o objetivo de
Veiga foi apontar para “a necessidade de uma
renovação do pensamento brasileiro sobre as
tendências da urbanização e de suas implicações
sobre as políticas de desenvolvimento que o
Brasil deve adotar” (2002, p. 31).
A PECULIARIDADE BRASILEIRA
Não existe país que conte mais cidades do que o Brasil.
 5.507 (2000)
 União da Serra, no nordeste gaúcho -18 habitantes
 90 as "cidades" com menos de 500 habitantes
Seria mesmo uma cidade, lugar com tão poucos moradores? No resto
do mundo, não.
 A definição brasileira de cidade é estritamente administrativa.
Toda sede de município é cidade, e pronto. Mesmo que só tenha 4
casas, nas quais residem 3 famílias de agricultores e uma de
madeireiro (caso de União da Serra). Se for sede de município, é
cidade e estamos conversados. Disparate que surgiu em 1938,
ápice do Estado Novo, com o Decreto-Lei 311. E que continua em
vigor, pois nenhum outro diploma o revogou.
Fora daqui não se usa critério administrativo para definir
cidade. O mais comum é uma combinação de critérios
estruturais e funcionais.

 Critérios estruturais: são, por exemplo, a localização, o


número de habitantes, de eleitores, de moradias, ou,
sobretudo, a densidade demográfica.
 Critério funcional: é a existência de serviços
indispensáveis à urbe. ( urbe está relacionado ao
desenvolvimento humano e à concentração de pessoas em
um determinado espaço geográfico).
Exemplo ilustrativo é Portugal, onde a lei determina que uma vila só
será elevada à categoria de cidade se, além de contar com um mínimo
de 8 mil eleitores, também oferecer pelo menos metade dos seguintes
dez equipamentos:
 a) hospital com permanência;  g) estabelecimentos de ensino
preparatório e secundário;
 b) farmácias;
 h)estabelecimentos de ensino pré-
 c)corporação de bombeiros;
primário e creches;
 d) casa de espetáculos e centro
i) transportes públicos, urbanos e
cultural;
suburbanos;
 e) museu e biblioteca;  j) parques e jardins públicos.
 f) instalações de hotelaria;
 Usando-se critérios exclusivamente estruturais, é razoável supor que aqui
existam umas quatro categorias de cidade:

a) as sedes dos 200 municípios que fazem parte das 12 aglomerações


metropolitanas;

b) as sedes dos 178 municípios que fazem parte das demais 38 aglomerações
urbanas;

c) as sedes dos 77 municípios que são inequívocos centros urbanos, mesmo que não
tenham gerado aglomerações;

d) parte das sedes dos 567 municípios de natureza ambivalente, que


frequentemente adquirem feições de pequenas cidades, apesar de continuarem
focos de economias tipicamente rurais.

De qualquer forma, só existem 715 sedes de município com mais de 25 mil


habitantes, e parte delas não tem os equipamentos exigíveis para que uma vila se
torne cidade.
Atualmente: O Brasil tem 5.568 municípios, além do Distrito Estadual de Fernando de Noronha e do Distrito
Federal. (570)
Os 10 menores municípios do Brasil segundo o Censo
2022
1. Serra da Saudade (MG) — 833 habitantes (+2.2% na
comparação com 2010);
2. Borá (SP) — 907 habitantes (+12,7%);
3. Anhanguera (GO) — 924 habitantes (-9,4%);
4. Araguainha (MT) — 1.010 habitantes (-7,8%);
5. Nova Castilho (SP) — 1.062 habitantes (-5,6%);
6. Cedro do Abaete (MG) — 1.081 habitantes (-10,7%);
7. Andre da Rocha (RS) — 1.135 habitantes (-6,7%);
8. Oliveira de Fátima (TO) — 1.164 habitantes
(+12,2%);
9. União da Serra (RS) — 1.170 habitantes (-21,3%);
10. São Sebastião do Rio Preto (MG) — 1.259
habitantes (-21,9%)

Fim.

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